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domingo, 25 de agosto de 2013

Milagres self-service

Texto de opinião, Sinais dos Tempos, Diário de Notícias do Funchal, 25 de Agosto de 2013...
 Os cristãos da Idade Média viviam permanentemente em busca de milagres e dispostos a identificá-los em qualquer fenómeno extraordinário. Aqueles que os realizavam eram considerados santos. Quanto aos simples fiéis, os milagres que esperavam dos servos de Deus eram, sobretudo, curas, que consistiam em devolver a paz de espírito aos possessos, fazer caminhar os coxos, fazer ver os cegos… Estes eram então os principais critérios de santidade.
O mal físico tal como o pecado é obra do diabo, a cura miraculosa só pode vir de Deus. Ora se embarcamos nisto, ficamos muito pobres e quiçá somos profundamente injustos, porque a santidade fica reservada a uns iluminados/privilegiados e os outros, a maioria, condenados a serem uns diabos sem cura nenhuma. Não entendo isto, por mais exercício que faça à minha cabeça. Neste âmbito considero que devemos acolher a vida como ela se nos apresenta, mesmo que sejam fortes o sofrimento, a limitação e toda a injustiça que às vezes ela nos oferece. Mas, acreditamos que a sua plenitude nos está reservada, não sabemos quando e como. Este crer faz parte da «santidade» que a fé nos revela como qualidade que todas as pessoas podem alcançar, mesmo que não seja já aqui e agora, mas um dia quando Deus no seu imenso amor o revelar em toda a Sua Grandeza. 
Se nos dedicamos à «caça» de milagres então vale tudo, até chegar à bruxa, ao prestidigitador, ao padre, ao pastor, grupo religioso ou outro, que por artes mágicas se dedica a fabricar remédios, gestos, sinais e todas as manifestações esotéricas que abundam por aí para alcançar curas, exprimir vinganças e todo o género de desejos que germinam no coração humano como cogumelos. Assim sendo, esquecemos o quanto é necessário descobrir a dimensão do mistério que nos envolve, contemplar e acolher isso é o grande desafio da nossa vida neste mundo. Porque se não conseguirmos realizar esta tarefa, então como acolheremos o sofrimento e toda a injustiça que esta vida acarreta? Como conviveremos com a doença incurável, com a morte de crianças inocentes, com as desgraças de tantas vítimas que este mundo sempre implica de forma tão cruel e injusta? Como se compreende a fome, a guerra e todas as manifestações humanas que existem em todos os tempos e em todos os lugares do mundo? Porque não há um milagre que faça desaparecer todas as misérias? (…).
Apresentar e crer num Deus milagreiro será para nós uma tragédia e uma forma de limitarmos o que Deus é. Deus oferece o «único» milagre, o da Vida com tudo o que este tesouro implica. Depois, somos nós, humanidade, que sob a sua proteção e cuidado realizamos todas as condições para que a vida seja possível com dignidade e felicidade. O que é nosso fazer não pode nenhuma divindade tomar para si nem nós podemos descartar o que é nossa responsabilidade.
Nós, contemplados com o «único» milagre, o da vida, e uma vez sendo a obra-prima da criação, à humanidade cabe zelar pelos outros seres sob a sua responsabilidade, para tanto é necessário que ela aprenda a viver em comunidade, trabalhando, visando não só o seu bem-estar, mas o do Todo e o de todos.
O que necessitamos, é que nos coloquemos ao serviço da vida e com ela acolhemos a transcendência, para que sejamos fortes e corajosos para aceitar as limitações, problemas, dificuldades, inquietações e perplexidades da vida material. E sempre com esperança e fé nessa dimensão da existência, lutamos justamente contra a carência de transcendência, que se manifesta no apego aos bens materiais explícito no alto índice de criminalidade, no escandaloso crescimento do tráfico e consumo de drogas, nos casos cada vez mais comuns de gravidez na adolescência e no abandono dos filhos, no crescente número de tráfico de pessoas, no grande aumento da prostituição e nos casos cada vez mais absurdos de corrupção, na fome e na guerra… É contra tudo isto e contra tudo o que não eleva a vida para o bem e a felicidade, que o «milagre» da vida nos chama a lutar.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

“Olá, sou o Papa Francisco, podemos tratar-nos por tu”

Que diferença em relação a tantas situações e lugares da Igreja Católica por todo o lado...

Ao contrário de Bento XVI, Francisco telefona directamente para qualquer pessoa.
 Stefano Cabizza, 19 anos, estudante de engenharia em Pádua, Itália, escreveu uma carta ao Papa Francisco. O líder da Igreja Católica respondeu-lhe, com uma chamada telefónica. “Sou o Papa Francisco, podemos tratar-nos por tu”, disse, quando Stefano atendeu a chamada, no domingo.
 “Rimo-nos e brincámos durante oito minutos. Disse-me que Jesus e os apóstolos se tratavam também por tu. Pediu-me que rezasse muito por ele, deu-me a bênção e senti despertar em mim uma grande força”, contou Stefano, segundo o jornal Gazzettino de Veneza.
Ao contrário de Bento XVI, Francisco telefona directamente para qualquer pessoa. É uma grande mudança nos hábitos do Vaticano, afirma uma fonte da secretaria de Estado.
 Recentemente, por exemplo, o Papa ligou a um italiano que ficou paralisado depois de um acidente de carro e que acabara de perder um irmão num assalto. Questionou-o sobre o significado da vida. Outras vezes liga para amigos, crentes e não crentes, em Itália ou na Argentina. E até telefona para jornalistas, que conheceu enquanto cardeal, para saber novidades de um familiar doente, do resultado de um exame ou celebrar um aniverksário.
Adepto do contacto directo e privilegiando os jovens, como deu mostras nas Jornadas Mundiais da Juventude, que decorreram no Brasil, o Papa recebeu esta semana um grupo de mais de 200 alunos, católicos e budistas, de uma escola japonesa. Falou-lhes da importância do diálogo e da tolerância inter-religiosa, sem qualquer menção aos confrontos de que são palco países como o Egipto ou a Síria. “Qual é a atitude mais favorável ao diálogo? A empatia, a capacidade de conhecer pessoas e culturas em paz, a capacidade de fazer perguntas inteligentes, de ouvir e de falar. É este diálogo que faz a paz. Todas as guerras e todas as lutas estão relacionadas com a falta de diálogo”, observou.
AFP, in Público de 22/08/201
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sábado, 17 de agosto de 2013

Festa de São Roque do Funchal 2013

E porque é festa de São Roque apresento-vos a oração que elaborei para ser rezada nas Novenas e Festa de São Roque 2013. Algumas pessoas tinham pedido uma oração a este santo, aqui está...
Neste Sábado teremos celebração solene às 20 horas e amanhã dia da Festa às 12.30 horas seguida de procissão. Fica aqui o convite a todos à oração a São Roque e a participarem nas celebrações nesta paróquia das zonas altas da cidade do Funchal.

