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Convite a quem nos visita

domingo, 31 de outubro de 2010

Todos os Santos

1 de Novembro
Hoje a Igreja universal celebra a festa daqueles que se comprometeram com Deus Pai, com o seu Reino de bondade, de justiça e de amor e, em nome de Jesus Cristo, se comprometeram de maneira radical, também, com os seus semelhantes. Por isso, nesta festa, todo o povo cristão é convidado a entrar em comunhão com Deus e com todo o homem de boa vontade.
Como Jesus de Nazaré, somos convidados a fazer da nossa vida uma eucaristia, uma oferenda viva. Na Igreja antiga, os santos eram entregues às chamas, às feras, às torturas cruéis. Hoje, também, milhares de santos são entregues à morte, são torturados pela fome, pelo desemprego, pela doença, e silenciados pela repressão, pela intimidação, pelas ameaças de morte dos que se julgam senhores deste mundo. Mas é nas entranhas dos que sofrem, dos aflitos, dos esquecidos, que germinam, nascem e dão fruto as sementes do Evangelho de Jesus Cristo. Desta maneira, a festa de hoje é também a festa dos santos dos nossos dias, essa numerosa multidão cujo testemunho vivo é fonte perene de renovação para a Igreja.
In Evangelho Quotidiano

sábado, 30 de outubro de 2010

Halloween - o dia das bruxas

A palavra Halloween tem origem na Igreja católica. Vem de uma corrupção contraída do dia 1 de novembro, "Todo o Dia de Buracos" (ou "Todo o Dia de Santos"), é um dia católico de observância em honra de santos. Mas, no século V DC, na Irlanda Céltica, o verão oficialmente se concluía em 31 de outubro. O feriado era Samhain, o Ano novo céltico.
Alguns bruxos acreditam que a origem do nome vem da palavra hallowinas - nome dado às guardiãs femininas do saber oculto das terras do norte (Escandinávia).
O Halloween marca o fim oficial do verão e o início do ano-novo. Celebra também o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Era uma festa com vários nomes: Samhain (fim de verão), Samhein, La Samon, ou ainda, Festa do Sol. Mas o que ficou mesmo foi o escocês Hallowe'en.
Uma das lendas de origem celta fala que os espíritos de todos que morreram ao longo daquele ano voltariam à procura de corpos vivos para possuir e usar pelo próximo ano. Os celtas acreditavam ser a única chance de vida após a morte. Os celtas acreditaram em todas as leis de espaço e tempo, o que permitia que o mundo dos espíritos se misturassem com o dos vivos.
Como os vivos não queriam ser possuídos, na noite do dia 31 de outubro, apagavam as tochas e fogueiras de suas casa, para que elas se tornassem frias e desagradáveis, colocavam fantasias e ruidosamente desfilavam em torno do bairro, sendo tão destrutivos quanto possível, a fim de assustar os que procuravam corpos para possuir, (Panati).
Os Romanos adotaram as práticas célticas, mas no primeiro século depois de Cristo, eles as abandonaram.
O Halloween foi levado para os Estados Unidos em 1840, por imigrantes irlandeses que fugiam da fome pela qual seu país passava e passa ser conhecido como o Dia das Bruxas.
Alguns significados simbólicosa:
A abóbora: simboliza a fertilidade e a sabedoria
A vela: indica os caminhos para os espíritos do outro plano astral.
O caldeirão: fazia parte da cultura - como mandaria a tradição. Dentro dele, os convidados devem atirar moedas e mensagens escritas com pedidos dirigidos aos espíritos.
A vassoura: simboliza o poder feminino que pode efetuar a limpeza da eletricidade negativa. Equivocadamente, pensa-se que ela servia para transporte das bruxas.
As moedas: devem ser recolhidas no final da festa para serem doadas aos necessitados.
Os bilhetes com os pedidos, devem ser incinerados para que os pedidos sejam mais rapidamente atendidos, pois se elevarão através da fumaça.
A aranha - simboliza o destino e o fio que tecem suas teias, o meio, o suporte para seguir em frente.
O morcego - simbolizam a clarividência, pois que vêem além das formas e das aparências, sem necessidades da visão ocular. Captam os campos magnéticos pela força da própria energia e sensibilidade.
O sapo - está ligado à simbologia do poder da sabedoria feminina, símbolo lunar e atributo dos mortos e de magia feminina.
O gato preto - símbolo da capacidade de meditação e recolhimento espiritual, autoconfiança, independência e liberdade. Plena harmonia com o Unirverso.
Cores:
Laranja - cor da vitalidade e da energia que gera força. Os druidas acreditavam que nesta noite, passagem para o Ano Novo, espíritos de outros planos se aproximavam dos vivos para vampirizar a energia vital encontrada na cor laranja.
Preto - cor sacerdotal das vestes de muitos magos, bruxas, feiticeiras e sacerdotes em geral. Cor do mestre.
Roxo - cor da magia ritualística.
Façam seus rituais (do bem claro rsrs), e Feliz dia das Bruxas....
Doces ou Travessuras????
Marilú, in Blog: Devaneios
É apresentada a imagem em:jornalinhodigital.blogs.sapo.pt

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Facadas matam jovem

Mais um drama na nossa terra, a linda Madeira. «Uma jovem foi ontem assassinada, alegadamente pelo ex-nomorado, apresentava cerca de 36 facadas no corpo».
Ora são suicídios, ora homicídos, roubos por todo lado. Que ambiente terrível nos rodeia. Não parece real. Porém, as desgraças acontecem, então, é mesmo real, acordamos, para um real tenebroso, frio, cruel. A vida deixou de ter valor. Tirar vida (matar seres humanos) é como dar um passeio ao fim da tarde nas nossas lindas promenades. Este horror surpreende. Este horror mete medo. Este horror perante a desvalorização da vida do outro, faz pensar e temer o nosso futuro comum.
O que faltará mais para acordarmos todos não sei do quê e começar a fazer ver que a vida é um bem precioso que deve ser amado e acarinhado por todos? - Esta falta de noção dos limites está a conduzir-nos para a desgraça e mais fará se não houver mestria para mudar de vida.
Aboliu-se o respeito das relações humanas. O «dobrar a língua» como nos ensinavam passou a ser coisa de caretas, ora vejam, temos a falta de respeito por tudo e por todos. Nada deste mundo impõe respeito. O além (Deus) também pouco importa, porque deixou de existir na educação, não acompanha o crescimento. O culto do «eu» e só «eu» é que sou e posso tudo sobre todos. E algumas ciências sociais que justificam todos os comportamentos com as mais disparatadas razões, também têm alguma culpa. Temos, então, este descalabro social que senão encontrar mudança ameaça o futuro de todos nós.
JLR
A imagem é apresentada em: deolhos.blogspot.com

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
Nota: Que texto forte e extraordinário... Alguns poderão achar que tem carácter de sacrilégio. Pois bem, paciência!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

