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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Palhaços para animar o Verão


Terça-feira, dia de farpas no Banquete...
A Igreja da Madeira está de férias há muito tempo. Um tempo que já por ser tanto, desorientou muita coisa e dá a sensação de haver falta de rumo, está perdida. Há de vez em quando um reacendimento com umas ordenações, uma festa diocesana, um suspiro, um ai, uma ave-maria, um pai-nosso… Nada, mas mesmo nada para marcar a agenda, fazer a sociedade reflectir, pensar um pouco sobre o estado das coisas. Nada para que a polémica não bula em ninguém. O medo do debate é feroz, daí o silêncio, o calar perante a injustiça, a pobreza que assola a Madeira, o desemprego que leva à fome e ao desencanto sobre a vida e sobre o futuro. Um vazio dramático que nos assusta. As máscaras vão dando para disfarçar.
Nesta lengalenga assistimos aos jogos Olímpicos de Londres, onde vemos os outros a receberem medalhas. Nós, sempre os piores em tudo o que dá alegria e ânimo. Não sabemos fazer melhor. Esta paciência de ser português esfolado dá nojo e desconcentra-nos.
Na Madeira, assiste-se a malabarismos para esconder a verdade das coisas. Nisso merecíamos umas valentes medalhas de ouro. Uns maratonistas fantásticos, aqueles que nos assistem. Reparemos, são várias as desgraças que se abateram sobre nós, mas ninguém é culpado entre portas. Antes o que está lá fora, é a Troika, o Governo de Passos Coelho, o Sócrates que se passeia em Paris, a Maçonaria, os ressabiados como eu (entre vários, como o Luís Calisto, o Tolentino Nóbrega, a maior parte dos jornalistas que não façam parte do Jornal da Madeira, a oposição inteira e os challengers do PPD, tipo Miguel Albuquerque que enfiam facas nas costas…). Toda a gente entra neste rol se não se conforma com o esconder de dívidas, com a mentira eleiçoeira, as festanças para encher barrigas com a intenção de esconder-se a verdade das coisas, por exemplo, a pobreza, a fome e o desencanto de tanta gente que termina no suicídio.
Assim, as chefias abusivas sempre sabem com quem podem gritar e, obviamente, com quem é melhor não. Na Igreja estamos fartos de ver isto, nos partidos políticos idém. Muita gente é como aqueles cães de caça farejando o flanco mais indefeso para atacar a sua presa. Triste, triste. Mas mais triste é quando, em nome da necessidade de sobreviver, criou-se uma personagem que se mostra tão útil que acaba confundindo-se com a perosanlidade que cada um devia assumir de verdade. Se criar máscaras é necessário, também é vital libertar-se constantemente delas.
Como não sou gente para estar fechada dentro de uma redoma comodista, ando muito por aí, porque gosto, então leio as coisas da vida e do mundo, observo as pessoas e deparo-me com a multiplicidade de personagens que cada um é capaz de construir. Muitas vezes chego a dizer a algumas, se houver um certo grau de amizade que me permita dizer sem ofender: «já fizeste o teu espectáculo. Agora, enfia a máscara dentro da sacola e descontrai, porque não estamos numa sala de espectáculos nem muito menos quando sai de casa vim para o circo nem tu és palhaço».
No meio de coisas velhas e novas, anima-se o Verão com o escândalo da Agência de marcação de hotéis com o nome sugestivo de Strawberry (nome que em inglês significa morango), mas nada tem a ver com fruta, mas antes com negócios pouco claros e com indícios claros de uma rede de burlões que prejudicou imensos turistas e lançou mais uma mancha negra sobre o turismo da Madeira. Mais uma coisa que pouco interessa às autoridades da Madeira, porque revelaram uma inabilidade confrangedora no tratamento desta questão. Sumidades que nos governam, que algum povo da Madeira merece.
A guerra da água começou. Uma guerra interessante. Já tivemos a revolução do leite em 1936. Os líquidos não convivem muito bem com o vilão madeirense. Porque será?
A Madeira, faz jus aos profetas que anunciaram que as guerras do futuro seriam por causa da água. Entre nós começou. Ao menos somos pioneiros em alguma coisa. O Presidente do IGA foi obrigado a ir às covas, porque o povo assim ditou. Espero que não seja o único que o povo obrigue a assumir as suas responsabilidades. Algo parece estar a mudar. Ainda bem. Chega de palhaçadas e de palhaços para animar os Verões do nosso descontentamento.
José Luís Rodrigues

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