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sábado, 23 de janeiro de 2010

Um profeta chamado lei

A dimensão profética da nossa Igreja não está hoje centrada em pessoas, mas na dureza e frieza da lei. Inconcebível que não se escute a voz de um povo, que não prevaleça a vontade de um povo, só porque a lei dita outra coisa e os interesses mundanos de algumas pessoas da igreja falam mais alto.
Não se compreende que a comunidade paroquial da Ribeira Seca esteja ostracizada e votada à não comunhão, porque acolhe um padre «condenado» - que eles chamam de suspenso «ad divinis» (será que o Deus do amor e da misericórdia sabe e aprovou tal desejo de alguns homens, como nos fazem crer?; Não estará aqui uma clara, descarada e maldosa invocação do Santo nome de Deus em vão para fazer singrar pretensos interesses puramente mundanos?).
Vamos reter-nos no Evangelho de Cristo, onde está o Deus do acolhimento incondicional. Vamos restaurar a dimensão profética da nossa Igreja, que vem na senda dos profetas da Bíblia. Vamos tomar coragem perante os poderes do mundo. Vamos ousar pôr em prática o sonho de Deus, que deseja colocar à mesma mesa todos os seus filhos. Vamos ousar quebrar as amarras do passado. Vamos purificar as palavras e as titudes de qualquer resquício de farisaísmo. Vamos acabar com a paz de consciência baseada na dureza e na frieza de leis feitas à margem de Deus e antes ficar bem diante da vontade e da voz de Deus, que se expressa na vontade e na voz do nosso povo. Não se ensina e prega que a voz de Deus é a voz do povo?
Face a isto, ofereço o meu tempo e o meu carro para acompanhar o Sr. Bispo D. António Carrilho, para que vá à comunidade paroquial da Ribeira Seca, onde celebraremos com aquele povo amigo o banquete da Eucaristia. Aí bastaria dizer, «aqui estou com o coração aberto para encetar o caminho novo para o futuro e nada tenho que ver com o passado. Vamos adiante, porque vim para a Madeira para ser de todos sem ser de ninguém em particular».
Obviamente, que aqueles que alimentam esta guerra e que parecem estar bem próximo do prelado, não lhe perdoarão tamanha afronta, mas o que será esse não perdão perante o perdão imenso que nos oferece o nosso Deus. Antes odiado por todos, mas fiel a Deus e à missão que Ele nos confiou.
Por fim, vamos escutar São Tomás de Aquino neste extraordinário texto sobre a Eucaristia.
E ainda, a mim ninguém me cala e pauto a minha vida por este ideal: de joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens. Sei que não sou original, mas também não queria sê-lo. Que o sonho da «unidade» nos anime na sabedoria da convivência com a diversidade dentro da nossa casa.
José Luís Rodrigues
«Jesus dá-Se completamente; dá o Seu corpo e o Seu sangue Os inúmeros dons com que o Senhor cumulou o povo cristão elevam-no a uma inestimável dignidade. Com efeito, não há nem nunca houve nação cujos deuses estivessem tão próximos do seu povo como o está o nosso Deus de nós (cf. Dt 4, 7). O Filho único de Deus, no desejo de nos tornar participantes da Sua divindade, assumiu a nossa natureza e fez-Se homem para que os homens se tornassem divinos. Tudo o que Ele nos tomou de empréstimo, pô-lo ao serviço da nossa salvação. Porque, para a nossa reconciliação, ofereceu o Seu corpo a Deus Pai no altar da cruz; e verteu o Seu sangue como resgate para nos libertar da nossa condição de escravos e para nos purificar de todos os nossos pecados pelo banho da regeneração.
A fim de que permaneça entre nós a memória constante de tão grande dom, deixou aos crentes o Seu corpo como alimento e o Seu sangue como bebida, nas espécies do pão e do vinho. Admirável e precioso festim que traz a salvação e a doçura plena! Poderíamos nós encontrar algo de mais precioso do que esta refeição, na qual não é a carne de vitelos, nem de cabras, mas o próprio Cristo, verdadeiro Deus, que nos é oferecido?»
In São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano e Doutor da Igreja Lições para a Festa do Corpo de Cristo (a partir da trad. de Orval).
Imagem: MNAA, Inv. 68 Pint. Proveniente do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha) (Foto: José Pessoa).

12 comentários:

José Ângelo Gonçalves dePaulos disse...

