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Convite a quem nos visita

sábado, 30 de agosto de 2014

O sonho

Para o nosso fim de semana... Divirtam-se, há muitas festas/arraiais por aí. Sejam felizes. Não prejudiquemos ninguém.
A sequência de imagens inconscientes faz um filme
Ora bonito ora terrífico demais para gente sensível.
Mas no bonito quisera que a realidade fosse
Os meus dias contados de alegria.
Ah, mas no terrível mesmo sonhado
Quero antes esquecer para nunca mais
O que me fez chorar em lágrimas o fim da linha.

Nesse desenrolar sentido e visto sem o ver dos olhos
Durmo a paz dos anjos e descanso o que pede a vida.
Aos anjos Deus faz proteção até ao desejo
Para sempre no brilho de uma face.
A seguir em descanso retempero em vida
O que me faz perder a actividade do tempo.

Não sei se digo bondade em cada sonho
Mas às vezes sei que me encanta
A solene beleza do irreal acordado.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Martírio de S. João Baptista

A Igreja lembra hoje dia 29 de Agosto a Memória de Martírio de São João Baptista - 29 agosto - João Baptista morre por Cristo.

João não viveu para si próprio nem morreu para si próprio. A quantos homens carregados de pecados a sua vida dura e austera não terá levado à conversão? A quantos homens a sua morte não merecida não terá encorajado a suportar as provas? E a nós, donde nos vem hoje a ocasião para darmos fielmente graças a Deus, senão da lembrança de São João Baptista, assassinado pela justiça, ou seja por Cristo? [...]
Sim, João Baptista sacrificou de todo o coração a sua vida terrena por amor de Cristo; preferiu menosprezar as ordens do tirano que as de Deus. Este exemplo ensina-nos que nada nos deve ser mais querido que a vontade de Deus. Agradar aos homens não serve de grande coisa; em geral, até prejudica grandemente. [...] Por esta razão, com todos os amigos de Deus, morramos para os nossos pecados e as nossas preocupações, pisemos o nosso amor próprio desviado e deixemos crescer em nós o amor fervoroso a Cristo.
São Beda, o Venerável (c. 673-735), monge beneditino, doutor da Igreja  escreveu este maravilhoso Hino para o Martírio de São João Baptista...
Precursor na morte como na vida
Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade,
João Baptista, estandarte de Cristo,
Tornou-se o evangelista da Luz eterna.
O profético testemunho que nunca deixou de dar
No que dizia e no que fazia, durante toda a vida,
Dá-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.
Em tudo precedeu o Mestre: ao nascer,
Anunciou ao mundo a Sua vinda. Ao baptizar
Os penitentes no Jordão, prefigurou
Aquele que vinha instituir o Seu baptismo.
E a morte de Cristo Redentor, seu Salvador,
Que restituiu a vida ao mundo, João Baptista
Sofreu-a também por antecipação,
Derramando o seu sangue por amor dele.

Um tirano cruel resolveu afastá-lo e pô-lo a ferros na prisão.
Mas as correntes não conseguem prender
Os que em Cristo abrem o coração livre ao Reino.
Como poderia a obscuridade e a tortura dum cárcere sombrio
Prevalecer sobre aquele que vê a glória do Senhor
E que dele recebe os dons do Espírito?
E de bom grado ofereceu o pescoço ao gládio do carrasco,
Pois como poderia perder a cabeça
Aquele que tem a Cristo por Cabeça?

Ao partir deste mundo, cumpre hoje o seu papel de precursor
Aquele que o fora toda a vida. Aquele
Que havia de vir e já chegara, hoje a sua morte O proclama,
Pois como poderia a mansão dos mortos reter este mensageiro que lhe escapa?
Os justos, os profetas e os mártires rejubilam com ele
Ao encontro do Senhor, e todos dele se aproximam,
Louvando-o com todo o amor. Com ele se dirigem a Cristo,
Suplicando-lhe que salve também os seus.

