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quarta-feira, 26 de abril de 2017

25 de abril: o antes e o depois na Igreja católica


1. A ambiguidade. Os silêncios estudados. O material suprimia constantemente o espiritual. A confusão entre a cidade dos homens e Reino de Deus. As amizades interesseiras entre a autoridade temporal e a autoridade religiosa. Confusão geral entre templo e tempo. São alguns dos aspetos que caracterizaram a Igreja católica no tempo do regime de Salazar.
No entanto, não podemos afirmar que a Igreja toda estava de acordo com o regime de então nem que aprovava em uníssono a atitude e as posições da Igreja oficial face ao Estado Novo.

2. As divisões, a falta de diálogo, a abertura à diferença, a falta de tolerância… Foram também uma constante no interior da Igreja durante este período. (Quero deixar aqui bem assente que faço estas considerações a partir dos testemunhos que tenho escutado e dos textos que vou lendo sobre esses tempos, porque de vida pessoal foram apenas alguns anos inconscientes que me foi dado viver nessa época. Mas, a perceção que tenho hoje do mundo e da vida também me ajudam muito a pensar).

3. Hoje, felizmente, a Igreja aprecia a democracia reclama-a para todos os países, porque, este sistema político é o melhor que se experimentou até agora no que diz respeito à vivência das oportunidades, liberdades e garantias dos cidadãos.

4. A oposição à ditadura de Salazar de alguns sectores da Igreja começou cedo. Mas por causa das circunstâncias sempre se manifestou como casos isolados num universo grande de ambiguidades e silêncios muito pesados. De qualquer forma não se pode negar que foram subsídios válidos para uma posterior oposição consciente de muitos católicos contra um regime injusto e cerceador das liberdades.

5. Não se pode esquecer, neste contexto, o Pe Abel Varzim, o bispo do Porto D. António Ferreira Gomes - justamente homenageado pelo Presidente da Repúblico, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, neste 25 de abril de 2017 - entre tantos outros católicos, por exemplo, o grupo do «Tempo e o Modo», da livraria e editora Moraes, liderada por António Alçada Baptista.

6. A Igreja faz-se de homens e mulheres do tempo concreto. Por isso, está sujeita, como entidade humana que é, às contingências dos altos e dos baixos próprios da vida humana. E continuamos a sonhar que a Igreja um dia se liberte verdadeiramente dos silêncios estudados, da ambiguidade pensada e da exagerada diplomacia. Esperamos que em todos os sistemas políticos, a Igreja seja o arauto fiel das palavras de Jesus, o seu único mestre.

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