31 de Outubro de 2010
Domingo XXXI Tempo Comum
Mudar de vida
Mudar de vida. Quando conheceu Jesus, foi o que fez Zaqueu. O coração de Jesus move-se pelo amor misericordioso, que constantemente faz apelo à conversão e à mudança de atitude perante os bens materiais. A resposta de Zaqueu, vibrante de alegria, expressa que a proposta do amor é forte e faz milagres em todos os corações que o acolhem de verdade.
A disponibilidade para o acolhimento do amor nem sempre se faz realidade como, eventualmente, todos nós desejamos. A multidão de coisas que a vida nos proporciona, impede-nos a visão daquilo que é essencial e nem sempre haverá uma árvore por perto que nos permita subir para alcançarmos melhor visibilidade sobre aquilo que é fundamental para a vida de cada um. Ou seja, a nossa vida e a vida dos outros.
Pensemos no seguinte, por vezes, ainda são muitas as coisas que se aglomeram à nossa volta. Elas são a constante frequência para o egoísmo, que não nos permite ver o verdadeiro horizonte revelado por Jesus, que implica uma total entrega à causa do amor pelos outros. Outras vezes, é a soberba que nos faz engrandecer perante os bens materiais e perante as nossas qualidades pessoais. Frequentemente somos atacados pela incapacidade para encarar o que se é, o que se tem e o que somos aptos a fazer como serviço para os outros. Esta forma eficaz de ser Homem cristão ainda está muito aquém do que seria possível. Daí as gritantes desigualdades, a pobreza e a exclusão social, como chagas sociais que nos envergonham, porque, todos, como sociedade, teimamos em não mudar de vida. O exemplo de Zaqueu, pode servir de estímulo para o que deve ser realmente feito.
A resposta ao apelo faz-se com alegria. E o desejo de mudar de vida é o sinal consequente da descoberta da partilha proposta pelo Reino de Cristo. Por isso, exultemos todos também porque o mesmo Cristo quer hospedar-se na casa de todos os que o procuram com sinceridade de coração. E se tal acolhimento acontecer, que revolução pode levar a vida toda e o mundo.

Imagem: James Tissot
JLR

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Para algum momento da vida - Cristovam Pavia

.
Estamos juntos, quando vencemos e nos purificamos dia a dia,
E quando rezamos a Deus, e pedimos mais purificação...
E quando um descanso grato e humilde
É a recompensa.
..
Estamos juntos, quando a Poesia nos toca
E entramos como reis no Reino do Silêncio...
Quando sentimos que tempo e risos e lágrimas e tudo
Em nós amadurece...
...
Estamos juntos, quando a noite é fria ou o calor custa a suportar.
Quando a solidão é mais solidão
E vemos como a palavra Amor na boca de tantos é profanada...
- Oh! Ainda que nos separem Oceanos,
Estamos juntos, bem juntos, bem o sabes, numa profunda companhia!
..........................................................
BREVE EPÍGRAFE A NOSSA SENHORA
Senhora:
Eu sei que à dor mais rouca
Das horas mais desesperadas,
Só Tu trazes, como violetas no regaço, silêncio e paz...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Caso verídico - British Airways

A situação que se segue aconteceu num vôo da British Airways, entre Joanesburgo (África do Sul) e Londres.
Uma mulher (branca), de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar em classe económica e viu que estava ao lado de um passageiro negro.
Visivelmente perturbada, chamou a hospedeira de bordo.
- 'Algum problema, minha senhora?' - perguntou a hospedeira.
- 'Não vê?' - respondeu a senhora, 'Vocês colocaram-me ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Tem de me arranjar outro lugar'.
- 'Por favor, acalme-se!' - disse a hospedeira, 'Infelizmente, todos os lugares estão ocupados.
Porém, vou ver se ainda temos algum disponível'.A hospedeira afasta-se e volta alguns minutos depois.
- 'Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre em classe económica. Falei com o comandante e ele confirmou que temos apenas um lugar em primeira classe'.
E antes que a mulher fizesse algum comentário, a hospedeira continua:
- 'Veja, não é comum que a nossa companhia permita que um passageiro da classe económica se sente na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável'.
E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:
- 'Portanto, senhor, caso queira, por favor pegue na sua bagagem de mão, pois reservámos para si um lugar em primeira classe'.
Todos os passageiros que, estupefactos assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.
Todos os que são contra o o racismo, devem ler esta mensagem e contar este caso a todas as pessoas que conheçam, especialmente, as crianças e os jovens.
"O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS."
MARTIN LUTHER KING

domingo, 24 de outubro de 2010

O que dá andar só a contar estrelas

Sherlock Holmes e o Dr. Watson acampavam na floresta. Estavam prestes a adormecer, deitados sob o céu estrelado, quando o detetive perguntou ao seu assistente: «Watson, observe: o que é que vê?».
«Vejo milhares e milhares de estrelas.»
«E o que é que isso quer dizer para si, Watson?»
«Quer dizer que, entre todos os planetas do universo, somos verdadeiramente afortunados por estar aqui na Terra. Somos pequenos aos olhos de Deus, mas muito especiais para o seu coração.
E para si, Holmes, o que significa?»
«Significa que alguém roubou a nossa tenda!»
Nota da redacção: Este pequeno episódio revela como a nossa vida anda. A nossa Igreja Católica, entretem-se a declarar que um boneco animado é católico e faz com isso um grande acontecimento. Noutras paragens vai adiante o folclore religioso com tapetes de flores para os hierarcas passarem como se fossem o Santíssimo Sacramento. Os discursos continuam muito distantes da vida concreta das pessoas. O negócio do religioso para alguns não entra em crise. Mas, ao lado de tudo isto, as famílias apertam o cinto e fazem tripas coração para matar a fome e cumprir os seus deveres para levar adiante o seu lar. Os jovens suicidam-se porque perderam a esperança e ninguém lhes falou do sentido da vida. Os governos não sabem fazer outra coisa senão mentirem e criarem leis para sugarem os rendimentos familiares quanto mais podem. Os pobres ficam mais pobres. As obras para minorarem as consequências das intempéries entre nós, continuam a serem um bom negócio para alguns, os clientes habituais. A nossa cidade enche de água quando chove um pouco fora do normal... Ora bem, vamos continuar a olhar para as estrelas? - Cuidado com a tenda.

