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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A religiosidade da aparência sem Evangelho

Impera o pensamento geral de que basta a religiosidade dos serviços sacramentais, pois, dão prestígio e embelezam o curriculum vitae de cada um, são pretexto para grandes banquetes e proporcionam os melhores álbuns fotográficos. Por isso, outras vezes lá terá de ser, não se safam de ter que participar esporadicamente em Funerais, em Crismas, em Primeiras-Comunhões, em Casamentos, em Arraiais, nas cerimónias de Natal e da Semana Santa. É esta a religião da sacramentologia vazia de fé, da passerelle dos fatos bonitos e da imagem fotográfica explorada até à exaustão.
Quanto mais esta mentalidade prevalecer, mais nos esqueceremos do verdadeiro objectivo do fundador da religião cristã, que consistia na transformação do mundo, a transformação dos sistemas que manipulam o ser humano, a superação dos mecanismos que dão mais valor à coisas do que às pessoas, a substituição de estruturas de exclusão por estruturas de solidariedade, a conversão dos sistemas que exploram em sistemas que promovam a fraternidade. No fundo, eliminar tudo que gera a morte da pessoa humana.
Porém, continuamos num tempo que recorre a todas as formas de manipulação, para que os cristãos acreditem que a religião só existe para louvar a Deus, para descobrir o sagrado, para salvar a própria alma, para sentir o calor da presença de Deus, para gozar de conforto espiritual, para celebrar a beleza da fé, para alcançar a benção de Deus e para ganhar o céu depois da morte… Quando Jesus denunciou tais factos, foi combatido por muitos, que se serviram da própria religião para o crucificarem.
A religião do gosto pessoal, das conveniências pessoais, não existe nem pode ser promovida. Porque a religiosidade de cada um só pode ser na medida em que converge para a comunidade. Por isso, corresponde a zero a mentalidade que faz prevalecer a mania de que “tenho a minha fé, mas não sou praticante”. A fé, implica sempre uma prática, uma ética social de vida para que seja sincera “a minha fé”.
O mundo actual sofre da mesma tentação. Os espaços religiosos, os lugares do encontro com o divino, tornaram-se locais de vaidade pessoal, por onde desfila uma multidão de gente ornamentada a preceito pelo último grito da moda, para encher os olhos e são, em última análise, lugar da “bilhardice” fútil.
Os sacramentos, não são vistos como sinais de crescimento e maturidade da fé. Mas ocasiões supersticiosas, pura promoção social. Não importa como são feitos, não importa obedecer a condições, princípios. Os conteúdos, são letra morta, a fé e a conduta de vida, isto é, a tal ética que dá sentido à fé não conta para nada. Estes elementos não são fotogénicos nem aparecem nas fotografias, por isso, não são motivo de preocupação. Infelizmente, perdeu-se a honestidade e a seriedade das atitudes. Os gestos, fazem-se sem conteúdo, sem pensamento e sem a verdade da doutrina que emana do Evangelho.

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