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Convite a quem nos visita

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dies Irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
...
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
...
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
...
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
...
Miguel Torga
Cântico do Homem

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XXVII Tempo Comum
2 de Outubro de 2011
Somos administradores da vida
Os pensamentos, estão para a vida na mesma medida que a vida está para os pensamentos. O grande estudioso do cérebro, o cientista António Damásio, diz que a alma está no cérebro. Considero esta conclusão muito interessante e importante, porque o bem mais preciso que Deus deu à humanidade é a inteligência. Curiosamente, penso que não haverá ninguém que não considere que a inteligência está no nosso cérebro. Por isso, se este é o bem maior que Deus nos deu, então, ele faz parte da nossa alma. São Paulo, apela que se centre os pensamentos no pensar de Cristo. Quais são os pensamentos de Cristo? - Eles são: "Tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o que é amável e de boa reputação, e o que seja digno de virtude e de louvor, é o que deveis ter no pensamento". Aqui está a lista do conteúdo do pensamento positivo que muitas vezes se vê apregoado pelos vários mestres. Mas, que na realidade é difícil de atingir. Esta lista, são valores da alma, que precisam de inteligência para serem levados à prática.
O Apóstolo quer ensinar-nos que facilmente os nossos pensamentos se perdem em ninharias e em conteúdos inúteis que não servem para nada e para ninguém.
O pensamento não se controla, é verdade. Mas pode ser conduzido e facilmente desviado, basta fazer um pequeno esforço e uma certa ginástica mental.
Assim, muitas vezes os pensamentos perdem-se com as doenças, com as artimanhas para vencer na vida da forma mais fácil, com todos os esquemas para enganar os outros, com todas as formas possíveis de vingança, com os bens materiais, com todos os medos que afectam a nossa sociedade actual, com o medo da morte, enfim, uma lista infindável de pensamentos que ocupam as nossas cabeças. E quando eles assim acontecem, tornamo-nos maus admisnitradores da vida.
O pensamento é o desbobinar de ideias. Umas muito boas e úteis à vida para todos e outras também menos boas que prejudicam a vida de todos. Mas cada coisa deve ter a sua ideia, porque "cada coisa que perde a sua ideia é como o homem que perdeu a sua sombra - ela cai no delírio onde se perde" ensinava o autor Jean Baudrielard, sob o título curioso "A Transparência do Mal". São Paulo neste trecho aos Filipenses coloca a utilidade do pensamento e a matéria das ideias no centro Jesus Cristo. As Suas ideias, o Seu pensar, o Seu filosofar e o Seu sentir devem enformar o pensamento de cada pessoa que se faz Seu discípulo. Ele é o Mestre da Filosofia da Fraternidade. Por este âmbito encontramos eco no pensar de vários autores da Filosofia, porque a definem com as melhores expressões do cristianismo.
Nessa busca de vestígios cristãos, descobrimos no grande pensador C. Jaspers o sentido do filosofar como um "estar a caminho" e como um "despertar"; Bertrand Russell, coloca o centro dos pensamentos no verbo "interrogar", as ideias não escorrem sem esse sinal de interrogação constante; Merleau-Ponty radica-o na palavra "criticar"; Le Roy, ensina que não basta debulhar ideias, elas terão sentido quando o pensamento segue o caminho da "unidade", isto é, "unificar" é crucial para a conjugação dos pensamentos e das ideias; por fim, o nosso incontornável Antero de Quental recorre ao verbo "duvidar", que por vezes assusta alguns, mas é sempre necessário para crescer e permitir a evolução dos pensamentos e das ideias.
O Apóstolo Paulo, porque nos apresenta o melhor dos mestres, Jesus Cristo, faz-nos um apelo para que os pensamentos de deste mestre sejam em larga medida os pensamentos de todo o Seu discípulo. Embora não se controle em absoluto os nossos pensamentos, podemos em muitos momentos da nossa vida tentar canalizar o pensamento para as ideias nobres que o Evangelho nos apresenta. Também devemos deixar que todas as boas ideias e pensamentos de outros nos deixem seduzir para o essencial, a verdade que liberta.
JLR

