Ao
sétimo dia
1. É verdade que o
tempo da Igreja Católica não se acertou com o tempo da comunicação social.
Também é verdade que a história da Igreja é milenar. A história da comunicação
social é apenas quase centenária. Porém, nesta guerra do tempo e o modo, sem
equipas de padres e leigos bem preparados para lidarem convenientemente com
estes novos sinais, a Igreja como instituição perderá sempre, mas toda a
sociedade sairá irremediavelmente perdedora. A acção do segredo e a tentação de
esconder o que não dá jeito, o escândalo e as más notícias, hoje não cola e não
serve ninguém. A transparência e a antecipação devem ser as «armas» utilizadas
contra a surpresa e o impato mediático, estes que são o limento da comunicação
social dos tempos de hoje.
2. Noutro âmbito, mesmo
que relacionado com o tempo, podemos constatar. Uma, a Instituição Igreja
Católica, leva muito tempo a ponderar, a responder a perguntas e, nomeadamente,
reage e muito raramente age por antecipação. Isto levanta todos os problemas e
dissabores sobejamente conhecidos… Um verdadeiro drama, difícil de solucionar,
ainda mais quando os principais responsáveis da Igreja Católica, que podiam encetar
alguma alteração deste modus vivendi
não estão para aí virados ou simplesmente não se deixam sensibilizar por este
sinal dos tempos.
3. Outra, a comunicação
social, tem sempre muita pressa, tudo é para ontem, porque é necessário não
permitir que o adversário (outro órgão de comunicação social) se adiante e «roube»
a novidade, o efeito surpresa e o impacto da notícia. Este é um retracto da
realidade. Mais há mais.
4. Por um lado, a
Igreja Católica, concorre com a responsabilidade milenar e centenária entre
nós, o que lhe confere a exigência de ter que ponderar e responder com aturada
consistência para que ao problema não junte mais problemas, mais ruído e mais nuvens
negras. Muito compreensível em tantas situações, especialmente, quando estão em
causa pessoas inocentes, que devem ser preservadas na sua dignidade,
privacidade e tranquilidade. A sofreguidão noticiosa não pensa nisso. A vontade
de «dar primeiro» fala mais alto, mas provoca muitas situações de profunda
injustiça e fere o bom nome das pessoas e das instituições.
5. Por outro, a
comunicação social que vive da «última hora» e do «em primeira mão», não
conjuga os verbos ponderar, esperar e responder na ocasião certa com a devida
consistência das várias pontas do acontecimento. A pressa, mesmo que se saiba
que é inimiga da verdade, faz parte do perfil de qualquer órgão de comunicação
social hoje.
6. Para a comunicação
social excitada a hora certa é sempre agora. No fim, a Igreja Católica não
compreende e custa aceitar a pressa da comunicação social, esta por sua vez,
também muito menos compreende o silêncio e a eterna ponderação…
7. Enfim, andamos nisto!
Uma, que se excita com a pressa, outra que se agita (diz sempre alguém) mergulhada
na morosidade.
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