sábado, 23 de outubro de 2010

O suicídio dos adolescentes e jovens

Porque se suicidam os adolescentes e os jovens? – Porque nos demitimos de ensinar a transcendência da vida. Há vergonha de falar da dimensão espiritual da pessoa humana. As crianças são colocada desde cedo em todos lugares que cultivam o corpo (todas as modalidades desportivas, nunca se queixam da falta de clientes), mas, depois, há vergonha de levar as crianças à catequese e à missa, porque isso é careta, anacrónico. Digam-me quando é que a pessoa deixou de ser corpo e espírito? - A meu ver o suicídio radica principalmente na falta de sentido para a vida, na ausência de valores, na falta de fé em Deus, na recusa dos fracassos, na falta de espiritualidade/transcendência, no ruído geral da vida actual, na tristeza e na depressão… E porque é mais cansativo dar esses valores, recorre-se ao mais fácil, enche-se as casas com todas as coisas que dão prazer ao corpo e ocupa-se o dia todo com todas as actividades corporais para preencher todo o vazio. Ora, isto não é vida para pessoas. Mas, lembra a criação de animais para o abate, que têm que comer noite e dia para crescerem e engordarem rápido. É preciso mais quando se trata de pessoas.
Faz falta aprender que, quem não se aceita e não se ama a si mesmo, separa-se de Deus. Ora vejamos o que dizia a Velha Abadessa, no «Diálogo das Carmelitas» de Bernanos, quando falava com o jovem Blanche de la Force: «Acima de tudo, nunca se despreze a si mesmo. É muito difícil desprezarmo-nos sem ofender a Deus em nós». Sem este horizonte de Deus, facilmente, se desespera perante uma recusa, um abandono e como tem o sentido da vida bastante desvalorizado ou nulo, o termo da vida surge como algo muito fácil de realizar.
Muito se ensinou que a nulidade própria era importante para valorizar os outros, maior absurdo não pode haver. Quanta catequese se realizou com base neste pressuposto doentio. Por isso, reparemos nesta interessante passagem do livro de Henri Nouwen «O Regresso do Filho Pródigo». Diz assim: «Durante muito tempo considerei a baixa auto estima como uma virtude. Tinham-me prevenido tanto contra o orgulho e presunção que cheguei a pensar que desprezar-me era uma coisa boa. Mas agora dou conta de que o verdadeiro pecado é negar o amor que Deus me tem, ignorar o meu valor pessoal. Porque se não reconhecer este amor primeiro e este valor, perco o contacto com o meu verdadeiro eu e começo a procurar em falsos lugares o que se encontra só na casa do Pai».
Vamos agora todos ensinar sem medo, com coragem e convicção, que sejamos o que formos, a felicidade é possível. Que ninguém esteja privado de exercer o direito de ser o que entender ser. Vamos mostrar que a consciência deste direito leva depois à aceitação das limitações, dos erros, dos abandonos, dos insucessos e de tudo o que seja menos bom na vida. Este direito amansa a loucura de querer ser como os modelos da moda que a cultura actual apresenta. Sou o que sou e como sou, e pronto.
JLR
É apresentada a imagem em: otemadesvendado.blogs.sapo.pt

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo, 24 de Outubro de 2010
Deus não está à venda
São muitas as tentativas para comprar Deus. O que está por detrás de tais gestos pouco humildes, são a tentativa de manipular Deus. Isto é, não são raros os que pensam que é possível fabricar um Deus à maneira de cada um e que com palavras benévolas a seu favor e contra os outros, podem dar a volta à misericórdia de Deus. Provavelmente, pensamos que podemos desviar a atenção de Deus escondendo os nossos desmandos com palavras mansas. Esta lógica da manipulação não se coaduna com o agir de Deus Pai/Mãe de Jesus. Não é a fé a única razão da dedicação à Igreja para muita gente. Mas muitos haverão, que se envolvem em grupos, movimentos e actividades da igreja não com a intenção de servir a comunidade, mas para se promoverem e mostrarem que são mais importantes que todos os outros e ganharem dinheiro com isso. Apontar os erros dos outros é sempre mais fácil. Mas, o valor de uma pessoa está na sua capacidade de reconhecer os seus defeitos e depois tentar melhorar sempre em cada hora da vida. Jesus quis mostrar que não é com a exaltação pessoal que agradamos a Deus, mas com o reconhecimento das nossas falhas e dos nossos pecados. Reconheço portanto, que muitos haverão na igreja que sabem verdadeiramente estar ao serviço da comunidade sem interesse nenhum. Não reclamam qualquer reconhecimento. No silêncio da oração e do encontro com Deus mostram quanto a sua fé se alimenta de humildade e de fé verdadeira no Reino de Deus. Se meditamos assim, somos levados a concluir que Deus detesta ser comprado com ofertas bajuladoras, ritos anacrónicos e sem sentido, orações ocas e sem conteúdo, celebrações faustosas que enchem os olhos sem qualquer consistência na vida prática. É um engano pensar que são as nossas muitas coisas que rezamos e celebramos que nos justificam. O que nos salva, é sempre a bondade e a misericórdia de Deus. E Ele salva e justifica quem reconhece a sua inutilidade e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da profunda gratuidade de Deus. Nada em Deus está à venda, tudo é oferta de amor que se derrama em todos os corações disponíveis para o acontecer dessa graça. E termino como o padre Victor Gonçalves na sua crónica-comentário a esta mesma parábola do Evangelho: «É a verdade de sermos pobres e necessitados de Deus, do seu amor e do seu abraço, que importa dizer e sentir. Por isso, “pecador” é quem quer mudar, é quem diz como o Jorge Palma: 'Enquanto houver estrada para andar/ A gente vai continuar/ Enquanto houver estrada para andar/ Enquanto houver ventos e mar/ A gente não vai parar/Enquanto houver ventos e mar'».
JLR
É apresentada a imagem em: ocontornodasombra.blogspot.com

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cristovam Pavia

De alguns dos Poemas de Cristovam Pavia, que é pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho, que nasceu em Lisboa em 7 de Outubro de 1933.
.....
«Na folha bailada / Levada / No vento, / Vai meu pensamento... // Na cinza delida, / Espargida / Pelo rio, / Vai meu olhar frio...// [...]». ..... «Pequena Oração» («Quando a nossa dor descansa, / E as lágrimas nos olhos são mais frescas que o orvalho nas flores... / Ave-Maria.») ..... «Consolação para o Tempo Incerto» («Há-de haver sempre meninos a chorar ao pé do velho cão morto.») ..... «A tarde em meio ...» («A tarde em meio mas num milésimo / De segundo depois do lanche ao rito claro / (Um cheiro a leite e a ervas) nem brisa foi / (Adolescendo só as ervas) nem fria náusea / Mexeu a luz dentro do sono / Leve, impossível.») ..... «Subitamente ficas na paisagem / E olho os teus olhos quentes e antigos... / Tens sol e sede, tens brincos de cerejas / E a pele cheirosa e fresca como a água. // Subitamente sinto aquela sede / Dos sobreiros gretados, das estevas... / Mas perto, fonte ardente, dás frescura / A paisagem dormente e abrasada!» ..... «Nas tuas mãos o aroma das glicínias. / Nos meus olhos o sol de outras tardes. / O céu azul aonde pairam asas / Ou tremem, de súbitas andorinhas... // O tempo agora é um mistério claro... / Vem comigo, vem ver chegar o gado, / Vem ao passado, sem saudade, agora... / Olha o pó que ficou no ar tão calmo... // Meninos sem palavras, que alegria! / Distraídos demais p'ra sermos dois... / Nas tuas mãos o aroma das glicínias. / O céu azul aonde pairam asas...». ..... A Nossa Senhora /// Voltarei à penumbra fresca da igreja / Ancestral, silenciosíssima e vazia, / Aonde está pousado o teu altar: / Doce mãe Maria... / E ajoelhar-me-ei, / E fecharei os olhos sem pensar... / - Que a minha oração nada mais seja: / Basta descansar. / ..... Meu São Sebastião de Grünewald, / Meu arcanjo de carne e sangue em fogo, / Fita-me com teu olhar viril, tão calmo... / E o sabor de sentir passar cada segundo, / E o perfume a cravos quentes dessas feridas. / Fita-me com teu olhar viril, tão calmo. / ..... Se fizer um pequeno esforço levanto-me e caminho no ar / Porque o meu Deus dá-me forças já não minhas. / Se fizer mais um pequeno esforço tudo se transformará em verdadeiro prazer / E em cada gota de suor, em cada brilho frio nas gotas de suor / Rodará um mundo fresco como um leque que se abre. / Se fizer um último esforço será a vertigem, talvez a deliciosa vertigem. / E depois não interessa o que virá. / Creio neste amor angustiado. / ..... Senhor, era bom / Lavar as nossas lágrimas / De todo o sentimento... / Dos cansaços humanos, / Daquela angústia vaga / E da alegria... / Senhor nós devíamos / Lavar as nossas lágrimas / Para serem na terra / Água perdida e irreconhecível. / ..... (Ousei ler o poema seguinte na homilia de um funeral de um jovem que suicidou, parece, que serviu muito às pessoas que participaram nesta despedida trágica, mas, que tentei aquecer com a chama da esperança e da fé. Paz à sua alma e a todas as almas que partem deste mundo desta forma). Se fizer um pequeno esforço levanto-me e caminho no ar / Porque o meu Deus dá-me forças já não minhas. / Se fizer mais um pequeno esforço tudo se transformará em verdadeiro prazer / E em cada gota de suor, em cada brilho frio nas gotas de suor / Rodará um mundo fresco como um leque que se abre. / Se fizer um último esforço será a vertigem, talvez a deliciosa vertigem. / E depois não interessa o que virá. / Creio neste amor angustiado. .....
In Poesia, ed. D. Quixote (Tirado de Sec. Nac. da Pastoral da Cultura)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O meu «Imaginem»

