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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quando o poder escorraça

Já não suporto ouvir determinadas pessoas. Por exemplo, alguns senhores que vêm do Continente português para cá e que consideram todos os madeirenses uns totós. Chega de ouvir este sr. Roque Martins, que enquanto recebeu o seu belo salário na Segurança Social da Madeira, pouco ou nada falou sobre pobreza. Foi ele que engendrou sob os auspícios do sr. D. Teodoro de Faria uma Comissão Diocesana Justiça e Paz, com meia dúzia de figuras, todas ligadas ao poder político laranja da Madeira. E dava dó ler os comunicados que estes senhores cozinharam. Por isso, estes gritos contra a pobreza soam-me a falso, a revolta e vingança contra a vaca que cortou a teta onde a criatura mamava.
Nos tempos dessa famigerada Comissão Diocesana, eufemisticamente chamada de Justiça e Paz, este sr. Roque Martins pregava a comunhão e acusava os que não entrassem no esquema do pensamento único que domina esta terra em todos os aspectos da vida social. Assim, não me comove em nada este bradar contra o poder e contra os que o substituíram no cargo antes ocupado. Obviamente, que não sou ingénuo ao ponto de pensar que o poder político, este poder da Madeira, seja uma virgem piedosa que ama loucamente os que lhe fazem frente, nada disso. Mas, também acho desonesto quem se alimentou desse poder e agora fora dele, escorraçado ou não, reage revoltado, furioso. Diz o nosso povo, cospe no prato onde comeu. Não é que o prato não mereça, mas falta autoridade neste caso a quem o faz. Falasse antes quando estava bem instalado na poltrona dourado do poder. Chega de ouvir falar da pobreza como joguete partidário, como objecto de vingança e como expressão de revoltas pessoais. A pobreza hoje tem muitos contornos e muito que se lhe diga.
Por favor deixem a pobreza em paz e se querem fazer alguma coisa por quem necessita mesmo vão aos lugares concretos onde estão os verdadeiros pobres e que muitas vezes não necessitam tanto de bens materiais, mas de uma palavra, um carinho, uma companhia. Estes bens sim fazem muita falta a muita gente na nossa terra.
JLR
Foto Diário de Notícias do Funchal

3 comentários:

Gi disse...

Isso mesmo,assim é que é falar,ou melhor,escrever contra a hipocrisia que abunda por aí...
Abraço*

Donato Macedo disse...

O ressabiamento neste caso é mesmo tão manifesto, que até tresanda. Essa analogia que fazes sobre a teta cortada da vaquinha, onde antes se mamava está muito adequada.

M Teresa Góis disse...

Adorei, adorei (e parece que não fui só eu)a frase "a vaca que cortou a teta onde a criatura mamava". Alta, suprema definição para tantos e tantos casos desta Ma(ma)deira. Aplaudo este texto de pé!