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Convite a quem nos visita

segunda-feira, 31 de março de 2014

Twitter do Papa Francisco

Assim se segue a Quaresma...
"A Quaresma é o tempo para mudar de rumo, para reagir perante o mal e a miséria".
(Twitter do Papa Francisco)


Também hoje na homilia na Casa Santa Marta o Papa falou de duas situações de cristãos, que são muito comuns por todo o lado. Dada a oportunidade e acutilância fazemos destaque aqui no Banquete da Palavra. Os «cristãos parados» e os «cristãos errantes». 

Primeiro: «Muitos cristãos parados! Muitos que têm uma esperança débil. Sim, acreditam que haverá o Céu e que tudo acabará bem. É bom que acreditem nisso, mas não o buscam! Cumprem os mandamentos, os preceitos: tudo, tudo… Mas ficam parados. O Senhor não pode fazer deles fermento no seu povo, porque não caminham. E isso é um problema: os que estão parados. Há também os que erram o caminho: todos nós, algumas vezes, erramos o caminho, sabemos disso. O problema não é errar; o problema é não voltar quando alguém percebe que errou».

Segundo: Afirma o Papa Francisco, é o grupo talvez «mais perigoso», em que estão aqueles que «se enganam a si mesmos: os que caminham, mas não avançam»: «São os cristãos errantes: perambulam como se a vida fosse um turismo existencial, sem meta, sem levar a sério as promessas. Os que circulam e se enganam, por dizer: ‘Eu caminho!’. Não, você não caminha, você perambula. Os errantes… Ao invés, o Senhor nos pede para não parar, não errar o caminho e não perambular pela vida. Ele nos pede para ir avante com as promessas como aquele homem, que acreditou na palavra de Jesus! A fé nos coloca em caminho rumo às promessas. A fé nas promessas de Deus»

Por isso, «A Quaresma é um bom período para pensar se eu estou em caminho ou se eu estou parado: converter-se. Ou se eu erro o caminho, confessar e retomá-lo. Ou seu eu sou um turista teologal, um desses que perambulam pela vida, mas jamais fazem um passo avante. E peço ao Senhor a graça de retomar o caminho, de nos colocar em caminho, mas rumo às promessas».

sábado, 29 de março de 2014

Oração

Para o fim de semana. Sejam sempre felizes!
Como são grandes e belos, Senhor os montes
Que nos envolvem nas pedras brancas.
Ah como se revelou essa soberba grandeza
Neste percurso que faço algures na terra azul.
Nesse caminho descansado do trabalho
Vimos nas palavras do amor a oração de uma fé.
O que parecia o fim daquela música vibrante
Que tanto fez dançar as colunas antigas da catedral.
Digam agora como podia calar este som perene
Que da boca do som emergia até às nuvens.
Mas mesmo assim nós com Deus tomado nos braços
Fizemos o encontro do amor em descanso eterno.
Por isso todos os desejos viram que só e apenas
Neste passeio mesmo que finito da carne
Veio a certeza do que somos quando a coragem
Para ver longe se afere na oração que sobe até aos montes.
Ao alto do coração compenetrado na visão é que vamos.
Bem sei o horizonte esconde agora na cortina da neblina
Mas que nesse além da linha mostrará a segurança
Da acostagem da outra margem do dom sentido.
Antes como procura da fé neste agora mesmo
Como total mergulho no infinito da eternidade.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 28 de março de 2014

Achegas para a história de uma Diocese

500 anos da Diocese do Funchal - Conferência
Tema da Conferência: O que se deve saber quanto ao como é possível conceber uma história de uma Diocese no séc. XXI?

Quem é o Professor José Pedro Paiva?
No dia 22 de março realizou o professor José Pedro Paiva uma interessante conferência no Funchal, na sala do Senado da Universidade da Madeira, à Rua dos Ferreiros, que dada a sua oportunidade o Banquete da Palavra a trás a lume para que nos faça pensar e desafie quem de direito deve promove uma História da Diocese do Funchal seguindo estes aspectos para que seja uma história de acordo com a verdade dos factos históricos e ao mesmo tempo anime na Diocese inteira em provocante entusiasmo para o futuro. Achei interessante o professor ter questionado e lançado para a discussão a palavra que acompanha os cartazes para a comemoração dos 500 anos da Diocese do Funchal: «A Primeira Diocese Global», para mim foi interessante este elemento porque já tinha pensado no quanto pode ser anacrónica esta palavra e até já tinha comentado com algumas pessoas.
O professor José Pedro Paiva é, desde 1986, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde tem lecionado disciplinas de História Moderna de Portugal, Cultura Portuguesa e seminários de pós-graduação sobre a Inquisição. Preparou o seu doutoramento no Instituto Universitário Europeu (Florença), pelo que, desde cedo, tem manifestado preocupações com a História comparada. É investigador do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa e académico correspondente da Academia Portuguesa da História.
Desde 2005, integrou a comissão científica internacional que coordenou a elaboração do Dizionario Storico dell´Inquisizione (Pisa, 2010) e é o coordenador científico dos Portugaliae Monumenta Misericordiarum (8 vols. editados).
É autor de Práticas e crenças mágicas. O medo e a necessidade dos mágicos na diocese de Coimbra (1650-1740), (Coimbra, 1992), Bruxaria e superstição num país sem caça às bruxas: 1600-1774, (Lisboa, 1997 e 2002), Religious ceremonials and images: power and social meaning (1400-1750), (Coimbra, 2002) e de vários capítulos da História Religiosa de Portugal (Lisboa, 2000). Na Imprensa da Universidade de Coimbra publicou o seu último livro Os bispos de Portugal e do Império (1495-1777) (Coimbra, 2006). Obras editadas na IUC: Baluartes da Fé e da Disciplina; Os Bispos de Portugal e do Império (1495-1777).

A Diocese do Funchal nasceu a 12 Junho de 1514, Leão X, Pro Excelência Proeminência, a pedido de D. Manuel I. Acto de natureza política e não de natureza religiosa.
- A Diocese do Funchal era gigantesca, não sei se lhe chamaria global, é um assunto a discutir..., Mas, era sem dúvida uma Diocese gigantesca, incluía o Arquipélago da Madeira, as Ilhas Atlânticas dos Açores, Cabo Verde, São Tomé, alguns territórios na Costa Ocidental Africana, aquilo que ao tempo se designavam as terras de Vera Cruz, isto é, o Brasil da actualidade, alguns locais que os portugueses já frequentavam na Costa Oriental Africana, muitos territórios no Oriente na Ásia, naquilo que se chamará a Índia Portuguesa um pouco mais tarde. Era, portanto uma Diocese gigantesca, governada por um bispo nomeado mesmo na data em que é criada a Diocese, D. Diogo Pinheiro. Um bispo que nunca veio cá".

