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sexta-feira, 20 de março de 2015

Lenda dos corvos de Lisboa

Cultura geral
A iconografia da cidade está também ligada à lenda segundo a qual, na era do Imperador Diocleciano, o governador romano de Valência, Publius Dacianus, teria martirizado o diácono Vicente, do bispado de Saragoça, em 304 d.C. O corpo do mártir teria sido abandonado ao ar livre, para que fosse devorado pelos animais selvagens. Contudo, narra a lenda, que o corpo foi guardado por um anjo que teria assumido a forma de um corvo, conservando assim intacto o corpo do diácono, batendo-se com os animais que o tentavam devorar. Furioso, o governador teria mandado recolher o corpo para que fosse lançado ao mar. Contudo, o corpo do mártir tornou a dar à costa, sendo recolhido por cristãos que o sepultaram em Valência, tornando-se esse sepulcro lugar de amplas romarias e notáveis milagres.
A conquista muçulmana de 711 provocou uma vaga de destruição nos locais mais sagrados da cristandade na Península. Para protegerem o túmulo de São Vicente, os cristãos locais removeram os despojos do santo do túmulo em Valência e levaram-no de terra em terra, em fuga dos exércitos muçulmanos até que por fim chegaram ao cabo de São Vicente, no Algarve (Sagres), que então era conhecido como o “Promontório dos Corvos”, em virtude do grande número de corvos que então aí vivia. É a partir da transladação dos restos mortais do santo que o Cabo adquire o nome de São Vicente.
Depois da conquista de Lisboa, Afonso Henriques – segundo a lenda, já que historicamente esse local se encontrava ainda sob domínio islâmico – manda em 1176 que as relíquias do santo sejam transferidas para Lisboa, para sacralizar a cidade. As relíquias de São Vicente são depositadas na Igreja de Santa Justa e Rufina e só em 1755, depois do Terramoto é que foram transferidas para a Sé Catedral, tornando-se então São Vicente no Santo Padroeiro da cidade.
Diz a lenda que dois corvos as teriam acompanhado na viagem até Lisboa e que os seus descendentes viveram numa das torres da Sé até meados do século XVIII. Simbolicamente, o Corvo é um signo muito rico: vale pelo guia espiritual, recordando o papel que estas aves tinham nos navios medievais, que por vezes transportavam um corvo, soltando-o quando perdiam a vista de terra, e seguindo-o. O Corvo e a barca (com o santo) que guarda aludem também à arca de Noé, salvaguarda perante as ameaças da natureza. E à “viagem”, ou transformação espiritual induzida pela fé e devoção religiosa.
In Ruralea.com

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