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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pensar nunca fez mal a ninguém

Segundo o autor Massimo Bontempellier «a verdadeira liberdade é um acto puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão». Assim sendo, podemos concluir que para a verdadeira liberdade não importam muito as circunstância porque, afinal, quando se fala de liberdade falamos de um valor que está no interior e não muito no exterior. Porém, ser livre e fazer-se livre é o acto mais nobre que o ser humano pode realizar. Porque se digo liverdade, digo felicidade e digo autonomia pessoal em relação a todas as coisas ou mesmo até pessoas.
Tudo o que prende o coração e o pensamento, torna a pessoa escrava. A liberdade não se conjuga com escravidão, mas com o pensamento livre de todos os parâmetros de qualquer ordem. Daí que já desde a antiguidade se descubra a palavra crucial para a liberdade: «Nenhum homem é livre, se não sabe dominar-se», dizia Pitágoras. Nesse domínio de si, o homem escolhe livremente o que lhe faz bem para si e para os outros. Aqui está o caminho para a felicidade e ninguém é livre se não é feliz. O autor A. Scheweitzer, confirmou: «O mundo tornou-se perigoso porque os homens aprenderam a dominar a natureza, antes de se dominarem a si mesmos». Na mesma senda o incontronável e sábio Platão também o dirá magistralmente: «Vencer a si próprio é a maior das vitórias». Porque o domínio de si passa pelo não ter medo, o não estar fixo em nada nem em ninguém, mas autonomo diante das coisas do mundo e da vida.
Por conseguinte, a liberdade está no dar e não no receber. Mas, a maior parte das vezes todos pensam só e unicamente mais em receber do que em dar. Mas, devia restar a razão de André Gide, que não se dá a meias palavras para definir de onde pode vir a escravidão: «Tudo o que somos incapazes de dar nos possui». O próprio Cristo mostrou que sim, ao dar-se todo por todos. A liberdade de dar e dar-se, afirma o carácter de uma pessoa e torna grande o mundo e a vida. Mas, a ganância sempre deseja receber mais. O pouco, é inimigo do coração humano, mas «quem não souber viver com pouco será sempre um escravo», escreveu Horácio, autor da poética Grega clássica.
O interior de cada pessoa revela as razões para a liberdade e fará sentir que este caminho é fundamental para a felicidade. Por isso, «se tiveres a sensação de que não és livre, procura a razão dentro de ti mesmo», ensinava Tolstoi, autor russo. Porque, Baudelaire, proclamou assim, «Homem livre, tu sempre gostarás do mar», e sabemos, por experiência, que quem não gosta do mar, não sabe o que é a liberdade nem sentirá nunca o quanto se pode fazer com a sua imensidão. Vamos todos olhar o mar.
Outros há, presos a pessoas e a coisas porque lhes dão segurança ou algum prazer momentâneo. Que pobreza espiritual esta. O Cientista e estadista americano, Benjamin Franklin, chegou a dizer deste modo tão interessante: «aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança». Quantas pessoas feitas escravas, agarradas a pessoas e coisas desta vida, por alguns momentos de segurança e de gozo esporádico? - Por isso, «Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para o seu último destino por livre escolha» (Catecismo da Igreja Católica, 311). Mais ainda, se entende de Santo Agostinho, que «a primeira liberdade é não ter pecados graves» (Santo Agostinho, In Io. Ev. tr. 41, 9). E pecados graves, são estes: não amar incondicionamente; prender-se às coisas e às pessoas sem que o único propósito não seja o amor e, outro ainda, deixar de pensar autonomamente ou abdicar de viver a vida que não seja para a felicidade. Ora, pois, pensar nunca fez mal a ninguém.

2 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Que lindo texto. Faz-nos meditar o sentido profundo da liberdade. Esta é uma palavra muita cara a todo o ser humano.O esteticismo do seu significado exige uma práxis ética, consequente com aquilo que praticamos no nosso dia a dia. Não é fácil ser livre no mundo actual onde tudo cheira`a escravidão. Os novos escravos do consumo, desde o que comemos para o corpo até o que consumimos para o espírito.

M Teresa Góis disse...

P. José Luis. Gostaria imenso que me autorizasse a publicar este texto no meu blog, claro que com a citação do autor. Acho-o muito oportuno, bem escrito, devo dizer com traço de bisturi ou seja, deixando marca.O meu blog é "misto", tem alguns textos poéticos meus mas é sobretudo, cultural.Deixo o endereço: tukakubana.blogspot.com
Continue a ser um Padre sem medo, leal e frontal.Há poucos, pois a maioria está submetido e, isso é evidente. Saudações. Maria Teresa S T Góis (tukakubana@gmail.com)