Publicidade

Convite a quem nos visita

domingo, 12 de dezembro de 2010

Carta ao Menino Jesus

A verdade do Natal está nesse mundo escondido, que quase ninguém se dá conta
Menino Jesus,
pensei comigo… Se algumas crianças por esta altura andam a escrever a sua carta ao Pai Natal, a figura recriada pela sociedade comercial e por este mundo mercantil em que nós vivemos, porque não posso eu escrever uma carta à pessoa que mais admiro, que sei ser o principal caminho de salvação e Aquele que preenche o sentido da minha vida em todas as dimensões?
Embora hoje esteja já fora de moda escrever cartas, porque as redes sociais da internet, os correios electrónicos e as mensagens de telemóvel roubaram-lhe todo o espaço. Face ao mundo novo da comunicação, a carta não tem simpatia, consome muito tempo face ao carácter instantâneo em que se tornou comunicar hoje pelos modernos meios de comunicação.
Menino Jesus, tenho pena de Te dizer isto, o Teu Natal continua envolto ainda em muita hipocrisia e falsidade. As palavras doces e bonitas que utilizamos neste tempo soam a falso. Porque servem para nos consolarmos uns aos outros agora, mas logo depois da festa tudo volta ao normal. Este é um dos aspectos graves que enfeitam o Teu Natal. Outro aspecto inquietante, está no facto de muitas vezes as pessoas pensarem coisas muito bonitas, com propósitos extraordinários, mas logo a seguir nada do que se pensa é levado à prática.
Como consequência deste pensamento, salta-nos uma imensidão de situações graves que afectam o nosso mundo, este mundo dos avanços científicos, este mundo da facilidade da comunicação, este mundo do desenvolvimento tecnológico, este mundo que dispensa Deus porque se sente capaz de solucionar por si, todos os problemas e dificuldades, esta sociedade que acha que pode tudo, onde os poderes públicos convivem em guerra constante com a natureza, as últimas ensinadelas sobre o mau tempo, pouco têm ensinado a quem devia aprender alguma coisa... São ribeiras de dinheiro engolidas pelo mar e poucos se importam com isso.
Porém, continua a ser bárbara a pobreza, a fome, o analfabetismo, o álcool, a droga, a guerra, a destruição da família, as mães destruídas, os filhos abandonados, a violência doméstica, a prostituição, a infidelidade, a hipocrisia das várias drogas, a irresponsabilidade no trabalho, a corrupção social e política, a doença Sida, as mortes nas nossas estradas, a indignidade a que se vota tanta gente por causa do dinheiro ou de vida fácil, a maldita crise, que se faz pretexto para sugar o que resta dos mesmos, os mais fracos ou indefesos. Tantas e tantas manchas que perturbam o nosso mundo e que não permitem que o Teu Natal seja verdadeiro para toda a humanidade.
Menino Jesus, a meu ver tudo isto ainda existe à nossa volta porque vivemos num ambiente geral de má vontade e de pouca aptidão para pensar no bem em favor de todos e não apenas para alguns. Por isso, deparamo-nos com discursos, conversas e diálogos muito bonitos e muito impressionantes emocionalmente, mas pouco eficazes quanto à prática e à acção que se desejaria. No silêncio da intimidade está outra gente anónima que ama radicalmente e sem condições, a não ser essa única condição, a do amor total pelos outros. A verdade do Natal está mesmo aí nesse mundo escondido, que quase ninguém se dá conta ou faz de conta que não existe. Os exemplos anónimos são aos milhares e tocam também a nossa alma dizendo, mesmo que seja baixinho, que o Teu Natal ainda tem brilho, muito brilho para muitos corações que se deixam enfeitar de amor, verdade, justiça e disponibilidade para servir os outros.
Menino Jesus ajuda-nos a fazer o melhor presépio no lugar mais adequado da nossa vida. Bom Natal para todos.
Carta publicada como texto de opinião no Diário de Notícias do Funchal, hoje, 12/12/2010.

5 comentários:

M. disse...

De facto o Natal está cada mais vazio de sentido. Consumismo e faz de conta. Ausêncoa de reflexão. Amor?

Muito coisa a rever...

M Teresa Góis disse...

O apelo aqui deixado aos valores, ao "porquÊ" do Natal, são sinceros, fortes e deviam de levar os leitores à reflexão. Vivemos tão superficialmente a maioria dos nossos dias, temos os propósitos mas deixamos sempre para depois...Tentar ser autêntico, é esse o desafio.

Carla disse...

Jesus já deixou de ser menino há muito tempo e também não adianta pedir-Lhe que mude as coisas, porque todo o poder já nos foi dado.
Agora, será que sabemos quem é verdadeiramente o nosso inimigo ou continuamos a culpar quem não tem culpa?

José Luís Rodrigues disse...

Cara amiga, «Uma Rapariga Simples», Deus não deixou de ser Menino. O Natal serve para isso mesmo, para nos revelar um Deus que se torna «menor», um como nós para nos salvar. Porém, face a esse sentido de renovação e renascimento constante de Deus, a humanidade continua sem renovação, não quer (re)nascer nem crescer. Como diz, a atribuir culpas a quem não as merece.

Carla disse...

Não me parece que festejar o aniversario de alguém implique necessariamente reportar esse alguém ao momento em que era um bebé.
Se o Natal é a festa de aniversário de Jesus, então sejam dados os parabéns à 'pessoa' que é e Jesus hoje está sentado à direita de Deus, é o nosso advogado e está coroado de glória, voltou ao que era, Deus.

A humanidade precisa de conhecer a verdade que lhe tem sido ocultada durante séculos, precisa de saber que só Jesus é o caminho, a verdade e a vida e que ninguém verá o Pai sem que Ele seja seu Senhor e Salvador.

A humanidade precisa de saber que Jesus é o mesmo hoje, como foi ontem e será eternamente, que continua a curar, a abençoar, a fazer sinais e maravilhas como quando esteve na terra.

A humanidade precisa de saber que a fé é estar firme na Rocha que é a Palavra que é Jesus.

A humanidade precisa de saber que Deus não tem prazer nos sacrifícios físicos, que não precisa de ser comprado por promessas e que já tem tudo o que precisamos à nossa disposição.

A humanidade precisa de saber que precisa de ter um relacionamento íntimo e verdadeiro com Deus, mais do que ritos e preconceitos.

E nós, o José e eu, enquanto servos de Deus, precisamos de dizer isto mesmo à humanidade, para que o sangue dela não nos esteja nas mãos.