Como é que se concebe uma história de uma Diocese?
As histórias de algumas Dioceses, normalmente são feitas por eclesiásticos, são muito institucionais e quase todas elas tenderam a ser muito apologéticas. Eu creio que a historiografia do tempo presente não pode proceder assim. Pergunte-se, quais são então as perspectivas que devemos adoptar ou que gramática analítica, nós devemos ter no nosso espírito quando pretendemos fazer a história de uma Diocese?

-  Seis aspectos que parecem ser decisivos, para podermos compor uma boa história de uma Diocese:
1. Não pode ser uma história apologética, tem que se uma história neutra do ponto de vista do objecto que está analisar. Por exemplo os títulos de algumas histórias de Dioceses que já existem dizem tudo. Por exemplo, só pelo título já chegamos a muitas conclusões, "Faustos Episcopais na Sé de Braga", de Monsenhor José Augusto Ferreira.
2. Não pode ser apenas uma história das Instituições da Igreja. A maior parte das histórias que já existem são a história das instituições eclesiásticas diocesanas. A Diocese é mais do que isso, são apenas as instituições, são os homens que formam as instituições, que governam as instituições, que têm uma fé que deve ser percepcionada, são os leigos que são crentes que têm também uma participação na construção daquilo que é a identidade de uma Diocese.
3. Esta história não pode ser exclusivamente clerical. Uma Diocese, a Igreja não é formada apenas pelos eclesiásticos, ela também contempla os leigos e isso não pode ser esquecido. Exemplo, título da história da Diocese do Algarve do padre João Baptista da Silva, logo no título, nós vemos esta dimensão eclesiástica, "História eclesiástica do Bispado do Algarve" (meados do séc. XIX). É uma história onde não há uma referência a um único leigo, aos fiéis. Isso não existe, como se eles não fizessem parte da história da Diocese.
4. Uma história de uma Diocese não pode ser nem tem que ser uma história confessional. Tem que ser uma história de uma religião, de uma confissão evidentemente.
5. Uma história de uma Diocese não pode ser centrada sobre si própria. Uma Diocese, apesar de ter uma fronteira, não é um espaço fechado sobre si, é um espaço poroso, que recebe coisas de fora, comunica também com o exterior. Fazer uma história de uma Diocese não é um olhar exclusivamente centrado nesse território, é um olhar que tem que estar atento ao território e às trocas no plano religioso e tudo aquilo que tem a ver com a vida da Diocese que aí se passa. Deve procurar essa abertura tendo sempre em consideração também perspectivas comparativas.
A história da Diocese não deve ser fechada sobre si, significa também que o olhar do historiador deve ser um olhar comparativo, se quiser perceber a identidade de uma Diocese e só faz sentido tentar conceber uma história de uma Diocese se partirmos do princípio que a Diocese tem uma identidade. Se ela for igual a qualquer outra coisa não há nada que justifique fazer uma história de uma Diocese. E essa percepção de uma identidade, ganha muito se formos capazes de comparar com outros territórios, com outras Dioceses. Procurar as similitudes, procurar as diferenças, procurar rupturas...
Este é um trabalho muito importante de quem queira fazer uma história de uma Diocese. Quando se fala da identidade de um território e de uma Diocese estamos a considerar uma enorme multiplicidade de factores. Isso implica que se queremos estudar um Diocese na sua plenitude não podemos olhar apenas para alguns desses factores, temos que ter e, sobretudo, se queremos encontrar uma identidade numa Diocese, nós temos que ter uma perspectiva holística do que era ou do que foi a vida religiosa nesse território. Este é outro olhar fundamental do historiador que queira fazer uma história diocesana profunda e ampla. Deve procurar um olhar holístico  sobre toda a dimensão religiosa que se passa  num determinado território.
6. Este ponto é transversal a praticamente todo o olhar do historiador. Uma história de uma Diocese não deve ser feita por temas, mas sim por problemas. O historiador tem que colocar problemas para perceber  a identidade dos territórios, o modo como as suas instituições vão evoluindo,  o modo como os indivíduos interagem com as instituições eclesiásticas, enfim, tem que colocar problemas e não tratar temas.

Qual é a estrutura que deve ter uma história de uma Diocese?
Dimensões estruturantes que devem ser obrigatoriamente analisadas para podermos ter uma visão não eclesiástica, não estritamente institucional, não confessional, etc. Podemos ainda perguntar de outra forma, quais são os territórios que o historiador tem que cartografar para ter uma imagem do que é a configuração da vida de uma Diocese?

Seis planos que são inultrapassáveis
1. Marca toda a vida diocesana. Génese ontológica da identidade da Diocese, do seu território. O conhecimento do seu território, os limites do se território, a sua rede administrativa, a sua rede paroquial, a sua rede de lugares de culto, a sua rede de locais de peregrinação, a rede de casas religiosas... Enfim, em primeiro lugar o território. Porque é nesse território que está mais vivo, mais presente aquilo que identifica um espaço religioso que chamamos Diocese e que a distingue de outra Diocese qualquer.
 2. Normas e regulamentos de enquadramento de vida religiosa, que têm uma dimensão externa, isto é, que transcendem aquilo que é o espaço diocesano. São as normas que são oriundas de Roma, são as normas que vêm da Diocese metropolitana, no caso de Dioceses que não são metrópoles, são as normas internas que fazem parte da vida religiosa daquelas autoridades que governam a Diocese.
3. Os agentes e as instituições eclesiásticas. Em são os agentes eclesiásticos do ponto de vista sociológico, do ponto de vista da sua formação, das suas carreiras, o que é que eles aprendem, o que é que eles estudam... Enfim, aquilo que podíamos designar como a cartografia do clero secular e o regular. As instituições no seu todo. A chancelaria eclesiástica, o funcionamento da mitra, o tribunal eclesiástico e todas as variações que todas as múltiplas instâncias implicam para o devido funcionamento de uma Diocese.
- Estes três aspectos têm uma função estrutural de uma Diocese.
Mas há mais três dinâmicas que são fundamentais.
4. O governo da Diocese. A dimensão conjuntural daqueles que têm a missão de comando da vida da Diocese. O bispo, a cabeça. O seu cabido e outras instituições religiosas existentes no território de uma Diocese, por ex., algumas confrarias importantes, as misericórdias que ao contrario do que se pensa tinham uma componente eclesiástica muito forte...
5. As relações entre os poderes existentes numa Diocese. As lutas, as proximidades, as cooperações, as colaborações... Que não apenas os poderes eclesiásticos, mas também os outros poderes que existiam e existem  no território da Diocese.
6. Os leigos. A experiência do sagrado cristão por parte dos leigos. O modo como conhecem a mensagem cristã, onde chega, como a interpretam, onde moram, as peregrinações que faz, a forma como recebe os sacramentos... Uma série de vivências por parte dos leigos que obviamente não pode ser descuradas, não podem escapar ao olhar do historiador.
É com esta gramática analítica, é cartografando este conjunto de território seguindo estes elementos, que é possível no séc. XXI conceber uma história de uma qualquer Diocese. Eu creio que a Diocese do Funchal que cumpre este ano meio milénio merecia ter também uma história da Diocese.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O cego de nascença