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma parábola também faz bem

Era uma vez uma aldeia onde viviam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro, taxista. Quis o destino que morressem no mesmo dia. Quando chegaram ao céu, São Pedro esperava-os.
- O teu nome ?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote ?
- Não, o taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bom, ganhaste o paraíso. Levas esta túnica com fios de ouro e este ceptro de platina com incrustações de rubis. Podes entrar.
- O teu nome ?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote ?
- Sim, sou eu mesmo.
- Muito bem, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e este ceptro de ferro.
O sacerdote diz:
- Desculpe, mas deve haver engano. Eu sou o Joaquim Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e...
- Não pode ser! Eu conheço o outro senhor. Era taxista, vivia na minha aldeia e era um desastre! Subia os passeios, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 75anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu... isto?
- Não é nenhum engano - diz São Pedro.
- Aqui no céu, estamos a fazer uma gestão mais profissional, como a que vocês fazem lá na Terra.
- Não entendo!
- Eu explico.
Agora orientamo-nos por objectivos. É assim: durante os últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ele conduzia o táxi, as pessoas começavam a rezar. Resultados!
- Percebeste? Gestão por Objectivos! O que interessa são os resultados, a forma de lá chegar é completamente secundária...!
Nota: Este padre, porque já morreu, não ouviu o Papa Bento XVI na Alemanha a pregar sobre o despojamento e a pobreza...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

imagens distorcidas de Deus

«Deus». Quando dizemos esta palavra temos alguma ideia na cabeça, uma “imagem” de Deus. Claro que qualquer ideia que tivermos de Deus, por melhor que ela seja, será sempre incompleta (Deus é sempre muito maior que a nossa cabeça). Mas, por vezes, para além de incompleta, a ideia que temos de Deus está distorcida. Aqui vão algumas dessas imagens distorcidas de Deus:
1. O Deus-energia. Algumas pessoas pensam que Deus é uma “energia positiva”, talvez a energia do amor. De factoDeus dá muita energia a quantos dele se aproximam. Mas a energia não é Deus. A energia é impessoal e Deus é pessoal. Ou seja: Deus é um Alguém que nos conhece e com quem podemos falar e ter uma relação de amizade. Ninguém fala com a energia eléctrica! (a não ser num hospital psiquiátrico!).
2. Deus-universo. Algumas pessoas pensam que Deus é o conjunto do universo. De facto, o universo reflecte um pouco de quem é Deus. Mas Deus não é o universo: Deus é o criador do universo. O universo reflecte quem é Deus tanto quanto uma obra de arte reflecte a personalidade do artista que a criou. Uma coisa é o quadro que representa a Mona Lisa e outra é Leonardo Da Vinci, o autor do quadro…
3. O Deus das marionetas. Algumas pessoas pensam que Deus é como um manipulador de marionetas. As marionetas seríamos nós!! Ou seja: pensam que o nosso destino está traçado e controlado por Deus. Mas não é assim: Deus dá e respeita a liberdade que deu ao mundo e a cada um de nós. Está sempre connosco mas não nos controla, nem mesmo quando nós decidimos negá-Lo ou não Lhe dar importância...
4. O Deus-polícia. Algumas pessoas pensam que Deus anda atrás de nós como um polícia, para ter a certeza de que é cumprida a lei (a ordem moral, os mandamentos). De facto, Deus anda atrás de nós e persegue-nos mas não por causa de lei: porque nos ama. Ele anda atrás de nós como um rapaz apaixonado anda atrás da rapariga por quem se apaixonou. Não está interessado em que a lei seja mantida, Deus está interessado em nós porque nos ama. Se nos dá mandamentos é para nos indicar o caminho da nossa verdadeira felicidade. Essa é a única coisa que lhe interessa…
5. O Deus-companhia-de-seguros. Algumas pessoas esperam que a sua fé funcione como um seguro: se tiverem “as contas em dia” com Deus ficarão protegidas dos perigos e problemas que mais temem (a doença, o fim do namoro ou casamento, etc). De facto, uma boa relação com Deus dá-nos força e um sentimento grande de “abrigo” mas não nos protege das dificuldades da vida. Mais: uma relação séria com Deus desafia-nos, puxa por nós e convida-nos a ir mais longe na maneira de estarmos na vida. Leva-nos até, por vezes, a enfrentar riscos que não teríamos sem Ele (como aconteceu aos primeiros cristãos no circo de Roma).
6. O Deus relojoeiro. Algumas pessoas pensam que - há muito, muito tempo - Deus criou o mundo e depois ficou simplesmente a observar. Como um relojoeiro depois de ter acabado de fabricar um relógio ao qual já deu corda… De facto o mundo tem a sua autonomia mas Deus não Se limita a observar: está sempre presente e activo, encontrando mil e uma maneiras discretas de nos bater à porta para intervir na nossa vida. Ou seja: continua a criar-nos (tal como um pai anda a criar um filho) falando-nos e dando-nos continuamente oportunidades e meios de crescimento...
7. O Deus Principezinho. Algumas pessoas associam Deus ao lado adolescente da vida: às emoções fortes, à poesia, à intimidade, à música, ao “pôr-do-sol”… É um Deus que só está presente nos “momentos mágicos”. De facto, há momentos “mágicos” e poéticos na vida de quem tem fé. Mas também há momentos duros. E Deus continua a estar lá… O mesmo Deus que criou o pôr-do-sol também deu a Sua vida por nós numa cruz. Deus revela-se na poesia mas também está presente nos momentos duros, inspirando-nos fidelidade e capacidade de superação de nós mesmos.…
É assim o Deus que Jesus revelou e tratava por “Pai”.
Pe Nuno Tovar de Lemos, sj

