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Convite a quem nos visita

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O fim de um sonho bonito que devolveu a paz à Europa. Será?

Assim paulatinamente de impasse em impasse de teimosia em teimosia com arrogância sobre arrogância os mercenários eurocratas vão destruindo um sonho chamado Europa. Ainda quero crer num desfecho menos mal para todos. Pode ler mais AQUI

sábado, 27 de junho de 2015

Terra mãe desamparada

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém...
Quantas vezes já vi a dor do mundo
se contorcendo no descampado azul de cada dia
que as folhas dos plátanos atestam
no verde solene que vinha pela mão da esperança
na primavera sorridente de um pensamento
criado pelo mistério articulado do amor.
Todos escutaram naquela orquestra
pelo menos num instante
o som perene desse mar distante
que falta hoje o sangue em água nos campos
onde morre o bicho e a flor
nesse retrato partilhado onde se desampara
a planície, o chão, a montanha enfadada
que sempre se inquieta inundada com a dor
a cor do mundo e a terra nossa mãe desamparada.
Pode ser ainda possível a dança das gentes
sobre a terra que a maldade destrói
no fruto consistente a germinar as sementes
para gratuitamente gerar o dom da vida
contra ávidos poderosos que na ganância a corrói.
És sempre mãe, mesmo que desamparada
perante a morte nos lugares onde se soltam ais
mas no desejo ressuscitada em cada manhã
verterás fecundada a fauna e todas as essências florais.
Pensar equilibrado com amor
terra, água, fogo e ar nunca será demais.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Encíclica «verde» Laudato Si

Louvado sejas…
Caros amigos:
Convido-vos para a apresentação, debate, reflexão da Encíclica sobre a ecologia do Papa Francisco, Laudato Si (Louvado Sejas), para a próxima segunda feira dia 29 de junho no Salão Nobre do Teatro Municipal do Funchal às 19.30 horas, com três oradores de fundo: o Dr. Raimundo Quintal; o Dr. Nelson Veríssimo e o Dr. João Marques de Freitas.
Esta iniciativa surge por causa da relevância e importância do tema, a ecologia, a projeção mundial do Papa Francisco, a acutilância da sua mensagem e que se traduz de forma brilhante na «Encíclica verde», por isso, também nós na Madeira não podemos ficar de fora deste largo debate sobre um tema tão importante para a humanidade inteira. Este encontro está aberto ao publico em geral.
Estarão neste encontro as seguintes entidades: sr. Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Dr. Paulo Cafofo e o Sr. Presidente do Governo Regional, Dr. Miguel Albuquerque e o Sr. Vigário Geral da Diocese do Funchal em representação do Sr. Bispo, D. António Carrilho, que por razões de ordem pastoral não pode estar presente. Imperfeitamente os trabalhos serão conduzidos por mim...


Eis o número 87 desta Encíclica, como aperitivo para nos sentirmos todos convidados à reflexão e participação:
N. 87 Quando nos damos conta do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração experimenta o desejo de adorar o Senhor por todas as suas criaturas e juntamente com elas, como se vê neste gracioso cântico de São Francisco de Assis:
«Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumia.
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de Ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e pelas estrelas,
que no céu formaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
pelo ar, pela nuvem, pelo sereno, e todo o tempo,
com o qual, às tuas criaturas, dás o sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite:
ele é belo e alegre, vigoroso e forte».
(Cantico delle creature: Fonti Francescane, 263).

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Pela generosidade é que vamos

Comentário à missa deste domingo XIII Tempo comum, 28 de junho de 2015
Se a generosidade acontece, então, "somos ricos em tudo: na fé, na eloquência, no conhecimento da doutrina, em toda a espécie de atenções e na caridade que recebestes de nós". Citei esta passagem de São Paulo tirada do texto da Missa deste Domingo, para que sejamos despertos para este sentido da generosidade. O nosso tempo precisa de encontrar este valor, porque o mundo actual, necessitado de tantos outros valores, em especial, precisa do valor da generosidade como do pão para a boca. O Papa Francisco confirma-o: «o grande risco do mundo atual é a tristeza individualista, que brota do coração mesquinho». Porque se repararmos bem vamos encontrar um imenso deserto, porque faltou a generosidade no coração da humanidade, que se deixou guiar pela mesquinhez do egoísmo e da ganância desenfreada que açambarca imoralmente os bens que pertencem a todos. Daí a desgraça dos desequilíbrios ecológicos que se abateram sobre a «casa comum», o Planeta terra, a Gaia…  
Por isso, é cada vez maior o número de pobres e de indigentes no mundo; o individualismo ou o salve-se quem puder é regra que comanda a vida; a mentira faz uma multidão de vítimas; a dependência de substâncias alienantes brada aos céus; a procura de vida fácil é o principal desejo de tanta gente; o hedonismo ou o prazer momentâneo são o pensamento geral; a fuga dos sacrifícios e de tudo o que seja ter algum sofrimento comanda a vida; o medo do futuro e das coisas de Deus faz escola em tantos lares; o medo de assumir compromissos para a vida toda também está presente por todo o lado; a irresponsabilidade face aos actos que se realizou é o mais comum; o fazer da vida um desregramento total, é pão quotidiano; termino o elenco com esta conclusão, tornou-se muito familiar o não acreditar em nada e em ninguém, porque nada garante fidelidade e hoje as coisas são e amanhã já não serão e vice-versa. A vida não está fácil para ninguém.
O mundo precisa nem que seja de uma mulher ou um homem, que diga "não vou por aí…", quando todos dizem seguir por onde não devem, como ensinava o poeta José Régio. E o mundo precisa que nem que seja uma mulher ou apenas um homem que digam: "vou por aqui...", pelos lugares que ninguém quer ir ou não está na moda caminhar por aí. O valor da generosidade é um caminho importante que salva quem o segue e contribui para a salvação de todos os que beneficiem desse valor. A generosidade é a bondade ou a compaixão pelos outros, que emerge da vida que se inquieta com o mundo, não apenas para alguns, mas para a felicidade de todos. Para quem pratica a generosidade não lhe falta nada. Afinal, torna-se diante de Deus o mais rico de todos. A generosidade enriquece a vida com tudo o que ela precisa para ser feliz. A maior fortuna do mundo é a generosidade, que Jesus nos ensina termos a coragem de a viver em todos os momentos da vida. A generosidade é a alegria que devia comandar a vida em todas as suas ocasiões, mesmo que sejam as mais duras que tenhamos que enfrentar.