Comentário à Missa deste domingo IV da Quaresma
30 de março de 2014
Santo Agostinho diz o seguinte: «As obras do Senhor não são apenas factos: são também sinais. E, se são sinais, para além do facto de serem admiráveis, devem certamente significar algo. E encontrar o significado destes factos é por vezes bem mais trabalhoso do que lê-los ou escutá-los».
A cura do cego de nascença é um desses sinais. Este milagre revela que Jesus é a luz do mundo e vem libertar a humanidade de todo o género de cegueira. É óbvio que esta cura resulta da fé daquele homem. Só a fé conduz ao milagre do sentido da vida, à esperança na plenitude da luz.
Hoje precisamos deste horizonte no coração da humanidade como o pão para a boca. A crise de fé na dimensão da transcendência humana é muito grande e conduz à cegueira do desespero. Quanta infelicidade há por aí, que podia ser simplesmente convertida em felicidade se a justiça, a solidariedade e a amizade fossem os ingredientes da vida quotidiana de muita gente. Ainda não é, porque as escamas da cegueira estão bem impregnadas e não permitem a visão clara.
O simbolismo do gesto de Jesus radica no desejo que devemos sentir quando a cegueira interior nos persegue e nos faz mergulhar na escuridão do sem sentido da vida. O mundo que nos rodeia não enxerga o bem que Deus quer edificar a favor de todos. A humanidade cega-se com a ganância e o egoísmo que levam à injustiça, à falta de respeito pelos outros, em especial, os mais fracos. Daí que os espírito da vingança seja tão grande e vá ditando as regras da conduta humana.
Todo este ambiente traduz a ausência do respeito que é o abandono dos idosos, a violência doméstica, a exploração das crianças, o desemprego, a mentira, a calúnia, a vingança, o desgoverno das autoridades públicas e, numa frase, estamos com uma ausência de valores em todos os domínios da sociedade. Assim, falta-nos a todos olharmos Jesus de Nazaré, o verdadeiro libertador e dizermos: «Eu creio, Senhor» para que a libertação das nossas cegueiras seja uma realidade e todos possam convergir para um mundo mais fraterno e justo.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Três Coisas não se Sofrem sem Discórdia

Bem pensado... Vindo de quem vem só podia ser bom.
Príncipes de condição, ainda que o sejam de sangue, são mais enfadonhos que a pobreza; fazem, com sua fidalguia, com que lhe cavemos fidalguias de seus avós, onde não há trigo tão joeirado que não tenha alguma ervilhaca. Já sabeis que «basta um frade ruim para dar que falar a um convento». Três cousas não se sofrem sem discórdia: companhia, namorar, mandar vilão ruim sobre cousa de seu interesse. Não se pode ter paciência com quem quer que lhe façam o que não faz. Desagradecimentos de boas obras, destroem a vontade para não fazê-las a amigo, que tem mais conta com o interesse que com a amizade; rezai dele, que é dos cá nomeados.                                        Luís Vaz de Camões, in "Cartas" 

Papa Francisco «promove» um crítico do celibato obrigatório

E agora? O que dirão em relação a esta decisão do Papa Francisco aqueles que têm todas as certezas quanto ao celibato obrigatório e que tanto perseguem aqueles que defendem para o bem da Igreja o celibato opcional? É um sinal ou não? - Pode ser lido AQUI
Há sinais interessantes que não podem ser descurados e que conduzem a Igreja para o caminho sempre novo do Evangelho de Jesus de Nazaré. A promoção deste bispo, crítico do celibato obrigatório, diz muito e desconcerta sobremaneira quem pretende manter este assunto encerrado nas catacumbas do pensamento. O «simples» bispo de Nottingham, na Inglaterra, Malcolm McMahon, de 64 anos, foi nomeado novo arcebispo de Liverpool. 

terça-feira, 25 de março de 2014

Uma palavra de solidariedade

Hoje, finalmente, aparece um tempinho para escrevinhar qualquer coisinha sobre este imbróglio Jornal da Madeira (JM) e Dr. Miguel de Sousa, candidato a líder do hegemónico partido que governou e agora desgoverna a Madeira.
Obviamente, que me dá um certo gozo ver esta guerra, não fora eu também vítima das mesmas armas, com as bocas dos patéticos bonecos na segunda página e dos artigalhos de pretensa opinião levados a cabo pelos escribas de serviço daquele ensaio jornaleiro chamado JM pago pelos nossos impostos a preço altíssimo dos nossos impostos e «abençoado» por alguma Igreja Católica da Madeira, que se permite justificar «aquilo» com intermináveis álbuns fotográficos e alguns textos (poucos) de cariz religioso.
Não terá visto o Dr. Miguel de Sousa, quando era delfim e quando foi acumulando cargos nos vários governos regionais e no partido, que o JM já conta 30 anos ou mais a enxovalhar cidadãos conterrâneos seus? O Dr. Miguel de Sousa não andava por cá quando os bonecos da «boca pequena» e os artigalhos pretensamente opinativos iam desrespeitando pessoas com base na bilhardice e na mentira descarada, só porque não alinhavam pelo diapasão do por poder que os «donos» da Madeira detinham? – Há aqui uma distração impressionante... Ou antes um descaramento sem medida que até me faltam as palavras para qualificar.
Face a este teatro que se chama «guerra da sucessão» vou encontrado aqui e ali elementos muito curiosos que nos animam no divertimento, até porque nada disto nos surpreende, lembro-me de se falar à boca cheia que a sucessão quando acontecesse seria uma guerra tremenda e que se comeriam às dentadas. Demorou algum tempo, mas chegou como sinal da tragédia da Madeira, mas como gozo pessoal de quem foi várias vezes enxovalhado e objecto de campanhas de mentiras venenosas.
Por isso, Dr. Miguel de Sousa, mesmo que nunca tenha visto em público a sua palavra de solidariedade ou qualquer sinal de que não estava de acordo com o saneamento dos seus concidadãos humilhados pelo «seu» antigo JM, aqui fica a minha palavra solidária e que vá adiante firme como um ferro, até porque as circunstâncias vão ditando que isto não vai senão assim mesmo, rebentando por dentro. O seu contributo é imprescindível. Está a fazer história. Assim quem sempre prezou a liberdade e sonha com uma Madeira livre dos poderes cerceadores está-lhe grato. Força. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Não desistir mas insistir sempre