Funchal

Uma homenagem à minha cidade. Funchal. Mais uma vez fustigada pela tragédia. Hoje os terríveis incêndios que lhe consomem os pulmões. E não foi apenas a mancha verde das nossas encostas que se reduzam a cinzas, mas a nossa alma e os nossos pulmões que estão em cinza negra, em pó. Ainda assim, esta é a melhor cidade do mundo. Pois, será sempre onde regresso qual fénix que renasce do meio das cinzas... 
Não nasci em ti, eu sei e todos sabem
Mas desde a hora que sou gente
Tu nasceste em mim para sempre, cidade!
E por mais mundo que me veja
Sempre te regresso como sede procurando a fonte
Para que nós os dois nos abracemos
Na ternura do mar
E da vida errante que pulsa dentro ti e em mim.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A importância da descoberta de Deus

A descoberta de Deus é essencial para a verdadeira relação com Ele. Muitos dos jovens não têm relação com Deus, recusam Deus ou são indiferentes a Deus porque não o descobriram como valor e como caminho que leva ao sentido da vida e a uma verdadeira promoção da dignidade humana.
O afastamento das coisas religiosas, tem muito a ver com o materialismo e com a perda de valores do mundo actual, mas não é só. Muitas razões existirão. Porém, depreendemos que procurar razões é muito fácil, mais difícil é encontrar métodos, meios e formas que nos levem a propor Deus como um valor absoluto que conduz os corações a desejarem estabelecer verdadeira relação com Ele.
Porém, uma das principais razões, que já vimos, foi a de se ter mostrado Deus como uma lei que imponha tradições e comportamentos religiosos. Esta religiosidade pecou por ser muito pobre e não levou à descoberta de Deus tal como Ele é. Por isso, falta olhar para a ternura do presépio de Belém, vermos aí tal como Deus se apresenta, uma criança pobre e despojada de qualquer auréola que não tenha nada a ver com a profundidade humana. Um Deus pequenino, simples e pobre, como qualquer dos mortais, que nasceu na frieza de uma gruta para não ser motivo de distanciamento em relação a ninguém.
Ora, é este Deus próximo que é preciso apresentar como proposta que leve à descoberta, para posterior relação de verdadeira amizade. Uma imagem de Deus frieza, distante da compaixão, da misericórdia e do amor nada tem de verdadeiro. Deus uma lei ou uma regra de conduta não pode ser causa de relação verdadeira, mas antes influência, mesmo que sobrenatural, de comportamentos com base no medo e no receio do futuro.
Diante de tudo isto o que é ter fé? – Ter fé é acreditar na possibilidade da vida mesmo diante do absurdo. Nada está perdido perante a força da vida, que nos leva a crer que o futuro não é uma ameaça, mesmo que o agora esteja totalmente minado pela mais cruel miséria. A fé, considera Deus como essa entidade suprema, que dá segurança em relação ao futuro.
A descoberta de Deus leva a relação a uma pureza de fé muito bonita. Para quem Descobre Deus, o mundo não caminha para uma catástrofe, mas para uma plenitude. 

Dia de São Roque - o patrono dos pobres e dos doentes

A vida de São Roque
Padroeiro de São Roque do Funchal 
Nascido em Montpellier, no começo do século XIV, este santo peregrino é mencionado pelos cultos contra o terrível flagelo da peste. Aos 20 anos, ficou órfão e distribuiu a sua herança pelos pobres. Quando partiu em peregrinação para Roma, teve o primeiro contacto com as vítimas da peste, às quais não ocultou ajuda apesar dos riscos que corria. Operou as primeiras curas milagrosas nessa época.
Assim, Roque foi peregrinando, seguindo sobretudo o caminho da misericórdia. Quando passava por Placência, foi contagiado pela doença. Para não incomodar ninguém, saiu à procura de um lugar deserto para morrer na solidão. Mesmo assim sobreviveu graças a um cachorro sem dono que roubava pão para que o santo se alimentasse. Quem o encontrou foi o patrício Gotardo Pallastrelli, que o hospedou na sua casa até à total recuperação. Quando isso aconteceu, saiu de Placência, mas foi preso em Angera confundido com um espião. Morreu na prisão cinco anos depois, em total esquecimento.
Oração:
Pela intercessão de São Roque, auxílio espiritual eficaz contra todas as doenças e pestes, concedei-nos, Senhor, a graça da boa saúde, física e espiritual. Por Cristo Senhor Nosso, amém.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

São Maximiliano Maria Kolbe

Nota: Figura ímpar e que merece ser lembrado aqui neste espaço... Grande exemplo e testemunho de serviço aos outros. O nosso mundo precisa de luzes deste calibre para que se converta e se torne mais fraterno, humano e mais de acordo com os Direitos Humanos.

HAGIOGRAFIA: Maximiliano Maria Kolbe nasceu no dia 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola na Polônia, e foi batizado com o nome de Raimundo Kolbe. Sua família era po
bre, de humildes operários, mas muito rica de religiosidade. Ingressou no Seminário franciscano da Ordem dos Frades Menores Conventuais aos treze anos de idade, logo demonstrando sua verdadeira vocação religiosa.

No colégio, foi um estudante brilhante e atuante. Na época, manifestou seu zelo e amor a Maria fundando o apostolado mariano "Milícia da Imaculada". Concluiu os estudos em Roma, onde foi ordenado sacerdote, em 1918, e tomou o nome de Maximiliano Maria. Retornando para sua pátria, lecionou no Seminário franciscano de Cracóvia.