O Jornalista Mário Crespo escreveu um texto no JN com uma série de sugestões a partir da palavra «Imaginem», suponho, inspirado na canção do John Lennon. Acho o texto interessante. A partir daí resolvi também imaginar algumas coisas mais, que poderiam, se levadas à prática, melhorar a vida de todos nós.
Imaginem se as nossas famílias estabelecessem prioridades nas suas despesas.
Imaginem se cada família tivesse apenas um/dois telemóveis em casa, sem que houvesse necessidade de todos os membros da família terem cada um o seu, mas que houvesse um ou dois comuns a todos os membros da família.
Imaginem o mesmo para os automóveis.
Imaginem se as nossas crianças não precisassem de telemóvel para levarem para a escola e para a catequese.
Imaginem se cada um dominasse muito bem as necessidades desnecessárias que a publicidade impõe.
Imaginem que deixávamos de encontrar sacos cheios de pão bolorento enfiados nos caixotes do lixo.
Imaginem que não encontrávamos mais pacotes de alimentos fora de prazo tal como vieram do supermercado, porque não deu tempo de os gastar no meio da enorme quantidade de comida que trouxeram desnecessariamente na última ida às compras.
Imaginem que as famílias antes das compras faziam uma lista prévia do que era necessário, estabelecendo prioridades e pondo de lado o que não fosse necessário.
Imaginem que as famílias só compravam as roupas e sapatos só quando necessitassem mesmo, mas que não comprassem porque a lógica da moda assim o exigiu.
Imaginem que as famílias só tivessem apenas um cartão de crédito ou então que não compravam nada sem terem dinheiro efectivo.
Imaginem que as nossas famílias abdicavam de comer menos fora nos restaurantes, takeways porque não há pachorra de cozinhar em casa.
Imaginem se pensassem que o dinheiro gasto numa semana dessa forma, podia dar para alimentar a família durante um mês.
Imaginem que as nossas famílias sabiam que em determinadas alturas do ano têm que comprar livros escolares e catecismos para os seus filhos.
Imaginem que ninguém se deixava dominar pela publicidade que apresenta tudo muito fácil, escondendo a verdade das coisas.
Imaginem que todas as instituições, governo, autarquias, Igrejas, associações e outros grupos humanos deixavam de gastar balúrdios em festanças e todo o género de comezainas desnecessárias.
Imaginem que os partidos políticos recusavam os balúrdios que recebem dos contribuintes para gastar em campanhas eleitorais e distribuir aos amigos e afilhados do partido.
Imaginem se quem é eleito pelo povo ao invés de servir-se e servir os seus familiares e amigalhaços, começasse a servir o povo que o elegeu.
Imaginem que todos os cidadãos ao invés de gastarem tanto tempo a olhar o que têm e como vivem os outros, começassem a construir a sua vida e a dar alguma coisa de si em prol do bem comum.
Imaginem que as nossas escolas tinham uma disciplina que se chamasse «Bem Comum».
Imaginem se o nosso país tivesse menos ladrões de gravata.
Imaginem se houvesse menos inveja no coração das pessoas.
Imaginem se não fizéssemos aquilo que criticamos nos outros.
Imaginem que os idosos tivessem todo o cuidado necessário para terem uma velhice com dignidade.
Imaginem se as nossas famílias, mesmo que assumindo muitos sacrifícios nunca abandonavam os seus velhinhos.
Imaginem se os produtos alimentar e de saúde fossem todos mais baratos e se carregasse nos preços dos telemóveis, bebidas alcoólicas, tabaco e em outros bens nada essenciais.
Imaginem se todos os sacrifícios fossem distribuídos por igual a todos os cidadãos.
Imaginem que nos escandalizamos a sério com o escândalo da fome.
Imaginem que as nossas famílias só compravam o estritamente necessário para viver… E depois a prática da solidariedade fosse o pão-nosso de cada dia.
Imaginem que nos tornávamos mais construtivos e mais abertos a mudanças radicais de vida.
Ora bem, uma infinidade de coisas que se podem imaginar ainda. Por isso continuem a imaginar…
JLR
A imagem é apresentada em: renatogarciadesouza.blogspot.com