"A Criança Doente"-Edvard Munch (1863-1944)
O grande ficcionista católico de meados do século XX, Flanerry O’Connor, disse-o bem, e melhor do que muitos. Numa carta de 1959, dizia o autor: «O que as pessoas não percebem é quanto a religião custa. Elas pensam que a fé é um grande cobertor eléctrico, quando, claro, ela é cruz. É muito mais difícil acreditar do que não acreditar». A fé sendo essa opção interior que se abre ao mistério, desafia para a coragem e para a força com que enfrentamos os males desta vida, sem alienação, mas com esperança.   
A fé não é uma «novocaína espiritual», mas um caminho, uma opção de vida que faz entrar na profundidade de um mistério que enforma a vida toda. Obviamente, que a fé não nos dá garantias. Pode até dar-nos mais dificuldades e mais embaraços para a vida. Mas a mulher que concebe uma criança e a dá à luz também não tem garantias nenhumas do que pode vir a ser daquela criança, no entanto, avança, mergulhada no sofrimento e em toda a trabalheira que dá criar uma pessoa. Sem qualquer garantia aposta no futuro que a vida lhe oferece. Neste contexto percebemos que sem cruz não há ressurreição. O crente, nunca desiste resiste. Acreditar é isso…

sábado, 22 de março de 2014

Ofertório

Para o fim de semana. Sejam felizes.
Sobe o altar do sacrifício de Deus
O pão e as uvas do suor da vida.
São os homens e as mulheres em dádiva
No ofertório dos campos do trigo e das vinhas
Que se fazem nas encostas da sabedoria antiga
Emparedados em sobrevivência de amor.

Mãos gratas que se estendem ao alto
Numa oferta para Deus em pão
A seguir o néctar que dizem dos deuses
Que em simbiose sublime fazem a festa maior
Na nobre imanência humana e divina.

Neste altar de um sol que brilha em vida
Descansa a fé e a esperança do novo mundo
Que todos os corações desta missa vibram
Na busca de um sentido feito alimento.

Vamos todos ao altar desta pedra
Que foi e é a nossa oferta do desejo antigo
Mas memória presente aqui e agora
Como o fez e dizia Melquisadec.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Quando se perde o bom senso

Quando se perde a vergonha e o bom senso vale tudo. É pouco dizer que às vezes sinto pena de ser madeirense, condição, aliás, que me faz bem e que se me dessem a escolher escolheria sempre e acima de tudo a Madeira. Porém, revolta sabermos que há madeirenses que se servem daquilo que são para se privilegiarem e beneficiarem os seus desta forma descarada. Não sei onde isto vai parar, mas não creio que ao perdermos tanto cheguemos a bom  porto. Deus nos livre se não almejamos tempos novos, onde a ética e a moral ditem as regras acima de qualquer lei cozinhada a belo prazer de quem governa. O povo madeirense preza o respeito e gosta desse valor. Sejamos então merecedores de pertencermos a tão distinto povo. Ainda espero um desmentido desta descarada e vergonhosa perversão.
Essencial da notícia: «Numa altura em que se adivinham mudanças no Governo Regional, os secretários do Plano e Finanças e do Ambiente e Recursos Humanos, respectivamente Ventura Garcês e Manuel António Correia, acabam de ingressar em lugares de topo da carreira dos trabalhadores dos impostos, uma das mais atractivas e protegidas carreiras da Função Pública. Isto sem nunca terem trabalhado numa repartição de finanças».  E aludindo à famosa expressão de Fernando Pessa, aqui fica: «E esta, hein!»

A água viva para a vida e para o mundo

Comentário à Missa deste domingo III Quaresma, 23 março de 2014  
Neste domingo, somos confrontados com um encontro, entre uma mulher e um homem. Jesus e a Samaritana. É o resultado de duas pessoas que procuram o mais delicado e profundo da existência. Jesus encontra fé onde ninguém espera que tal aconteça, no coração de uma Samaritana (uma estrangeira repudiada pela religião e cultura judaica). Lembro que os samaritanos eram considerados de «cachorros» pelos judeus ao tempo de Jesus.
A mulher, que no desenrolar do diálogo, descobre-se a si mesma, se sente livre, restaurada e encontra o Messias esperado há tantos séculos. Este encontro fura todas as regras. Jesus nunca poderia fazer diálogo fora de casa com uma mulher. Uma ousadia. Os samaritanos eram considerados impuros. Qualquer aproximação entre os povos desavindos seria considerada uma ousadia criminosa. Porém, o mais importante é que Jesus entra em diálogo com uma pessoa de quem não se espera nada de relevante e pede ajuda material, para logo depois conceder o mais importante na para vida, alimento espiritual. Jesus argumenta que todo aquele que beber da água do poço de Jacob, voltará a ter sede, mas qualquer um que beber da água que Ele lhe der, nunca mais terá sede.
O caminho que a mulher Samaritana percorre é o nosso caminho de cristãos em busca de Deus. Face à tentativa constante da Samaritana que regressa ao passado, Jesus faz olhar para o futuro e tomar consciência de que ao mundo chegou uma novidade e que esta renova toda a nossa vida. A experiência desta mulher revela que cada um pode ter a sua experiência pessoal com Jesus, basta acolher a água viva do amor que Jesus nos oferece.
Para que a nossa vida não se consuma na depressão dos dias e para que tenhamos horizontes largos que nos façam ir mais longe daquilo que nos rodeiam apresento-vos a seguinte parábola: um homem sentia-se continuamente oprimido pelas dificuldades da vida. Foi lamentar-se com um mestre espiritual e disse-lhe: — Não posso mais! Esta vida é-me insuportável! O mestre pegou então numa mão-cheia de cinzas e deixou-as cair num copo de água límpida que tinha sobre a mesa, dizendo: — Estes são os teus sofrimentos. Toda a água ficou turva e suja. O mestre entornou-a. Em seguida, pegou numa outra mão-cheia de cinza, e mostrou-a ao homem. Depois, aproximou-se da janela e atirou-as ao mar. As cinzas dispersaram-se imediatamente e o mar continuou exactamente como era antes. O mestre perguntou-lhe: — Entendeste o significado do que eu fiz? Ele respondeu: — Não. O mestre explicou: — Todos os dias deves decidir ser um copo de água no mar.
Os nossos dias reservam-nos alegrias, tristezas, desafios e dificuldades de toda a ordem. A questão está em saber gerir as dificuldades, de modo a não nos deixarmos perturbar por elas. Deixemos que o tempo seja como o mar onde elas se vão diluindo.
A mensagem que Jesus dirige à samaritana tem muito que ver com isto, a água da mulher, é água deste mundo, que mata a sede humana e física - importante também - mas a água viva que Jesus oferece preenche o sentido da vida e faz-nos voar até ao alto da plenitude da existência, a eternidade que Jesus nos oferece. Sejamos lúcidos, acolhendo esta realidade como sentido para a nossa vida enquanto estamos neste mundo para que sejamos sempre muito felizes e com isso ajudemos os outros a serem também felizes como nós.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Pode a acontecer a qualquer um de nós

