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terça-feira, 17 de abril de 2018

Os deputados ilhéus e o dinheiro do Estado

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1. O dinheiro é uma realidade tramada, enfeitiça qualquer ser humano. São raros os que têm com o dinheiro uma atitude totalmente livre. O pior do mundo é termos que lidar com pessoas escravas do dinheiro. A «forretice» é uma doença e o descontrolo no gasto, outra doença fatal para tanta gente. O melhor face ao dinheiro, será considerar que ele só serve para vivermos bem e que deve estar ao nosso serviço. Um exercício por vezes difícil de se fazer, mas é o único que edifica a humanidade.

2. Quando se trata de limpar o que for possível cada pessoa individualmente, pode perder a cabeça e facilmente limpa tudo o que puder, e se lhe custar pouco ou nada ainda mais se aproveitará. Deste pecado também admito que possam ser poucos a estarem livres, somos todos humanos e todos podemos cair face às tentações. A sociedade de hoje está assim, implacável com os prevaricadores quando se trata do assunto dinheiro, ainda mais se forem políticos, mas se estivesse a mesma oportunidade obviamente que qualquer cidadão lamberia do mesmo modo os dedos.

3. Por isso, não me surpreende de todo a atitude dos deputados apanhados com a boca na botija dos subsídios duplos das viagens. Obviamente, que apanhados, as consequências, não esperaram. Foram castigados pelo crivo moralista da sociedade em que vivemos. Os sinais que por hora se sabe de alguns suspenderem o mandato, de devolverem o que receberam em duplicado sem terem desembolsado um cêntimo, ainda mais se dizem entregá-lo às instituições de solidariedade social, não me diz muito ou diz mesmo nada, porque é o mínimo de quem agora demonstra que sabia que era legal, mas não era ético aquele procedimento.

4. Porém, a questão mais importante, a meu ver, agora prende-se com o seguinte, como irão falar com autoridade estes deputados quando estejam a debater na Assembleia da República e na comunicação social o tema da mobilidade e do subsídio das viagens entre as ilhas e o continente? Que legitimidades terão, quando abrirem a boca, pois logo nos vai bailar na cabeça a lembrança do seu procedimento? – Obviamente, que não se espera que os nossos deputados sejam anjos, mas como nossos representantes, que nos custam valores bem significativos à conta da brutalidade dos impostos, sejam zelosos no cumprimento da lei, mas que também assumam gestos que nos revelem o quanto estão cientes dos valores éticos, mesmo que algumas vezes tenham que passar por cima da lei.

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