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Morreste-me

“Morreste-me” é o título de um folheto preparado pelo Secretariado da Pastoral da Cultura da diocese do Porto, que será distribuído junto às entradas dos cemitérios especialmente durante os dois primeiros dias de novembro, ocasião em que habitualmente se intensifica a romagem aos sepulcros. Dois excertos incluídos nesse desdobrável:
Um silêncio que nos chama para mais perto da vida
Em torno dos que nos morrem, há um silêncio que nos chama para mais perto da Vida. Dá-nos a ouvir coisas que não sabíamos ou tínhamos esquecido.
A memória guarda o que foi bom daqueles que nos morrem, o que deles foi dom para nós e para os outros. Contemplando-os, descobrimos mais lúcida e aumentada a nossa capacidade de compreensão e de perdão.
Apenas os mil gestos da ternura importam afinal. E dizemos, baixinho, muito gratos: “Bem-hajas!”
Sem que eles o queiram, o desarmado silêncio dos que nos morrem chama-nos a depor no santuário íntimo da consciência. É assim este mistério maior do que a morte: a quem ama parece sempre pouco o muito que dá. Por isso, mais do que de impotência, a morte fala-nos de imperfeição, de incapacidade, de fragilidade. Os que nos morrem ensinam-nos, no mais fundo de nós, a compaixão.
A morte não retira seriedade à vida. Ao contrário:
– ela relativiza as grandes coisas, o poder, o dinheiro ou os grandes êxitos proclamados ao som de trombetas;
– ela desperta-nos para essas pequeninas e invisíveis forças do amor humano que atuam de pessoa para pessoa, que rompem pelas fendas do mundo como finíssimas raízes ou minúsculas gotas de água e fazem em mil pedaços os mais pesados monumentos do orgulho;
– ela responsabiliza-nos por cada palavra e gesto, por cada uma das nossas escolhas e prioridades.
A morte é sempre uma pergunta sobre o amor que fomos capazes de gerar.
Um convite que não podemos recusar: viver para os outros
A morte não é apenas um problema, é um momento-chave da vida, que todos somos convidados a viver.
A morte é apenas a penúltima palavra sobre nós, pois coloca um ponto final na nossa vida na Terra, tornando assim essa vida completa.
Pela nossa morte “encerramos” o processo de construção da nossa própria identidade. Termina a vida em liberdade, que nos permite ser o que seremos.
Interrompe-se a relação com os outros, mas não termina, por completo e para sempre, a possibilidade dessa relação. Com a morte abre-se uma outra dimensão da vida, em que o que somos e a nossa relação com os outros atinge a dimensão do infinito amor de Deus.
A última palavra sobre nós, o núcleo da nossa esperança, é a ressurreição.
A ressurreição é a transfiguração de nós mesmos numa outra dimensão de nós, onde seremos plenamente nós mesmos, por pura dádiva de Deus.
A esta dimensão a tradição cristã chamou “céu”. Não a podemos realizar nós mesmos, podemos isso sim, prepararmo-nos para a acolher ou recusar.
Na dimensão da vida de Deus, seremos dados à vida – uma vida diferente da que conhecemos biologicamente – para darmos a vida, tal como a demos, no nosso caminho terreno.
Se aceitamos o desafio de viver eternamente para os outros, teremos vida eterna, numa doação que não conhecerá nem limites nem fim.
Por isso, o desejo que nos pode animar eternamente é o desejo de vida eterna do outro, não tanto da nossa. O desejo da vida para o outro, sobretudo do mais necessitado, pobre e excluído, é caminho que nos prepara para a vida eterna.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Três notícias nada surpreendentes

Primeira: aí está uma notícia que não me surpreende nada: «Cada vez mais antidepressivos, Entre Janeiro e Setembro de 2010 já se venderam 112 mil embalagens. 2.800 por semana. O aumento tem sido gradual e anual. Em 2005, o total de embalagens vendidas foi de 116.313 e, em 2006, o total de vendas atingiu as 118.728 unidades. Em 2007 foram 123.664 e em 2008 as vendas totalizaram as 130.470 embalagens daqueles medicamentos. No ano passado foram quase 135 mil e, este ano, só entre o dia 1 de Janeiro e o dia 30 de Setembro registaram-se perto de 112 mil embalagens vendidas, o que equivale a 2.800 embalagens semanais» (in Diário de Noticias do Funchal). Um negócio que rende nos tempos da crise.
Segunda: outra notícia que não me surpreenderá nada quando surgir é a do aumento do recurso à bruxa e a todos os géneros de bruxedos que pululam por aí. Este mercado floresce todos os dias. Porque no meio da crise as pessoas procuram todos os meios para o seu equilíbrio mental e físico. Obviamente que muitos enriquecerão à custa da fragilidade de alguns. Por este meio, lanço o alerta, para que as pessoas não se deixem enganar pelos muitos charlatães que se aproveitam da instabilidade interior dos outros.
Terceira: não surpreenderá nada que o aumento dos suicídios será uma realidade. Após estes apertos financeiros que os governos levam acabo, os que se deixaram iludir pelo crédito fácil, promovido pelos mesmos governos que apertam agora, ver-se-ão numa aflição e num desespero muito grande. Soluções? – Ninguém as tem. O que fazer e como fazer para ajudar as pessoas que se vêem agora minados em todas as pontas?
Três notícias... Três aspectos que levarão a dramas terríveis, que não parecem preocupar muito quem devia preocupar-se, porque para tal recebeu mandato popular para servir a sociedade inteira. Mas, o que vemos…
Por fim, fica a tristeza por constatarmos que estas coisas já não nos surpreendem.
JLR

sábado, 16 de outubro de 2010

A felicidade

A felicidade exige valentia.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa

Hoje dia 16 - Dia Mundial Contra a Fome

Dia Mundial da Alimentação: FAO chama atenção para quantidade de famintos no mundo
Karol Assunção *
In Adital
Hoje (16/10), cerca de 150 países celebram o Dia Mundial da Alimentação. A data, estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), tem o objetivo de chamar atenção para o problema que afeta, atualmente, cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo.
Com o tema "Unidos contra a fome", a intenção da edição deste ano é reconhecer os esforços na luta contra a fome a nível nacional, regional e internacional, e unir os diversos setores da sociedade em "busca de justiça social e de melhores redes de seguridade social para os pobres".
Com o lema "Um bilhão de pessoas vive com fome crônica e eu estou louco de raiva", a campanha "1billionhungry" (um bilhão com fome) disponibiliza uma petição on-line que pressiona os governos de todo o mundo a priorizarem o combate à fome em suas ações.
Até o início da tarde de hoje, 1.108.883 pessoas de diversos países haviam assinado o documento. Os interessados em participar da campanha devem firmar a petição on-line com nome, e-mail, cidade e país. Quem quiser ainda pode divulgar a campanha para os amigos e observar quantos deles aderiram à ação.
Mais informações em: http://www.1billionhungry.org/
Nota: O maior escândalo do nosso tempo... Parece mentira, mas em cada bocadinho de tempo morrem pessoas por falta de alimentos. É preciso mudar tanta coisa desta humanidade desequilibrada, injusta e inconsciente perante a desgraça dos seus semelhantes. Senão continuaremos a carregar este pesadelo ignóbel da fome no mundo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poema de Albert Einstein

.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
..
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
...
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
....
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
.....
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
....................................
Albert Einstein
In isaiaso13.blogspot.com

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XXIX Tempo Comum
17 de Outubro de 2010

A oração. O que é?
Os fariseus de todos os tempos preocupam-se com minúcias e desprezam sempre o fundamental. Estes não se interessam com o bem de todos, sobretudo, os mais pobres e os abandonados. O poder e o domínio sobre os demais sobrepõe-se a tudo o que seja partilha e compaixão pelas necessidades dos outros. As comunidades de Lucas, parece estarem contaminadas com este mal. Então, temos fariseus escravos da vaidade e do orgulho... Os Sepulcros caiados, repletos de hipocrisia e corrupção. A seguir, temos os juristas e escribas em vez de guias, que se converteram em ditadores da opressão. Não são os mestres do jugo suave e da carga leve, mas os montros dos fardos pesados exclusivamente para os outros.
Porém, ao lado deste quadro de prepotência e cegueira está Jesus, que nos apresenta um Deus cheio de compaixão e amor para com todos, especialmente, os fracos, os simples, os pobres e os abandonados. Daí que tenhamos um Jesus respeitador da letra da lei, mas que diz que a primazia pertence à justiça e ao amor, «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos»?
Nós cristãos, devemos libertar-nos de todos os esquemas legalistas e procurar o caminho de Jesus de Nazaré que nos torna filhos de Deus cheio de liberdade. A verdadeira lei, é Jesus Cristo, que se define com um amor total aos homens e mulheres de todos os tempos, a quem fez irmãos. Deste modo, a oração consite em acolher esta oferta de Jesus, a seguir, empenhar-se na construção do mundo e da vida segundo a lógica de Deus.
Afinal, para que serve a oração? - Para pedir favores a Deus... Não apenas, mas para descobrir qual é o pensar de Deus, conjugá-lo com o nosso e depois agir com coragem e confiança, procurando as melhores soluções sem nunca perder a certeza de que o amor de Deus está sempre presente. A oração, serve para libertar e nunca é uma obrigação opressiva de fórmulas rituais anacrónicas e sem sentido nenhum para a vida actual. A oração é importante na medida em que se torna sinal da criatividade pessoal de cada um/a na sua relação com um Deus amigo e compassivo.
JLR