Citação essencial sobre um tema importante

Nota: Eis uma verdadeira urgência...
«Trezentos e vinte e nove, dos dois mil padres católicos austríacos, divulgaram na Internet um “Apelo à desobediência” baseados em impasses de longa duração na vida interna da Igreja. Uma sondagem recente revela que três em cada quatro católicos austríacos apoiam esse “Apelo à desobediência.” A deserção, sem protesto nem aviso, é muito mais vasta, sem falar nos chamados “católicos não praticantes” e nos indiferentes.
Não se fizeram as reformas que as redescobertas da identidade esquecida da Igreja exigia. Por vezes, foram as contra-reformas que venceram. A continuação do modelo do exercício do primado do papa, a neutralização prática da colegialidade episcopal, uma cúria irreformável, o centralismo romano, o método usado na escolha dos bispos, a questão do celibato eclesiástico, a descriminação da mulher no chamamento ao sacramento da ordem, a proibição de acesso à comunhão eucarística dos “divorciados recasados”, uma moral sexual mal repensada, uma reforma do direito canónico inadequada, etc., são algumas das razões apontadas para a paralisia notada na Igreja. A grande vitalidade emocional e moralista de alguns movimentos, as grandes viagens dos papas, as Jornadas Mundiais da Juventude não podem substituir o rosto e a alma da Igreja do Vaticano II.
Há quem sustente que a situação é tão grave que exige um novo concílio. Receio que estas urgências internas fixem a atenção na cozinha eclesiástica e façam perder de vista as descentrações de que falava E. Schillebeeckx, K. Rahner e, sobretudo, o exemplo de S. Paulo em Atenas.
Passados 50 anos, em que pensamos e de que falamos quando dizemos que a Igreja existe para o mundo? Muitos são os mundos a convocar! Como e por quem?»
Frei Bento Domingues, in Público 25 de Setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Estou aí fora

Revelador....
Há parábolas que contêm lições surpreendentes e ricas, como esta. Havia uma mulher muito, muito devota. Todos os dias ia à igreja, e mais que uma vez. Pelo caminho encontrava mendigos e crianças, mas, preocupada com as suas rezas, nem reparava nessa gente humilde. Tinha vizinhos muito necessitados e alguns vivendo em solidão, mas não ajudava nem visitava ninguém.
Certo dia dirigiu-se apressada à igreja para participar no culto como habitualmente. Empurrou a porta, mas não abriu. Empurrou com mais força, mas não conseguiu. Estava fechada à chave.
Olhou à volta, mas não viu ninguém. Olhou para cima e viu um papel colado na porta que dizia somente isto: Estou aí fora.
Só então a mulher compreendeu que Deus estava no seu mundo: nos seus vizinhos, nas pessoas que encontrava, nos mendigos que pediam e nas crianças que sorriam e brincavam. É esta verdade que muita gente que frequenta as igrejas esquece.
Esquece que o Deus a quem louvam e adoram não está aprisionado na Casa de Oração, mas que está nos caminhos da nossa vida. Está cá fora – para ser louvado com uma vida digna, para ser servido pelo serviço aos outros irmãos.
Foi Ele que deixou escrito na Bíblia Sagrada: “Quero misericórdia e não sacrifícios”. Estou também aí fora! – É o dístico invisível que a fé de cada um de nós encontra pregado na porta das igrejas.
Mário Salgueirinho

