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terça-feira, 20 de setembro de 2011

As minhas preocupações

Os que se manifestam surpresos com as dívidas do Governo Regional da Madeira postas a nu que estavam escondidas ou camufladas, não viviam na Madeira, se viviam andaram de olhos fechados e não leram os vários alertas que sempre foram feitos de diversos quadrantes da sociedade, nem muito menos tomaram conta de que não chegaríamos a bom porto com a vida que levávamos.
Pouco me preocupa estas dívidas, embora me sinta envergonhado e ciente que o nosso povo, por mais conivente que tenha sido com esta situação, não merecia esta vergonha. E muito menos merecia ter que pagar uma conta das despesas que outros fizeram, mesmo que seja com a justificação que foi para fazer obras em benefícios de todos. Não sabemos que muita da obra é desnecessária e muitos espaços de betão estão às moscas, servindo apenas para alimentar a clientela de um partido e os afoitos senhores da «massa» (dinheiro) que tomaram conta da Madeira não com vista do bem do povo, mas à reveria do povo, sugar e lucrar tudo o que pudessem?
Veio o escândalo e para alguns a surpresa. Mas qual escândalo e surpresa, se o regabofe só podia acabar mal. As festanças, as inaugurações, as ofensas a tudo o que mexesse em sentido contrário, o clima de guerra constante e a crispação como pão-nosso de cada dia só podiam redundar neste descalabro. Um descalabro que nos compromete a todos e já deixa aprisionadas as gerações futuras.
Aqui está o centro da minha preocupação. Tudo isto levou à perda de lucidez da maioria de um povo. As festanças embebedaram a vida e fizeram este povo acreditar no melhor dos mundos. Crise e apertos, nada disso, é coisa dos outros, nós passeamos à borla, temos comida de borla, cimento, areia e telhas, tudo se providencia, é só pedir. Neste melhor dos mundos o que mais queríamos, senão comer e beber à conta da borla? – A região do milagre e das maravilhas não tinha limites. Mas, liberdade e livre expressão de pensamento nada disso importa… Democracia era só que alguém queria e o que convinha para os seus intentos.
Mas, chegado a este estado de coisas, não me preocupam mais as dívidas (a conta que temos para pagar), os sacrifícios que nos vão impor, tudo o que vier que tenhamos que fazer para pagar a conta não me preocupa nada. Se quiserem até me faz rir e todas as justificações que se tem dado para a justificar ainda mais me põe a rir.
Preocupa-me os valores que perdemos, a democracia e nela e por ela a liberdade, a autonomia e com ela a perda de capacidade para sermos nós a governar os nossos destinos. Preocupa-me que as gerações vindouras estejam já endividadas até ao pescoço e que não experimentem o que é ser livre para agir de acordo com a sua própria vontade. Os outros é que vão governar-nos, porque alguns de nós desbaratam valores e não souberam viver de acordo com esses tais valores que custaram suor, lágrimas e a vida a tanta gente.
Também me preocupa o péssimo exemplo que a nossa geração está a dar às nossas crianças, lembram-se de falarmos tanto daquele espectáculo deprimente de má criação vinda da casa da democracia, o Parlamento Regional, onde o respeito (valor essencial da democracia) ficava à porta. Também nos lembramos como os adversários eram tratados e como se lidava com as estruturas democráticas do nosso país. O desrespeito constante, com ofensas em gestos e palavras asquerosas traduzidas em linguagem de calhau e tudo o que nós os vivos e atentos sabemos, porque vimos e ouvimos.
Tudo isto era o que se chamava democracia na nossa região. Resultou na vergonha das contas camufladas, na pobreza da convivência onde o clima de crispação e de irritação uns contra os outros é uma constante. Assim, urge tomarmos conta desta realidade, vê-la com olhos de ver e encetar novas propostas que nos salvem. Chega de mentiras, chega de promessas patéticas que ninguém acredita e ponto final em seguir pessoas e caminhos que nos levam para o abismo. Não somos um rebanho cego, de Maria vai com as outras. Temos vontade própria, inteligência e sabedoria para nos organizarmos e seguirmos caminhos de verdade que criem uma sociedade equilibrada, honesta e em saudável convivência.
JLR

5 comentários:

M Teresa Góis disse...

Não está só neste desabafo. Penso que as camadas sucessivas de nevoeiro que têm caído sobre a Madeira, são já o manto da vergonha!

Espaço do João disse...

Meu Caro Amigo.
Quanto sinto sua indignação?
Lembro-me e, ainda sou do tempo de D. José Ferreira Gomes, no tempo da outra senhora. Sei quanto lhe custou. Acompanho a par e passo os seus pensamentos e seus alertas, mas enfim que mais posso fazer? No burgo onde vivo, não deixo de bradar contra as aberrações do UI mas encontro tantos UIs que nem conhecem a realidade e, ainda me dizem que a Madeira é o paraíso de Portugal. Não deixe de ser coerente consigo próprio. A sua lucidez e desprezo pelo medo tem todo o meu apreço e respeito. Embora escorraçado que fui da terra que me viu nascer, não a menosprezo. Tanta pena sinto ver e ouvir concidadãos que a troco de um prato de lentilhas vendem a alma ao diabo. Será que enquanto não saírem da terra onde nasceram não abrirão os olhos?
Um forte abraço e,a minha solidariedade.

José Luís Rodrigues disse...

Amigo e irmão João, muito lhe agradeço a amizade, a solidariedade. Todos precisamos de apoio poruqe a perseguição vai ser dura. Não me vergarei, ainda hoje celebrei os mártires da Coreia, isso dá força e coragem para reflectir e botar palavra à luz do Evangelho e do exemplo do meu/nosso Mestre Jesus Cristo. Um abraço e tudo de bom para si. Seja feliz.

manux disse...

Caro JLR, concordo na plenitude das suas palavras que povoam a minha mente há muitos anos, esperando o dia em que a casa iria cair e no entanto a este Povo falta um verdadeiro Pastor, que os guie para o caminho que há muito deveria ter seguido, em vez de se ter rendido ao facilitismo que lhes foi oferecido. Claro que o bom caminho era estreito,duro, de trabalho, enquanto o largo que foi oferecido tinha imensas benesses e agora vão pagar essa auto-estrada com uma portagem muito elevada. demasiado elevada. Mas mesmo com esta visão tenebrosa do futuro, o rebanho vai continuar a seguir o mau pastor. Infelizmente para os vindouros.
Continue sff
Manuel de Jesus

José Luís Rodrigues disse...

Muito obrigado Manuel. Tudo de bom.