Pergunta de leitora do blogue

Com a resposta singela do autor do blogue:
Pergunta:
Sr Padre: Eu ainda não cheguei a compreender o que é ser feliz?
- É ser alegre, é ter tudo na vida, é fazer tudo certinho...
A maioria que diz ser feliz, não parece.
Bela
Resposta:
Não cara amiga... O conceito de felicidade é muito complexo. Não há uma definição absoluta sobre a felicidade. Mas, para mim, a felicidade, é saber viver com aquilo que a vida nos vai dando. Muitos podem ser felizes com pouco ou quase nada, alguns podem ser felizes com muita coisa e outros podem ser felizes com aquilo que a vida lhes vai concedendo em cada momento. Porém, muitos podem ser infelizes com muita coisa e até com o pouco que a vida lhes deu. Um pouco confuso, mas para dizer que a felicidade é relativa e não é igual em todos. Para mim, tem a ver com a sabedoria, ser feliz é saber viver com aquilo que a vida dá, as pessoas e as coisas. Assim, somos felizes na alegria, na tristeza, na saúde e na doença se soubermos integrar tudo o que Deus dá em cada hora da vida. A felicidade não é sinónimo de riqueza nem de pobreza materiais. Tenho encontrado pobres muito felizes, ricos muito infelizes e vice-versa. Podemos dizer, então, que ser feliz é saber viver. Quando as pessoas não usam a cabeça, sofrem e são infelizes. Se souberem dosear tudo com a cabeça e o coração, são felizes.Tudo de bom e obrigado pela pergunta.
JLR

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Resgate de mineiros - grande lição de vida

Graças a Deus por Jesus Cristo pelo salvamento dos 33 mineiros encurralados no interior de uma mina no Chile. São o sinal da Ressurreição cheia de emoção. Também Jesus emergiu para a vida aos 33 anos, neste caso serão muitas idades, que somadas darão muitos anos, mas são 33 pessoas ávidas de vida e de luz. Que alegria imensa senti quando vejo os abraços e as lágrimas de alegria que as imagens televisivas nos oferecem. Parecia impossível tal acontecer, mas Deus permitiu, o engenho humano teceu e a esperança alimentou esta ressurreição. Devemos todos dar graças e rejubilar. Se a humanidade quisesse muitas mais vidas poderiam ressurgir do meio dos escombros e a vida seria mais brilhante para muitos dos nossos semelhantes. Fica a lição da resistência, da esperança, da união, do trabalho e da fé. A adversidade faz milagres. Bendito seja Deus por tão grande dádiva.
JLR

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um mundo melhor

Uma das nossas preocupações deve ser trabalhar por um mundo melhor, para que todos sejam felizes em maior ou menor grau: melhorar o nosso mundo familiar, o nosso mundo profissional, o nosso mundo social. Há coisas simples, ao nosso alcance, que podem transformar um pouco o mundo. Eis um exemplo.
Certo escritor passava serenamente as suas férias numa pequena praia. Todas as manhãs passeava um pouco junto ao mar. Depois voltava para casa para continuar os seus escritos.
Um dia, viu ao longe um rapaz que se baixava, apanhava qualquer coisa e atirava ao mar.
Aproximou-se e viu que o jovem apanhava estrelas-do-mar no areal quente e atirava-as à água para não morrerem ressequidas pelo sol ardente. - Por que fazes isso? - Perguntou o escritor.
– Salvo estas estrelas-do-mar que o calor do sol mata.
– Mas não vale a pena. Não vês nesses quilómetros de areia as centenas de estrelas que morrem?
– É verdade, disse o moço, agarrando uma estrela e lançando-a ao oceano. Mas esta já não morre!
O escritor regressou a casa pensativo naquela resposta do jovem.
Durante a noite continuou a pensar. No dia seguinte voltou à praia, onde estava o jovem generoso. Associou-se a ele salvando estrelas-do-mar.
No mundo que nos rodeia, há tantas estrelas-do-mar que morrem ressequidas pela fome, pela doença, pela indiferença. Um pequeno gesto nosso, um pouco de generosidade, pode salvar vidas. É verdade que pelo mundo fora há tanta “estrela” lutando pela vida; pela felicidade a que têm direito. Há também muita gente extraordinária – cristã e não cristã – que luta pela felicidade dos outros: por um mundo sem carências do essencial, um reino de paz, de alegria, de esperança e de amor fraterno.
Mário Salgueirinho
In Voz-Portucalense
É apresentada a imagem em: debaixodamontanha.blogspot.com

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um partido que não se percebe

O PC-Português lamentou hoje a atribuição do prémio Nobel da Paz 2010 ao dissidente chinês Liu Xiaobo, considerando que é "mais um golpe na credibilidade" deste galardão e que representa "pressões económicas e políticas" à China.
Não percebo este partido. Ora defensor dos oprimidos, ora contra as injustiças dos partidos do centro e de direita, ora contra as políticas que violam os postos de trabalho, ora sempre em lutas por melhor e mais justiça... Porém, quando se trata de apontar regimes comunistas que violam os direitos humanos e que levam a efeito as políticas mais ferozes contra os trabalhadores e contra os cidadãos, o PC-Português dá voz à fefesa de tais governos e das suas políticas contra a vozes que enfretam tais poderes absolutistas.
Agora manifesta-se contra o prémio Nobel atribuído ao activista e dissidente chinês Liu Xiaobo. Pena que nos confrontemos com uma linguagem de um partido incorregível, retrógada e conservador. Por isso, mais uma vez fica provado que este PC-Português não tem autoridade para tomar como exclusivo a defesa dos trabalhadores ou dos injustiçados da nossa sociedade. Serviu este comunicado, para mostrar que muito do seu alarido nas ruas e praças, não passa de batuque que se levado à prática governativa o que não seria de quem pensasse de modo diferente da nomenclatura do partido. Por fim, resta-lhes a sorte de estarem numa sociedade democrática, para terem livre circulação, pensamento e acção, mas, logo que pudessem ponham cobro ou modificavam segundo os seus princípios sectários. Nem uma palavra contra a violação dos direitos humanos, contra a perseguição política que prevalece nos regimes comunistas que ainda perduram nalguns lugares deste mundo (China, Cuba, Coreia do Norte...), que só abriram um pouco por razões económicas, mas do ponto de vista político e dos direitos dos cidadãos continuam sempre com as mesmas perseguições.
O facto de recorrer à crítica da atribuição do prémio Nobel da Paz de 2009 ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama - criticável com certeza - mas, ao PC-Português não justifica nada, apenas manifesta-se como argumento fácil para defender o indefensável e revela o quanto este partido tem um pensamento afunilado em sentido único, anacrónico e conservador.
Esta visão zarolha das coisas incomoda, desacredita quem deseja o fim das injustiças e que todos os dias brada alto e bom som que está do lado dos injustiçados e dos oprimidos deste mundo.
José Luís Rodrigues

sábado, 9 de outubro de 2010

Quem não está comigo está contra mim

Precisamos de palavras que reacendam a esperança...

