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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ler a Vida

Câmara de Lobos, 14 /11/2011
Somos muitos, vivemos no Planeta que nos sustenta, todos misturados e com a liberdade de circulação. Não vivemos estacionados como as plantas, nem somos membros de qualquer rebanho.
Para que a vida se realize, terá que existir organização e respeito por ela. É uma verdade absoluta, um princípio intocável. Contudo esta organização começa por baixo, pela base. A Terra chama-se “Planeta Vivo”, mas a vida tem uma característica: é individual e autónoma em cada ser.
Reparemos no tamanho de cada um de nós. Na cadeia da vida, nos milhões de anos que já tem, nós, pessoas, somos apenas um elo de ligação entre o antes e o depois, entre a geração dos nossos pais e a geração dos nossos descendentes, embora sejamos todos e cada um responsáveis e incorporados nos veios do crescimento, da intelectualidade, do desenvolvimento e do amadurecimento civilizacionais.
Por isso nunca poderemos armarmo-nos em proprietários de uma realidade planetária, estojo da vida, onde somos apenas ocasionais e vivemos integrados numa multidão de 7 biliões.
A cidadania é o cartaz humano da vida. E qual o espectáculo que temos? Uma aberração. Uma pequena percentagem de pessoas, gente do nosso tamanho, mas hiperricos e hiperpoderosos, tendo em mão acumulações concentradas por vias obscuras e, instalados na tenda da globalização, conduzem a central do comércio universal subordinado ao lema: mercado é lucro.
E os governos como procedem? Os condutores do povo optaram por ser os cata-ventos do projecto global. Dá-lhes mais jeito andar com os senhores da riqueza, do que enfrentar os problemas reais do povo e procurar solucioná-los.
E agora, que a máquina avariou, os dinheiros não circulam, as dívidas aumentam e os juros sufocam as operações de crédito, andam inquietos. Mas propõem e impõem ao povo a conclusão a que chegaram: consertar a máquina para, depois, prosseguir o mesmo caminho.
E como fazem? Indo ao povo buscar quanto precisam. Os eleitores são o cofre dos governos. E os votos são a escritura de que dispõem. Por outras palavras: nós eleitores, educados na dignidade humana e reclamando os direitos da cidadania, passamos a ser horta dos governantes, onde tudo quanto dizem ser necessário os senhores vão recolher.
E tudo ganhou uma velocidade tal, que nem as Constituições Nacionais, nem os referendos, nem as eleições pesam nesta sucessão de acontecimentos. Só existe uma preocupação nas áreas de quem governa: que a maioria dos votos se mantenham no lado dos partidos tradicionais da governação. Quanto vale a segurança!
A condução política mundial engrenou no veio do lucro. O veio da vida vai sendo sugado e ficando para trás. Concluindo: • O trigo, tornado farinha, já não renasce; • A floresta, tornada madeira, não se renova; • A pesca desmedida deixa os mares vazios; • Os minérios extraídos geram actividades e riqueza, mas não se reproduzem; • A grande concentração de riqueza está a provocar a sufocação da vida; • O lixo acumula-se nos ares, nos mares e em terra; • A Humanidade instala-se cada vez mais na degradação social e nos parques da 3ª e 4ª idades. Viva o neoliberalismo.
Mário Tavares

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