domingo, 25 de setembro de 2011

Carta-alerta aos padres da Madeira

Caros irmãos no sacerdócio:
Não pretendo com esta carta arvorar-me em sábio ou pretender manifestar qualquer autoridade sobre vós, somos todos sacerdotes, iguais em dignidade e irmãos como cristãos e com a condição sacramental do sacerdócio ministerial.
Sirvo-me deste espaço nobre para falar-vos já que são muito escassos e até estamos muito longe de haver momentos na nossa Igreja que nos congregasse todos, para falarmos, debatermos e partilharmos ideias uns com os outros. Os ideais de partilha que anunciamos e pregamos são tábua rasa na nossa Igreja Católica. É pena, são hábitos que ainda não temos. Bom, contas de outro rosário.
Serve a presente carta para tornar público que a nossa Igreja Católica, nem que seja uma singela ponta, sangra de vergonha pelo momento triste que estamos a passar na nossa terra. É caso para dizer como dizia há dias o Bispo D. Januário Torgal: «Tenho vergonha do meu país», adaptando: «Tenho vergonha da minha região». Não pela nossa terra em si, a beleza deslumbrante que apresenta, o nosso povo amigo e generoso (provavelmente, nós padres somos as pessoas que mais sabem e experimentam desta amizade e generosidade).
A vergonha advém por causa dos «senhores do tempo» que fizeram asneiras que levam ao descrédito este tempo e o tempo futuro. Todos nós, de alguma forma, recebemos subsídios dos «senhores do tempo», acreditamos que sempre foram para o bem do povo nunca para benefício pessoal e corre a fama (e ainda bem que corre), que as obras levadas adiante pelos membros da Igreja raramente sofrem derrapagens. Ainda bem que podemos contar com esta generosidade e boa fama.Na nossa terra estes deveres que a Constituição e a lei do nosso país prevêem foram tomados como «favores», então, eles amarraram, silenciaram, amedrontaram, numa palavra domesticaram os «senhores do templo». E não é que, tristemente, esta abjecta política resultou em cheio… O «favor» recebeu apaticamente outro «favor».
Bom, olhando para tudo podemos concluir que se fez o melhor para a nossa terra e os louvores a quem levou adiante tal tarefa de dar o melhor ao nosso povo devem ser dados. Porém, não podemos esquecer que toda a moeda tem duas faces e esta também tem. Por isso, chegados a este descalabro de dívidas mais ou menos claras ou escondidas, havemos de pensar que estamos num momento crucial na nossa terra. Não pretendo nesta carta revelar onde está o bem e onde está o mal, não nos compete fazer isso, mas para que, nós «senhores do templo» não sejamos no futuro acusados de coniventes com os «senhores do tempo» deste tempo, coniventes por uma irresponsabilidade tão prejudicial para o povo que amamos e para as gerações vindouras. Temos hoje o dever de alertar as pessoas para que se esclareçam, não se deixem ludibriar mais pela mentira e para que não sejam mais instrumentos de interesses puramente mundanos que beneficiam meia dúzia, deixando a maioria hipotecada, atolada em dívidas e com o futuro nas mãos da vontade alheia.
A campanha aí está. Elas tornaram-se um circo de pedincha de votos, um desbobinar de promessas que depois não são cumpridas e se são vão sempre em sentido contrário, contra o povo. O nosso povo está cansado de ser enganado, cansado deste circo. Mas, nós temos que mostrar responsabilidade, lucidez e cumprir o nosso papel de acordo com o Evangelho de Jesus e não manietados com lógicas interesseiras deste mundo. Os subsídios não devem aprisionar nenhum padre às saias do altar, mas sempre libertos, serem profetas, de pé diante da humanidade e só e unicamente de joelhos diante de Deus (Paulo VI- Papa).Amigos e irmãos, sejamos responsáveis, façamos tudo quanto estiver ao nosso alcance para que o povo que servimos se esclareça e depois decida em verdade e consciência.
Termino voltando ao pensamento do Bispo já citado nesta carta que, recordando o passado diz ter vergonha da Igreja quando esta se calou e se ajoelhou diante de Salazar. Lembra que homens da Igreja foram educados no medo e não na liberdade e no à vontade de dizer o que pensam. É disto que se trata, para que no futuro não sejamos acusados de medricas e de não termos feito o que o Evangelho do nosso Mestre nos manda fazer. Esta é uma carta-alerta, para que a nossa Igreja Católica assuma com verdade e coragem o bem do povo que diz servir. Um dever de consciência e uma verdade que emana do Evangelho da Verdade à qual estamos ligados por obrigação. Sejamos fortes na esperança. Deixo-vos um abraço fraterno.
José Luís Rodrigues, padre
Texto de opinião publicado este domingo, 25 de Setembro de 2011 no Diário de Notícias do Funchal na rubrica Sinais dos Tempos...