Preparem-se, pode acontecer a qualquer um de nós pobres contribuintes e submissos pagadores de impostos... Valha-no o carro de luxo.

Contra a redução no apoio às viagens entre a Madeira e o Continente

Para: Exma. Sr.ª. Presidente da Assembleia da República Portuguesa: 

Petição à Assembleia da República contra a redução no apoio às viagens entre a Madeira e o Continente. 
A Inspecção-Geral de Finanças (IGF) sugeriu recentemente ao Ministério das Finanças cortes de cerca de 30% no apoio às viagens entre a Madeira e o território continental português, o que significaria passar do atual reembolso de 30 euros por viagem para apenas 21 euros. Tendo em conta que as famílias residentes na Madeira e Porto Santo estão neste momento sujeitas à carga fiscal mais alta do país, que esta região insular ultraperiférica possui os mais elevados níveis de desemprego de todo o território nacional e que têm sido sujeitas a quebras acentuadas no seu rendimento, é INADMISSÍVEL a redução do subsídio de mobilidade acima referido. Pelo contrário, é fundamental reforçar este apoio para garantir a continuidade com o restante território do país e, em particular, resolver o problema dos preços exorbitantes que atingem as viagens de última hora, situação que afeta principalmente os estudantes madeirenses que frequentam o ensino superior no território continental e os residentes que carecem de tratamentos de saúde fora da Região. 
Assinar petição AQUI

Apelo comovente que redobra a tristeza

É com profunda tristeza que me deparo a escrever isto. A Raquel Pereira faz um apelo comovente à solidariedade dos madeirenses para fazer tratamentos em Lisboa na Fundação Champallimaud. Todos nós sentimos estes casos com redobrado respeito, porque com a doença não se brinca. Nada é mais radical na vida de uma pessoa do que saber que no seu corpo se instalou uma doença que pode ser fatal e conduzir à finitude, ainda mais tratando-se de um cancro, como é o caso da Raquel.
Este caso será mais um entre tantos casos e lá vamos nós ter que passar por este massacre de ver alguém em sofrimento a ter que fazer duas lutas, a luta contra a doença e a luta pela angariação de fundos solidários, porque temos um estados que sabe muito bem como cobrar impostos, mas quando se trata de os aplicar em favor dos cidadãos perde a vontade e não sabe como se faz.  
Agora, pergunto, é mesmo necessário mendigar ajudas dos cidadãos para que alguém tenha direito a ser tratado? – Parece que sim. Porque quem devia cumprir o seu dever não o faz, porque perdeu a vergonha e o sentido da responsabilidade. Triste e revoltante.
Além de termos um serviço de saúde em pantanas que não se importa nada que as pessoas agonizem e morram por falta de tratamento, outro elemento salta à vista, por onde andam as Cáritas, as Ligas Portuguesas contra o Cancro, as Cruzes Vermelhas Portuguesas… Entre outras fundações, associações e grupos que se propõem ajudar os cidadãos quando andam a angariar fundos para as suas causas? - Não percebo que todos estes movimentos anualmente se movimentem muito bem para angariar fundos dos cidadãos com peditórios por todo o lado e na ocasião de se colocarem à frente para ajudarem, ninguém ouve falar neles. Mais ainda se tivermos em conta que estes grupos recebem donativos de tantas entidades inclusive subsídios do Governo Regional. Até quando vamos suportar isto?

quarta-feira, 19 de março de 2014

São José - pai terreno de Jesus

Hoje, comemoramos o grande patrono da Igreja Universal, São José. Ninguém ignora que São José é o esposo de Nossa Senhora e pai adoptivo de Jesus. A Bíblia não fala muito dele. No entanto, o amor cristão faz de cada palavra do Evangelho de São Mateus um ensinamento novo para a vida. Eis alguns factos que sempre recordamos: A ordem dada a São José, de receber Maria como esposa. É o fim do Antigo Testamento e o começo do Novo. Ele é o patriarca, o grande pai. A fuga para o Egipto e a volta lembram a história de todo o povo de Israel - o Êxodo. Portanto, São José é o amigo do povo, dos pobres, dos pequeninos, dos perseguidos e dos sofredores. Da Bíblia, recebeu ele o título maior que ela costuma dar a alguém: Justo. São José era um homem "justo". Tanto a Idade Média quanto os tempos modernos lembraram muito São José como modelo para o lar e, também, para o operário. A simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protector escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para todos nós. (In Evangelho Quotidiano)

terça-feira, 18 de março de 2014

A pobreza na Madeira Nova

Um retrato sobre a invenção da Madeira Nova... Um trabalho muito bom da Rádio Renascença. Aliás, uma reportagem difícil de ser feita, porque ainda é estranho o madeirense dar a cara para falar e dizer o que pensa sobre as coisas da sua vida e da sua terra. Para quando o fim desta pobreza horrível que é não ser cidadão livre nesta terra para pensar e expressar o seu pensamento... Deus me livre de não ver o fim desta sociedade manietada e amarrada à submissão do tonto vilão da Madeira.

