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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Lançar as redes sem medo

Mesa da palavra
Comentário à Missa do próximo fim de semana
10 de Fevereiro 2013, Domingo V Tempo comum
Em Jesus nada está perdido. Tudo tem uma saída. Por isso, no mesmo lugar onde os Discípulos tinham pescado toda a noite sem apanharem nada, Jesus vai mandar que de novo Pedro deite as redes, e parece que a grande quantidade de peixe pescado foi tal que as redes se romperam, segundo o testemunho de Lucas.                    
O medo abateu-se sobre Pedro e os companheiros perante o atuar de Deus pela mão de Jesus. A palavra de Jesus soa vibrante até ao fundo da alma: «não temas». É uma coisa terrível o «ter medo» perante as coisas extraordinárias que Deus realiza. Queremos Deus no nosso coração, mas Deus «mete medo». A seguir vem o medo perante a vida e as coisas deste mundo. Um «monstro» que se instala no coração das pessoas. Todo o medo mata o pensamento e a liberdade de ação. O medo atrofia a caridade, a partilha e pode não deixar que o amor seja o principal sentimento vivido por cada um de nós perante a missão que nos foi confiada neste mundo. Livrar-se de todo o género de medo que nos persiga, é um desafio muito importante a ser vencido, para que a vida seja uma felicidade.
A abundância de peixe nas redes que Jesus mandou deitar ao largo significa como será grande a Igreja ou a comunidade dos cristãos que Jesus pretende levar a efeito, como realidade do encontro que se reúne para a salvação e para a interajuda, para que a ninguém falte pão sobre a mesa, roupa para se abrigar e casa para realizar a paz no encontro com a família.
Quem tem medo ou quem vive no medo não aceita Jesus como salvador e muito menos acolhe a Deus como Pai da misericórdia infinita. O medo não pode comandar a vida nem pode ser a única forma de educar para a vida. Infelizmente, ainda encontramos muitas famílias onde o medo é o único caminho de entendimento. Os esposos dirigem a sua casa com base no medo mútuo. Os filhos convivem com o medo de não agradarem os pais e por isso deixam de formar a sua personalidade e a sua história pessoal. As sociedades são tomadas pelo medo quanto ao futuro, a política partidária impõe domínio sobre os cidadãos impondo limites à liberdade de expressão e intolerância quanto ao contraditório e não se inibe de vociferar todo o género de ameaças contra a crítica. O medo da diferença e da diversidade tomou conta da vida de hoje.
O Deus que Jesus nos apresenta não é o Deus da derrota e da morte, mas o Deus das apostas duplas em todos e em cada um. Os medos são naturais e podem surgir no nosso coração a qualquer momento. Porém, se a nossa confiança em Cristo se revelar uma convicção segura, em nenhum momento nos deixaremos vencer. Neste sentido, não valem as certezas nos nossos planos pessoais nem muito menos valerá apregoar que sabemos tudo e que diante dessas certezas nada mais há que fazer. Jesus prova-nos ao contrário, há sempre uma possibilidade, mesmo até nos piores momentos ou circunstâncias da vida.
O medo para o cristão não existe. Jesus tira-nos do medo e remete o nosso coração e o nosso pensamento para a fé e para esperança. Não há outro caminho para conseguir êxitos na vida. Quem se pensa orgulhosamente só, está perdido e não vai muito longe. Mas quem se considera aberto ao encontro da fraternidade, vencerá todos os medos e chegará plenamente ao lugar de Deus Pai. Isso basta para ser a pessoa mais feliz do mundo e ser causa de felicidade para os outros. 

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luis Rodrigues, Amigo e Irmão, mais um lindo texto que a todos interpela.Boa terapia! É bom alguém nos fale num Deus solto de ideologias e que não seja castigador de pecadores. Uma das causadoras dos medos tb foi a Igreja Católica a partir de Roma. Jesus deu liberdade aos seus discípulos. A Igreja tenta castrá-los, através, não só do medo do inferno,mas, sobretudo da obediência à autoridade. Fomos educados não para liberdade mas para a obediência à autoridade de clérigos, politicos, patrões, professores .Os nossos ensinamentos que recebemos tinha como base de aprendizagem a palmatória, régua ou ponteiro dos professores; os padres nas igrejas belicavam as nossas almas com o fogo do inferno; as confissões auriculares eram lavagens perniciosas nos nossos cérebros:os patrões eram autoritários, exigiam de nós a perfeição; a autoridade politica do antigo regime consistia nisso tudo:obedecer, obedecer.Ideias nenhumas. Portanto, os nossos alicerces eram frágeis para termos uma personalidade forte, destemida. Por isso, estamos assim: a depender totalmente dos superiores ou interesses mesquinhos e poderosos dos que mandam.E quem assim não fôr ou, porventura, contestar é posto de lado e ostracizado. Vem, Senhor Jesus, dá-nos a tua LIBERDADE. Pq é Unica que nos dá alento, esperança e fé no viver histórico e trans-histórico.