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sexta-feira, 25 de março de 2011

PEQ 4 - Plano Espiritual para a Quaresma

Mais um PEQ...
Prece:
Senhor, diante da falsa imagem de Deus, duro e justiceiro,
revelaste-te um Pai cheio de carinho, mãe de coração grande,
onde cabem todos os homens, justos e injustos, maus e bons.
Será, Senhor, a misericórdia o Teu lado fraco?
Pai consolador e origem de todo o consolo, ter entranhas de misericórdia,
perdoar sem medida, é privilégio dos fortes.
Senhor, neste mundo governado por homens e mulheres de coração duro,
por multinacionais sem rosto, faz circular nas nossas ruas, nos nossos escritórios,
hospitais eclínicas, homens e mulheres felizes por fazer da misericórdia
o exercício quotidiano da sua vida. Há pobres que pedem pão e azeite, doentes que
reclamam um médico, meninos que choram, oprimidos que clamam por justiça. Todos,
velhos e crianças, necessitam de uma mesa bem posta de misericórdia e de ternura.
Se temos de cair em algumas mãos, que caiamos, Senhor, nas Tuas, cantando sempre as
Tuas misericórdias. Amen.
Mas...
Falta-me, Senhor, paciência: para analisar e saborear as coisas e os sucessos,
para escutar as estrelas, as árvores… para compreender a história.
Falta-me paciência, Senhor, para confiar em que o meu irmão pode mudar,
que se está a estruturar, que também lhe é possível a conversão.
No entanto, quantos clichés impomos!
Quanta dor e quantos muros criados!
Como encerramos a confiança e a vizinhança,
afogados numa “fama” levantada!
Falta-me paciência comigo mesmo:
vou-me abaixo facilmente quando julgo que não avança.
O meu empenho tomba ao primeiro stop.
A chamada à conversão
torna-se-me pura ilusão,
puro slogan sem encarnação real na minha vida.
Tu, Senhor, convidas-nos à misericórdia,
que é muito mais do que a resignação,
muito mais do que a compaixão ou o conformismo.
É acolher o irmão para comungar com ele,
partilhar o irmão para crescer juntos.
Convidas-nos à misericórdia:
a confiar no crescimento do irmão,
na positividade do irmão,
na irmandade do irmão.
A confiar em que nos olhos do irmão há luz
e no seu sorriso há palavra;
a assumir que a dor do irmão é também minha,
que o seu sofrimento é meu.
Convidas-nos, Senhor,
a iniciar uma felicidade nova e paradoxal:
a felicidade de sermos nós sendo os outros,
a felicidade de ser feliz, felicitando-nos,
a felicidade da dor partilhada,
a felicidade da fome alimentada,
a felicidade de uma misericórdia universal e próxima,
concreta e aberta,
simples e atrevida.
Dá-nos, Senhor, a Tua misericórdia,
essa que nos torna família,
essa que limpa o nosso egoísmo e a nossa comodidade,
essa misericórdia que Tu viveste,
da qual nos disseste:
“Quem acolhe um destes,
os meus irmãos mais pequeninos,
é a Mim que acolhe”.
Por fim, ouvimos a oração poética:
A ti dedico-te:
Ausência
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
De Sophia de Mello Breyner Andersen

3 comentários:

M Teresa Góis disse...

que dizer? toda a reflexão está no texto, poética e amorosamente escrita, com verdade e sentimento.Obrigada.

Marilu disse...

Querido amigo, tenha um lindo final de semana primaveril. Beijocas

José Luís Rodrigues disse...

Querida amiga, também lhe desejo um óptimo fim de semana. Beijocas