O carisma do apostolado de padre Kolbe foi marcado pelo amor infinito a Maria e pela palavra: imprensa e falada. A partir de 1922, com poucos recursos financeiros, instalou uma tipografia católica, onde editou uma revista mariana, um diário semanal, uma revista mariana infantil e uma revista em latim para sacerdotes. Os números das tiragens dessas edições eram surpreendentes. Mas ele precisava de algo mais, por isso instalou uma emissora de rádio católica. Chegou a estender suas atividades apostólicas até o Japão. O seu objetivo era conquistar o mundo inteiro para Cristo por meio de Maria Imaculada.

Mas teve de voltar para a Polônia e cuidar da direção do seminário e da formação dos novos religiosos quando a Segunda Guerra Mundial estava começando. Em 1939, as tropas nazistas tomaram a Polônia. Padre Kolbe foi preso duas vezes. A última e definitiva foi em fevereiro de 1941, quando foi enviado para o campo de concentração de Auschwitz.

Em agosto de 1941, quando um prisioneiro fugiu do campo, como punição foram sorteados e condenados à morte outros dez prisioneiros. Um deles, Francisco Gajowniczek, começou a chorar e, em alta voz, declarou que tinha mulher e filhos. Padre Kolbe, o prisioneiro n. 16.670, solicitou ao comandante para ir em seu lugar e ele concordou.

Todos os dez, despidos, ficaram numa pequena, húmida e escura cela dos subterrâneos, para morrer de fome e sede. Depois de duas semanas, sobreviviam ainda três com padre Kolbe. Então, foram mortos com uma injeção venenosa, para desocupar o lugar. Era o dia 14 de agosto de 1941.

Foi beatificado em 17 de outubro de 1971 pelo papa Paulo VI e canonizado pelo papa João Paulo II em 10 de outubro de 1982. O dia 14 de agosto foi incluído no calendário litúrgico da Igreja para celebrar São Maximiliano Maria Kolbe, a quem o papa chamou de "padroeiro do nosso difícil século XX". Na cerimônia de canonização estava presente o sobrevivente Francisco Gajowniczek, dando testemunho do heroísmo daquele que se ofereceu para morrer no seu lugar.
In Católicos com Jesus

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pecados estruturais da actualidade apesar da crise

O principal é o do egoísmo. Ninguém hoje que se preze minimamente não pode deixar de ser dono dos seus livros comprados a preço de ouro, das suas roupas caras e de marca, do seu quarto com televisão (este é o principal bem responsável pela falta de diálogo e pelo egoísmo familiar) e todas as comodidades que a vida actual exige que cada ser humano possua. Nenhuma pessoa se imagina a vestir roupas que pertenceram a outra pessoa, as crianças e os adolescentes não se revêem nos livros e nos materiais que pertenceram aos outros. Tudo tem que ser novo e caro para que satisfaça plenamente as investidas do ego.
Mas haverá um outro pecado social ainda mais grave, que torna a sociedade um enfermo em convalescença deprimente, é o da corrupção que está embrenhada na sociedade toda. Porque a vida tornou-se tão complexa e tão difícil que as coisas são mais fáceis de vencer e de conseguir mediante o compadrio e o apadrinhamento. A ganância do dinheiro e do protagonismo social exigem uma entrega e uma submissão doentia face aos poderes sociais, políticos e económicos. A dignidade, o respeito e o amor próprio são enviados às urtigas. Não importam para nada a dimensão do respeito e dos compromissos eternos que implicam fidelidade e integridade. A corrupção é a todos os níveis porque ninguém está minimamente preocupado com o respeito por Deus e pela pessoa humana. O transcendente não tem nome face às sensações imediatas que determinada meta social pode provocar. Face a essa perda de valor o que mais vale é singrar a qualquer preço.
O pecado da desarmonia fiscal está associado aos pecados da exclusão social e dos baixos salários. Os trabalhadores de fracos recursos não podem nem têm condições materiais para poderem fugir aos impostos. Antes de mais, porque os seus salários estão abaixo do valor mínimo para poderem viver com dignidade. Daí que a exclusão social se torne uma consequência inevitável. Para tudo isto faz falta autênticas escolas de valores que eduquem para o respeito pela vida em todas as suas dimensões. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dar conta de notória diferença

 Enviei ao Papa Francisco o meu livro sobre a fé. Com o título já sobejamente conhecido e mais que divulgado graças a Deus: «Para que serve acreditar? O que a fé não deve ser».
Junto escrevi uma mensagem muito pessoal sobre a fé e de admiração em relação ao Papa Francisco, dando conta que «é com muito entusiasmo que acompanho e admiro com alegria a sua enorme felicidade, simplicidade e amor aos pobres». Este aspecto entre tantos outros que dei conta ao Papa.
Hoje, dia 12 de Agosto de 2013, recebi a simpática resposta do Sumo Pontífice, pela incumbência dada ao seu assessor Mons. Peter B. Wells, da Secretaria de Estado. Começa a mensagem por dizer: que «Por incumbência recebida, venho comunicar que o Sumo Pontífice acolheu, com paterna benevolência, a gentil oferta que lhe fez do seu livro…». Após o agradecimento seguem-se belíssimas palavras paternais e louvores ao livro sobre «Para que serve acreditar? O que a fé não deve ser fé».  
Um dia feliz. Não podia ter-me chegado em mãos tão nobre elogio e tão insigne opinião autorizada sobre o humilde livro que escrevi e lancei para o público. Partilho convosco esta alegria. Junto enviaram duas fotos do Papa que partilho convosco aqui uma delas.
Por estas bandas pedi/pedinchei parecer ao sr. Bispo da Diocese do Funchal, mesmo que fosse uma palavra apenas. Nada de nada foi o que chegou. Enquanto andarmos desta feita cheios de inveja e com desconfianças, a nossa Igreja (Diocese do Funchal) e a sociedade madeirense não avançam, ao contrário, andam para trás. Lamento muito, tentarei mostrar sempre que ao menos eu andarei para frente, porque para diante é que o caminho e como diz o poeta, «é caminhando que se faz o caminho». (Poema de António Machado, poeta castelhano. Eis o texto no original: Caminante, son tus huellas / el camino y nada más; / caminante, no hay camino,
se hace camino al andar. / Al andar se hace el camino, / y al volver la vista atrás / se ve la senda que nunca / se ha de volver a pisar. / Caminante no hay camino / sino estelas en la mar).  - Que nos guie a fé no caminho do bem comum sempre.
Por fim, a mesma missiva dá conta que «o Santo Padre» concede uma Bênção Apostólica para as comunidades paroquiais de São José e São Roque do Funchal.

