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sexta-feira, 31 de março de 2017

Ressuscitar é reconhecer todos os dias a beleza da vida

Comentário à missa do domingo V Quaresma...
“A Ressurreição de Lázaro” (1890), Vincent Van Gogh.
A ressurreição. Um mistério. Uma fé. Uma proposta de esperança para a vida. Porque resulta do amor vivido até ao extremo e de uma radical entrega a uma causa de salvação do mundo caído na desgraça do egoísmo e do ódio. Há muitos túmulos nesta vida que precisam que se remova a pedra, para que a palavra de Jesus faça acontecer a vida em abundância.
Um exemplo, Justine era uma prostituta apaixonada por um jovem advogado chamado Marcus. A sua vida foi uma caminhada de miséria e de muito sofrimento. Justine dirige um Cabaré (ou casa de prostituição), frequentemente apelidado de «antro de perdição» e de «postíbulo». Mal sabíamos nós que estava prestes a emergir deste lugar imundo um testemunho extraordinário de esperança. Após diversas peripécias Justine passa de uma vida sem amor, uma vida de trevas, para uma vida cheia de amor e morreu feliz por isso.
Deixemos a vida renascer à luz de Cristo vivo que em cada hora torna novas todas as coisas. A ressurreição é esta luz que ilumina as trevas e que nos orienta para o bem. Estar ressuscitado, é mostrar que se está apaixonado pela vida e que essa beleza se renova em cada dia deste mundo, mesmo que muitas vezes as circunstâncias sejam um duro confronto com a morte, com o sofrimento e com todas as injustiças que esta vida implica. Ser sinal de contradição diante do mundo da miséria mortal que nos rodeia, é um grande desafio do ser cristão.
Ressuscitar, é acreditar na vida sempre, mesmo que o crivo da morte nos guarde dentro do túmulo escuro da miséria. É isso que Jesus nos revela com a ressurreição de Lázaro. A pergunta é bem concreta: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?».
A vida é muito mais que um corpo que se degrada, a existência é um dom misterioso, invisível, mas vida, vida em abundância porque Jesus venceu a Sua morte e a morte de todos nós para nos oferecer a plenitude e a eternidade. Este acreditar na vida sempre e para sempre, ajuda a transformar o mundo, porque isso consiste em viver com o pensamento na salvação (ideia positiva) desprezando toda a carga negativa que a finitude sempre implica como horizonte futuro. Guardo a ideia belíssima de Victor Hugo: «Morrer não é acabar, é a suprema manhã».  

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