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quarta-feira, 19 de maio de 2010

A miséria moral degrada

Leonardo Da Vinci legou-nos, entre outras maravilhas do seu talento, uma obra admirável intitulada “Santa Ceia” representando a última Ceia de Jesus com seus apóstolos.
Da Vinci pensou em representar no rosto de Jesus a bondade e o amor.
Procurou um modelo para o seu trabalho. Depois de tanto buscar, encontrou num coral religioso um jovem de rosto belo e sereno semelhante ao de Jesus. Convidou-o então para ser modelo de Jesus no seu trabalho.
O jovem acedeu e passou a ir várias vezes ao atelier de Leonardo, que observou atentamente o jovem e fez vários esboços. E a figura de Jesus ficou belíssima.
Da Vinci pretendia ainda outra coisa. Queria representar a figura de Judas, que traíra Jesus. A sua obra estava quase pronta, mas a dificuldade era não encontrar alguém que representasse a figura sinistra de Judas.
O seu trabalho esteve parado três anos até que o cardeal responsável pela obra começou a pressionar o pintor para que o concluísse.
Leonardo procurou modelo por caminhos sórdidos de delinquência e vício. Visitou cadeias e tascos nauseabundos de embriagados. Depois de tanto procurar, encontrou um jovem envelhecido, esfarrapado e sujo. “Está aqui um rosto sinistro de Judas” pensou. E ordenou aos seus auxi-liares que lhe levassem aquele homem para o atelier.
Da Vinci viu no rosto daquele infeliz os sintomas da miséria moral semelhantes ao rosto do traidor. Ao despertar da sua sonolência alcoólica, o jovem olhou o quadro incompleto com espanto e tristeza e disse: “Eu já vi este quadro!”
“Quando?” - Perguntou Leonardo.
“Há três anos atrás, quando me convidou para ser o modelo de Cristo.
Era eu um jovem cantor, cheio de sonhos e comportamento irrepreensível. As más companhias e as tentações do mundo atiraram-me à valeta da vida.”
Quantos jovens se assemelham a Jesus, vivendo como Ele viveu, amando como Ele amou. Mas a droga, o alcoolismo, as más companhias levam à ruína moral que tantas vezes termina na prisão, no hospital ou na morte.
Mário Salgueirinho, in Voz-Portucalense

5 comentários:

Graça Pereira disse...

Sou "fã" de Mário Salgueirinho... e esta história é lindissima!
O vício turva o olhar e envelhece a alma...há homens que caíram e ás vezes nem sabem como... o difícil, é levantar mas é aí que está toda a nobreza de quem caminha...
Abraço
Graça

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, está tudo nesse interessantíssimo quadro da nossa tragi-comédia. Alguém dizia que a comédia normalmente era feita por tontos, talvez fosse Aristóteles.
Uma igreja que fique, somente, com a hierarquia sem Jesus Cristo, é uma igreja de doentes, de tontos. Na Madeira é visível esta imagem. Por mim, fiquem lá com o bispo, cónegos pq estou-me nas tintas. Se estão a pensar que sou agnóstico ou deísta estão enganados. Cada vez mais próximo do PAI e não de Deus como dizia Sto Agostinho. O PAI aquece-nos, é afável. Deus deve estar com o direito canónico. E o Evangelho de hoje fala-nos tanto da presença do PAI.

M Teresa Góis disse...

A primeira vez que li esta ficção, e da 2ª e da 3ª, o que me vem à idéia é o binómio BEM/MAL que avassala o Homem. Quantos se fazem na pele de Jesus sendo Judas? Por outro lado, porque o Amor tudo pode, até um Judas tem a possibilidade de ser imagem e semelhança....E, isto não é ficção!

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

José Luís Rodrigues


Grande espaço com grandes postagem leio aqui, resta-me render-me e lhe dar meus cumprimentos,
Efigênia Coutinho
in New York

M Teresa Góis disse...

Não vem a propósito mas foi distinguido com mais um selo, agradeço que passe no meu blog para o recolher. Obrigada,
Tuka