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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Papa Francisco recusa encontro com Dalai Lama

Estão algumas vozes lacrimosas a confessar a sua desilusão em relação ao facto de o Papa Francisco não se ter encontrado com o Dalai Lama no Vaticano, que segundo as informações que estão a circular, este pediu uma audiência ao Papa e não lhe foi concedida. Adiantam as notícias que tal se deveu ao peso do gigante chinês e que por medo ou outra razão de política puramente mundana justifica, a administração do Vaticano, que o encontro não se realize.
Não sou assim tão linear. Compreendo as razões invocadas. Só quem tem acompanhado o sofrimento da Igreja Católica chinesa, que se suspeita reunir cerca de 100 milhões de fiéis ao Papa e que vivem a sua religiosidade na mais profunda clandestinidade. A Igreja controlado pelo Estado Chinês rodará os 12 milhões de fiéis. Face a isto e tendo em conta a imprevisibilidade desmedida das reações das autoridades chineses, mais ainda a perseguição que movem continuamente contra os católicos que obedecem a Roma, compreendo que o Papa Francisco não tenha recebido o Dalai Lama e que consequentemente não receberá nenhum laureado com o Nobel da Paz presente nesta cimeira de Roma.
Sempre que uma autoridade ocidental recebe o Dalai Lama, provoca enorme irritação ao poder chinês, ainda mais seria se o Papa Francisco recebesse o Dalai Lama e o acentuar da perseguição religiosa contra os católicos chineses fiéis a Roma poderia ser ainda mais feroz. É preciso ter em conta toda a humanidade que sofre, mas não esquecer que a cura de uns não poder ser o preço em maior sofrimento para outros.
Obviamente que a atitude de Roma tem uma dimensão política que não se pode descurar, mas tem também uma atenção cautelosa em relação a tantos cristãos católicos chineses que sofrem na clandestinidade há imensos anos a perseguição do Partido Comunista Chinês. Neste sentido, antes de fazermos um julgamento redutor do gesto do Papa Francisco, será importante descobrir quais as verdadeiras razões. Um funcionário do Vaticano disse que a decisão do papa «não foi tomada por medo, mas para evitar mais sofrimento para os que já sofreram». Deve ser elementar ter em conta esta realidade, sem descurar de forma nenhuma a legítima e importante luta dos tibetanos pela sua autonomia e o respeito pela sua peculiar expressão religiosa.
Finalmente, se alguns consideram que o gesto do Papa é assim tão escandaloso e motivo de desilusão tão grande, que dizem ou disseram quanto ao facto desta cimeira estar a se realizar em Roma como segunda escolha, porque estava prevista inicialmente para a África do Sul, mas o governo sul africano recusou o visto ao Dalai Lama... 

3 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís Rodrigues, Amigo e Irmão, há a diplomacia que devemos ter em conta. Naturalmente, que a China é um poderio e isto, vem desde os tempos de Mao Tse Tung. A China tinha uma tradição milenar (filme que eu vi há muitos anos e motivo de discussão, no antigo Cine Forum do Funchal) que sempre morria o "senhorio" o "caseiro" muitos tinham-se que matar. Termos "senhorio" e "caseiro" devem ser outros. Quando o senhor morria os escravos, centenas deles com família eram obrigados a se matarem. Ao nível das religiões a problemática é quase a mesma. Se o Papa recebesse Sua Santidade Dalai Lama, líder Tibetano, logo, a Igreja Católica seria, imediatamente, irradiada. A China só permite o intercãmbio de dinheiros. Um abraço

José Luís Rodrigues disse...

Claro que sim amigo Ângelo. Não quero fazer de advogado do Papa Francisco, não precisa de mim para nada nem muito menos me reservo essa arrogância. Mas, obviamente, sem qualquer sombra de dúvida, que o Papa se compadece, reza pela causa tibetana e tem em conta todo o povo tibetano que sofre por causa do seu desejo de mais autonomia em relação à China. Mas, também não deixa o Papa de ter no seu coração os mais de 100 milhões de católicos que vivem na clandestinidade a sua religião cristã-católica e que obedecem ao Papa. Uma questão difícil e melindrosa, mas que deve ter a nossa compreensão. Só quem sabe um pouco da história da Igreja Católica na China, penso, que compreenderá perfeitamente o gesto do Vaticano.

José Leite disse...

É muito complexa a teia de responsabilidades em causa. Já houve um papa que recusou receber Sá Carneiro por motivos fúteis. Outro recebeu a escritora Carolina Salgado e seu amante de ocasião. O Papa procura preservar os cristãos de males maiores. Enfim, compreendo o Papa: é o mal menor...