O homem mais perigoso do mundo? O Papa Francisco!

E assim anda o mundo...
A nova encíclica do Papa Francisco, Laudato si, não está agradando todo mundo.

Durante a emissão do programa The Five, da FoxNews, o apresentador Greg Gutfeld mostrou seu desprezo pelo Papa Francisco e por suas opiniões em matéria de meio ambiente.

Greg Gutfeld não é especialista no assunto, mas é considerado uma personalidade reconhecida na televisão americana e, como tal, faz parte dos cinco comentaristas reunidos no The Five para falar sobre a atualidade.

Enquanto comentava a encíclica papal Laudato si, o apresentador qualificou o Papa como “o homem mais perigoso do planeta”, e logo depois fez uma comparação arriscada: “Ele quer ser um papa moderno, não quer ser o papa do seu avô”.

E prosseguiu com irritação: “Agora só falta ele fazer uns dreads e sair passeando em Wall Street”.

A provocação não gerou muitas reações nos outros apresentadores; somente Juan Williams, outro comentarista da FoxNews, tentou responder ao seu colega afirmando o interesse espiritual que esta encíclica pode ser para a defesa do meio ambiente: “E se o Papa simplesmente estiver dizendo que precisamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para preservar o planeta verde de Deus?”. 
In Aleteia

quarta-feira, 24 de junho de 2015

João é o seu nome

Por D. António Couto, in Imissio...
João, chamado o Baptista, era filho de Zacarias e de Isabel, ambos de estirpe sacerdotal. Sabemos pelas palavras do anjo Gabriel, que João (cujo nome significa "Deus é Propício" Ou "amigo de Deus") foi concedido aos dois cônjuges em idade avançada. A relevância do papel de São João Baptista reside no fato de ter sido o "precursor" de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.
O Bispo António Couto escreve um texto a propósito da efeméride deste dia, o Nascimento de São João Baptista, que serve para fazermos um interessante reflexão sobre a figura de João baptista e o que o quanto se reveste a sua missão de mensagem para os tempos em que nós vivemos. Destaco o seguinte do texto do Bispo António Couto, bispo de Lamego: «Porquê, então, o nome de JOÃO? É certo que já o Anjo tinha mencionado a Zacarias este nome em Lucas 1,13. Mas porquê JOÃO, se ali, no livro anagráfico daquela família ninguém registava esse nome? O que significa o nome JOÃO? Em hebraico, JOÃO diz-se Yôhanan. Yôhanansignifica literalmente «YHWH faz graça». E o que é fazer «fazer graça»? De forma plástica e concreta, é uma mãe que embala ternamente o seu bebé nos braços e baixa para ele o olhar carinhoso, bondoso, maravilhoso, gracioso, maternal. É este duplo gesto de carinho maternal que é a graça bíblica. Sobretudo aquele olhar belo, enternecido, embevecido, maternal, que enche o bebé de graça» (…)
(...) É a posição estratégica de JOÃO no limiar dos Dois Testamentos, encerrando um e abrindo outro, resumindo um e sumariando outro, que explica a nossa estranheza. Mas JOÃO é uma enorme lição. Neste Belo Nome está contida a inteira Escritura e o inteiro afazer de Deus. Parabéns, menino JOÃO, pelo teu nascimento no nosso mundo. Tu, que nos vieste mostrar Deus!» Para quem desejar ler o texto inteiro pode fazê-lo por AQUI

O Papa e a Economia

Por João César das Neves, in DN-Lisboa 24 junho de 2015
Destaco o seguinte que considero muito bom. O restante do seu texto vale pouco... No entanto, deixo AQUI o link para quem desejar ler na íntegra.