Nenhuma lei deve ser absoluta mesmo que muito religiosa

A vida de ninguém não parece ser possível no caos e na desordem total. Mas também não parece ser possível viver com o coração a leste do amor. Ora vejamos, todas as opções e todas as funções humanas e sociais requerem uma dose muito elevada de entrega apaixonada. Ninguém se realiza como pessoa humana sem a assunção deste sentimento como valor fundamental para felicidade e para a paz.
O que está verdadeiramente em causa é que cada pessoa nas suas circunstâncias deve saber remediar as suas tomadas de posição com profunda dignidade e sabedoria. Pois, então, perante as regras e diante do amor que atitude assumir? Naturalmente que a resposta surge consoante a educação e mentalidade de cada pessoa. Alguns pensarão que em nome da consciência e da boa fama social a letra da lei deve prevalecer. Outros entenderão que nada deve estar acima das regras que implicam fidelidade absoluta. Mas podem também entender alguns que nenhuma lei faz sentido se não for assumida com amor e doação total. Não existindo esta qualidade da lei, nenhuma regra será libertadora e muito menos levará à felicidade.
Deste modo, antes de um acolhimento da lei de forma cega, é necessário uma clarividência muito segura sobre os contornos que determinada lei implica. Por isso, perante leis que sejam para o tempo inócuas, anacrónicas e opressivas deve prevalecer a fidelidade ao amor. Nada deste mundo deveria impedir que o amor não esteja em tudo e acima de tudo.
Sobre as leis aprendemos do Evangelho que se não libertam e não promovem a vida devem de imediato serem suprimidas. Nenhuma lei deve ser tomada só e exclusivamente na base da frieza do espírito da letra. Isto é, nenhuma lei deste mundo é absoluta mesmo que aparentemente carregada de religião.

sábado, 10 de agosto de 2013

O jogo

Poema para o fim de semana... Boas férias se for o caso.
«Os jogadores de cartas» (1895) de Paul Cézanne (1839-1906)
Azar e sorte casaram a esperança
Na aliança do desejo de ganhar o mundo todo
Infinitamente arde a vontade feroz até a saciedade.
Quando o ganho consta a alegria da festa sobe ao trono da glória.
Quanto o azar traz o sabor amargo da perdição
Bate no peito o desgosto, a raiva, a inumanidade
De saber-se gente perdida.
Neste contrabalançar feliz e triste
Reina um vício ou um desejo ardente
Como quem sabe que o doce é doce
A dor é dor e o infortúnio não escolhe a melhor parte
Mas todos sabendo do óbvio
Se inclinam para a perdição em cada aposta medonha
Do nosso descontentamento.
Vamos então dizer a toda a gente
Jogo é jogo e se jogar faz bem
Não sujes a alma com outro sonho
Que não seja a única certeza desse mundo seguro
A diversão. Bingo. O jogo acabou.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Entrevista de A a Z na revista saber de Julho

Entrevista curiosa na revista Saber de Julho. Gostei muito de reflectir sobre cada uma das palavras propostas. Partilho aqui no Banquete a reflexão que surgiu, fez-me muito bem pensar assim...Vá lá, uma entrevista de Verão para pensar e descontrair um pouco.

Aqui está o texto para quem não consiga ler na foto:

Nota sobre o autor:
José Luís Rodrigues, Natural do Estreito de Câmara de Lobos-Jardim da Serra, Madeira. Nasci a 04/10/1968. Padre da Diocese do Funchal, ordenado sacerdote a 11 de Abril de 1996. Já foi Pároco nas Paróquias de Espírito Santo e Nossa Senhora da Piedade no Porto Santo. Atualmente, é pároco nas Paróquias de São José e São Roque do Funchal.
Tem três livros publicados, um de poemas, «Regresso ao Mar», outro de crónicas publicadas nos jornais quotidianos do Funchal: «Crónicas do Fundo do Esquecimento» (Roma Editora, Dezembro de 2003) e outro sobre a fé: «Para que serve acreditar? O que a fé não deve ser», editorial Liberal, 2013.
Atualmente colabora com uma crónica mensal no Diário de Notícias do Funchal. Alimenta um blogue de temática geral, chamado o Banquete da Palavra (http://www.jlrodrigues.blogspot.com/). A comunicação constante é uma necessidade.

Entrevista 
A
Amor: O condimento da vida. Sem o amor não somos gente digna com toda a gente e com a criação inteira.
Amigos: Os nomes que lembramos quando estamos tristes. Mas sem eles não há festa, convívio.
Arte: A expressão do génio humano que se desvela em encanto e beleza porque paramos para contemplar e admirar com prazer.
Animais de Estimação: Os amigos certos quando chegamos e que nos põem a dizer palavras de ternura e carinho.
B
Bebidas: O pretexto, que quando usado com moderação, pode fazer milagres na confraternização e na descoberta da verdade.
Brinquedos: A magia essencial para fazer sorrir o ser criança.
Beijo: O toque mais íntimo feito às claras que a humanidade conhece.
C
Casamento: O caminho ideal para cumprir o mandamento de Jesus: «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».
Curiosidade: Um mistério que nos toma sem pedir licença e que só se satisfaz depois de saber o que deseja.
Cores: As tonalidades mais que necessárias, para não fazerem do mundo e da vida uma monotonia deprimente.
D
Deus: O maior Mistério que é três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.
Decoração: A harmonia das coisas e das cores como expressão do pensamento e da alma de cada pessoa, de um grupo e de uma família.
Doces: Uma tentação que sabe bem se não nos lembrarem o mal que faz.
É
Erros: O melhor do mundo para pensarmos que a humildade é a maior fortuna de uma pessoa.
Estilo: Quando não é vaidade, faz encantar até as pedras.
Emoção: Um calafrio que não se controla, mas que nos humaniza e nos leva ao encontro dos outros.
F
Família: O melhor lugar onde se bebe o sangue e os valores essenciais para a vida toda.
Filme: Uma sequência de imagens que nos prende a uma história dos outros que fazemos nossa.
Futebol: O espetáculo feito com uma bola na expressão rápida das pernas, uma pena que não seja mais desporto e menos negócio.
Flores: Uma dádiva que o ciclo da natureza nos oferece gratuitamente para encher os olhos e a alma, é oferta estética que salva porque nos alegra sempre.
G
Ginástica: Uma «oração» em movimento para o bem mais importante da vida, ter um corpo com saúde e belo.
Gula: Uma deturbação egoísta contra a sabedoria do prazer que a comida proporciona.