sábado, 24 de setembro de 2011

Está giro... Faz sentido

APRENDA a forma CORRETA:
«HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO»... - e eu ficava imaginando como seria um pé de cachimbo, quando o correto é: «HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO»... - Domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...). E nós pensamos que se repete corretamente os «ditos populares»...
Dicas do Prof. Pasquale:
No popular diz-se: «Este menino não pára quieto, parece que tem bichocarpinteiro» - A minha grande dúvida na infância.... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro???
Correto: «Este menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro» - Está aí a resposta para o meu dilema de infância!
OUtro: «Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão». - Enquanto o correto é: «Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.» - Se a batata é um caule subterrâneo, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparramaria pelo chão se ela está debaixo dele? «Cor de burro a fugir» O correto é: «Corro d0 burro quando ele foge!» - Este foi o pior de todos! Burro muda de cor quando foge??? Qual cor com que ele fica??? Porque mudaria ele de cor???"
Outro que na gíria popular todo a gente erra:
«Quem tem boca vai a Roma.» - Bom, este eu entendia, de modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar! Mas, o correto é: «Quem tem boca vaia Roma.» (isso mesmo, do verbo vaiar). Outro que todas as pessoas dizem errado, «Cuspido e escarrado» - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa. O correto é: «Esculpido em Carrara.» (Carrara é um tipo de mármore).
Mais um famoso e muito popular.... «Quem não tem cão, caça com gato.» - Entendia também, erradamente, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho está de bom humor! O correto é: «Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho!»
Vais dizer que falavas sabendo o sentido correto de algum desses?????
AGORA ENTÃO... ESPALHA... A LÍNGUA PORTUGUESA AGRADECE !
Recebido por mail...
Nota: Junto o desejo de bom fim de semana para todos...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo, 26º Tempo Comum
25 de Setembro 2011
Ninguém se salva sem os outros
Os outros são o verdadeiro desafio da vida. São Paulo considera que será preciso cultivar bons "sentimentos", isto é, os sentimentos de Cristo, para que o entendimento entre nós e os outros seja uma realidade.
Mas, já é antiga a denúncia de que a relação com os outros não é pacífica. O mito de Sófocles é claro, na magnífica "Antígona", ao proclamar no ponto alto do diálogo o seguinte: "A teimosia merece o nome de estupidez". E Hémon, um dos personagens da Antígona dirá alto e bom som: "Quem julga que é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais ninguém, esse, quando posto a nu, vê-se que é oco". Toda a superioridade perante os outros merece esta resposta e não pode ser senão a pior coisa que a «louca» imaginação de cada um inventa.
O estado de superioridade acontece nas coisas mais corriqueiras da vida. As relações profissionais estão cheias desta realidade. As famílias alimentam-se deste sentimento como do pão para a boca. As religiões ou as igrejas também vivem esta condição com a mesma frequência com que pronunciam orações. E dos que se consideram a si mesmos superiores, diz-se o mesmo que disse Ambrose Bierce, são uns cobardes. E cobarde para este autor era alguém que, numa situação perigosa, pensa com as pernas.
Este sentimento, é o que mais inimigos produz. Os rancores que muitas vezes as pessoas expressam uns contra os outros estão associados à ao egoísmo e ao convencimento pessoal centrado no ego muito longe da partilha para o bem comum. E sobre estes sentimentos, Oscar Wilde ensinou que a melhor resposta, consiste em perdoar-lhes sempre, porque nada os aborrece tanto.
A sabedoria da vida está em saber acolher o mistério. Não são os desastres que libertam e fazem a felicidade, mas a descoberta da verdade e da paz ("os sentimentos de Jesus Cristo" – segundo o Apóstolo Paulo), como alimento essencial para a relação com os nossos semelhantes.
Consequentemente, Jesus no Evangelho ensina que não bastam palavras e declarações de boas intenções, é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz.
JLR

QUE É GLOBALIZAÇÃO?

