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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O jovem rico do Evangelho e os nossos jovens

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1. A Jornada Diocesana dos Leigos, que decorreu neste último sábado dia 25 de novembro de 2017, no Colégio de Santa Teresinha, contou com a presença do Padre Nuno Tovar Lemos, sj, que apresentou uma palestra subordinada ao seguinte tema: «o jovem rico do Evangelho e os nossos Jovens».
2. Após a leitura do episódio bíblico do Jovem rico (Mt 19, 16-23), deixou também esta passagem do filósofo Sócrates que nos 470-399 A.C., já se lamentava da seguinte forma:

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates
Os jovens de hoje gostam do luxo.
São mal comportados,
desprezam a autoridade.
Não têm respeito pelos mais velhos
e passam o tempo a falar em vez de trabalhar.
Não se levantam quando um adulto chega.
Contradizem os pais,
apresentam-se em sociedade com enfeitos estranhos.
Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes,
cruzam as pernas
e tiranizam os seus mestres.
SÓCRATES (470-399 A.C.)
3. Para que a pastoral para os jovens não se reduza a uma pastoral de jovens, mas feita com os velhos, começou por fazer uma leitura da realidade dos nos dias. O Jovem de hoje:, tem telemóvel de última geração, iphones, nenhum está fora de uma rede social, especialmente, no facebook.
Diálogo de Jesus um jovem de hoje, com linguagem dos nossos tempos, poderia ser destro deste género:
 - Ó Jesus, ouvi dizer que és bué da fixe, olha, o que devo fazer para andar contigo, meu?- Ah… Também ouvi dizer que falas na «vida eterna», como faço, meu, para ter essa cena!
Jesus retorquiu: - Já conheces os mandamentos?
O jovem, intrigado diz: - manda, quê? Em mim ninguém manda!
4. Mais ou menos assim poderíamos presenciar um diálogo entre Jesus e um jovem de hoje, porque cada época tem as suas características, devemos viver nesta época e não noutra.
É sempre difícil compreender os jovens de cada época, mas sempre foi comprovado que é possível compreender os jovens, porque eles são importantes e interessantes.
5. Hoje o mundo vive numa incerteza... Trabalho incerto... Vida incerta... Experiências multifacetadas... Opções reversíveis contra as definitivas do passado... Nada é seguro… Tudo é volátil… Tudo munda a uma velocidade desenfreada… Mundo plural... Valores diferentes... Homossexualidade... Mundo digital... O fim dos livros... Param no facebook quase todo o tempo... Estes alguns dados entre tantos outros que é preciso considerar quando se fala dos e com os jovens. 
Como desafios à Igreja apresentou as seguintes características dos jovens, que é preciso ter em conta na pastoral juvenil.
1. Os jovens vivem a grande relatividade, não há nada de absoluto. Faz impressão aos menos jovens. Como fica a Igreja? - Obviamente que lhe compete dar conteúdos.  Mas devemos aprender a dialogar com eles... Temos certezas a mais. Não podemos deixar de escutar as perguntas, humildade para escutar as questões... Uma igreja triunfante com todas as respostas não está minimamente preparada para lidar com os jovens.
Os jovens são profundamente pragmáticos. "O que é que eu ganho com isso?" - Pergunta que está na cabeça de qualquer jovem quando se lhe propõe algo. Somos especialistas da autoridade, mas eles não. A autoridade hoje é o seu pensar e o seu querer.
Perguntas a considerar: 
A) O que leva para casa uma pessoa quando vem à igreja? O que encontram na Igreja? - A territorialidade hoje não existe, teima nesta é ideia é tempo perdido e não dará frutos... 
B) O que temos para dar aos jovens, acabou o tempo "não podes é pecado", "se fizeres vais para o inferno".... Não adianta nada. É preciso mostrar o que é que se «ganha com isso». Tudo o que temos é para a salvação. Dar razões da nossa fé e da nossa esperança, dos nossos valores. Com o testemunho concreto mostrar como se vive e como se ganha muito mais com estes valores e muito menos sem eles. 
2. Os jovens hoje não vão falar com Deus ao templo, não recorrem à instituição. Hoje os jovens têm uma grande desconfiança nas instituições (política, igrejas, etc...). Procuram cursos de meditação, livros de auto ajuda, algum líder carismático, buscam a espiritualidade mas fora das instituições. Têm grande alergia à igreja, às instituições... A Igreja precisa de sobre valorizar o seu lado comunitário, ao contrário das regras, dogmas, ritos, postos de poder. Por nada disso diz absolutamente nada aos jovens de hoje. A Igreja precisa de se reinventar. 
3. Para os jovens a verdade está nas emoções. A verdade não está nas palavras. Por exemplo, reparemos nas promessas dos políticos que passam e os jovens não acreditam, porque não basta falar. As palavras não valem nada para aos jovens. Vejamos a insistência, do « tens que ir à missa" , não pega, não lhes diz nada. Então chega o suspiro dramático dos adultos desencantados e vencidos, «”a juventude está perdida”, mas nós é que andamos perdidos a lidar com os jovens» Afirmou o conferencista. Por isso, menos doutrina e mais experiências pessoais, reclamam os jovens. 
4. Os jovens desejam novidade. Em geral estão fartos. Querem novidade. Boa notícia para nós, porque o Evangelho é novidade, não suscita coisas novas. Os jovens vêm na Igreja uma incapacidade para a novidade e para a mudança. O «sempre se fez assim», não funciona mais com os jovens. Hoje precisamos de nos alegrarmos com o que é novo. Fidelidade à tradição, mas com criatividade... Grande sentido do essencial, tudo não é essencial, esta mania não deve existir. É preciso ser fiel, mas com imaginação, criatividade... E com uma abertura ao que é puramente essencial.
5. Para os jovens é muito importante a sinceridade. Significa autenticidade, naturalidade (segundo a linguagem dos jovens). Fazer as coisas como somos, ser autênticos. Sinceridade e autenticidade sincera sempre quando se lida com os jovens.
6. Finalmente, instituição e disciplina. Tudo óptimo, mas a Igreja precisa de três coisas fundamentais para os nossos tempos:
a) Comunidade
b) Mística 
c) Compaixão
7. Caso não se considere com coragem as mudanças que os tempos requerem, nuca passaremos de um pastoral para jovens, feita com velhos. Ora isso é o drama que temos vivido há muito tempo. Esperemos que estas iniciativas sejam um toque de alerta e nos façam despertar para a novidade com toda a alegria e contra todo todas as formas de derrotismo que têm marcado toda a pastoral da Igreja em todas as suas vertentes.

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