H
Humildade: A verdadeira riqueza que em cada pessoa se pode manifestar como a maior fortuna do mundo.
Humor: Uma manifestação de alegria, de saúde física e mental.
I
Ilha: Um círculo natural interessante, quando não nos fecha sobre de nós próprios, mas que conscientes disso nos abrimos à universalidade.
Internet: Uma auto estrada da comunicação que nos revela a grandeza do mundo e da diversidade cultural.
Irmãos: Um pilar importante que nos diz, «não estás só, és um com os outros». Eis a fraternidade que o mundo tanto precisa.
J
Justiça: O bem essencial do mundo, para que a paz seja possível e a segurança dos cidadãos uma certeza. O desenvolvimento sem justiça é uma tragédia.
L
Livro: Um amigo silencioso que nos diz segredos sobre o mistério da vida. Sem ele somos muito mais pobres.
Lua: Uma companhia no escuro. Sem ela, as noites seriam bem piores. A lua é um exemplo para nós no sentido em que podemos aprender que mesmo no escuro das perplexidades desta vida podemos brilhar.
M
Música: Um som presente desse mar distante. Fecho os olhos e deixo-me embalar com a harmonia que o seu encanto desvela. Este é outro mistério bom.
Marcas: Neste mundo frenético comercialmente falando, parece que são importantes para aferir da qualidade.
Mania: Uma obsessão que se não fizer bem não serve para nada. É inútil.
Moda: Uma vertigem que se não tiver controlo prejudica o equilíbrio mental. Porém, encanta os olhos quando é manifestação da beleza.
N
Notícias: Mais do que importantes para sabermos que o mundo não é linear e nos dão conta da diversidade cultural da humanidade.
O
Objetivos: Muito importantes quando queremos atingir uma meta ou um fim que seja bom para nós e para os outros, para a vida, para o mundo que nos rodeia.
Ostentação: Uma vaidade desnecessária quando sabemos que tal resulta da fome e da pobreza de tantos semelhantes nossos.
Ódio: O pior veneno. Ainda mais se pensarmos que é produzido por quem o transporta no coração.
P
Perfumes: Aromas interessantes que sabem bem quando os odores naturais não foram exorcizados com água e sabão.
Presentes: Uma magia que nos faz sorrir e alegrar porque os outros pensaram em nós.
Política: Uma ciência bonita, que deve estar ao serviço do poder serviço para fazer brilhar o bem comum. O melhor serviço à sociedade e à cidade (polis) se tomado com essa consciência. Quando se torna calculismo e subjugação exclusivamente partidária redunda na pior miséria do mundo. 
Q
Qualidades: Valores que nos foram dados por Deus, naquele momento primordial: «Faça-se o homem e a mulher à nossa imagem e semelhança». Se postas ao serviço da vida e do mundo fazem maravilhas.
R
Rádio: Uma companhia não egoísta que não prescindo, porque nos deixa trabalhar ao mesmo tempo que se escuta.
Referências: Importantes, para sabermos que vale pena pensar, acreditar e fazer tudo o que esteja ao nosso alcance e que deve ser feito mesmo.
S
Surpresa: Um momento interessante que nos dá um prazer diferente e imprevisível.
Sexo: Uma distinção de géneros que faz a nossa identidade.
Signo: Um bom negócio. É um elemento que nos atribuem convencionalmente falando porque coincidente com a data do nosso nascimento. Acredita quem quer.
Sonho: Há uns e outros. Os incontroláveis enquanto dormimos e estes não preocupam. Os outros que desejamos que se realizem e que requerem alguma energia e trabalho para que sejam levados à prática. Estes são importantes se não se tornarem em utopias.
T
Televisão: Uma companhia egoísta que não nos permite mais nada senão que, estejamos concentrados exclusivamente nela.
Telemóvel: Outro objeto que convencionamos como indispensável. Porém, podíamos ser todos mais humanos e mais felizes se não lhe dessemos tanta importância. Mas, como instrumento de trabalho não há melhor.
U
Utopia: O sonho convertido em realidade virtual.
V
Vitória: Um prazer enorme que se tem quando é respeitado em absoluto os derrotados.
Vida: O maior dom deste mundo, porque nele tudo começa e sem ele tudo acaba.
Viagem: Uma errância essencial para retemperar forças e aprender muito sobre as maravilhas da natureza e do génio humano.
Vício: Tendência prejudicial ao equilíbrio físico, psicológico e mental. Um mal que mata a qualidade da vida.
X
Xenofobia: Uma desordem que gera violência e envia às urtigas o melhor da convivência humana, a fraternidade universal.
Xadrez: Um jogo que se tomado como tal entretém e faz desenvolver o intelecto. Se resulta em manipulação destrói o sentido do jogo e perverte a dignidade. 
Z
Zoologia: Um bem elementar para fazer da natureza uma diversidade e quebrar a monotonia.
Zelo: Importante quando se trata do cumprimento dos nossos deveres. Quando em forma desmedida com tudo e com todos, converte-se em desordem que vai ferir em tudo a relação e o assombro da natureza.

