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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

No dia dos Direitos Humanos a lei seca e a lei das trevas

Hoje celebra-se o dia mundial dos Direitos Humanos. Um bom pretexto para falar aqui de dois aspectos de elevada importância. Não cuidem que vou falar da fome no mundo, da guerra em alguns lugares da terra, do tráfico humano, da violação de crianças e da violência doméstica... Obviamente, que são assuntos que merecem o meu maior respeito e reflexão profunda. Não será para agora.
Vou falar dos cortes indiscriminados de água e luz aplicados às famílias onde vivem crianças, idosos e doentes, cujos pais não podem cumprir essa obrigação de pagar as respectivas facturas, porque a política irresponsável conduziu um ou os dois membros do casal à chaga do desemprego. O outro assunto prende-se com o facto de existir um cada vez mais número de pessoas a comerem na rua, junto ao comando da Polícia, próximo do Liceu. Uma imagem de terceiro mundismo inqualificável entre nós.
Tem acontecido que a Câmara do Funchal e a Casa da Luz chegam e cortam sem tomar conhecimento da situação das famílias nem muito menos tem em conta se haverá crianças, idosos e doentes que não consomem água e luz por prazer ou diversão. Nenhum corte de água devia ser feito sem antes terem em conta a situação financeira de cada família. Os tempos são difíceis demais para todos, mas não podemos perder o respeito pelas pessoas e as que mais precisam de ajuda, deve existir toda a atenção das entidades que fornecem estes bens e ajudarem naquilo incondicionalmente.
Quanto à Câmara Municipal só encontro irritação e revolta, por saber que existiu ali uma «Mudança», que foi eleita para pensar nas pessoas em primeiro lugar. Mas não, passados estes meses todos, segue os mesmos esquemas do passado. Jogos e joguetes políticos sem nexo e que nada têm que ver com o comum dos cidadãos, mas com tachos. Já lhes pedi apoio para benefício das pessoas, mas nada. Fizerem um bicho-de-sete-cabeças e recusara a ajuda, que não seria monetária, porque sou contra esse género de ajudas às Igrejas nesta conjuntura, mas apoio logístico para levar a efeito um trabalho urbanístico que beneficia uma comunidade.
Por isso, irrita quem tenha feito um chavascal com o IRS e com a Derrama das empresas sob a capa do apoio ao social e na realidade tem atitudes contra o social. Não compreendemos que a Câmara Municipal do Funchal esteja a cortar a água, seja a que pretexto for, as famílias que não podem pagar. Estudem primeiro a família, investiguem quanto à sua situação económica, perdoem-lhes o que estão a dever e apoiem a esse nível sem condições nenhumas. Isto é social, isto é apoiar os cidadãos, isto é cumprir as promessas, isto é política humana que tem em conta a vida concreta dos cidadãos e não se encegueira com receitas, impostos e distribuição de tachos.
Outro aspecto, prende-se com o facto de estar, todas as noites, um grande grupo de sem abrigo, desempregados e pessoas pobres a comerem no meio da rua. Incompreensível que entre nós, na nossa cidade que se quer desenvolvida e para todos os cidadãos, permita que pessoas comam no no olho da rua. Uma simples garagem ou um armazém adaptado, podia perfeitamente abrigar as pessoas com alguma dignidade e assim podiam tomar as refeições que lhes são concedidas todas as noites de forma mais humana. O que não se quer para nós, se pudemos não permitimos que aconteça aos outros.
O professor Freitas do Amaral ontem no programa de Fátima Campos Ferreira, Prós e Contra, «A Revolução do Papa Francisco», afirmou, estamos a regredir, já estamos ao nível do Estado Novo, daqui a dias estamos ao nível da Primeira República, a seguir à Monarquia e depois vamos chegar até à Idade Média? – De facto, estamos a regredir e a tratarmos as pessoas desta forma, temo que já estejamos ao nível da escravatura e a violar os Direitos Humanos de forma despudorada e com a maior das insensibilidades. 
É preciso pensar melhor esta lei seca e a vontade de levar as pessoas às trevas, quando sabemos que os gastos são desmesurados e há grandes desperdícios ao nível de água e de luz na nossa terra. Mais ainda se quisermos chamar à liça da reflexão a aplicação do rigor da lei com dois pesos e duas medidas que tem acontecido de forma descarada por estas duas entidades.

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