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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os dias contados nesta semana (V)

A Páscoa do Bom Ladrão
Na Páscoa, o tempo outro da vida ressuscitada, penso no Bom Ladrão de rosto ensanguentado e caído sobre o peito, balbuciando com dificuldade palavras até Jesus, para que logo a seguir jorre do maior coração do mundo a promessa de que ele ressuscitaria, como todos os ladrões desta vida. Por isso, aqui vão estas linhas para este dia maior de toda a existência, tanto a do nosso mundo, assim como a do céu.
Um certo dia alguém dormia calmamente no seu quarto, acorda lentamente com os ruídos de um ladrão a meter coisas dentro da bolsa, o relógio, a carteira e todos os objectos que encontrava. Aquele que era roubado deixou-se ficar de olhos fechados sem se mover, porque o ladrão era grande e forte, ele era pequeno e fraco. Quando o ladrão se vai embora, agarrou-lhe no dedo grande do pé e disse-lhe: - Seu maroto, fingindo que estás dormindo...
Também me lembro ainda de outra história de um ladrão de estimação. Estas coisas não acontecem a qualquer pessoa, mas a gente de coração grande e que se compadece com a condição humana. Ora vejamos, uma casa está à venda. Aparece um comprador interessado na casa. O seu dono apresenta-lhe tudo o que a casa tem, os quartos, as mobílias e os arredores. Mais tarde conta o sucedido a um seu amigo e pelo meio da conversa, lembra-se, que se esqueceu de um item, a casa tem um ladrão. Era um ladrão de estimação, que vinha frequentemente à casa, lá pernoitava e roubava qualquer coisinha para comprar uma dose de droga. Esta história para além de ser comovente faz-nos rir e revela-nos como há gente neste mundo capaz de manter uma relação enternecedora mesmo até com aqueles que todos desprezam e abominam, porque são malfeitores.
Muitas são as histórias de ladrões que apanham as carteiras, sobretudo, as de senhora, mas que depois as entregam, sem o dinheiro, é claro, mas com os documentos. Tudo isto para dizer que há ladrões mais conscientes do que outros. Provavelmente, haverá os profissionais e que roubam com dignidade (será possível utilizar esta palavra para qualificar esta actividade abominável? - Não sei). O mais certo, é que os ladrões existem, estão por aí em todos os recantos da nossa vida. Mas também é certo que os haverá bons ladrões e maus ladrões.
Mas, apesar de tudo, não quero com isto fazer a apologética da ladroíce nem muito menos apelar nem ensinar que se cultive a relação com o nosso ladrão. Roubar é sempre roubar e ladrão é sempre ladrão. Sempre me repugnou o culto do pobre, do nosso pobre, é só o que faltava agora também inventar-se o culto do nosso ladrão.
Mas fica esta deixa para que tenhamos a tolerância necessária em relação a todos, sobretudo, para acreditarmos que perante Deus, qualquer roubo encontra misericórdia e perdão, basta acolher o arrependimento. Porém, todo o cuidado com os ladrões é sempre pouco.

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, verdadeireamente, existem ladrões bons e maus. Os bons, perante a sociedade, são aqueles que roubam, porque têm vício são cleptomaníacos, (têm uma palavra bonita, para justificar-lhes a "tendencia") mas desde que tenham boa condição social, mesmo que roubem muito ,são bem vistos. Agora aquele que para matar a fome tem que roubar, coitado, está desgraçado é sempre visto, durante a vida inteira, que é um ladrão nem que seja um checolote que roubasse no super-mercado como, há bem pouco tempo, vimos, nas TVs, um rapaz, que por esse motivo, foi julgado e quase estava a ir para a cadeia.Para Jesus tudo e todos estão perdoados.Porque para Ele não há distinção de classes sociais, religiosas. Morreu como criminoso, porque foi contra os ladrões do regime, os tais sepulcros caidados de branco. E o crime de Jesus foi condenar a religião e o império, ostantados por esses vigaristas. E hoje...?!!!