Lançamento do livro na revista Saber de Julho

Reportagem fotográfica sobre o lançamento/apresentação do meu/nosso livro sobre a FÉ. «Para que serve acreditar? - O que a fé não deve ser»... 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Estar vigilante

Mesa da Palavra
Comentário à Missa do próximo domingo XIX Tempo Comum, 11 de Agosto de 2013
A mensagem deste domingo ameniza um pouco a do domingo passado, que era dura e radical em relação aos bens deste mundo. Tendo em conta que muitas vezes não nos lembramos de que a nossa vida é frágil, inconstante e que passamos pelo crivo da morte, permitimos que a insensatez na acumulação de muitos bens nos domine a vida e os dias neste mundo.
Na mensagem deste domingo, fica o alerta de que melhor será concentrarmo-nos na verdadeira riqueza e estar vigilante, porque esse momento da morte é a maior certeza que temos. Não devemos andar sempre a pensar nisso, mas que nunca o devíamos esquecer, seria melhor para nós para que vivêssemos melhor e quem sabe se não estaríamos mais concentrados no que é mesmo importante para ser feliz e ajudar os outros também a serem felizes. Estou convencido que o mundo seria outro se tomássemos a sério a consciência que neste mundo não somos eternos, mas finitos. Penso, que tomados por este assombro do mistério que envolve o morrer, a humanidade inteira seria mais feliz e teria outra consciência perante todos os valores que devem nortear todas acções em favor do bem comum, da liberdade, da amizade e da fraternidade.
Devemos estar vigilantes, porque muito mais felizes seremos se a qualquer momento formos chamados a entrar na outra «dimensão da vida» pela realidade morte. Se assim for nada temeremos, porque sempre fomos tomados pela liberdade face aos bens deste mundo. Nada nos ensoberbeceu e vivemos pela lógica da partilha e da luta pela justiça. A Carta aos Hebreus  é clara quanto a esta esperança de viver pela fé como condimento desta temporada em que andamos por este mundo: «A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem» (Heb 11, 1).
Nada nos encegueirou ou dominou, porque vivemos de acordo com a mensagem da salvação que Jesus nos oferece e que nos fez sempre estar preparados, em alerta constante. Se nos regem estes sentimentos somos os mais felizes dos homens e das mulheres.
O sentido da nossa existência seria uma miragem e já estaríamos mortos muito antes da morte física se não encontramos sentido para o dia a dia. A pior caminhada é aquela que nunca encontrou sentido e todas as pessoas que nunca descobriram a resposta para a sua origem, para o agora da vida e para o destino futuro, nunca serão verdadeiramente felizes e não enfrentam com coragem essa ocasião derradeira que chamamos de morte. O desencanto, a depressão e o desespero podem tornar-se o pão nosso de cada dia e não haverá bens nenhuns deste mundo, por mais interessantes e aliciantes que sejam, poderão libertar desse estado de alma degradante. Parece estranho, mas quem sabe se cada um de nós não seria melhor pessoa se estivesse atento/vigilante em relação à ocasião da morte? 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

É preciso apostar na descoberta da vocação

Um dos grande problemas de hoje nos jovens é a questão sobre a vocação. Para a descoberta das vocações, as famílias no passado era muito importantes. Hoje, raras são as famílias que têm orgulho e que ajudam os filhos a se encaminharem para vocações de vida religiosa. Quase toda a gente quer os seus padres nas paróquias, os filhos em instituições de caris religioso, mas criar filhos para esse tipo de serviço, nem pensar.
O tempo da contradição e da perplexidade está entre nós. Não é fácil entendermos e não compreendemos a sociedade em que vivemos. Porque vemo-nos envolvidos numa realidade totalmente alheia tudo o que sejam valores e ideais, porque quando tal acontece, são classificados de conservadores e que já não servem para o mundo de hoje.
A linguagem relacionada com Cristo, com a Caridade e com a fé estão fora de contexto para a mentalidade actual. E ainda, tudo o que seja linguagem clerical ainda mais obsoleta se tornou. Assim sendo, podemos dizer que a Igreja perde muito com  formas de linguagem rebuscadas no passado, bolorentas e fora do contexto da vida dos nossos dias. Mais ainda perderão os jovens e todo o mundo que anda à procura do sentido da vida e que para tal anseiam por respostas que sejam bem concretas e adequadas às formas de vida que são assumidas hoje. A Igreja pode sofrer a terrível responsabilidade de ter falhado na sua missão. O mundo, longe de Cristo e da linguagem que enforma a Sua Boa Nova, fica à mercê de todas as tentações, misérias e perversidades. Está bem claro à vista de quem quer ver com toda a verdade.
O grito do profeta Jeremias ecoa com dolorosa actualidade: «Pastores em grande número destruíram a minha vinha, pisaram a minha possessão, transformaram-na num deserto de desolação» (Jer 12, 10). É urgente semear a esperança e reinventar outra linguagem que seduza a todos para a luz do bem e da verdade.            

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Converter a depressão com a luz

Resposta às questões levantadas ontem. Aqui vão em dois momentos, hoje um e amanhã outro.
O que sentimos e experimentamos, que pela nossa acção, pregação e ensinamento muitas vezes vêm-se confrontados, são situações deveras complexas, para as quais a melhor resposta é o silêncio e a perplexidade. 
São muito poucos os jovens que todas as semanas não passam pelas discotecas duas três vezes, sem orientação quanto a horas e quanto ao comportamento. Por isso, é frequente ouvir falar-se de bebedeiras; de sexualidade sem princípios e sem regras; de todo o tipo de violências; de situações miseráveis quanto à linguagem e quanto às atitudes desregradas de vária ordem. Mais ainda sem pensar que muitos deles estão devidamente formados e preparados para assumir um trabalho, mas o desemprego é uma terrível desgraça, que faz mergulhar na desorientação, na depressão e na pior das tragédias que é termos uma porção de jovens sem qualquer ideal de futuro. Não admira então a vaga de emigração (uma sangria que vai trazer sérios males contra o nosso povo). A depressão que leva ao suicido é outra desgraça fatal. Não arrepiando caminho, a outra grande, dura e  cruel crise será a populacional. Muitas vezes pergunto, como descansam as mães e os pais, os educadores e as entidades políticas face à juventude dos nossos dias?
Nunca se viveu um tempo onde se encontram tantos pais e mães impreparados para assumirem essa condição tão essencial para o nosso futuro. Quanto aos educadores e às entidades que deviam assumir a responsabilidade face a este problema, então nem se fala. Tanta impreparação e incompetência que chega a ser confrangedor. O normal hoje não é viver os valores e os princípios que impliquem alguns sacrifícios. 
A honestidade e a transparência foram banidos do vocabulário e não são princípios éticos para o bem do mundo. A renúncia não faz parte da linguagem nem muito menos das categorias mentais da sociedade actual. É deprimente. Mas é realidade que precisa de transfiguração e de metamorfose, para que a vida seja uma alegria, um gosto e não um calvário irremediável. Precisamos de uma luz que não seja apenas a de discoteca, mas a luz interior do coração de cada pessoa que se acolhe na condição de ser gente, para iluminar todos os caminhos da depressão e do desencanto da vida deste mundo.  