Padre José Luís que lindo e corajoso texto. Um bispo que não quer que os padres tenham consciência social. Que bispo é este? que lindo pastor ? Já sei ele quer que os padres sejam todos do ppd. Obedientes ao deus do poder, do dinheiro para as igrejas. Que homem triste. Não havia mais na igreja portuguesa para mandar para Madeira se não este tipo. E ainda, por cima, rodeado de tontos entre os quais esse gajo do Colégio que não passa de um funcionário do Vaticano. Este diz que o padre Martins terá de fazer uma cura medicinal, que eu saiba o padre Martins é bem saudável e não tem nenhuma doença ligada à pedofilia, nem como outros que patentearam a sua homossexualidade e que continuaram a celebrar missas e a ter a confiança da hierarquia. Esses miseráveis é que nunca deveriam se padres nem bispos. É ver o que passa nos EUA, Austria, Austria e mais, recentemente, na Irlanda. Que triste igreja que só anda às costas de uma estátua a percorrer ruas e igrejas da Madeira. Forte evangelização. Tenho muita honra em ir para o inferno por estar fora desta igreja e de ser admirador de homens como os Padres José Luís, Martins Junior, Mário Tavares e cónego Martins, para além de Anastácio Alves e Tolentino Mendonça. A igreja de Cristo sim, amo-a. A igreja do bispo ,do pe. do Colégio nem vê-la. O evangelho é o direito canónico e a disciplina do bentinho romano. O "torquemada" dos tempos actuais.

Autor dp blog disse...

A nossa acção rege-se pelo seguinte: Declaração Universal
dos Direitos Humanos
Art. XVIII,

«Toda pessoa tem o direito
à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este
direito inclui a liberdade de
mudar de religião ou crença
e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto
e pela observância, isolada
ou colectivamente, em público
ou em particular.” Por isso, publicamos todos os comentários desde que não toquem na vida privada de ninguém nem tenham ataques pessoais...

M Teresa Góis disse...

Para comentar, não o seu artigo que até é muito explícito, mas a atitude hoje tornada pública, são dois os sentimentos que me dominam,na razão e no coração e de índole oposta - o desprezo e o louvor!
O desprezo pelos que violam a liberdade de pensamento e de expressão em nome de uma lei ameinarada que apenas os defende e protege "entre eles", coniventes, bentos e beatos (sem ofensa para os Santos).
LOUVOR aos Homens trabalhadores, que entregaram ou entregam a sua vida acreditando na Palavra de Cristo, reconhecendo a sua fragilidade, mas tirando dela a força da Fé, o exemplo, a dedicação, partilhando vidas amplas, transparentes e simples.
Aos "mal amados" desta igreja madeirense fica o louvor que não tem peso; o meu. O Louvor verdadeiro não vos será tirado porque não é pertença de hipócritas.
tukakubana

Anónimo disse...

Sr. Padre José Luís fala da unidade e da comunhão. Gosto de ver. Seria bom e todos queremos o mesmo. Mas, quando olhamos para a Paróquia de São Roque não encontramos isso. Quer dizer, ao Bispo exige que crie unidade mas, para si não há essa mesma obrigação. Uma pessoa como você que com malcriação expulsou as catequistas e tem a igreja vazia como vazio tá o seu coração de fé. Mas, estas palavras não serão publicadas. Sabe porque? Porque quem fala de liberdade de pensamento geralmente não suporta o pensamento dos outros.

Autor do blog disse...

Caro anónimo, não entendo porque pensa que não publicaria o seu comentário. Se defendo a liberdade de pensamento, assumido com responsabilidade e com coragem. Pena estar escondido sob a capa do anonimato, só isso. Nem devia responder por causa disso, mas, abro uma excepção. Você de facto está muito longe da Igreja de São Roque e não sabe nada do que se passou nela. Deve pensar que celebro a missa sozinho e que estou a morrer de fome... Muito bem, tem o direito de pensar o que muito bem entender.

Anónimo disse...

Padre José Luís admiro a sua personalidade e frontalidade. Não se entende este bispo que era um vinho novo para odres novos era um vinho que trazia uma esperança mas afinal foi deitado em odres velhos como diz o evangelho e perdeu-se toda a esperança. Olhamos para os que andam á volta do bispo, os seus conselheiros e o que vemos padres como do Colégio, que viveu enfeudado em Roma, retrógado, o que conta é a lei, os secretários do bispo, que agora dizem que são dois e que dispõe da diocese como se fosse um feudo medieval,cónegos com vida de ricos e os padres que estão com o povo como o padre Martins Junior são rejeitados. Mas não são só eles que são rejeitados, dizia-me um padre já de cabelos brancos, que este bispo da comunhão nunca mais reuniu o Conselho Presbiteral que depois de consultas aos padres nas várias paróquias a mais de dois anos para nomear o Vigário Geral nunca o fez e outro padre que tanto deu á diocese está posto de lado, como é o cónego Pita de Andrade. Perguntou-lhe onde está a comunhão nesta igreja? Está nos dinheiros que a diocese exige das paróquias e dos acordos para fazer igrejas com a de Santa Cecilia? Está na propaganda que é feita por alguns leigos, como o senhores Gerardo e Barbeito, Marco e outros leigos que sonham com protagonismo e fotos todos os dias no Jornal da Madeira? Para que é necessário gastar tantos milhões num templo,como é o caso de Santa Cecília, onde até as pessoas tem dificulades. O mais ridiculo é que até o Vaticano tem defice de milhões para manter as mordomias dos bispos e cardeais e vem pedir aos cristãos mais pobres, porque são os pobres que mantem as igrejas, dinheiro para pagar os milhões que devem. Por isso é preciso padres como José Luis, Tolentino Mendonça, Pascoal, Francisco Caldeira, Marcos Pinto que falem e não andem a bajular o bispo como alguns que se vê para terem estatuto e carreira eclesisatica como padres José Fiel, João Carlos, Estevão, Francisco Dias e outros que nada fizeram para colocarem esta igreja da Madeira no caminho da verdade, da justiça, do perdão e do amor ao próximo. Não desista sensibilize os cristãos que a paróquia da Ribeira Seca é parte do povo de Deus e leve lá o bispo no seu carro para que ele faça o que prometeu e não tem feito visitas pastorais e a primeira deveria ser ás paróquias de Machico.
Luis Santos

Anónimo disse...