É a melhor definição que já vi e os professores nunca ensinaram...
QUE É GLOBALIZAÇÃO ?
* SIMPLESMENTE FANTÁSTICA A DEFINIÇÃO.
Pergunta: Qual é a mais correta definição de Globalização?
Resposta: A Morte da Princesa Diana..
Pergunta: Por quê?
Resposta: Uma princesa inglesa com um namorado egípcio, tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas. A princesa foi tratada por um médico canadense, que usou medicamentos americanos. E isto é enviado a você por um brasileiro, usando tecnologia americana (Bill Gates) e provavelmente, você está lendo isso em um computador genérico que usa chips feitos emTaiwan e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh, numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e, finalmente, vendido a você por chineses, através de uma conexão paraguaia Isto é, *GLOBALIZAÇÃO!!!*
Recebido por mail...
Imagem: Google, in Espaço Não Pára...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ceci n'est pas un riche

Uma delícia...
In Visão, 8 de Setembro de 2011
O recente debate sobre política fiscal é tão interessante quanto intrincado. Pergunta-se: quem tem mais deve contribuir mais? Eis um daqueles dilemas de solução impossível. Tirando o sentido de justiça e o mais elementar bom senso, não há nada que nos ajude a tomar uma posição definitiva. Devem os ricos pagar mais impostos do que os outros? É uma questão complexa.
Arrebanhar metade do 13.º mês acima do salário mínimo é incontroverso, mas quando se trata de taxar grandes fortunas os analistas tornam-se filosóficos: mas o que é um rico?, perguntam. Parece tratar-se de um conceito vago e populista, comentam, com admirável prudência intelectual. Fazia falta um destes analistas no versículo 24 do capítulo 19 do Evangelho segundo São Mateus. Quando Jesus dissesse que é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus, o analista havia de contrapor: "Mas, Senhor, o que raio é um rico? Abstende-vos de usar conceitos vagos e populistas." No entanto, Jesus Cristo, talvez por ser filho de quem é, pode dizer o que lhe apetece sem ser acusado de demagogia. Uma sorte que Jerónimo de Sousa não tem.
Na verdade, os analistas têm razão. A riqueza é um conceito vago. Tão vago que o homem mais rico de Portugal conseguiu dizer esta semana que não era rico. Ora, se o homem mais rico de Portugal não é rico, isso significa que em Portugal não há ricos, o que inviabiliza a criação de um imposto especial para eles. É impossível taxar quem não existe, como a direção-geral de impostos bem sabe - até porque já tentou.
Toda a gente conhece aquele poema do António Gedeão sobre Filipe II: o rei era riquíssimo (passe a imprecisão e o populismo) e tinha tudo. Ouro, prata, pedras preciosas. O que ele não tinha, diz o último verso, era um fecho éclair. Américo Amorim tem tudo, incluindo um fecho éclair. Talvez não tenha vergonha, mas também vem a calhar: nem criando um imposto sobre a vergonha o apanham.
Américo Amorim constitui, por isso, um mistério tanto para a fiscalidade como para a teologia. Sendo o homem mais rico de Portugal, talvez não entre no reino de Deus. No entanto, na qualidade de pobre de espírito, tem entrada garantida.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