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ousar perguntar para deixar iluminar as respostas

Como falar aos jovens de hoje de vocação ou de consagração ou de Igreja ou de comunidade ou de disponibilidade ou de opção radical ou de celibato ou de sublimação ou de ideal superior ou de abnegação... num mundo totalmente adverso a estes conceitos? Não é fácil fazer-se entender estes conceitos/valores e esta linguagem que nalgum tempo seria comum e facilmente compreendida por todos.
Como aceitam, os nossos jovens, esses valores que acompanharam toda a cultura e civilização cristã ao longo destes dois milénios, neste tempo que nós vivemos, onde juventude melhor entende a linguagem do dinheiro, da sexualidade desmedida, da diversão a todas as horas da noite, da falta de compromisso com nada, das drogas, da música exótica, da bebida exagerada, da competição individualista...? A linguagem e as linguagens actuais são outras. Muito difícil será nós fugirmos destes contextos que a sociedade criou e não será menos fácil contornar essas formas de linguagem melhor entendida pela juventude do mundo actual.
Mais o que fazer perante tamanha mudança? Como encarar estes contornos onde a linguagem do passado ligada ao mundo religioso se tornou obsoleta e sem sentido? Como redefinir os conceitos, se a predisposição da sociedade actual, sobretudo, a camada jovem está mais voltada para outros conteúdos que estão muito longe da linguagem e dos conteúdos da antiga civilização cristã?
Não é fácil dar resposta a todas estas questões. Noutra ocasião vou tentar nem que seja de forma aproximada.

sábado, 3 de agosto de 2013

Voo

Poema para o fim de semana...
Na suavidade de um círculo deslizou uma palavra
Mais um pensamento volátil sentido no alto da luz
Que as árvores repousaram face ao cansaço
Da esperança que os ramos retiveram
Quando verteu uma paragem nos dias
E o voo se fez no encantamento da cor
Pois a tarde ardente fez o caminho
E a meta intermitente também se animou
Com o sinal da justiça e da paz.
E eu vi mais longe uma flor
Que dizia mesmo que baixinho
Vem e sente o valor de um beijo
Na hora certa da emoção da amizade.
Não. Não. Não podem fazer dessa elevação
Um prémio ou o troféu em ouro
Mas a necessidade da visão aqui
E votada ao longe de um centro que te diz
O tudo na voz aberta quando te revelas
Na presença do sabor doce do fruto
Que colhi nos campos húmidos na planície
Do pensar da alma feita inteligência.
E nós todos no voo mais alto da existência
Olhamos o rosto de Deus no outro
No momento do reflexo do sol maior
Porque o brilho entrou no fundo do jogo
O jogo ardente do coração que se ergue no poço do sangue.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Deixar a cobiça

Mesa da Palavra
Comentário à missa deste domingo
Ser rico aos olhos de Deus não dá prestígio, não faz ser famoso, não passa na televisão, no fundo, não dá resultado nenhum ser rico aos olhos de Deus, porque não vemos que a sociedade dê muita atenção às pessoas que procuram a fortuna que agrada a Deus.
Os bens deste mundo só servem para a realidade de Deus, quando nos humanizam e nos tornam cada vez mais conscientes da ética dos valores que devem preencher todas as nossas acções. Por isso, Jesus remata com o seguinte apelo: "...guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens". Estas palavras são muito interessantes porque pervertem toda a lógica humana, mais empenhada na posse de muitos bens.
As riquezas deste mundo servem para muita coisa desta vida terrena, é verdade. Mas para o lugar de Deus não servem absolutamente para nada se não forem colocadas ao serviço da justiça e do bem comum. Pior ainda se servem para tomar uma vida desregrada, carregada de vaidade e no gastar desmedido sendo um insulto para quem tem pouco ou nada tem para saciar a sua fome. Não podem os bens que temos serem insultuosos em relação a tantas pessoas que contam as míseras receitas mensais para terem as suas contas em dia e pouco resta para a comida e educação dos filhos. Esta vaidade brada aos céus quando acontece por causa dos bens.
O importante da vida, segundo a lógica de Jesus, não é ter muitos bens materiais, mas acumular muitos tesouros de bens espirituais com uma vida digna em favor da felicidade para todos os que nos rodeiam.
A riqueza material, nada diz a Jesus. Porque manifestamente não se quer comprometer com as partilhas dos bens humanos. Reparemos na pergunta que Jesus coloca perante a pessoa que lhe pede ajuda na partilha dos bens: "Amigo, quem me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?"
Muitas vezes conhecemos amigos e familiares, que trabalharam muito durante a sua vida e lutaram o mais que puderam para terem a sua pensão ou a sua fortuna. Gastaram a vida toda a perder a saúde para ganhar dinheiro e bens, no fim sem qualquer gozo da vida ou morrem ou passam o que resta de tempo neste mundo a gastar o dinheiro para ter saúde. Nesse estado, o seu corpo está limitado e até por vezes Deus chama-os para si. Nós pensamos, este homem ou esta mulher agora estava bem, tinha boas condições para viver uma vida boa, mas morreu justo agora que a vida lhe corria de vento em poupa.
A vida é uma surpresa constante que não depende de nós. O reino de Deus é a melhor fortuna que cada um pode e deve ter no seu coração.