Meditação
Há uma frase vigorosa na Bíblia que diz: “Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?”. É uma expressão veemente porque Deus está sempre connosco e por nós. Só há um problema: demasiadas vezes não estamos com Deus, pelo menos não plenamente.
Há algo em nós que nos faz fugir das escolhas definitivas. Perante uma lista de opções que se excluem mutuamente, a nossa escolha preferida é frequentemente “todas as anteriores”, o que, como é óbvio, não funciona.
Não podemos ir de avião para o Brasil e de barco para a Madeira ao mesmo tempo. Não podemos dar o nosso coração a uma pessoa no casamento e continuar activamente a explorar as alternativas. Temos de escolher. Em todas as dimensões da vida temos de decidir quais serão os nossos compromissos. E isso começa com o maior de todos: a quem darei, total e definitivamente, o meu coração? Tudo o resto decorre dessa escolha. Mas o que sucederá às outras opções de vida se esse compromisso primordial for ambivalente ou hesitante?
O evangelista Lucas dá a resposta: “Todo o reino, dividido contra si mesmo, será devastado e cairá casa sobre casa” (11, 17).
As nossas preferências dependem sempre da grande preferência: a quem darei o meu coração? A Deus ou a algumas das suas muitas pequenas criaturas? Se estiver tentado a ignorar esta pergunta ou a responder-lhe com evasivas, tenha bem presente a advertência de Jesus: “Quem não está comigo está contra mim” (Lucas 11, 23). Estas palavras cortam o nevoeiro e clarificam as opções. Está na hora de ir com Ele, inteiramente e sem vacilar.
P. Dennis Clark In Catholic Exchange Trad. e adapt.: rm © SNPC (trad.) 08.10.10

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XXVIII do Tempo Comum
10 de Outubro de 2010
Um Deus para todos
Lc 17, 11-19
A gratidão na mensagem de Cristo, também é elevada à condição de valor essencial para o cristão. No texto, que o Evangelho de Lucas nos apresenta, ficámos a conhecer que Jesus curou dez homens com lepra de uma só vez. Parece ser mais evidente o pedido realizado pelos dez leprosos, porém, a sensibilidade para a gratidão, apenas se fez sentir no coração de um apenas e que por sinal não é conterrâneo de Jesus, mas estrangeiro, isto é, era um samaritano. Mais uma vez aprendemos que facilmente gritamos por socorro e pela salvação, mas a abertura para a gratidão não parece ser tão evidente na nossa vida. É o mundo que temos, a educação que não temos e a mentalidade actual que parece achar que a tudo tem direito sem nada em troca. Tudo sem paciência, sem esforço e sem trabalho. Eis o descalabro a que chegamos.
Não é nova a insensibilidade para a ingratidão. O próprio Jesus sofreu com essa realidade. Está bem expresso neste texto tirado de Lucas. Apenas aquele, que Jesus não esperava que lhe agradecesse, veio comovido «e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer». Esta atitude foi muito exaltada por Jesus, porque não foram aqueles que eram seus compatriotas os mais gratos.
A nossa vida também está cheia de muita ingratidão. Serão muito poucos aqueles que se prostram diante de Deus e Lhe agradecem o dom da vida, o dom da saúde e o dom da felicidade. Entre nós, também acontece que as pessoas muitas vezes facilmente se esquecem de manifestar gratidão perante a boa aceitação e a ajuda dos outros.
O nosso mundo seria muito mais belo se todos soubessem pronunciar uma palavra de gratidão perante a beleza das coisas materiais e espirituais que o nosso Deus nos coloca à disposição. Algumas pessoas não querem que lhes agradeçamos os favores que fazem, mas fica sempre bem da parte daqueles que os recebem uma atitude de gratidão. Deus não precisa de «obrigados», antes deseja que a nossa vida seja também uma constante graça em favor de todos. Este é o maior sinal da presença de Deus no mundo.
Este Deus apresentado por Jesus, abre-se a todos de uma forma total, porque deseja estar ao serviço da vida para todos, tenham as manias que tiverem, mas que tenham ao mesmo tempo um coração disponível para gritarem pela salvação e mediante a obediência à palavra de Deus, a traduzam com o gesto da gratidão.

José Luís Rodrigues

É apresentada a imagem em: ivanildodopt.blogspot.com

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não se luta contra a pobreza sem valores

Lutar contra a pobreza é lutar pela igual fraternidade de todas as pessoas, crianças ou idosos, deficientes ou não.
Foi com grande alegria e sincera humildade que acolhemos a Palavra de Bento XVI, na Encíclica Caritas in Veritate: A solidariedade sem a subsidiariedade induz ao assistencialismo que humilha o sujeito pobre ou excluído.
Oh! Quantas pessoas e Instituições o fazem apesar de boas intenções.
Lutar contra a pobreza é um acto nascido do Amor gratuito (porque não relembrar o exemplo do Bom Samaritano) de quem nada se espera em troca do que foi feito à pessoa injustiçada ou espoliada da sua dignidade, dos seus direitos, da sua felicidade.
Mas não há amor sem justiça.
O que pratica a injustiça não pode lutar contra a pobreza, antes pelo contrário, gera-a, promove-a, mantém-na, e provoca a discriminação entre os humanos e faz aumentar o fosso entre ricos e pobres.
Quem não ama, quem não tem Deus no coração, nem louva a Deus nem serve os homens. Vivemos numa ditadura económica, que rouba a muitos homens e mulheres a sua dignidade, a sua liberdade, a sua justa igualdade de cidadãos, a sua confiança n’ Aquele que os criou e os ama para serem felizes.
De facto ninguém é dono de ninguém!
O exercício da recusa ou do impedimento dos direitos humanos a alguém é um crime, porque roubou os valores mais sagrados do ser humano: a vida, a alegria, e se calhar a esperança. Salvemos o homem todo e todos os homens.
Salvemos o homem na sua integralidade, tal como Cristo o ama.
Cristo deu a sua vida para que todos fossemos realmente livres.
Todos ajudamos a matar o outro (ainda que inconscientemente) quando por nossa culpa deixamos crianças, doentes e idosos, morrer à fome e sem carinho; ou o ignoramos como pessoas. É a cada um de nós que tudo isto nos deve envergonhar, e não às vitimas do nosso pecado de injustiça e desamor.
Mudemos o nosso comportamento (atitude) e com ela mudará o Mundo!
Pe. Jardim Moreira
Presidente da EAPN Portugal
6 de Outubro 2010
Nota: No dia em que a EAPN – Portugal (Rede Europeia Anti-Pobreza) celebra a sua Focus Week com vários eventos não quis deixar de expressar o meu sentir pessoal nesta hora de profundas interpelações.
O Pe. Jardim Moreira, é a figura europeia que, recentemente, também foi vítima de enxovalho na Madeira, porque, simplesmente, pensa pela sua própria cabeça, coisa que incomoda alguma Madeira.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A luz de Damasco

“A luz de Damasco golpeia. É circuncisão
Que abre, limpa, a luz de Damasco
É dura. Da dureza
.........
Das pedras que um mártir junta com as mãos
Com que empedra o caminho para a morte.”
....................
Daniel Faria, Dos líquidos

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Canção de Batalha - Guerra Junqueiro - Declamada por Pedro Abrunhosa

.

Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,

Que andaram contemplando a Lua branca e fria…

Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!

Já canta pelo azul sereno a cotovia

E já rasga o arado as terras fumegantes…

..

Entra-nos pelo peito em borbotões joviais

Este sangue de luz que a madrugada entorna!

Poetas, que somos nós? Ferreiros d’arsenais;

E bater, é bater com alma na bigorna

As estrofes de bronze, as lanças e os punhais.

Acendei a fornalha enorme – a Inspiração.

Dai-lhe lenha – A verdade, a Justiça, o Direito –

E harmonia e pureza, e febre, e indignação;

E p’ra que a labareda irrompa, abri o peito

E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!

….

Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!

O poeta é como o sol: o fogo que ele encerra

É quem espalha a luz nessa amplidão sonora…

Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra!

Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!

Abílio de Guerra Junqueiro (1850-1923) Escrito/Poeta/Jornalista/Político Guerra Junqueiro, in Poesias “Dispersas”

Nota da redacção: Fica este belíssimo poema de Guerra Junqueiro, para homenagerar o espírito da República na celebração dos seus 100 anos. Nela permanece o bom e o mau da convivência humana. Este poema tem uma actualidade impressionante e melhor serve como grito para reclamar tudo o que a República podia fazer e que ainda não fez. Não tenho paciência para entrar pelos enredilados históricos das investidas da República contra as confissões reilgiosas, particularmente, a Católica. Acho que o mais importante não está aí...

domingo, 3 de outubro de 2010

Perseguidos pelo medo

por MARIA DE LURDES VALE, in Diário de Notícias de Lisboa 3/10/2010
Muito bem visto....
Lendo a biografia de Salazar, da autoria de Filipe Ribeiro de Menezes, que é um notável trabalho de investigação, e olhando para a actual situação do País, ficam por responder questões como o que queremos enquanto povo e o que exigimos de quem nos governa. Aceitámos uma ditadura porque o País estava ingovernável e fizemos uma revolução porque já ninguém aceitava viver na obscuridade. A liberdade trouxe a democracia, novos desígnios, novos governantes, abertura de fronteiras, Europa e mundo, mas a realidade é que Portugal continua a ser um país pobre, tão pobre (e pobre de espírito) quanto já era desde há dois séculos. O autor do livro, numa recente entrevista, chega mesmo à conclusão de que "há coisas que se calhar são inultrapassáveis". E essas coisas só podem ser aquelas que têm a ver com o conforto que uma grande maioria encontra na mediocridade.
Numa das passagens do livro vem descrita a forma como Salazar hesita, pela primeira vez, em aceitar o cargo de ministro das Finanças. Tinha medo de errar. Um medo que o levaria a não conseguir encarar os seus alunos da Universidade de Coimbra se as coisas corressem mal. E foi com este mesmo medo que levou a sua avante e se conseguiu manter no poder durante 40 anos. No fundo, tinha medo de si mesmo, medo dos outros, desconfiava de tudo e de todos e só conservava a seu lado os que lhe obedeciam cegamente. Era a única maneira de poder governar. Com medo e gerando medo. O povo, amedrontado, aceitou. A vidinha era simples e rural, as paróquias enchiam, as finanças da pátria estavam em ordem, havia reservas de ouro, educação quanto baste, casas do povo para folclore e dominó, donas de casa que asseguravam a economia doméstica, propaganda a rodos para que todos se sentissem bem e seguros, e o resto - sim, o resto -, que era o principal, não era da conta do povo.
Não sabemos porquê, mas 36 anos depois do 25 de Abril continua quase tudo na mesma. Parece que a sina das "coisas inultrapassáveis" nos persegue. Que votar é igual a não votar. Que exigir a quem nos governa mais transparência e menos desleixo é a mesma coisa que aceitar que nos enganem. E que a solução, a única solução, para mudar o estado a que chegou o País é virar-lhe as costas e emigrar. O medo continua cá. Entranhado até ao tutano. E todos sabemos que uma sociedade responsável, tal como um ser humano, só cresce e amadurece sabendo enfrentar o medo e transformando-o em oportunidade. O que se pede neste momento em que o País se encontra é menos infantilidade, um outro comportamento.
A verdadeira revolução, a das mentalidades, está por fazer. Não é mentindo, cantando e rindo e assobiando para o lado que se constrói alguma coisa. Ou é?

Acto de contrição - Adolfo Casais Monteiro

Pelo que não fiz, perdão!
Pelo tempo que vi, parado,
correr chamando por mim,
pelos enganos que talvez
poupando me empobreceram,
pelas esperanças que não tive
e os sonhos que somente
sonhando julguei viver,
pelos olhares amortalhados
na cinza de sóis que apaguei
com riscos de quem já sabe,
por todos os desvarios
que nem cheguei a conceber,
pelos risos, pelas lágrimas,
pelos beijos e mais coisas,
que sem dó de mim malogrei
— por tudo, vida, perdão!

sábado, 2 de outubro de 2010

Mais um cromo da nossa república

O deputado do PS Ricardo Gonçalves disse, esta sexta-feira, que os deputados são dos que perdem mais dinheiro com as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo.
A frase célebre é assim, "Estamos a atravessar um momento difícil, foram tomadas medidas muito duras e, obviamente, que sendo neste momento deputado sou dos que perde mais dinheiro", afirmou o socialista durante a manhã do dia 1 de Outubro, no hospital de Penafiel.
Não é por acaso que Maria José Nogueira Pinto, já chamou de «palhaço» a este sr. Gonçalves. Coisa que lhe encaixa como uma luva. Esta gente não respeita o povo que o elegeu, não se compadece com quem mais sofre e não tem «modus in rebus» (medida nas coisas), ofende quem trabalha e a maioria dos portugueses que tem que fazer muito esforço mensal para cobrir as suas despesas. Maior respeito e mais elevação se deve cobrar a quem se propõe servir o nosso povo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Imagem do nosso país

Dito pelo Padre Fernando Ventura no Jornal das Nove da Sic-Notícias dia 1 de Outubro de 2010. Portugal, uma barraca com submarino à porta. Pensei criar estas imagens para ilustrar o brilhante discurso que este padre apresentou na entrevista que a Ana Lourenço lhe fez no Jornal das Nove. Ainda bem que começam a surgir vozes lúcidas para denunciar profeticamente este descalabro que estamos a viver. Só visto para crer. A barraca está a ser demolida pelos buldozers, que significam todos os políticos inábeis que nos têm governado, os actuais líderes europeus, o FMI, os mercados de rankings e o maldito do déficit. Os submarinos, sinais exteriores de riqueza, não estão pagos (esta é a cereja sobre o bolo).