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O retrato da pobreza na Madeira
Rádio RenasceçaMais informação sobre este video

«Quem se humilhar será exaltado»

Reflexão quaresmal...
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, No Greater Love

Não creio que haja alguém que precise tanto do socorro e da graça de Deus como eu. Por vezes sinto-me muito desarmada e fraca. E acredito que é por isso que Deus Se serve de mim. Uma vez que não posso contar com as minhas próprias forças, volto-me para Ele vinte e quatro horas por dia. E se o dia tivesse mais horas precisaria também da sua graça durante essas horas. Todos devemos agarrar-nos a Deus pela oração. O meu segredo é muito simples: rezo. Pela oração, uno-me a Cristo pelo amor. Compreendi que rezar-Lhe é amá-Lo. […]
As pessoas têm fome da Palavra de Deus que traz a paz, traz a união, traz a alegria. Mas não podemos dar o que não temos. É por isso que devemos aprofundar a nossa vida de oração. Sê sincero nas tuas orações. A sinceridade é a humildade e a humildade só se adquire aceitando as humilhações. Tudo o que foi dito sobre a humildade não chega para ta ensinar. Tudo o que leste sobre a humildade não chega para ta ensinar. Só se aprende a humildade aceitando as humilhações, e encontrarás humilhações ao longo de toda a tua vida. A maior das humilhações é saber que não somos nada; eis o que aprendemos quando nos encontramos frente a Deus na oração.
Por vezes, um olhar profundo e fervoroso para Cristo constitui a melhor das orações: olho-O e Ele olha-me. Neste face a face com Deus, só sabemos que não somos nada e que não temos nada. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

domingo, 16 de março de 2014

A vida sem a perseguição do pecado

A minha crónica de hoje (16-03-2014) no Diário de Notícas do Funchal. Podem ler ou reler 
AQUI...
Boa leitura... Que ajude muito a nossa reflexão.

sábado, 15 de março de 2014

Um sopro

Com votos de um fim de semana muito feliz para todos...
Os montes e os vales da suavidade do horizonte
Fizeram o dia em brisa que passa na minha mão
Que se entrelaça nos caminhos do sonho
E o sopro bate em glória uma sensação de alegria.

Nestes dias caminham todos os abraços em sinal
De uma aragem em espírito solene de afectos
Que se desprendem da escarpa do vazio
Daquela paisagem árida na hora de um adeus.

Mais adiante fizeram sentir o toque do silêncio
Que disse do cosmos antigo a voz maior do amor
Que Deus sopra em vento na passagem de todos
Quando a vida se mistura no sublime gosto do pão.

Cada gesto nesse ar do tempo que se desvela
No rosto da glória veio dar luz na escuridão
Pois disserem os mestres que o sopro diz
O calor do sangue faz fértil a terra da paz.

No segredo desta visão vimos a palavra feita
Alimento no sentido que os outros procuram
No olhar inteiro das vertigens das colinas
Que a sabedoria disse no reflexo da ressurreição.

Mais e mais fico-me neste momento infinito
De uma certeza gloriosa em felicidade andante
Que vejo nestas palavras sentidas na entrega
De uma luz incandescente da serenidade.
José Luís Rodrigues 

A co-adopção por casais do mesmo sexo

O diploma da co-adopção de crianças por casais homossexuais nem sequer subiu a plenário para votação final global, tendo o projecto de lei do PS sido chumbado em sede de especialidade com 112 votos contra, 4 abstenções e 107 votos a favor. Foi com tristeza que vi ontem a Assembleia da República chumbar por poucos votos (5 votos) a co-adopção. Sobre toda esta hipocrisia e quiçá violência contra centenas de crianças, em qualquer forma de adopção o único e absoluto critério deve ser o amor. Tudo o resto é conversa e neste caso carnaval inqualificável. Ponto final. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

A perda da transcendência humana

«Se Deus não existisse, tudo seria permitido», disse Fiódor Dostoiévski, mas logo depois o mesmo autor ensinou que «Se Deus não existisse, a gente precisaria de inventá-Lo». A visão do transcendente se equilibrada, sem fundamentalismos, humaniza e permite não considerar-se o «único», mas gente com toda a gente. Por isso, reparemos o quanto isso implica pensar nos outros, o quanto implica abdicar do egoísmo e da ganância. Daí que se entenda que uma das principais razões da tragédia da humanidade seja a da perda de referência à sua transcendência e não havendo essa referência, perdeu-se a noção da limitação das coisas. Daí que não nos admiremos o quanto estamos a semear e acolher asneira da grossa.

quinta-feira, 13 de março de 2014

A transfiguração que nos eleva para o sentido da vida

Comentário à Missa deste domingo, II tempo da Quaresma, 16 março de 2014
"Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente...", a brancura significa que o lugar de onde é Jesus, é puro e santo. Tudo o que se refere à transcendência, à divindade de Jesus, apresenta-se com uma brancura refulgente. "Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias...", duas personagens do Antigo Testamento, que nos atestam claramente que tudo o que se está a passar com Jesus enquadra-se com o conjunto de toda a História da Salvação. São eles que falam da morte de Jesus em Jerusalém. Os personagens do Antigo Testamento, mostraram e viveram a expectativa do Messias, está Ele agora presente na humanidade para salvar a todos com a sua acção redentora que passa pela experiência da morte em Jerusalém. "O sono", este aspecto mostra-nos como todos nós facilmente nos deixam levar pela sonolência e nos desligamos daquilo que Deus tem para nos mostrar. Repare-se que, quando os discípulos despertaram, maravilharam-se com o poder e a glória manifestada em Jesus, que levou Pedro a pronunciar o seguinte: "Mestre, como é bom estarmos aqui!...", estar na presença de Deus é bom. Pedro revela-nos que esse calor de amor que emana da presença amorosa do lugar de Deus é sempre uma experiência que dá prazer e realiza plenamente as pessoas na felicidade.
"veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra...", a nuvem simboliza a presença divina, que abraça todo o mistério da transfiguração que acaba de se dar neste lugar. A nuvem na cultura Bíblica tem a força da presença de Deus que envolve com o Seu amor a realidade onde deseja manifestar-se.
"Eles (os Apóstolos) ficaram cheios de medo...", a presença de Deus, por vezes, provoca medo, porque o nosso coração se ocupa de coisas desnecessárias em relação à fé, isto é, em vez de acreditarmos de verdade no Seu amor e na Sua misericórdia, concebemos no nosso coração um Deus todo-poderoso que castiga e se vinga contra nós. Esta visão de Deus é totalmente destorcida e não tem sentido diante das palavras e gestos amorosos de Jesus. Repare-se na expressão que pronuncia a voz de Deus: "Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O". Deus apresenta-nos o seu Filho muito amado e pede a cada um de nós que se deixe envolver pelas suas palavras, isto é, que seja capaz de o escutar porque a Boa Nova que Ele nos trás, é uma notícia que nos salva do sofrimento e da morte.