Exposição colectiva «FÉ»

Está patente ao público uma bonita exposição colectiva na Galeria João Paulo II na Igreja da Nazaré, Funchal. Consiste num conjunto de trabalhos multifacetados que vão da pintura, à fotografia, à escultura e à escrita… Serve para mergulharmos na imensidão daquilo que nós somos. A humanidade é essa riqueza encantadora e se associada a nossa busca à profundidade do ser maravilhoso que é a pessoa humana, mais nos maravilhamos com o encontro da dádiva da partilha e do encontro. Pode ser vista todos os dias até 10 de Setembro. Esta mostra reúne obras de 25 artistas convidados  e textos de 14 personalidades.
Em termos de obras de arte, elas dividem-se em pintura, escultura e fotografia. São assinadas por Marcos Milewski, Fátima Spínola, Wolfgang Lass, Lígia Gontardo, Graça Berimbau, Teresa Jardim, Helena Berenguer, Richard Fernandez, Zé Diogo, Diamantino Jesus, Roberto Macedo Alves, Pe. Ronald Alves, Luís Fernandes, Nair Morna, Oleksandr Goncharov, Augusto Paço, Cecília Zino, Francisco Correia, Sofia Jesus, Martim Velosa, Ricardo Velosa, Flor Pita Fernandes, Encarnação Sousa, Marco Gonçalves e Ana Marta.
O conjunto de textos, têm a assinatura de são de Francisco Fernandes, Graça Alves, Helena Berenguer, Nuno Morna, Valéria Martins, Vânia Fernandes, Giselo Andrade, Martim Pargana Freitas, Isabel Portugal, Ana Isabel Moniz, Glória Cravo, Helena Rebelo, Ana Coimbra e Rita Vasconcelos.
30% do valor das vendas das obras são para as ajudar nas actividades de carácter social… Uma exposição a não perder!
Deixo então o meu contributo pelo meu dos textos que seleccionei e que fazem parte da exposição…

Sim, eu creio...
Na imensidão do mistério que nos assiste.
E o meu crer radica aí no encanto em silêncio ante esse mistério.
Não preciso de mais. Sem normas, sem dogmas, sem qualquer outra forma de amarra ou de limite que me faça mergulhar no medo. Basta a contemplação dessa irreal realidade, que nos mergulha no desconhecido e no incerto nunca dito nem ontem, nem hoje e muito menos amanhã.
O meu crer está nessa fronteira do meu desejo e o que 
os outros me desejam. Nesta perplexidade deixo-me guiar até ao dia em que sei mesmo não abarcando esse saber, que entrarei na densidade do mistério e isso faz-me sentir seguro. Não estou aqui por acaso e alguma entidade comandou que eu aparecesse e estivesse aqui para alguma coisa. Por isso, sem medo deixo-me guiar neste tudo que pode ser o tudo que Deus é, que se revelará um dia quando da parcela de mistério que eu sou se faça tudo em todos.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Swapps nas dioceses católicas

Papa Francisco aceitou a demissão dos arcebispos de Maribor e Lubjana devido a uma lacuna de 800 milhões de euros. Também se fala de questões económicas como uma razão da renúncia do Bispo de Yaoundé.  Rolam cabeças na Igreja Católica por causa dos «Swapps» nas dioceses. Tais negócios pouco claros, leva Papa Francisco esta semana, a exigir demissões de bispos na Europa.... Espero e rezo para que a exigência de honestidade e transparência dos bens que são património de todos os fiéis chegue a todo o mundo.

As perguntas do papa Francisco ao bispos responsáveis pelo Conselho Episcopal Latino-Americano

Porque são tão universais, aqui estão, mesmo que muitos não gostem nem se sintam minimamente interpelados com estes desafios:

«1. Procuramos que o nosso trabalho e o de nossos presbíteros seja mais pastoral que administrativo? Quem é o principal beneficiário do trabalho eclesial, a Igreja como organização ou o Povo de Deus na sua totalidade?

2. Superamos a tentação de tratar de forma reativa os problemas complexos que surgem? Criamos um hábito proativo? Promovemos espaços e ocasiões para manifestar a misericórdia de Deus? Estamos conscientes da responsabilidade de repensar as atitudes pastorais e o funcionamento das estruturas eclesiais, buscando o bem dos fiéis e da sociedade?

3. Na prática, fazemos os fiéis leigos participantes da Missão? Oferecemos a Palavra de Deus e os Sacramentos com consciência e convicção claras de que o Espírito se manifesta neles?

4. Temos como critério habitual o discernimento pastoral, servindo-nos dos Conselhos Diocesanos? Tanto estes como os Conselhos paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos são espaços reais para a participação laical na consulta, organização e planeamento pastoral? O bom funcionamento dos Conselhos é determinante. Acho que estamos muito atrasados nisso.

5. Nós, Pastores Bispos e Presbíteros, temos consciência e convicção da missão dos fiéis e damos-lhe a liberdade para irem discernindo, de acordo com o seu caminho de discípulos, a missão que o Senhor lhes confia? Apoiamo-los e acompanhamos, superando qualquer tentação de manipulação ou indevida submissão? Estamos sempre abertos para nos deixarmos interpelar pela busca do bem da Igreja e pela sua Missão no mundo?

6. Os agentes de pastoral e os fiéis em geral sentem-se parte da Igreja, identificam-se com ela e aproximam-na dos batizados indiferentes e afastados?

Como se pode ver, aqui estão em jogo atitudes. A Conversão Pastoral diz respeito, principalmente, às atitudes e a uma reforma de vida. Uma mudança de atitudes é necessariamente dinâmica: “entra em processo” e só é possível moderá-lo acompanhando-o e discernindo-o. É importante ter sempre presente que a bússola, para não se perder nesse caminho, é a identidade católica concebida como pertença eclesial.»
O papa frisou ainda que o «fundamento do diálogo com o mundo atual» reside no primeiro número da constituição "Gaudium et spes", publicada no final do Concílio Vaticano II (1962-1965):
«As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo.»
Para Francisco, «a resposta às questões existenciais» colocadas hoje pelo ser humano, especialmente pelas «novas gerações, prestando atenção à sua linguagem», implica «uma mudança fecunda» a realizar «com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja».
«Os cenários e areópagos são os mais variados. Por exemplo, numa mesma cidade, existem vários imaginários coletivos que configuram “diferentes cidades”. Se continuarmos apenas com os parâmetros da “cultura de sempre”, fundamentalmente uma cultura de base rural, o resultado acabará anulando a força do Espírito Santo. Deus está em toda a parte: há que saber descobri-lo para poder anunciá-lo no idioma dessa cultura; e cada realidade, cada idioma tem um ritmo diferente», apontou.