As minhas preocupações

Os que se manifestam surpresos com as dívidas do Governo Regional da Madeira postas a nu que estavam escondidas ou camufladas, não viviam na Madeira, se viviam andaram de olhos fechados e não leram os vários alertas que sempre foram feitos de diversos quadrantes da sociedade, nem muito menos tomaram conta de que não chegaríamos a bom porto com a vida que levávamos.
Pouco me preocupa estas dívidas, embora me sinta envergonhado e ciente que o nosso povo, por mais conivente que tenha sido com esta situação, não merecia esta vergonha. E muito menos merecia ter que pagar uma conta das despesas que outros fizeram, mesmo que seja com a justificação que foi para fazer obras em benefícios de todos. Não sabemos que muita da obra é desnecessária e muitos espaços de betão estão às moscas, servindo apenas para alimentar a clientela de um partido e os afoitos senhores da «massa» (dinheiro) que tomaram conta da Madeira não com vista do bem do povo, mas à reveria do povo, sugar e lucrar tudo o que pudessem?
Veio o escândalo e para alguns a surpresa. Mas qual escândalo e surpresa, se o regabofe só podia acabar mal. As festanças, as inaugurações, as ofensas a tudo o que mexesse em sentido contrário, o clima de guerra constante e a crispação como pão-nosso de cada dia só podiam redundar neste descalabro. Um descalabro que nos compromete a todos e já deixa aprisionadas as gerações futuras.
Aqui está o centro da minha preocupação. Tudo isto levou à perda de lucidez da maioria de um povo. As festanças embebedaram a vida e fizeram este povo acreditar no melhor dos mundos. Crise e apertos, nada disso, é coisa dos outros, nós passeamos à borla, temos comida de borla, cimento, areia e telhas, tudo se providencia, é só pedir. Neste melhor dos mundos o que mais queríamos, senão comer e beber à conta da borla? – A região do milagre e das maravilhas não tinha limites. Mas, liberdade e livre expressão de pensamento nada disso importa… Democracia era só que alguém queria e o que convinha para os seus intentos.
Mas, chegado a este estado de coisas, não me preocupam mais as dívidas (a conta que temos para pagar), os sacrifícios que nos vão impor, tudo o que vier que tenhamos que fazer para pagar a conta não me preocupa nada. Se quiserem até me faz rir e todas as justificações que se tem dado para a justificar ainda mais me põe a rir.
Preocupa-me os valores que perdemos, a democracia e nela e por ela a liberdade, a autonomia e com ela a perda de capacidade para sermos nós a governar os nossos destinos. Preocupa-me que as gerações vindouras estejam já endividadas até ao pescoço e que não experimentem o que é ser livre para agir de acordo com a sua própria vontade. Os outros é que vão governar-nos, porque alguns de nós desbaratam valores e não souberam viver de acordo com esses tais valores que custaram suor, lágrimas e a vida a tanta gente.
Também me preocupa o péssimo exemplo que a nossa geração está a dar às nossas crianças, lembram-se de falarmos tanto daquele espectáculo deprimente de má criação vinda da casa da democracia, o Parlamento Regional, onde o respeito (valor essencial da democracia) ficava à porta. Também nos lembramos como os adversários eram tratados e como se lidava com as estruturas democráticas do nosso país. O desrespeito constante, com ofensas em gestos e palavras asquerosas traduzidas em linguagem de calhau e tudo o que nós os vivos e atentos sabemos, porque vimos e ouvimos.
Tudo isto era o que se chamava democracia na nossa região. Resultou na vergonha das contas camufladas, na pobreza da convivência onde o clima de crispação e de irritação uns contra os outros é uma constante. Assim, urge tomarmos conta desta realidade, vê-la com olhos de ver e encetar novas propostas que nos salvem. Chega de mentiras, chega de promessas patéticas que ninguém acredita e ponto final em seguir pessoas e caminhos que nos levam para o abismo. Não somos um rebanho cego, de Maria vai com as outras. Temos vontade própria, inteligência e sabedoria para nos organizarmos e seguirmos caminhos de verdade que criem uma sociedade equilibrada, honesta e em saudável convivência.
JLR

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Só para lembrar…

«Não existem sistemas políticos ou sociais perfeitos. Nunca ninguém provou que a democracia era o melhor dos mundos. Mas é de certeza absoluta o menos mau, por isso importa lutar por ele, importa lutar pela liberdade, mas uma liberdade responsável, responsabilizante e responsabilizadora de todos, sem excepção.
É a este nível que as democracias podem falhar, porque é precisamente aqui que está o seu ponto fraco. A responsabilidade pessoal de cada um dos cidadãos.
A democracia, em si mesma, não é perigosa, muito pelo contrário. O perigo está em certos ‘democratas’, que a usam para dar largas às suas libertinagens… Por isso importa sempre vigiar, cuidar, cultivar os valores essenciais de ser pessoa livre e participativa no e do bem comum».
Frei Fernando Ventura, «Do eu solitário ao nós solidário», pag. 114