«O papa João Paulo II já tinha estendido a noção de equilíbrio natural, com a expressão "ecologia humana" (Centesimus Annus 38). Francisco expande o exercício, introduzindo elementos riquíssimos como poluição mental (47), ecologia económica (141), social (142), cultural (143) ou ecologia do quotidiano (147). Assim aborda questões que vão das redes sociais (47) ao aborto (117, 120).
"Esta economia mata!" (Evangelii Gaudium 53), mas diz que "A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em função do lucro, sem prestar atenção a eventuais consequências negativas para o ser humano. A finança sufoca a economia real" (109) e "Mais uma vez repito que convém evitar uma concepção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros das empresas ou dos indivíduos" (190).
Na Exortação de 2013: "O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los" (EG 58). Considerar a encíclica como tomada de posição entre escolas de política e sistemas sociais ou como crítica geral à vida económica é disparate. O próprio faz questão de explicar: "Repito uma vez mais que a Igreja não pretende definir as questões científicas nem substituir-se à política, mas convido a um debate honesto e transparente, para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum"» (188).

terça-feira, 23 de junho de 2015

Sinais de que nem tudo está perdido neste mundo

Há almas maiores que o universo... 
Repórter TVI: "Até Voares".
Uma grande reportagem de Ana Leal, com imagem de João Franco e edição de Miguel Freitas, que conta a história de um homem que não acredita em "pessoas más". 
Pode ser visto o vídeo AQUI...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Encíclica verde

Mais elementos que nos ajudam a compreender a magnífica reflexão-alerta do Papa Francisco sobre a ecologia, as ameaças sobre o Planeta Terra, a humanidade e a criação inteira. Pelo P.e Tolentino Mendonça, um texto sobre a Encíclica do Papa Francisco no Expresso de 20 de junho de 2015... Um texto bonito sobre a bela Encíclica  verde do Papa Francisco.
Gosto muito especialmente da expressão: Encíclica verde». E mais ainda do seguinte: «Não falta quem pense que uma encíclica é um género literário pontifício que serve para apaziguar as almas e basta. Contra essa moleza há que falar deste grande texto religioso e político como um manual do desassossego» (Tolentino Mendonça). Podem ler na íntegra AQUI o texto.

sábado, 20 de junho de 2015

As pontes da amizade

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém...
À Lúcia Campos, de Feira de Santana, Brasil, que vai ler este poema à luz da glória do amor eterno de Deus
Há como que um sobressalto
uma inquietação silenciosa
mas amiga da paz
e das flores que os canteiros
ostentam à face do húmus
fértil desta visão
mesmo que ténue
dos sentidos
que o olhar distante
engendrou aqui tão perto
na estrada do coração.
José Luís Rodrigues

Dez frases da encíclica de Francisco sobre o ambiente

Encíclica Laudato Si...
A preciosa Encíclica do Papa Francisco já está aí nos escaparates. É preciso que se faça uma abundante e larga reflexão sobre este texto. A ninguém deve ficar indiferente este alerta do Papa, que a todos os homens e mulheres, crentes e não crentes, humanidade de boa vontade, convida a despertarem para o grave problema da ecologia. É a nossa casa comum que está ameaçada, é preciso salvá-la. Daí que o Papa nos convoque à participação no debate e depois de feita «a conversão ecológica», devemos estar bem conscientes para aquilo que à nossa medida podemos fazer para salvar a criação inteira. Sim, a criação inteira, porque o Papa com este texto inaugura um conceito de «ecologia integral», coisa que nenhuma autoridade tinha referido até agora. Aqui vos deixo dez frases compilados por Filipe d'Avillez da Rádio Renascença, que me parecem ser bem reveladoras quanto aos temas a que se referem no domínio da ecologia. Um aperitivo para nos aguçar o desejo de ler o texto na íntegra.

Por Filipe d'Avillez, In Rádio Renascença (18-06-2015)
A encíclica do Papa Francisco fala de ecologia (podem ler AQUI a Encíclica na íntegra) e do cuidado pelo ambiente em todas as suas dimensões. Há espaço reservado para questões mais claramente ecológicas, como o desperdício de recursos e a poluição das águas, mas também para assuntos sociais, como o aborto e o tráfico de pessoas e mesmo económicas. Veja aqui algumas das frases mais marcantes. 
Alterações climáticas 

"Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a cada fenómeno particular. A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam." 
Água 
"A água potável e limpa constitui uma questão de primordial importância, porque é indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos. (…) Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escas¬so, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direi¬tos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável." 
Animais 
"Embora o ser humano possa intervir no mundo vegetal e animal e fazer uso dele quando é necessário para a sua vida, o Catecismo ensina que as experimentações sobre os animais só são legítimas ‘desde que não ultrapassem os limites do razoável e contribuam para curar ou poupar vidas humanas’. Recorda, com firmeza, que o poder humano tem limites e que ‘é contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas’. Todo o uso e experimentação ‘exige um respeito religioso pela integridade da criação’."
Vida humana 
"É evidente a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano de que não gosta. (…) Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá protecção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e dificuldades."
Relativismo 
"A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a tratá-la como mero objecto (…) É a mesma lógica que leva à exploração sexual das crianças, ou ao abandono dos idosos que não servem os interesses próprios. É também a lógica interna daqueles que dizem: “Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a economia, porque os seus efeitos sobre a sociedade e a natureza são danos inevitáveis”. Se não há verdades objectivas nem princípios estáveis, fora da satisfação das aspirações próprias e das necessidades imediatas, que limites pode haver para o tráfico de seres humanos, a criminalidade organizada, o narcotráfico, o comércio de diamantes ensanguentados e de peles de animais em vias de extinção? (…) É a mesma lógica do “usa e joga fora” que produz tantos resíduos, só pelo desejo desordenado de consumir mais do que realmente se tem necessidade." 
Dívida ecológica 
"A desigualdade não afecta apenas os indivíduos mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais. Com efeito, há uma verdadeira “dívida ecológica”, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efectuado historicamente por alguns países. As exportações de algumas matérias-primas para satisfazer os mercados no Norte industrializado produziram danos locais (…) O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações. A isto acrescentam-se os danos causados pela exportação de resíduos sólidos e líquidos tóxicos para os países em vias de desenvolvimento e pela actividade poluente de empresas que fazem nos países menos desenvolvidos aquilo que não podem fazer nos países que lhes dão o capital. "
Conversão ecológica 
"A crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Entretanto temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta-lhes, pois, uma conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa." 
Grito da Terra e grito dos pobres 
"Muitas vezes falta uma consciência clara dos problemas que afectam particularmente os excluídos. Estes são a maioria do planeta, milhares de milhões de pessoas (…) hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o grito da terra como o grito dos pobres." 
Demografia 
"Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas económicas a determinadas políticas de “saúde reprodutiva” (…) Culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e selectivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas. Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal consumo. Além disso, sabemos que se desperdiça aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e «a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre." 
Economia 
"A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana. A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura. (…) Convém evitar uma concepção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros das empresas ou dos indivíduos. Será realista esperar que quem está obcecado com a maximização dos lucros se detenha a considerar os efeitos ambientais que deixará às próximas gerações?"

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Lúcia Campos entrou na dimensão da eternidade

Homenagem...
Na nossa vida passam pessoas que consideramos serem eternas, que nunca iriam morrer, só nos damos conta ao contrário quando efetivamente deixam este mundo. A Lúcia estava distante daqui, vivia em Feira de Santana, uma cidade do nosso irmão Brasil que aprendi a gostar através das publicações da Lúcia na sua cronologia no facebook. Já vi as ruas, as casas, os carros, os bairros, a vida social, a vida religiosa e, especialmente, os seus habitantes que Lúcia amava desmedidamente que nos mostrou nas suas notícias sempre cheios de vida, de alegria, de sorrisos. Ai como ela sempre me dizia que nós portugueses não sorriamos nas fotos, sempre sérios, tristes... Não deixei de lhe explicar que somos mais sombrios, aqui havia muito frio e que éramos o povo do fado. Não aceitava com toda a razão, nada do que eu dizia justificava que não sorríssemos ou que não estejamos alegres como ela e o seu povo sempre estão.
O seu trabalho na luta pelos direitos humanos era para mim extraordinário, admirável. Foi um testemunho. Com toda a certeza que deixou sementes que irão rebentar pujantes e frutuosas como foi a linda Lúcia, a mulher com o coração de mãe maior do que este mundo. Era universal. A memória das pessoas grandes nunca se apaga, porque lançam sementes abundantemente férteis.
A partir do dia 11 deste mês de Junho calou-se a Lúcia aqui no facebook e em Feira de Santana. Só hoje tomei conhecimento do seu falecimento. Mas partir do sábado passado comecei a ficar preocupado, o poema que publiquei não teve opinião da Lúcia, não via a sua partilha, daí a minha estranheza quanto ao seu silêncio. Pois, era isso, deixou de admirar, de ler, de corrigir e de partilhar os meus poemas e todos os meus textos neste mundo, porque a sua vida tinha entrado na glória de Deus. 
Vai fazer-me falta esta amiga, esta professora, esta excelente mulher e mãe, não apenas dos seus filhos naturais, mas daqueles que Deus fazia passar pelas suas mãos. Tinha um coração universal. Daí que me tenha descoberto pela maravilha da tecnologia dos nossos dias e ficamos um com o outro na amizade dita de virtual, mas tão sentida, tão próxima, parecíamos vizinhos de longa data. Como sou feliz por ter conhecido a riqueza da Lúcia Campos ou Lucinha como carinhosamente na sua cidade a tratavam. 
Foi e é uma grande amiga para mim, embora distante. Agora silenciosamente, Deus chamou-a à sua presença, era preciosa de mais para continuar neste pequeno espaço que é o nosso mundo. Deus precisou dela para construir o grupo dos intercessores dos direitos humanos, os defensores da fé e da Sua Igreja, que a inquietou tanto no amor e que serviu de uma forma exemplar nas várias pastorais.
Bem hajas Lúcia e contarei sempre com a tua amizade, cuidando de todos nós aí junto de Deus no lugar da vida abundante e eterna. Descansa em paz na casa de Deus Pai e Mãe. E porque não morreste, citando o poeta - gente que tinhas muito em conta, porque amavas a poesia - o nosso gigante Fernando Pessoa: «Morrer é só não ser visto, é fazer a curva da estrada». Efetivamente foi isso que te aconteceu Lúcia Campos. Até um dia onde seremos tudo em todos felizes para sempre, sem facebook, mas na comunhão eterna do amor de Deus.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Acreditar para vencer as tempestades

