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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Deus e Eu

Esta semana, «Deus e eu», falhou um dia. Aqui está um texto exclusivo para os leitores do Banquete da Palavra do Paulo Gilberto Camacho... Dá-nos o seu testemunho do seu percurso quanto à sua relação com Deus, com uma escrita deliciosa, cativante e que nos põe a pensar muito sobre como encaramos Deus e como podemos ter com ele uma «relação» bem concreta e prática, ainda mais se nos deixarmos olhar por cada pessoa que passa. O Paulo não se ficou no Deus do antes, tirano e castigador, mas avançou para o Deus que vem e fica no coração de cada pessoa para o encher de amor e de misericórdia. Obrigado amigo Paulo, por este momento tão importante e delicioso. 
Paulo Gilberto Camacho
Como natural pecador, a minha relação com Deus nem sempre foi a melhor. Desde cedo, quer no ambiente familiar quer no escolar (em colégios religiosos) foi-me sempre apresentado Deus como um ser castigador, justiceiro (não Justo) inacessível porque distante. Vivia-se politicamente uma era de medo e a Igreja de então, aliada ao dito Estado Novo reinava perante uma imensidão de fiéis amedrontados, analfabetos e onde a iliteracia era um pilar para que a Catequese se ficasse pelas orações primárias do Pai Nosso e da Ave Maria.
Felizmente, a primavera do Concílio Vaticano II veio trazer uma nova visão de ser-se Igreja e, apesar de cá, pelo ainda caduco império português o povo sentir na alma e no corpo os horrores da polícia política perante os novos desafios que então se vivia, uma nova era se abriu com o 25 de Abril de 1974. Por esta altura já tinha feito uma Guerra, era casado e já pai de uma criança. Sentimos que o nosso percurso era acompanhado pela presença de Deus que nunca nos tinha abandonado. Os anos foram passando e fomos crescendo em sabedoria e na graça de Deus. Descobrimos o algo de divino que existe em nós, porque somos filhos de Deus. Hoje, o nosso relacionamento com Deus é de uma permanente gratidão, apesar das constantes provas de fidelidade que Ele nos apresenta. Mas gratos pelo dom da vida, pelo Seu amor, pela Sua misericórdia, pelo Seu perdão, pela Sua presença constante na nossa vida.
É também um relacionamento de diálogo. Ele fala-nos todos os dias com os elementos do tempo que nos dá; com as pessoas que nos rodeiam e tornam o dia mais feliz; com o sem-abrigo que nos pede um cigarro ou uma esmola à porta da igreja; com o bom-dia dado a um desconhecido. Em tudo e em todos Ele está presente. Digamos que Deus nos «persegue» constantemente.
É nesta perspectiva de simplicidade que eu entendo Deus, que me relaciono com Ele e Ele comigo. 

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