30 Novembro 2008
Domingo I do Tempo Advento – Ano B
«Aguardais a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo»
1Cor 1, 3-9
O Apóstolo Paulo escreveu esta Carta em Éfeso, durante a terceira viagem missionária, para remediar os abusos, nomeadamente as divisões e escândalos de que teve conhecimento por mensageiros vindos de Corinto (1,11), e para responder às questões que lhe foram postas por escrito (7,1). Estas circunstâncias explicam o carácter não sistemático da Carta, com a única preocupação de enfrentar as necessidades e resolver as dúvidas dos seus correspondentes.
Ao longo destas páginas, desenha-se o retrato fiel de uma comunidade viva e fervorosa, mas com todos os problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente daquela em que tinha sido anunciada anteriormente. As questões abordadas derivam em grande parte do fenómeno da inculturação do Evangelho em ambiente helenista. Paulo procura esclarecer, mostrando-se firme ao condenar os comportamentos inconciliáveis, mas compreensivo quando a fé não corre perigo.
Nesta passagem, que faz parte do início da carta aos cristãos de Corinto, Paulo faz referência à expectativa que deve estar no coração do cristão, «aguardar a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo». Assim, as soluções propostas às dissensões que emergiram no interior da comunidade, estão marcadas pelos condicionalismos culturais de então e pelo concreto da vida, mas não se reduzem a mera casuística já ultrapassada, porque o génio de Paulo, mesmo quando desce a questões do dia-a-dia, sabe sempre elevar-se aos princípios fundamentais que lhes asseguram perenidade e oferece-nos uma teologia aplicada ao concreto da vida cristã. Daí a interessante expressão que destacamos para intitular esta reflexão, porque «não vos falta qualquer dom de graça», é preciso concentrar-se e viver na esperança da vinda de Jesus.
Daqui o interesse e a actualidade desta Carta, através dela, sentimos ao vivo o pulsar de uma comunidade cristã muito rica, a forte personalidade de Paulo, muito consciente das suas responsabilidades, e a presença constante do Ressuscitado que anima a comunidade e a tudo dá sentido.Nós cristãos, ainda valorizamos a vida à nossa volta e cada problema é para nós o centro do mundo. Mas, devíamos saber passar adiante e ocupar o nosso coração com a expectativa da chegada de Jesus. O que é mais importante, não podem ser as divisões, as discussões banais, a fixação em ninharias que nada produzem, a corrupção, a vingança, a justiça de alguns em detrimento da condenação de uma grande parte, o poder pelo poder, a lógica das influências a todo o custo, a maldade feroz que mata e sangra cruelmente, a alienação, a inconsciência perante o mundo, a vaidade, a indignidade por alguns momentos de fama, a idolatria… Numa palavra, podemos dizer que o centro do universo não pode ser a nossa vidinha egoísta, mas antes uma esperança em Deus e de modo especial, nessa chegada do Senhor Jesus, que vem ao nosso encontro para nos fazer mais felizes e chamar-nos a uma realidade maior, que é a vida em Deus.
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