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terça-feira, 30 de outubro de 2012

A agonia da «gratocracia»


Terça-feira, farpas da Madeira Nova
Hoje seria um dia perfeitamente normal se não tivéssemos sobre as costas esta tempestade de chuva e vento que já vai causando alguma preocupação. Mas não é um dia normal. Antes de mais saímos a terreiro para elaborar algumas farpas para animar a malta na reflexão com algum sentido de humor e algum cinismo.
Estamos no dia em se inicia na Assembleia da República o debate sobre o Orçamente de Estado, a «Bíblia Sagrada», de qualquer governo. Rezam as crónicas que este Orçamente é especial, acaba com o resto do Estado Social, que tanto trabalho deu a erguer a duas gerações de portugueses. Quem sabe se não será também o fim do povo português?
Por isso, somos levados a pensar que hoje estamos mergulhados por três formas de governo que se situam muito bem em conceitos que nos deram os antigos e em um outro que inventei para definir o que temos na tabanca chamada Madeira, porque aqui tudo é diferente, especial mesmo…
Estamos ante uma «Plutocracia (do grego ploutos: riqueza; kratos: poder) é um sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico. Do ponto de vista social, esta concentração de poder nas mãos de uma classe é acompanhada de uma grande desigualdade e de uma pequena mobilidade» (in Wikipedia); não será também um «Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos» (in Wikipedia); e ainda  perante «Autocracia literalmente significa a partir dos radicais gregos autos (por si próprio) e kratos (poder), poder por si próprio. É uma forma de governo na qual há um único detentor do poder. Pode ser um líder, um comité, uma assembleia... O governante tem controlo absoluto em todos os níveis de governo sem o consentimento dos governados» (in Wikipedia).
Mas, especialmente para nós haverá ainda um que se inventou para designar o que temos no burgo madeirense, onde só nos falta ver vacas a voar, a «Gratocracia», que é um termo profundamente irritante para apelar-se ao voto numa pessoa ou fação candidata a um cargo ou liderança partidária. Este sistema tornou-se insuportável de se ouvir, porque em democracia não há gratidão quanto aos cargos públicos, porque todos eles são muito bem pagos a peso de ouro ao abrigo da carga de impostos que se impõe sobre os cidadãos.
Esta forte onda «gratocrática» patética emerge porque os poderes sempre andaram nesse misto de Autocracia e a Plutocracia. Tudo subjugado ao domínio de um só ou de alguns que se consideram iluminados e legitimados para fazer tudo o que lhes dá na real gana sem olhar à lei e aos mais elementares princípios (isso sim) da Democracia. Então é vê-los em todas as instâncias do rebanho vergados ao «querido» que lhes garantiu emprego, vez e voz no palanque dos poderes que se ramificam nos corredores das retretes que a «gratocracia» foi edificando. Pouco ou nada importam ideias, propostas, caminhos para tirar-nos do atoleiro, da lama da fome e da pobreza. Só a gratidão importa salientar neste momento. Um fundo sem ponta que nos segure para nos livrarmos do afogamento.
Por esta via será melhor rir, rir desalmadamente do patetismo que a «gratocracia» fez germinar. Os grupos privilegiados durante estes anos todos saltam à praça e dizem quem apoiam porque a gratidão impera. Os malucos do governo da nação inventaram outra doutrina que pretende fazer a «refundação» da guilhotina que nos coloram ao pescoço pelas troicas deste mundo que não sabem o que são pessoas nem muito menos povo. Ainda não perceberam estes pseudointelectuais da governação que já estamos no fundo e que é impossível ir mais abaixo. Parece lógico. Uma refundação significa ir ao fundo outra vez, mas onde já lá estamos. Ou quererá dizer refundação que com o orçamento que aí vem o fundo ficará cimentado com as cabeças de mortos que esta cicuta vai provocar?
Por cá impera a campanha sórdida pelo providencialismo que também já bateu no fundo. O mar vai reclamando o que resta e as cadeiras vão ficando vazias. Um sinal importante revelador do que foi, ausência de diálogo, o tempo do quero, posso e mando (nepotismo)… Do eu é que sei, do dou como me apetece e dou a quem quero dar porque me servem para manter o poder na freguesia chamada Madeira (autocracia). A cadeira vazia na hora do debate mostra também o sinal da queda que virá, porque o vento do tempo varreu esta forma de pensar e de governar. Nada mais purificador do que natureza, por ela sempre nutro um grande respeito.
Os tempos correm a favor da regeneração e devemos nos preparar para essa bonança que fará do mundo, deste mundo chamado Madeira um lugar mais aprazível para todos. Vai chegando a hora em que sempre os mesmos privilegiados serão postos no seu devido lugar. Os poderes serão um serviço ao bem comum, à amizade e fraternidade para todos. Não haverá uma mesa farta onde se lambuzam apenas os «gratocráticos», os amiguinhos e os bajuladores tomados pela cegueira das benesses. Face às dificuldades que gritam em cada esquina do mundo, estamos diante da agonia da «gratocracia» que não salvará senão sempre os mesmos. Para isso não contem com a minha gratidão. Porque recuso essa submissão doentia que nos empurra para o inferno da pedincha de mão estendida.
Sonho com a realidade que fará mexer gente séria, que não será mais um bando de seguidistas de uma lógica pessoal e de um poder que se serve a si mesmo com o dinheiro de todos os que trabalham e descontam sem nenhuma forma de fugir aos impostos soberbos que lhes são cobrados.
Este dia não tardará e fará vingar uma paz, uma luz que nenhuma plutocracia nem nenhuma autocracia/nepotismo ou nem muito menos a «gratocracia» vai ofuscar, porque será mais forte o sentido do serviço ao bem comum.
Um sonho, um ideal, uma profecia… Seja lá o que quisermos chamar. Não quero, não posso e recuso perder a esperança.

1 comentário:

José Leite disse...

A GRATOCRACIA é o paradigma que justifica os privilégios aos juizes, a nova casta de marajás, neste momento de austeridade coletiva, em que a equidade é invocada por todos, contudo, por GRATIDÃO (e são tantos os casos... e presume-se que até os vindouros...) abre-se esta aberrante excepção que é de bradar aos céus!!!