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segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Democracia da treta na Madeira

Perdoem-me o título, mas não encontro melhor para designar de forma generalista aquilo que pretendo reflectir sobre o assunto em causa. Tenho uma simpatia enorme por este sistema político que nos rege. Não há outro, onde a liberdade e a livre expressão de opinião, são valores fundamentais. Sobre este nobre sistema dizia Winston Churchill: «Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos». É óbvio, que devemos ter isto em conta.
Na Madeira, vive-se em clima democrático, queremos querer, e todas as expressões como «défice democrático», entre outros, que surgiram nos anos da Autonomia, não passaram de momentos. Foram isso mesmo, momentos que levantaram alguma polémica, mas passada essa poeira tudo voltou ao que era dantes.
Porém, nós que habitamos neste espaço, vamos nos dando conta de algumas situações onde a Democracia sai profundamente lesada. Se pensarmos no que toca à liberdade de expressão, vamos encontrar uma série de atentados que nos envergonham a todos e remetem a nossa Democracia para uma singela «coisa» sem precedentes na história da humanidade. Portanto, a nossa Democracia, é única e está reduzida a uma treta, motivo de chacota em muito lugares do nosso país e quiçá do mundo.
Esta pseudo-democracia da Madeira, está enferma. Os males que a corroem estão relacionados com os atentados contra a livre expressão do pensamento. A título de exemplo, por um lado, a proibição a militantes de determinado partido de escreverem as suas opiniões num órgão de informação da nossa cidade reveste-se de uma gravidade inconcebível. Por outro, o apoio monetário quase ilimitado a um determinado órgão de informação, para depois o açambarcar e fazer passar uma opinião exclusiva, que redunda em propaganda em sentido único. A isto não podemos de forma nenhuma chamar de Democracia nem muito menos invocar princípios de teor cristão-evangélico para justificar esta triste forma de actuação. As instituições sérias da nossa terra deviam estar seriamente incomodadas e neste momento fazer acordar a nossa terra, pô-la em ebulição, porque estão em causa valores essenciais que urge lutarmos para que não seja posto em causa desta forma tão vergonhosa e ameaçadora o futuro do nosso povo. A Democracia é sinónimo de respeito e promoção da diversidade.
Também não menos grave é a forma como se acolhem os adversários políticos. Eles, porque ousam outra cor partidária, recebem ofensas, acusações contra a sua vida privada e são violentados na sua honra. Quem manifeste a coragem de se candidatar ou simplesmente manifestar opinião contrária em relação a alguma coisa que a maioria faz e pensa, está condenado às piores ofensas. As maiorias nem sempre têm razão. Em Democracia, as minorias têm igualmente direitos e oportunidades que não podem ser descoradas ou simplesmente ignoradas.
Vamos entrar em tempo de campanha eleitoral, melhor, intensifica-se o estado de campanha permanente em que vivemos até agora. Seria bom que o debate fosse elevado, o respeito entre candidatos fosse atitude de ordem, as ideias/propostas políticas estivessem nos debates e todos contribuíssem para um são esclarecimento da população da Madeira, para que na hora de escolherem, o fizessem com verdadeira consciência. Esta preocupação deve fazer parte de todos os grupos partidários. Estamos cansados das ofensas gratuitas, do ruído ensurdecedor que nos conduz ao desencanto e a julgar os agentes políticos pela mesma bitola. Desejamos que a propaganda seja apresentada em igualdade de oportunidade e queremos que nenhum candidato seja violentado com ofensas e difamação gratuitas. A Democracia implica tudo isto e queremos como cidadãos eleitores que estes valores que nos regem actualmente sejam levados muito a sério por quem deseja ser eleito para nos representar no governo dos nossos destinos.
A campanha não pode reduzir-se a pão e a circo. Não devem assumir-se gastos desmedidos e entrar em loucuras, porque os tempos são de penúria para muitas das nossas famílias. É grave que se fale que uma Casa do Povo tenha contraído uma dívida à banca para fazer um arraial em honra de um determinado fruto da nossa terra. Arraial, que depois serve para momentos hilariantes de política comiceira, onde se desferem discursos cheios de ofensas aos adversários e se proclamam falsas promessas.
Mais espero que os políticos actuais da Madeira me ajudem a purificar a ideia terrível que faço hoje da Democracia que vivemos na nossa terra, para que amanhã esteja a escrever um texto não sobre a treta da Democracia na Madeira, mas sobre a beleza de Democracia que fomos capazes de construir na nossa terra.
JLR

1 comentário:

M Teresa Góis disse...

Mas existe Democracia na Madeira?