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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XII Tempo Comum
20 de Junho de 2010
Quem é Jesus?

Boa esta pergunta! Serve para reflectir e pensar o essencial da nossa fé cristã. Todos sabem muito de Jesus e ao mesmo tempo ninguém sabe nada. Tudo o que se possa dizer acerca Dele, fica sempre muito aquém daquilo que Ele é verdadeiramente. Porque, São João da Cruz dá-nos o mote: «A razão disso é que Ele está escondido, e tu não te escondes para O encontrar e sentir.
Quem quiser encontrar uma coisa escondida há-de penetrar escondido no lugar onde ela está escondida; ao encontrá-la, fica tão escondido como ela». Assim sendo, são muito poucos os que conseguem tal proeza. Será que terá razão o poeta António Ramos Rosa quando diz que «a graça da salvação é para poucos»? Pois bem, o conhecimento de Jesus, é sempre muito pouco face à realidade que Ele é e provavelmente não nos foram dados sentidos suficientes para abarcar tal conhecimento. Jesus é sempre um desafio. Uma meta que se vê ao longe para a qual se corre, na esperança que um dia se chegue ao seu terminus e aí sim, revelar-se-á em plenitude essa realidade escondida. O próprio Jesus não nos desampara e revela já o que Ele pode ser em cada um de nós: «Eu sou a luz do mundo, aquele que Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12). Esse desafio que nos é dado para «tomar a cruz todos os dias», mostra que no empenho da vida revelamos o amor por Jesus e como estamos conscientes dos Seus ensinamentos.
A vida por Jesus Cristo, mostra-se no zelo do dever, na partilha fraterna, no coração aberto à compaixão pelos outros, especialmente, os sem lugar e vez na sociedade. A vida iluminada por Jesus Cristo está no sorriso da criança que se mostra disponível para amar desinteressadamente, está nos braços imensos de homens e mulheres que limpam e alimentam os incapacitados, está naquele que diz não ao roubo e à infidelidade dos princípios e compromissos pessoais e sociais. Está na vida que se transmite de todas as formas.
Afinal, «Quem Eu sou...» pode estar em todas as facetas do mundo e da vida toda. Ora bem, para dar o salto de cristãos amorfos e atrofiados pelo costumeiro ritualismo fica o seguinte ensinamento: «Muitos seguem a Jesus até a distribuição do pão, mas poucos até beberem o cálice da paixão» (Tomás de Kempis). Falta gente que tome, corajosamente, ao modo de Jesus, o cálice da entrega na construção do mundo para todos. E mais ainda nos ensina Pascal: «Cristo morreu de braços abertos, para que nós não vivamos de braços cruzados». Pois bem, quem é Jesus para ti?

2 comentários:

M Teresa Góis disse...

Obrigada por este "forçar" à interiorização.

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, o Evangelho de domingo próximo, coloca-nos muitas questões, mas há uma muito importante aquela em o Senhor nos pergunta quem eles dizem quem EU Sou?!!!Ainda hj essa questão nos é colocada e todos os homens e mulheres do nosso tempo. Mas não sabemos responder com acções. Teoricamente temos um noçãozita do que é Jesus e do que Ele pretende de nós. Mas a maioria entende que Jesus é Alguém que pertence mais aos padres e freiras , que propriamente às outras pessoas (mulheres e homens; casados ou solteiros). Só na hora da amargura é que então temos um Deus ao Qual Lhe pedimos tanta coisa:dinheiro, trabalho, saúde, bem-estar, conforto material etc etc. E Ele é mais do que tudo isso. Quer o nosso bem-estar mas em termos de luta por uma sociedade em que todos sejam felizes e usufruam de bem-estar. Não individualizado ou, pior ainda, individualista, mas para todos. Deus não quer homens e mulheres infelizes. Quer-nos na felicidade do Amor e no árduo trabalho para que o Mundo seja diferente do actual. Mais alegre, porque todos estamos a dar o melhor de nós próprios. O tal aforismo "Quem quiser salvar a sua "vidinha" perdê-la-à, mas quem perdê-la na construção de uma nova sociedade mais limpa e límpida salvar-se-à. Tal como o Pe.José Luis disse de Pascal:Descruzemos os braços e vamos à Obra. Então o Pão e o Vinho terão outro sabor :mais humano e comunitário e menos eclesiástico, mas, sim, eclesial.