sábado, 17 de setembro de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo 25º Tempo Comum
18 de Setembro de 2011
O trabalho
É sempre uma grande tristeza saber que alguém não tem trabalho. Alguns porque pura e simplesmente foram demitidos ou não admitidos ao trabalho. Outros preferem a ociosidade e viver à custa dos outros é o seu lema.
De qualquer forma o trabalho é um bem, um grande bem, porque dá-nos utilidade, faz-nos construtores da vida e do mundo. Esta é uma forma autêntica para encontrar o sentido da vida.
Os textos da missa deste domingo falam-nos do valor do trabalho e que todo o género de trabalho deve ser realizado em função da justiça e devemos, por isso, acrescentar que o trabalho só tem verdadeiro sentido quando realizado para a construção do bem comum. Quando assim acontece a obra de Deus continua e todas as tarefas realizadas por nós são expressão da acção de Deus no mundo. Nisto consiste o Reino de Deus, onde se vê bem claro que este mundo novo de salvação e de vida plena é para todos sem excepção. Para Deus não há marginalizados, excluídos, indignos, desclassificados… Para Deus, há homens e mulheres. Todos seus filhos, independentemente da cor da pele, da nacionalidade, da classe social. São estes que Ele ama, a quem Ele quer oferecer a salvação e a quem Ele convida para trabalhar na sua vinha.
Neste sentido, hoje, notamos que o desemprego que afecta tantas das nossas famílias é algo contra a vontade de Deus. O mundo está feito para todos e se não existem oportunidades para que todos se realizem como pessoas e se alguns são privados de edificarem a sua casa pela dignidade do trabalho, estão fora da justiça e obviamente que tal proceder está fora dos parâmetros de Deus.
O grande apelo da missa, só pode ser este em cada domingo, mas de modo especial neste, vamos todos lutar para que ninguém seja demitido do seu trabalho injustamente, que ninguém seja privado da dignidade de contribuir para a construção do mundo e que recebam o contributo (salário) com base na justiça. Tudo o que seja fora deste âmbito deverá ser condenado e denunciado, é uma exigência de Deus e da liturgia. Celebremos a festa da Eucaristia com base nesta denúncia e no anúncio da dignidade para todos.
JLR

O voo da águia

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À procura de uma raridade,
de uma força de coração e de paz e de espírito,
todos os meus convidados falaram com suspiros desesperados
a tentativa de chegar a onde a águia voa.
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Vivendo uma vida de mera existência,
enfrentando fracassos e muita resistência,
descobri que o ódio ri e o amor chora,
à procura de onde a águia voa.
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A minha viagem trouxe-me a lugar estranho,
onde sou forçado a enfrentar todos os meus medos,
mas aqui descobri, nos céus frios de inverno
que é na minha alma que a águia voa.
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Atrás destas paredes, com as portas de ferro bem trancadas,
fecho os olhos e desfruto o voo,
pairando acima dos picos das montanhas,
chegando onde a águia voa.
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Jonathan C. Boyer, 6 de Janeiro de 1992
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Nota: Tomo este poema como escudo protector do ruído eleitoral que se advinha. Faço desta mensagem o meu programa eleitoral, porque me alimenta espiritualmente e dá-me força para enfrentar os desafios da vida. Tudo o resto não passará de poluição sonora e puro engano, mentiras e falsas promessas. Nesta hora pretendo concentrar-me no essencial, no centro que comanda a vida, o sonho e esperança.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pensamento suave

Só para que a ausência não traga pensamentos malévolos. Abraço-vos...
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As colinas da noite caíram sobre um vale redondo
onde a paz de Deus sabia ao mel dos rochedos
do tempo da criação imemorial
das montanhas do silêncio
quando a brisa ditou o momento primeiro da luz.
Vieram os dias e as noites como vestígios de uma sabedoria
que a nuvem reflectiu nos sargaços da paisagem
no recôndito interior de uma alma arqueada pelo som
presente de um desejo distante.
Depois cantaram a lira e cítara as melodias
do abraço de Deus quando o escuro
parecia ser a face única desta história.
Mas sempre do fundo e do mais fundo ainda
se levantou uma réstia de uma pequenina luz
que os nossos antigos souberam dar como alimento
ao que diziam inacessível ao pensamento.
Suave lembrança emerge em sumo
para dar sentido a esta sede de paz
em todos os recantos do mundo.
Venha tudo o que ditam as encostas que se elevam
nos segredos nocturnos deste caminhar.
E nessa certeza emerge em círculo
um pensamento suave.
Não preciso de mais nada
para saber-me aqui onde o sol faz raiar a aurora.
JLR