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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A vigilância e a vinda

COMENTÁRIO O A MISSA NO 1º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO - ANO C
É este o Tempo do Advento, aquele tempo que nos prepara para o encontro com o homem, empoeirado, de barbas raladas e grandes, passando ao lado de um rio, que está ali diante de todos nós. E Ele da outra margem faz-nos um aceno afetuoso, certo que em nós existe abertura suficiente para acolher uma graça, um dom ou uma possibilidade de redenção. É isso o Natal.
O Tempo do Advento, são as quatro semanas que antecedem o Natal. Uma das palavras fortes deste tempo, é a palavra vigiar e de preparação para uma vinda, uma chegada de alguém que vem aos nosso encontro, revelar-nos a salvação e o caminho melhor que nos conduz à felicidade.
As palavras «vigiar e vinda» são interessantes, porque nos convidam a olhar a realidade da vida e do mundo com esperança, como algo seguro que nos mostra uma luz verdadeira, nem que seja ao fundo túnel desta existência carregada de tantos pesadelos difíceis de encarar. Eles são a crise, a austeridade, o desemprego, o empobrecimento, a fome, a guerra/terrorismo e tudo o que nos rodeia de menos bom que não abre horizontes razoáveis para o futuro de todos nós, especialmente, as crianças e os jovens. Porém, nada pode ser o fim, está sempre lá no fundo a luz da salvação, basta confiar e acreditar na pessoa que nos aponta nessa direção, Jesus Cristo.
Este é o tempo da expectativa do «ainda não», mas que nos remete para a certeza do «já» presente na história. Neste contrabalançar expectante, descortinamos vias de possibilidades sempre novas que nos conduzem ao nascimento da vida em cada pessoa que não hesita em abrir-se ao sublime da vida transcendente. Essa é a vida revelada pelo nascimento do Filho de Deus.
Neste tempo de preparação vigilante, somos chamados a dizer não a tudo o que ofusca a luz. Não a todo o género de violência, a todo o desrespeito pelos outros, às crises que nos cerceiam a liberdade e nos remetem para o medo do futuro, não aos gastos desnecessários para o Natal, não ao individualismo e ao carreirismo tolo que gera muita injustiça, não à veneração do ego como valor da atividade frenética que caracteriza o nosso tempo, não à espiritualidade privatizada e solitária...
Eis o tempo em que devemos procurar uma luz que nos torne mais solidários, mais amigos uns dos outros, para que o nosso contributo de mundo melhor seja um desafio que tomamos a peito todos os dias. Porque, o Natal, ou faz da humanidade uma família ou nunca passará de uma festa que enche o olhos e nada mais. Que este tempo nos faça tomar a sério a sabedoria africana que diz: «Uma pessoa torna-se pessoa através de outras pessoas». A vigilância e a espera da vinda devem levar-nos sempre à construção do Bem-Comum.

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