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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O encontro que nos livra dos desencontros

Comentário quem dispensa algum tempo para a missa no fim de semana. Este é o domingo IV do tempo do Advento...
Este encontro das duas primas, Maria de Nazaré e Isabel, é dos encontros mais comoventes da Bíblia. Imagino Maria, a jovem de Nazaré, revestida de sol como são os olhos de Deus. Vestida para significar isso mesmo, o amor e a ternura de Deus que veste os lírios do campo mais gloriosos que o rei Salomão (Cf. Mt 6, 29-30), que adorna de vestes finíssimas e ornamentos preciosos a sua esposa Israel (Ez 16, 10-13), que reveste Sião da sua magnificência (Is 52, 1). A esta mulher-sinal, Deus a veste de sol, de toda a luz da sua própria glória e poder.
Por isso, toda a devoção não poderia ser melhor cantada naquela estrofe inesquecível do poema «A Nossa Senhora» de Ruy Cinatti: «Vómitos de cera / honram-na em lágrimas / humedecidas faces / ou repentes de alegria. / Ei-la, portanto, senhora / nos espaços sederais / e na terra mãe / desamparada. / Seu olhar magoado / fere um intranquilo / raio de luz. / E entro no templo / onde milhares de mãos compadecidas / acendem círios. / Digo: Maria! / Ouço: Meu filho!» (in Corpo-Alma, p. 79-80).
Creio que foram estas as palavras, que balbuciou a prima de Maria, Isabel, que recebia de braços estendidos «a Bendita entre todas as mulheres...», porque já sabia de longe do «fruto bendito do teu ventre». Assim, todos nós estamos diante daquela que transporta a salvação.
Perante este encontro de mulheres, somos nós convidados a admirar o Mistério de Deus que cada um transporta. Daí, ser contra o Plano de Deus, todo o desrespeito pela dignidade de cada pessoa, a violência doméstica, o ódio, a ganância, a corrupção, o terrorismo, a insegurança, os palavrões que se aplicam uns contra os outros, os roubos e toda insensibilidade perante a vida e o bem para todos.
Somos desafiados a contemplar o mistério que o «sémen» do Espírito Santo derrama sobre os nossos corações. Se o Natal for exterior ao coração de cada pessoa, é puro folclore como alguns teimam em fazer crer que deva ser assim mesmo. Nós precisamos de verdadeiros encontros, porque estamos cheios dos desencontros que este mundo nos dá. Deixemos que Deus nos toque e que a nossa vida se torne numa dádiva em favor do bem que o presépio manifesta. Que o Menino Deus nos abençoe com a luz da paz e do amor.

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