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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Estamos fritos


Farpas no Banquete
Decretos
1.     O título «Estamos fritos» foi gasparado do Jornal Público da crónica do Miguel Esteves Cardoso de hoje (11/12/2012), que por sua vez foi gasparado ao semanário italiano Internazionale, que apresenta na capa um ovo estrelado sobre um fundo negro. A gema é o nosso planeta, cujo título principal é «siamo fritti». O título vem a propósito de uma peça sobre o aquecimento global.
2.     A União Europeia recebeu ontem dia 10 de Dezembro de 2012 o nobel da paz, fica decretado que a União Europeia promete manter a paz e o Euro. Quem viver verá se será possível manter uma união que gera em cada dia que passa milhares de pobres…
3.     O realizador português Manoel de Oliveira celebra hoje o 104º aniversário, num ano em que estreou o filme «O gebo e a sombra», fica decretado que este português imparável durará pelo menos tanto ou mais que Abraão que somou mais de 700 anos (não será necessário dizer que a contagem dos anos era distinta da actual…). Muitos parabéns ao cineasta que admiro muito.
4.     Pagámos 44,5 milhões em juros e comissões este ano. Dizem que ainda não é o valor final. Os nossos impostos são em grande parte para pagar dívidas aos bancos, mas os resultados estão à vista de todos. Escolas na miséria essencialmente com alunos esfomeados e sem o material necessário para estudarem condignamente. Os hospitais estão sem medicamentos e sem o material necessário ao seu funcionamento com dignidade para todos, funcionários e doentes. Desemprego a um nível elevadíssimo, o que isto implica de pobreza e convida a instalar-se no seio familiar a fome. O que se decreta aqui então? – Que não tardará nada nos dirão que nem um cêntimo dos nossos impostos vai para pagar dívidas irresponsáveis e que não há pobreza nem muito menos pessoas com necessidades prementes para matar a fome (mais à frente apresentamos a solução para acabar com a fome na Madeira e quiçá no mundo inteiro).
5.     Outro decreto importante em tempos de debate sobre o Orçamento Regional. Fica decretado que o «betão não deve imperar». Acredite quem quiser, mas custa crer numa coisa destas quando continuam as loucuras na Marina do Lugar de Baixo, as obras no cais norte na cidade do Funchal e outros tantos milhões enterrados no ex-Jornal da Madeira, que serve para fazer campanha precisamente do betão em que assenta a «Madeira nova».
6.     Relacionado com as obras no cais norte, foi decretada a retirada daquele monte de cacos que era o Vagrant, vulgo, «Barco dos Beatles», a loucura às vezes ainda produz boas notícias. Mas esperemos que não coloquem ali ainda outra megalomania ainda mais tosca do que aquilo que lá estava este aterro do Funchal é uma mina de surpresas…
7.     O Ministro da Saúde veio à Madeira fazer uma «visita de médico», não viu nada e concentrou-se só na desgraça do mosquito e do dengue. Como não viram nada nem muito menos conversaram com  as pessoas que já tiveram o dengue, elogiaram o trabalho que está a ser feito na Região para combater o mosquito e o dengue. E logo depois, ficamos a saber que o dengue, é mais uma orquestração da maçonaria, dos comunas, dos ressabiados do PPD e de alguns cubanos para prejudicar a Madeira. Assim, ficou decretado, que a doença dengue é coisa de choninhas que não suportam uma singela gripinha, pois se estivessem habituados a beber poncha dos mil um sabores que inventaram para promover a Madeira, nenhuma gripe os tocaria e ficariam agradecidos com as dentadas dos mosquitos que perdidos de bêbedos com sangue contaminado espatifam-se no betão armado da Madeira Nova. Isto sim, um verdadeiro combate ao dengue e ao mosquito de todas as raças...
8.     Outro decreto. Importe-se tâmaras para combater a fome que a Madeira Nova gerou. Também estou de acordo que se tivéssemos tamareiras em abundância acabaríamos não só com a fome da Madeira, mas de todo o mundo. Mas também acho que se não existissem tantos camelos a sugar tudo o quanto podem para encher as suas bossas, a injustiça não seria tão acentuada e não haveria fome em parte nenhuma do mundo.
9.     Fiquei sem perceber: «Hoje em dia as pessoas têm medo da palavra ‘caridade’, têm medo de palavras, atribuem conotações e pesos à palavra ‘caridade’. Na acepção de São Paulo, caridade é amor, é espírito de serviço, é o outro precisar de nós sem que nós precisemos do outro e portanto levamos o que ele precisa e não o que nós queremos levar. A solidariedade é algo mais frio que incumbe ao Estado e que não tem que ver com amor, mas sim com direitos adquiridos. Infelizmente empobrecemos a nossa língua atribuindo algumas conotações a algumas palavras e portanto temos medo de as usar. Sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social… Embora defenda que ambas se completam e ambas fazem parte do bem-fazer» (Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar de Lisboa, Jornal I, 11 de dezembro de 2012). Acho que seríamos todos mais felizes se todas as instituições de «caridade» se considerassem «instituições a prazo», provisórias e que nos falassem antes de tudo de justiça, de dignidade do trabalho para que ninguém tivesse necessidade de estender a mão para pedir e receber paternalmente ou maternalmente ajudas caridosas, mesmo que estejam ornamentadas com a densidade da palavra «amor».
10. Decretos, que não nos animam, mas que nos conduzem a um estado de alma terrível onde se conclui: estamos fritos. 

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