Comentário à missa deste domingo XII Tempo Comum, 21 de junho de 2015
Todos somos muito poucos para não estarmos no coração do amor infinito de Deus. O Deus do Evangelho anunciado por Jesus Cristo convoca todos para a glória da salvação. Porque é tanto o Seu amor pela humanidade que nada de cada pessoa está fora do alcance da redenção deste Deus. O Papa Francisco descreveu desta forma belíssima esta convicção cristã: «Deus não reserva o seu amor para alguns privilegiados, mas o oferece a todos. Como o Criador e o Pai é de todos, assim quer ser o Salvador de todos» (07/01/2015). Brilhante…
Um dos aspectos mais terríveis que muitas vezes ataca os cristãos é o medo. São muitos aqueles que receberam os sinais que marcam a condição cristã, mas que facilmente vacilam perante o riso sarcástico dos outros e perante as suas críticas que arrogantemente consideram não necessitar da religião para nada.
Mais haverá outros que diante das injustiças, dos assédios, da corrupção, da mentira, da vingança, do ódio, da calúnia, da indiferença, da irresponsabilidade, da perdição dos jovens através da droga, do álcool e da sexualidade desregrada... Serão incapazes de defender o que é correcto e o que é bom, porque não se acham com coragem e com força suficiente para enfrentar as recusas, as autodefesas e as críticas.
O ambiente de perseguição é uma realidade de todos os tempos. Porém, continuamente a Palavra de Deus levanta-se como luz para o nosso coração para não nos sentirmos desamparados, mas antes com a certeza que Deus está ao nosso lado para connosco enfrentar tudo o que ponha em causa a salvação.
Muito eficaz seria a acção dos evangelizadores, se antes de tudo tivessem a confiança, que não obstante as provocações e as dificuldades, a mensagem de Cristo difundir-se-á e transformará o mundo. Tudo se renova em Cristo. Este sentido da mudança é sempre muito importante para a vida do mundo.
Jesus ensina-nos, que diante de nenhum momento de descarada inverdade, falsidade e maldade, Deus não estará ao lado dessas descaradas injustiças e muito mais ainda distante de quem as alimenta. Deus coloca-se sempre preferencialmente ao lado das vítimas, sofre com elas, morre com elas para que lhes garante depois a ressurreição, a glória, a vida em abundância para a eternidade. E a Palavra do Papa Francisco novamente nos anima e consola: «somos chamados a ter sempre grande confiança e esperança em relação a toda pessoa e à sua salvação: também aqueles que nos parecem distantes do Senhor são seguidos – ou melhor “acompanhados” – por seu amor apaixonado, por seu amor fiel e também humilde» (07/01/2015). É este Deus abrangente que nós abraçamos pela força da fé em Jesus.
Por isso, todas as vezes que estejamos na defesa da autenticidade das coisas, Deus não nos abandonará e manifestará o seu apoio a nosso favor. Esta certeza emana da doutrina de São Paulo que radica na certeza do Evangelho de Cristo.
Nada pode privar a vida íntima com Deus que os discípulos de Jesus receberam. As mentiras, as críticas menos favoráveis e os ataques contra a fé, existem e podem durar algum tempo, mas não podem ser a última palavra nem muito menos levarem a melhor sobre a verdade do amor, porque todo aquele que se alimenta com a força da fé não permite que nada o faça vacilar diante dos desafios que a vida sempre oferece. São Paulo confirma esta convicção: «Sim! Eu estou certo: nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição, nem a fome, nem a nudez, nem a espada... Nada poderá separar-nos do amor de Deus, que Se manifestou em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rom 8, 35-39).
Deste modo, tudo devemos fazer para que a vida divina esteja sempre dentro de nós. Antes de mais é preciso temer tudo o que nos cerce a liberdade de espírito e tudo o que não permita o acolhimento da fé no Deus da paixão desmedida pelo mundo. Vamos então renovar o mundo para o amor.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A teologia da pobreza segundo o Papa Francisco