Que continuem os profetas na Madeira mas que sejam poucos e contra a vontade do bispo. Os padres não podem ser amordaçados pela voz única, basta a voz única do poder que nos governa e que a todos ostraciza.
José Mendes

Rui Andrade disse...

Senhor Pe. José Luís, um Homem de Deus, que percebeu bem, o que Deus quer da humanidade.
Homem disponível para libertar os oprimidos!
Homem que fala sem ter medo!
Homem de Igreja e com a com Igreja!
Homem que luta pelo bem comum.
Homem que é incomodo por falar da verdade, no meio da sua simplicidade humana.
Homem de gestos e atitudes que geram vida, danificam a vida.
Resta-me dar Graças a Deus que a Igreja têm homens que caminham para a santidade levando uma cruz humana, a exemplo Santa Teresa de Calcutá, Papa João Paulo II entre outros santos e santas de Deus que não estão nos altares da Igreja.

Anónimo disse...

Sr Padre,

Já o achei um bom padre, mas infelizmente agora já não penso assim. O sr parece que gosta de aparecer muito no DN da Madeira para opinar sempre ao contrario da diocese. É pena! O sr entristece-me e a muita boa gente que quer que a Igreja permaneça unida e não ande aí na boca daqueles que nem sequer vão á missa. O sr devia cada vez mais fazer uso do seu voto de obediencia. Deixe estar, se a diocese está errada Deus o julgará, agora o sr vir por tudo e por nada dizer mal do Sr Bispo, ou de outros padres e armarsse em padre moderno, mude entao para protestante, lá cada um tem a sua autonomia aqui ou pensa neste meu humilde comentário ou entao pense em mudar de ramo. Cada vez que vem ao diario é so para afundar mais a igreja. Só o sr é que se safa, o resto sao tudo, e desculpe o termo, palermas o sr é o iluminado da diocese! Enfim, temos pena mas é o que temos. O sr bate na Igreja de Cristo, podia discordar, ta no seu direito mas fizesse isso por telefone ou pessoalmente com o sr Bispo e não na praça publica. Os do diario devem se "derreter" de alegria. Enfim, nao digo mais nada, apenas gostava de ver uma igreja unida ao seu Bispo e não uns armados em iluminados, pode ate ter razao nalguma coisa mas se Deus for justo tambem o julgara por isto.

Bem haja, e aceite este comentário de um cristao catolico romano que ama a sua igreja e não gosta de ver estas discuçoes em praça publica.

Ass. Ricardo Teixeira

Paulo Farinha disse...

Interessante Blogue.
É a primeira vez que leio um Blogue da autoria de um padre.
Desejo-lhe que continue com o mesmo.
A resposta que deu ao anónimo foi oportuna, para a próxima ele que se identifique.
Continuações de um ano próspero com saúde acima de tudo.
Cumprimentos
Paulo Farinha

Anónimo disse...

Caro padre José Luis a Igreja tem que mudar de atitude, tem de aceitar as diferenças e ser uma Igreja de inclusão e não de exclusão. Não pode excluir sacerdotes que pensem diferente, divorciados que encontraram novo sentido para a sua vida, homens e mulheres que sentem amor mas são excluídos porque a moral arcaica da Igreja não muda. Precisamos de padres como o senhor que grite e fale ao mundo de que Cristo veio não para excluir mas para unir os homens sem ter em conta a sua condição politica, social ou sexual. Infelizmente os bispos continuam nos seus palácios e mordomias e não compreendem o mundo real das pessoas os seus drama e sofrimentos servindo-se dos evangelhos como autenticos fariseus. Que o Espírito sopre e mude esta Igreja da Madeira.
Francisco Nunes

Padre Mário de Oliveira disse...

Pe. Rodrigues, meu irmão



Acabo de ler este e-mail do Paulos que, a seguir a esta mensagem, transcrevo tal e qual.

E fiquei alegremente surpreendido com as suas palavras solidárias e denunciadoras do Absurdo vivo que a Igreja que está na Madeira mantém, há que anos, na RIBEIRA SECA. E a minha surpresa resulta do facto de o Pe. Rodrigues continuar a ser pároco de duas paróquias. Será que vai continuar a ser por muito mais tempo, depois desta oportuna denúncia, deste oportuno apelo?

Passarei a estar mais atento ao seu BANQUETE DA PALAVRA. E deixo-lhe os meus próprios contactos na net. BEM-HAJA!

O meu abraço presbiteral, Mário