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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Comentário à Missa do próximo domingo

Domingo III Páscoa
08 de Maio de 2011
Emaús aqui tão perto
A localização de Emaús tem diversas tradições, todas a Oeste de Jerusalém. Deste Evangelho, próprio de Lucas, discute-se a origem. Talvez seja um convite a percorrer o próprio itinerário de fé, caminhando com Jesus? – Esta visão basta para o que se pretende reflectir.
Toda a Páscoa é um convite a seguir o caminho da vida a bom passo. Nessa caminhada escuta-se a voz de Jesus Vivo e Ressuscitado, que garante que estará connosco mesmo que não o vejamos. O caminho faz-se andando, se quisermos fazer uma alusão aos poetas quando afirmam que «o amor faz-se amando» e a São João da Cruz que dirá: «o caminho faz-se caminhando».
Ora bem no texto do Evangelho descobrimos a imagem da humanidade em dois discípulos a fazer a caminhada até Emaús, mas, caminham consternados, derrotados e desiludidos com os factos recentes passados em Jerusalém. Qual humanidade hoje a fazer o caminho com o desalento e o desanimo, porque afundada pelas crises monetárias, pelas guerras inacabáveis, pelas violências constantes... Nesse caminho, Jesus lança-nos a pergunta: «que fizestes do dom da Minha Morte Pascal?» E nós fazemos outras: foi em vão a Sua morte? Não serviu para percebermos que só pelo amor a humanidade será feliz? Não percebemos ainda que a dignidade humana e os Direitos Humanos devem ser respeitados para que a humanidade inteira se realize na harmonia do bem? Não serviu para perceber ainda que Deus nos criou para a vida e não para a morte? Para onde caminhas humanidade, que te auto flagelas e matas frequentemente? (…)
Todas estas questões fazem sentido porque a humanidade continua atada às suas razões e por isso não vê as potencialidades de vida em abundância que Jesus nos oferece com a Sua Páscoa. Jesus, ao falar da Bíblia aos discípulos, revela-lhes o caminho e a mensagem que se levada à prática pode libertar do lamaçal em que a humanidade tantas vezes se deixa atolar.
Então Jesus faz-nos esta pergunta, «porque vos evadis das noites escuras?» E responde na intimidade de cada um, «quando anoitece Eu fico convosco partilhando as vossas trevas». Esta proximidade faz com que cada pessoa encontre força e ausência de medo para seguir adiante fazendo o caminho que conduz ao Emaús da felicidade que a Ressurreição de Jesus nos oferece.
A refeição, é o lugar do encontro, o Sacramento dessa presença misteriosa, porque só «reunidos à mesa Me reconhecereis Ressuscitado». A importância da Eucaristia vê-se claramente neste encontro de Emaús. No partir do pão Jesus é reconhecido e convida à saída de si mesmo para se lançar ao encontro dos outros, especialmente, os mais necessitados, para viver a densidade eucarística da partilha fraterna. Cada momento desse encontro é uma meta que dá entusiasmo à vida, porque retempera na coragem e lava ao desprendimento de si para se abrir aos outros.
Nesta abertura à partilha no itinerário da fé, sentir-nos-emos comunidade que peregrina para a Páscoa definitiva. Por isso, pedimos «Senhor, Tu que fazes connosco este caminho aberto ao Transcendente, faz que não nos detenhamos até chegar ao encontro definitivo». Afinal, o Emaús de cada um de nós pode estar longe materialmente falando, mas com Jesus Ressuscitado ao nosso lado, podemos afirmar, «Emaús aqui tão perto».
JLR

3 comentários:

Maria Luiza disse...

Que delícia para a alma ler seu post. A caminho de Emaús é uma passagem rica em significados e o senhor os abordou muito bem! Parabéns! Um abraço!

José Luís Rodrigues disse...

Muito obrigado amiga Maria Luiza. Tudo de bom para si... Abraço!

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís que lindo texto. A sua abordagem toca-nos na totalidade do nosso ser: indivitual e comunitário. Jesus não nos ensinou a ser individualistas ou a criar modelos ou estereótipos de comunidades , até mesmo religiosas demasiados rígidas e ríspidas.Se falo neste momento ou em outros tempos anteriores da igreja católica é pq acho-a muito disciplinadora, admoestadora.Está-nos sp em ensinamentos moralistas sobretudo os que se prendem com a sexualidade . Jesus não se preocupou muito com essa parte do humano. Queria-o livre e independente perante as suas escolhas de, tal maneira, que elas incidissem sp no outro, na irmã e no irmão.isto é , no amor ao próximo sobretudo aos mais pequenos. Não no salve-se-quem-puder. Mas salvar todos e todas. A Ressurreição é um acto de recriatividade do Deus que nos criou e que nos queria feitos à sua imagem e semelhança. Esta sociedade e mundo, tal como estão, é a negação de Deus e anti-evangélica. Todos estamos a precisar de um novo Emaús.Precisamos de novos caminhos. Vem, Senhor Jesus!