Atenção srs. governantes...
O Papa Francisco voltou a falar na última terça-feira sobre a pobreza na Casa Santa Marta, na habitual missa matinal. Há uma clarividência nas suas palavras que é desconcertante. A primeira leitura inspirou Francisco para falar da “teologia da pobreza” e observou que estas palavras provocam constrangimento. Muitas vezes, ouve-se dizer: “Mas este sacerdote fala demasiado de pobreza, este bispo fala de pobreza, este cristão, esta freira falam de pobreza… Mas são um pouco comunistas, não?” E ao invés, advertiu, “a pobreza está no centro do Evangelho. Se tirarmos a pobreza do Evangelho, nada se entenderia da mensagem de Jesus”. Podem ler de forma mais aprofundada sobre este assunto AQUI.
Porém, em 29 de outubro de 2014 já tinha feito um discurso luminoso sobre esta temática. Terra, casa, trabalho: estes foram os três pontos fundamentais em torno dos quais desenvolveu-se o longo e articulado discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, recebidos esta terça-feira na Sala Antiga do Sínodo, no Vaticano. O Pontífice ressaltou que é preciso revitalizar as democracias, erradicar a fome e a guerra, assegurar a dignidade a todos, sobretudo aos mais pobres e marginalizados.
"Terra, tecto, trabalho. É estranho – disse –, mas quando falo sobre estas coisas, para alguns parece que o Papa é comunista. Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho." Portanto, acrescentou, terra, casa e trabalho são "direitos sagrados", "é a Doutrina social da Igreja". Podem ler mais sobre este assunto AQUI.
Neste sentido, Dom Hélder Câmara já tinha ensinado magistralmente: «Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista». 
Esta realidade aconteceu com uma força muito grande por todo lado, no mundo inteiro. A nossa terra também não ficou imune a esta pobreza de espírito. Foram imensas as ocasiões que o poder político se serviu desta nomenclatura para rebaixar, insultar e distratar vários sacerdotes, porque de alguma forma tinham manifestado a sua discordância com as políticas seguidas e defendiam o nosso povo mergulhado na desgraça da pobreza. Ainda hoje, há muito boa gente por aí que sofre desta mesma síndroma. Umas das formas mais fáceis que encontra para fazer valer o seu querer, o seu poder, é diabolizando os comunistas e para desconsiderar algum adversário, considera-o comunista. Basta que se manifeste contra a pobreza e que pergunte reclame que luta que deve se travada politicamente contra esta desgraça social que tomou conta de uma porção enorme da nossa população.
 Estes dois momentos do Papa Francisco são esclarecedores e vêm mostrar que é preciso encetar outros caminhos, outras políticas para que a luta contra pobreza seja feita por toda a sociedade e que ninguém é campeão desta ou de outras causas que digam respeito ao bem comum. 
Por isso, cuidado com o seguinte. O Papa observou que não se vence "o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que servem unicamente para transformar os pobres em seres domésticos e inofensivos". Quem reduz os pobres à "passividade", disse, Jesus "os chamaria de hipócritas".  

terça-feira, 16 de junho de 2015

Militares à porta das escolas


É muita verdade que as crianças, os adolescentes e os jovens de hoje andam sempre muito cansados. Qualquer tarefa por mais pequena que seja os cansa sobremaneira. Costumamos dizer que estes jovens nasceram cansados. Mas, pronto. Devem ser acolhidos e amados assim mesmo até ao dia em que perceberão que o cansado também faz parte da vida e que precisamos todos de trabalhar muito para conseguirmos as coisas necessárias para termos vida minimamente em qualidade.
Porém, fora de brincadeiras, quando se trata da escola salta-nos à vista o cansaço que eles acusam e queixam-se dos professores, dos funcionários, dos testes ou exames e dos trabalhos que lhes são pedidos. Também não surpreende que assim seja.
Surpreende sim o mau ambiente que as escolas têm porque os professores estão a ser mal pagos, os funcionários também e porque falta o material necessário para que a aprendizagem seja feita com o mínimo de qualidade. Tudo isto acontece porque os governos vão se lembrando que é preciso fazer cortes cegos no orçamento da educação.  
Também surpreende que exista violência nas escolas que começa pelo ambiente duro que às vezes existe entre a malta mais nova, mas porque chegam à escola chegam com fome ou porque o ambiente em casa é de cortar à faca porque o pai e a mãe estão desempregados e falta-lhes o dinheiro em casa para manter um lar com dignidade. Briga-se muito por causa de dinheiro, mas briga-se muito mais por causa da falta dele.
Assim sendo, porque há violência nas escolas, suponho, o Ministro da Educação, Nuno Crato, lembrou-se de chamar ao trabalho os militares e toca a colocá-los junto das escolas para vigiarem quem entra e quem sai. Não passava pela cabeça de ninguém uma medida deste teor, mas a inteligência que desgoverna a educação neste momento em Portugal neste momento, lembrou-se e já aprovou no Conselho de Ministros esta «corajosa» e brilhante medida. As fardas verdes dos militares comporão o ramalhete à partida daquilo que se pretende camuflar.
Já imagino os batalhões de tropas estacionados à porta das escolas com metralhadores em punho e quem sabe, pelo andar das coisas porque se trata de violência, vermos também chaimites plantadas em frente das escolas com o canhão apontado lá para dentro onde estão os presentes e futuros criminosos.
Mas afinal que mensagem pretende o governo transmitir com esta ideia maluca? Acha um governo sério que uma escola é um lugar onde se educa ou um campo onde se forma atuais ou futuros criminosos? Mas afinal o que é isto?
Vamos lá todos, sociedade inteira, fazer finca-pé a mais esta ideia louca de um governo maluco que não sabe governar.