D. José Policarpo e a sua obra

Quando morre uma figura com alguma proeminência na sociedade, toda a sociedade se junta para enaltecer a pessoa, a sua ação e os seus dotes pessoais. Embora isso não raras vezes não corresponda à verdade e tantas vezes esteja carregado de santa e hipocrisia. O medo da morte é assim. Não vá alguma coisa tecê-las, vamos dizer bem porque ninguém leva a mal e quanto ao mal vamos esquecer porque já não está entre nós para se defender e não vamos ficar bem diante daqueles que o admiravam e seguiam. Não podia ser de outra forma com D. José Policarpo, bispo emérito da Diocese de Lisboa, ponto.
Conheci o D. José Policarpo ainda bispo auxiliar de D. António Ribeiro, ambos fumadores compulsivos, o que me fazia uma certa impressão, não estava habituado a ver nestas lides eclesiásticas pessoas que fumassem tanto como eles.
À parte o incenso mundano do tabaco, admirei-lhe a qualidade da sua cultura e a forma simples e clara como colocava os problemas. Em 1992 fui para Lisboa completar os estudos teológicos, encontrei-o como Reitor do Seminário dos Olivais e professor na Faculdade de Teologia na Universidade Católica Portuguesa. Era um Reitor aparentemente distante e um professor mediano. Fazia-me impressão que ao se cruzar com as pessoas esboçasse nada, nem um sorriso nem um olhar nem uma saudação, um simples «bom dia», «boa tarde» ou «boa noite» recebia pura ignorância. Justificam isto com elevadas explicações teológicas. Obviamente, que me calava, mas ficava-me uma impressão profunda.
Como professor, servia-se da sua tese que já tinha feito há muito tempo sobre os «Sinais dos Tempos», expressão do Vaticano II. Nada de especial. A tese estava parada no tempo. Nem mais uma citação nem mais uma referência bibliográfica nova sobre o pulsar do pensamento que o passar do tempo vai desvelando.
O D. José Policarpo é um homem de qualidades superiores, mas quem sabe se por causa da carreira eclesiástica podíamos ter um melhor professor e um teólogo de calibre universal? – E, por conseguinte, quem sabe se por causa de terem alimentado a ideia de que D. José Policarpo era brilhante em tudo não foi nem pastor nem teólogo nem professor a 100%. O ser brilhante que dá para tudo, pode redundar em nada. Oxalá que esteja equivocado.
Agora que já está no mundo de Deus, podemos salientar que de acordo com o nosso pobre modo de ver, se tivesse feito uma opção por um caminho só, hoje sim podíamos estar a falar de uma obra admirável de um teólogo português ou de um Pastor inesquecível da Igreja Católica. Mas a ânsia de quererem fazer dele tudo e mais alguma coisa, fica-nos a sensação de pouco na lembrança sobre a figura de D. José Policarpo e aprendo que quem aceita tudo só porque os outros dizem pode acabar com pouco. Que descanse em paz na serena luz da eternidade.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Pensar o meu país

Um texto actual que podia, muito bem, ter sido escrito hoje...

«Pensar o meu país. De repente toda a gente se pôs a um canto a meditar o país. Nunca o tínhamos pensado, pensáramos apenas os que o governavam sem pensar.
E de súbito foi isto. Mas para se chegar ao país tem de se atravessar o espesso nevoeiro da mediocralhada que o infestou.
Será que a democracia exige a mediocridade? Mas os povos civilizados dizem que não.
Nós é que temos um estilo de ser medíocres. Não é questão de se ser ignorante, incompetente e tudo o mais que se pode acrescentar ao estado em bruto. Não é questão de se ser estúpido. Temos saber, temos inteligência. A questão é só a do equilíbrio e harmonia, a questão é a do bom senso. Há um modo profundo de se ser que fica vivo por baixo de todas as cataplasmas de verniz que se lhe aplicarem. Há um modo de se ser grosseiro, sem ao menos se ter o rasgo de assumir a grosseria. E o resultado é o ridículo, a fífia, a «fuga do pé para o chinelo». O Espanhol é um «bárbaro», mas assume a barbaridade. Nós somos uns campónios com a obsessão de parecermos civilizados. O Francês é um ser artificioso, mas que vive dentro do artifício. O Alemão é uma broca ou um parafuso, mas que tem o feitio de uma broca ou de um parafuso. O Italiano é um histérico, mas que se investe da sua condição no parlapatar barato, na gritaria. O Inglês é um sujeito grave de coco, mas que assume a gravidade e o ridículo que vier nela.
Nós somos sobretudo ridículos porque o não queremos parecer.
A politiqueirada portuguesa é uma gentalha execranda, parlapatona, intriguista, charlatã, exibicionista, fanfarrona, de um empertigamento patarreco — e tocante de candura. Deus. É pois isto a democracia?»
Vergílio Ferreira, in ‘Conta-Corrente 2′

Anedota para fazer pensar com alguma diversão

Curtinha, boa, incisiva e não ofende… porque é mesmo verdade e faz pensar!
Ao telefone:
-BOM DIA, EU SOU FRANCISCO O PAPA DOS POBRES. 
Do outro lado:
-ENCANTADO, EU SOU PASSOS COELHO, UM DOS SEUS MELHORES FORNECEDORES!
Divirtam-se e continuação de boa Quaresma...

terça-feira, 11 de março de 2014

Eleições europeias: Bispos de Portugal vão publicar o documento «Votar por uma Europa Melhor»

