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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Libertar-se dos espíritos impuros

Comentário à missa deste domingo IV Tempo Comum, 1 fevereiro de 2015
São Paulo nesta passagem da sua primeira carta aos Coríntios, convida os crentes a repensarem as suas prioridades e a não deixarem que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com o serviço de Deus e dos irmãos. A vida do dia-a-dia vai-nos empurrando em direcção aos nossos problemas, questionando as nossas opções, fazendo-nos avançar ou recuar. E questiona sobretudo a dimensão daquilo a que nós chamamos problemas.
Por isso, reparemos… Novecentos e sessenta e três milhões de pessoas (963 000 000) vivem situações de fome ou forte privação alimentar, em todo o mundo. E, tudo indica, a tendência é que isto se agrave. São números da FAO. Apesar da abundância de víveres no mundo, mais de 800 milhões de pessoas continuam a ir dormir de estômago vazio; milhares de crianças morrem, a cada dia, devido a consequências directas ou indirectas da fome, da subalimentação crónica. Apenas e só porque a injustiça é muito grande. Acusam que apenas 1% da humanidade vai deter ou já detém 99% da riqueza que há no mundo. Um escândalo que brada aos céus. Por isso, enquanto as riquezas acumuladas no mundo permitem todo tipo de esperanças, a pergunta mantém-se: é possível acabar com a fome?
Às vezes, chegamos à conclusão que o nosso foco está descentrado, e verificamos o quanto privilegiados somos.
Continua a ser difícil arrancar de nós mesmos a carapaça dos pequeninos problemas que muitas vezes criamos. Mas estes outros continuam a alastrar, e a aproximar-se, cada vez mais, de nós todos. Face a estes problemas que afectam muitos milhões de seres humanos, devemos deixar de nos consumirmos nos pequenos problemas que levantamos aqui ou ali, como se nisso estivesse o centro do mundo e da vida. É preciso aprendermos a relativizar e a levar a vida com algum sentido de humor. São Paulo procura guiar-nos para o essencial e convoca para «o que é digno» para todos nós e mais ainda apela que o essencial «pode unir ao Senhor sem desvios».
Os grandes problemas do nosso mundo requerem uma união firme de toda a humanidade, para que se acabe com este escândalo da fome e de todo o género de pobreza que ainda consome grande parte da humanidade. E se antes pensávamos que estes problemas, eram só dos outros e distantes, afinal, enganamo-nos, estão aí já nas famílias cada vez mais próximas de nós. Por isso, estejamos atentos para sermos amigos e solidários com quem mais necessita.
Ao menos que se cumpra em nós esta mensagem O cristão não pode fazer a sua viagem existencial de olhos fechados, indiferente aos outros irmãos. Tem de observar o mundo humano por onde passa, onde reside, onde trabalha.
O Cardeal Cardijn, ao receber um jovem operário que queria ingressar na Acção Católica, entre outras coisas perguntou-lhe quantas janelas tinha a maior casa da sua aldeia.
- Não sei! - Respondeu o rapaz.
- Então vai, conta-as e volta.
Queria ensinar o jovem a observar o mundo para poder transformá-lo num mundo melhor.
Para poder dar-se, tem de observar onde falta amor, onde falta justiça, onde falta perdão, onde falta a paz. O cristão é um instrumento de melhoria e salvação do mundo humano pela mensagem salvífica de Cristo. Tem de viver a vida de janelas abertas sem cortinas de cobardia, de medo, de egoísmo, de indiferença.

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