A recompensa de Deus

O lavrador lança à terra a semente e mais tarde recebe o fruto da semente e do seu trabalho.
Na nossa vida acontece também que só passados alguns anos, recebemos inesperadamente a recompensa de alguns actos bons, de uma ajuda insignificante muitas vezes já esquecida.
Numa pequena aldeia vivia Howard Kelly, um estudante muito pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos. Certo dia, vendo-se sem dinheiro e com fome decidiu pedir comida na casa mais perto.
Ficou envergonhado quando quem lhe abriu a porta foi uma jovem simpática. Então, em vez de comida, pediu um copo de água. A moça viu que o aspecto do jovem era de faminto e então deu-lhe um grande copo de leite. Bebeu-o lentamente e depois perguntou-lhe: - Quanto lhe devo?
- Nada! - Respondeu. E continuou: minha mãe sempre me ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa.
Agradeço-lhe de todo o coração. E saiu mais forte fisicamente e na sua fé em Deus e nos homens. Os anos passaram e aquela jovem bondosa contraiu uma doença grave. Os médicos locais estavam confusos. Teve de ser internada num hospital da cidade mais próxima. Chamaram um grande especialista, Dr. Howard Kelly. Quando ele leu a ficha da doente e viu o nome da aldeia de onde ele era, seu pensamento despertou. Vestiu a sua bata branca e foi ver a doente. Reconheceu-a imediatamente e decidiu fazer quanto pudesse para salvar aquela vida.
Após longo tempo venceu a batalha. Pediu à administração do hospital que lhe enviasse a factura total dos gastos para aprová-la. Conferiu-a e depois escreveu algumas palavras e mandou que entregassem a factura no quarto daquela senhora. Ela estava receosa, porque pensava que o resto da sua vida seria para pagar todos os gastos. Abriu a factura e deparou com estas as palavras escritas pelo médico: “Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite. Dr. Kelly”. Lágrimas de alegria correram dos olhos da mulher, que rezou assim: “Graças, meu Deus, porque o teu amor se manifestou nas mãos e no coração dos homens”. Nada se perde do bem que fazemos. Deus recompensa, mais cedo ou mais tarde, um simples copo de água dado ao mais pequenino dos nossos irmãos.
Mário Salgueirinho

sábado, 13 de junho de 2015

Quadras de hoje a Santo António

Só porque hoje é o dia dele... Aqui vão algumas para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém.
Vivas à festa que hoje começa
São os amados santos populares
Primeiro Santo António encabeça
O amor almejado para os lares.

Este santo nasceu em Lisboa
A capital do nosso país Portugal
Sábio da palavra do bem que soa
Pádua viu-o morrer para ser imortal. 

Na noite de Santo António há bailarico
A folia é uma realidade sentida
É rei da festa o janota majerico
Com a dança faz a vida ser divertida.  
 
Santo António queridinho
Olha o tempo e o mundo
Que fizeram tão pequenino
Está sem valor bateu no fundo.

São imensos os canalhas
Fariseus deste tempo novo
Deles honestidade é só migalhas
Tudo se trata de enganar o povo.

Santo António foi pregador
Com muitas verdades fez tremer
Os tiranos que semeiam a dor
A tantos que não se podem defender.

Mas está perto do fim o capricho
Desses pretensos eleitos da injustiça
São atitudes indignas como o lixo
Trabalhar para quê se basta a preguiça.

Outro tempo de escravos triste vileza
Vieram da austeridade e da pobreza
São filhos desamparados com certeza
Acordarão um dia livres com firmeza.

Santo António o céu nos faz lembrar
A sua mensagem é para ser vivida
Quem a escuta deixa logo de roubar
E luta contra a humanidade dividida.

Santo António mostra-nos o saber
Que na santidade viveu a vida inteira
Cada dia não se levar nem beber
As manhas de cada aliciante ratoeira.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 12 de junho de 2015

A mais brilhante definição de solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.        
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.              
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.           
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.             
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.        
Solidão é muito mais do que isto.          
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma...       
Francisco  Buarque  de  Holanda 
(Chico Buarque)

