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sábado, 1 de outubro de 2011

O Conceito de Homem Público para Antonio Vieira

A frase: «Preocupem-se com a vida de vocês, que vão ter um futuro mais negro do que o meu». A frase foi proferida ontem por Alberto João Jardim, o presidente do Governo Regional, o líder e candidato do PSD, o conselheiro de Estado.
Outra frase: «Quem poupa o lobo condena as ovelhas» São Thomás de Aquino.
E mais outras frases: Padre António Vieira do Sermão do Bom Ladrão:
- Nem os reis podem ir ao Paraíso sem levar consigo os ladrões, nem os ladrões podem ir ao inferno sem levar consigo os reis. Isto é o que hei de pregar: Ave Maria. [...] Mas o que vemos praticarem todos os reinos do mundo, é tanto pelo contrário, que vez de os reis levarem consigo os ladrões ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao Inferno (VIEIRA, 1945, tomo V: 60 e 61).
- Mas se os reis tão fora estão de tomar o alheio, que antes eles são os roubados, e os mais roubados de todos, como levam ao Inferno consigo maus ladrões a estes bons reis? Não por um só, senão por muitos modos, os quais parecem insensíveis e ocultos, e são muito claro e manifestos. O primeiro, porque os reis lhes dão os ofícios e poderes, com que roubam: o segundo, porque os reis os conservam neles: o terceiro, porque os reis os adiantam e promovem a outros maiores: e finalmente porque sendo os reis obrigados, sob pena de salvação, a restituir todos estes danos, nem na vida, nem na morte os restituem. E quem diz isto? Já se sabe, que há-de ser S. Tomás (...) Aquele que tem a obrigação de impedir que se não furte, se não o impediu, fica obrigado a restituir o que se furtou. E até os príncipes, que por sua culpa deixarem crescer os ladrões, são obrigados à restituição; porquanto as rendas com que os povos servem e assistem, são como estipêndios instituídos e consignados por eles para que os príncipes o guardem e mantenham em justiça (VIEIRA, 1945 – tomo V: 70).
- Porque quero dar este exemplo e documento aos príncipes; e porque não convém que fique no mundo uma tão má e perniciosa conseqüência, como seria, se os príncipes se persuadissem em algum caso, que não eram obrigados a pagar e satisfazer o que seus ministros roubassem (VIEIRA, 1945 – tomo V: 72).
- A porta por onde legitimamente se entra ao ofício, é só o merecimento; e todo o que não entra pela porta, não só diz Cristo que é ladrão: Fur est, et latro. E porque é duas vezes ladrão? Uma vez porque furta o ofício, e outra vez pelo que há-de furtar com ele. O que entra pela porta, poderá vir a ser ladrão, mas os que não entram por ela já o são. Uns entram pelo parentesco, outros pela amizade, outros pela valia, outros pelo suborno, e todos pela negociação. E quem negocia não há mister outra prova; já se sabe que não vai a perder. Agora será ladrão oculto, mas depois ladrão descoberto, que essa é, como diz S. Jerônimo, a diferença de fur a latro (VIEIRA, 1945 – tomo V: 73).
.....
Mais frases para quê, se em pouco se diz tudo sobre o tudo miserável em que estamos mergulhados...

1 comentário:

José Leite disse...

O lobo veste tantas vezes a pele de cordeiro que procura por mimetismo ser como ele; mas no redil de Cristo também alguns lobos de voracidade intensa se aliam ao lobo-alfa...