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) aprovou ontem a Nota Pastoral «Votar por uma Europa Melhor», a submeter à votação da próxima Assembleia Plenária do episcopado, disse o padre Manuel Morujão.
De acordo com o porta-voz da CEP, o documento é um apelo à participação de todos os cidadãos nas próximas eleições europeias, que vão decorrer no dia 25 de maio, à adopção de políticas contra o desemprego e pelo diálogo cultural e inter-religioso no continente.
«Votar não é um acto meramente burocrático. É um acto em que assumimos a nossa contribuição no bem comum, neste caso não apenas do nosso país mas da Europa, e é uma afirmação de exigência de responsabilidade àqueles que vão para o Parlamento Europeu», afirmou o secretário da CEP. O Episcopado apela ao voto e defende políticas contra o desemprego no continente europeu. 
Mas, afinal, e Portugal? Não há nada a dizer? No início da Quaresma de 2014, o que se lembraram os bispos de Portugal foi de apelar ao voto em meia dúzia de alguns sortudos que são eleitos para não fazerem nada? Mais ainda se pensarmos naquela expressão que há dias fugiu a boca à verdade pela boca de um destacado deputado da Nação, por sinal representante da Madeira, que o Parlamento Europeu era «uma prateleira dourada»? - Não me passava pela cabeça que nesta altura do campeonato da austeridade que tanta fome e miséria vai semeando no nosso país, os bispos portugueses viessem a público com tão premente apelo... 
Srs. bispos, vou ler com atenção a vossa Nota Pastoral, mas digo já que votarei em branco ou nulo e apelarei a que outros façam o mesmo, porque não quero contribuir para esta hipocrisia e para um engano terrível que está a ser a Europa para o nosso país e para miséria fatal que está destruir o nosso povo. Mais ainda, não serei conivente com o eldorado de meia dúzia de meninos e meninas sortudos/as que se implantaram na babuja dos partidos políticos e que à conta da fome e da miséria da maioria do nosso povo enriquece desmedidamente instalando-se em "prateleiras douradas". Comigo não contem para esta burla chamada Europa.

sábado, 8 de março de 2014

Ser mulher

Para o fim de semana em dia da mulher para sermos melhor humanidade todos os dias do ano...
Se foi luz em cada margem
foi porque nela se fez viagem
no silêncio de hoje e no mais antigo.
enquanto nela Deus abrigou e disse
és vida em astro no centro desta passagem.

No ritmo do vaivém as linhas serenas se afligem
é ternura de um ser que pensa devagar até ao mar.
mas foi transparência no seu espaço
sentido e calma que principia paciente
na espiral incessante do ciclo misterioso da origem.

Mais ainda serena e delicada no choro
quando verte as lágrimas da tristeza e da dor
sem as conter também na branca alegria da emoção.
o seu sorriso é a subtileza do hálito incrível
que suaviza o clamor e dissipa os conflitos
e como nasce na mulher o sopro fecundo do amor.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Quem manda alguns países deste mundo?

Muito bem visto...
"Na Venezuela quem manda é um morto.
Na Coreia do Norte quem manda é o filho do morto.
Em Cuba quem manda é o irmão do " morto "

Na Argentina quem manda é a mulher do morto.
E no Brasil quem manda é um que se finge de " morto."
Em Portugal quem manda é um grupo que deveria estar morto!

Recebido por mail do amigo José Carlos Quintal...

O nosso triunfo dos porcos no seu melhor

O que se passa nos serviços do Estado parece ser mais nojento do que uma miséria qualquer em uma qualquer retrete… Obrigatório ler para compreendermos bem para que serve o empobrecimento do nosso povo. Este «triunfo dos porcos» português tem que acabar senão acaba Portugal e acaba também o seu povo. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

A Quaresma e o esquema de Jesus

Comentário do domingo I Quaresma, 9 março de 2014
A quaresma é o tempo litúrgico da conversão, que a Igreja marca para nos prepararmos para a grande festa da Páscoa. É tempo para o arrependimento, de mudar algo de nós para construirmos um mundo melhor e podermos viver mais próximos de Cristo. A Quaresma dura 40 dias, começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. É um tempo de deserto de reflexão onde se procura fazer uma purificação de todo o mal.  Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esfoço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual, tempo e preparação para o mistério pascal. Na Quaresma, Cristo convida-nos a mudar de vida. Nos, em Igreja, somos convidados a viver a Quaresma como um caminho para Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Como se vê há uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a «parecer» mais com Jesus Cristo, já que por acção das nossas falhas, nos afastamos mais de Deus.
Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar dos nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem ao nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e a apreciar a Cruz de Jesus, como sinal de libertação da nossa própria cruz. Com isto aprendemos também a tomar a nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição e a vida plena de Deus.
Os textos da missa deste primeiro domingo da Quaresma são um convite à «conversão», isto é, deixarmos tantas coisas desta vida e deste mundo que nos desviam de Deus e da nossa dimensão espiritual. Pois, os textos chamam-nos a colocarmos Deus no centro da vida, aceitar que seremos mais humanos e mais felizes se estamos em comunhão com Ele, escutar o quais são as suas propostas de salvação para o mundo e tudo fazermos para levar à prática os Seus planos de uma vida mais justa, mais fraterna, com mais igualdade e oportunidades para todos e a lutarmos com toda a convicção pela amizade e pela fraternidade humana.  
A primeira leitura afirma que Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. Por isso, quando inventamos esquemas de egoísmo, de orgulho e de prepotência e construímos caminhos de sofrimento e de morte, é sinal que não cumprimos a nossa principal vocação, sermos felizes e tudo fazermos para que os outros também sejam felizes connosco.
A segunda leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte, este esquema está ainda profundamente impregnado no mundo e em tantos homens e mulheres que escolhem este caminho para fazerem vingar os seus esquemas pessoais, mesmo que isso conduza ao sofrimento e à morte. O esquema de Jesus gera vida plena e definitiva. O Seu exemplo ajuda-nos a descobrirmos o sentido da vida verdadeira, que nunca se reduz a um pensamento só sobre si próprio a favor do mal contra alguém. Vai ao encontro de todos, mesmo até daqueles que às vezes nos querem mal.
O Evangelho apresenta, de forma mais clara, o exemplo de Jesus. Ele mostra-nos que uma vida que aposta em esquemas de realização pessoal é uma vida perdida e sem sentido, e que toda a tentação de ignorar Deus e as suas propostas é uma tentação diabólica e que o cristão deve, firmemente, rejeitar para que seja exemplo para tantos outros que eventualmente ainda não conhecem estas propostas.