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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XIV Tempo Comum
03 de Julho de 2011
A revelação aos pequenos e o jugo suave
Santo Agostinho faz uma belíssima interpretação sobre o sentido dos «pequeninos» que o Evangelho deste domingo nos fala. Transcrevo a sua análise, diz assim: «Entendei o sentido desta oposição: “Escondeste estas coisas aos sábios e prudentes”. Mas não diz “e as revelaste aos néscios e imprudentes, mas sim: “escondeste-as aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequenos”. Aos sábios e prudentes risíveis, aos arrogantes, aos grandes na aparência mas, na verdade, inchados, opôs não os ignorantes ou os imprudentes, mas os pequenos.
Quem são estes “pequenos”? Os humildes. Por isso, “o escondestes aos sábios e prudentes”. Ao acrescentar “revelaste-o aos pequenos”, Ele mesmo explicou que sob o nome de sábios e prudentes deveríamos entender os soberbos. Portanto, escondeste-o aos não pequenos. Que quer dizer “não pequenos”? Não humildes. E “não humildes” é o mesmo que “soberbos”. Oh, caminho do Senhor! Ou não existia ou estava escondido para nos ser revelado a nós. E porque exultava o Senhor? Porque o caminho foi revelado aos pequenos. Devemos ser pequenos; porque se pretendermos ser grandes, como sábios e prudentes, não nos será revelado esse caminho». (S.to Agostinho, Sermão 67, 8). Muito interessante este pensamento e revelador de qual é a principal intenção de Jesus, libertar os oprimidos e dar dignidades aos sem lugar e vez na vida social deste mundo...
Na passagem da 1ª leitura, por sinal muito famosa, revela-nos a obra do chamado «Segundo Zacarias», um profeta anónimo do séc. IV-III a.C.. Toda a lógica da guerra e da corrida aos armamentos, porventura alimentada pelos sonhos de um messianismo político e triunfalista, são agora abandonados. O Rei que vai chegar, é um «pacifista», contra toda a violência e injustiça que ainda grassam no mundo. Esta mensagem destrona toda a lógica que assenta sobre a violência. O anúncio profético mostra que o desejo de Deus está em profundo antagonismo com o pensar dos homens. Deus reinará pacificamente, no maior respeito pela vontade de cada homem e mulher. Todos farão parte da justiça e do amor salvador que Deus fará acontecer nos carreiros deste mundo. É possível este ideal se nos nosso corações permitirmos tudo o que faz a vida a contecer na felicidade e na paz…
O capítulo 8.º da carta aos Romanos é uma das páginas mais densas da teologia paulina. O Espírito que nos fala o Apóstolo, é não só um novo princípio de vida, mas também um princípio de vida nova e, portanto, penhor da vida futura da Ressurreição.
No Evangelho, Jesus e os primeiros cristãos experimentaram a recusa dos chefes e dos ditos «partidos de sábios» (escribas, fariseus, saduceus...) em acolher o projecto salvador de Deus que em Jesus, com Jesus e por Jesus se realizava (nisso consiste o «mistério do Reino»). Estes recusaram fortemente a mensagem nova em favor da vida sempre nova para todos. Tal mensagem de Jesus não era pura e simplesmente um código de regras morais, mas transformação da vida toda a favor do bem comum. Porém, alguns, especialmente os «grandes» recusaram tal ideal. Mas, ao mesmo tempo, viveram a alegria de ver os pobres, os simples e os humildes a acolher essa Boa Nova. Daí, que aos sábios e prudentes risíveis, aos arrogantes, aos grandes na aparência mas, na verdade, inchados, opôs não os ignorantes ou os imprudentes, mas os pequenos. Jesus ensina-nos que devemos ser pequenos para conhecermos a grandeza do amor que Ele nos revela. A humildade salva-nos. O jugo suave de Jesus consiste nisso mesmo, acolher na humildade a vida e fazer dela um serviço, uma dádiva para todos. Esta descoberta dará sentido a esta vida e mais apontará para o verdadeiro destino de todos nós, alcançar a vida divina que Jesus Cristo a todos quer verdadeiramente oferecer, sejamos merecedores dela. E quem diz que a religião é para ignorantes e simplórios, engana-se redondamente perante este discurso de Jesus.
JLR

5 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Pe. José Luís obrigado pela magnificência do seu texto. Só os simples é que chegarão ao Reino dos Céus .Jesus, Filho de Deus, era leigo não pertencia à casta de sacerdotes. O Cristianismo é bem praticado quando bem observado por aqueles que tem alma simples sem remates científicos .Isto não quer dizer que a teologia ou a raz~
ao filosíca não sejam necessárias nem mesmo os exegetas e hermeneutas, mas chegando todos à conclusão que Jesus pregou um Evangelho de proximidade , de inclusão. A igreja católica na sua hierarquia exlui .Tem um discurso pirâmidal .O povo de Deus são todos uns igmorantes, todavia, são os que mais têm intuição da Mensagem de Jesus. Rostos tristes, famélicos de novidades porventura divinas que tragam esperança para um porvir históricos, a tal utopia concreta de que falava o filósofo ateu mas da esperança, Ernest Bloch,
que esperamos que seja de mais igualdade social, sem academismos. Intrisecamente verificamos que são os pobres que fazem a comunhão e que criam comunidade.E a Igreja é isso mesmo.Ser uma Comunidade viva, empenhada em transformar o Mundo . Vamos caminhar como diz Santo Agostinho num outro capítulo . Ser cistão é andar na busca da transformação , da grande novidade. Vem, Senhor Jesus e ajuda-nos a indicar o Caminho , porque és Ele mesmo na Verdade e na Vida. Como dizia o nosso Eça "acredito no Jesus Revolucionário e nego o Cristo dos pés de ouro" . A sumptuosidade dos nossos templos é a antítese do Sermão da Montanha. Martin Lutero apercebeu-se desse anti-Evangelho.

José Luís Rodrigues disse...

Muito obrigado amigo Ângelo pelo contributo. Tudo de bom e abraço.

Judite disse...


Boa tarde!
Esta é a palavra do Pai para você no dia de hoje:


“Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés.
Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.
Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.
Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.
Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares.
Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares”. (Josué 1:3-9)



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Deus seja contigo sempre!

Blog Yehi Or!
http://hajalluz.blogspot.com/

José Luís Rodrigues disse...

Cara amiga Judite. Agradeça e dê um abraço ao Pai por mim, eu dou-lhe, mas sendo dois tem sempre outra quimíca. Fora de brincadeiras, gostei imenso da mensagem. Tudo de bom para si. Um abraço amigo e venha sempre ao Banquete.

M Teresa Góis disse...

Palavras apropriadas, preparadas e sentidas. Fazem bem.Obrigada ao Agostinho e ao José Luís.