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Viver pela fé

Comentário à missa do domingo XI tempo comum, 14 junho de 2015
O Cristão, homem e mulher, são feitos da massa da esperança. São Paulo utiliza a palavra fé para designar essa condição do cristão. Porque estamos ainda neste corpo, nesta vida terrena, distantes do Senhor da vida verdadeira, "caminhamos pela fé" até ao dia em que seremos chamados a tomar parte na vida verdadeira, que não se encontra aqui neste mundo, mas no lugar de Deus, aquilo que a catequese designa como sendo o céu.
O ponto crucial da vida cristã radica na descoberta da fé. A fé, é uma só e acontece na vida de uma pessoa de forma mais intensa ou menos intensa, mas nunca pode estar votada para a simples privacidade ou pior ainda, é um assunto que só tem a ver com a dimensão pública, porque se manifesta de uma forma determinada. Assim sendo, entende-se que a fé, é uma realidade interior da pessoa que está para a vida toda. Uma pessoa de fé deixa envolver todo o seu viver mediante o caminho da fé.
Ninguém que se diga crente, pode num determinado momento da vida afirmar que agiu segundo a sua fé, mas noutro agiu segundo princípios estritamente humanos ou racionais. O assunto da fé é demais importante para ser algo que se usa e abusa quando nos convém apenas. Por isso, pretender reduzir a fé a um mero assunto privado sem nenhuma incidência prática e pública, redunda num profundo disparate. Porque a fé, vive-se em todos os lugares da vida e não apenas dentro de determinadas conveniências pessoais ou muito menos mediante interesses puramente materialistas. Por exemplo, quando a desgraça nos bate à porta ou quando se pretende prejudicar os nossos próximos. A fé não alimenta instrumentalizações nem se conjuga com interesses intimistas ou de ordem fanática.
Mas repare-se ainda no que nos ensina S. Tiago: "Meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? Será que a fé poderá salvá-lo?..." E mais ainda acrescenta: "Assim também é a fé: sem obras, está completamente morta" (Cf Tia 2, 14-17). Ou a como a partir daqui formula o Papa Francisco confirma-o: «Uma fé que não dá fruto nas obras não é fé».
A convicção do Apóstolo prova-nos que a fé não pode obedecer de forma alguma à dicotomia privado e público a que se pretende remeter a fé.
Porém, vivemos num tempo onde alguém se atrever a confessar a sua fé ou a falar de religião no seu trabalho, nas escolas e nas ruas é logo atacado, mal interpretado e distorcido. Não se pode afirmar valores desta ou daquela religião porque os ambientes são adversos a tudo o que inspire religiosidade.
Por isso, o Papa Francisco esclarece-nos quanto ao verdadeiro conteúdo que deve nortear o caminho da nossa fé: «a fé é um encontro com Jesus Cristo, com Deus, e dali nasce e leva ao testemunho. É isso que o Apóstolo quer dizer: uma fé sem obras, que não envolva, que não leve ao testemunho, não é fé. São palavras e nada mais que palavras».
Estamos num tempo onde parece não existir lugar para a fé. Mas, nunca a fé foi tão necessária como hoje, porque, afinal, o tudo pronto à mão de semear nas prateleiras dos «templos» do consumo de hoje, que a sociedade oferece, não conduz à salvação, muito menos revela qual é o caminho da felicidade.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Passos: “Precisamos de poesia”

O que pensará este homem de si mesmo...
Só para vermos o dom da transmutação que norteia o nosso primeiro.
O Expresso publica AQUI um trabalho excelente sobre esta maravilha da transmutação.
Faço minhas as palavras que Jorge Campos escreveu no facebook: «estimado pedro, eu sabia. apesar das más línguas, sempre vislumbrei em ti qualquer coisa de inexplicável, sei lá... uma espécie de aura, percebes? quando te saíste com aquela dos mitos urbanos, ao contrário da ralé, eu senti um agradável sobressalto. como se algo de muito profundo estivesse para acontecer. e aconteceu. tu amas a poesia, pedro! é lindo. e também sei agora que aos 13 ou 14 anos já devoravas os clássicos do marxismo, lias thomas mann e não resistias ao fascínio do nietzsche. por mim, não preciso de saber mais nada. compreendo que guardes recato. mas sei que lá no teu íntimo és um verdadeiro beat, um bukovsky que conversa com o cesariny ao som do frank zappa, um keruac a pensar estrada fora qual relvas a falar com o che. é magnífica, pedro, essa síntese que tu fazes da memória tipo soixante-huitard e da estética tipo bule de chá. bem hajas. contigo estamos seguros».

terça-feira, 9 de junho de 2015

Duas palavras que dizem muito

Lia há tempos esta frase interessante que vai ajudar-nos a reflectir: "Há duas palavras para abrir as portas. EMPURRE ou PUXE."
Encontramos muitas vezes estas duas palavras. Umas vezes lemos EMPURRE. E a porta abre-se para o lado de fora... 
Há tanta gente que só abre portas na vida empurrando: empurrando os outros para passar à frente, em qualquer concurso, em qualquer emprego, em qualquer competição desportiva, em qualquer situação em que o resultado é obtido atirando os outros para fora. Temos de concordar que esta palavra "empurre" é antipática e até funesta: pode magoar, pode ferir, pode derrotar... 
Já não acontece o mesmo com a palavra "puxe". Indicando a forma de abrir uma porta, significa atrair para nós, pressionar para o nosso lado. Sugere amabilidade, sorriso, bom acolhimento...
É uma palavra que convida à simpatia para com os outros: a estender-lhes a mão, a chamá-los para o nosso lado. Para partilharem do que há de bom no nosso mundo. É bem mais construtiva esta palavra do que "empurre". 
"Empurrar" alguém, quanta tristeza, quanta frustração, quanto desemprego, quanto lar infeliz pode causar! Empurrar sim os obstáculos que possam impedir outras pessoas de atingirem o patamar da felicidade. 
Puxando para nós aqueles que precisam da nossa ajuda - material ou moral - abriremos a porta para Aquele que recompensa a mais insignificante expressão de generosidade.
Mário Salgueirinho