Magno precursor do Redentor, não tardará
Aquele que para sempre te libertou da morte!
Conduzido pelo teu Senhor,
Entra, na companhia dos santos, na glória eterna! 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Palavra de Deus dá-nos a resposta

Deus tem uma Resposta para cada acontecimento na tua vida...
- Impressionante como a Bíblia, a Palavra de Deus, tem uma resposta para todas as nossas hesitações, inseguranças e receios…
Você diz: "Isso é impossível"
Deus diz: "Tudo é possível" (Lucas 18, 27)
Você diz: "Eu já estou cansado"
Deus diz: "Eu te darei o repouso" (Mateus 11, 28-30)
Você diz: "Ninguém me ama de verdade"
Deus diz: "Eu te amo" (João 3, 16 & João 13, 34)
Você diz: "Não tenho condições"
Deus diz: "Minha graça é suficiente" (II Corintos 12:9)
Você diz: "Não vejo saída"
Deus diz: "Eu guiarei os teus passos" (Provérbios 3:5-6)
Você diz: "Eu não posso fazer"
Deus diz: "Você pode fazer tudo" (Filipenses 4, 13)
Você diz: "Estou angustiado"
Deus diz: "Eu te livrarei da angustia" (Salmos 90, 15)
Você diz: "Não vale a pena"
Deus diz: "Tudo vale a pena" (Romanos 8, 28)
Você diz: "Eu não mereço perdão"
Deus diz: "Eu te perdoo" (I Epistola de São João 1, 9 & Romanos 8, 1)
Você diz: "Não vou conseguir"
Deus diz: "Eu suprirei todas as suas necessidades" (Filipenses 4,19)
Você diz: "Estou com medo"
Deus diz: "Eu não te dei um espírito de medo" (II. Timóteo 1, 7)
Você diz: "Estou sempre frustrado e preocupado"
Deus diz: "Confiai-me todas as suas preocupações" (I Pedro 5, 7)
Você diz: "Eu não tenho talento suficiente"
Deus diz: "Eu te dou sabedoria" (I Corintios 1, 30)
Você diz: "Não tenho fé"
Deus diz: "Eu dei a cada um uma medida de fé" (Romanos 12, 3)
Você diz: "Eu sinto-me só e desamparado"
Deus diz: "Eu nunca te deixarei nem desampararei" (Hebreus 13, 5)
Podemos continuar a procura...

sábado, 23 de agosto de 2014

Os outros

Para o fim de semana. Porque é tempo de férias, divirtam-se e sejam sempre felizes...
Se vivo reflectem o existir
Se morro reflectem o vazio
Se me encontro 
- dizem-me tudo na alegria de ser eu.
José Luís Rodrigues 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Testemunho sobre o poder da oração

A propósito da decapitação do jornalista americano James Foley, que nas palavras do seu pai «morreu em martírio pela liberdade». Paz à sua alma e que os seu carrascos sejam presos e julgados convenientemente para que sirvam de exemplo pelo fim de todo o género de barbárie que faz este mundo ser tão feio à vezes. Vale a pena ler este brilhante testemunho sobre o poder da oração… É pena que só por causa da barbárie infligida a Foley nos tenhamos dado conta da sua fé. Que Deus o tenha no lugar da festa eterna. Bem o merece. Mais ainda devemos ler este texto como protesto-apelo pelo fim de todas as formas de terrorismo que fazem este mundo ser tão triste e tão cheio de sombras de morte.
James Foley, jornalista americano, que trabalhando na Síria, foi sequestrado e decapitado pelo Estado Islâmico (ISIS) esta semana, deixou um testemunho sobre o poder da oração.
James Foley escreveu para o Marquette Magazine, da Universidade Marquette, que foi reproduzido na edição eletrónica, a 20-08-2014.
Eis o texto:
«A Universidade Marquette sempre foi uma amiga para mim. Do tipo que nos desafia a fazer mais e melhor e que, no final, dá forma a quem nos tornamos.
Com a Marquette, participei de viagens com voluntários à Dakota do Sul e ao Mississippi e aprendi que eu era uma criança que tinha tudo num mundo que possuía graves problemas. Conheci jovens que queriam dar o seu coração aos outros. Mais tarde, trabalhei como voluntário numa escola de ensino médio em Milwaukee próximo da universidade, ocasião em que tive a inspiração para me tornar professor. Mas a Universidade Marquette, talvez, nunca foi a maior amiga para mim do que quando estive preso.
Eu e duas colegas tínhamos sido capturados e levados para um centro de detenção militar em Tripoli, no Líbano. Cada dia que passava, aumentava a preocupação de que nossas mães começariam a entrar em pânico. Clare, uma das minhas colegas, deveria ligar à sua mãe no dia do aniversário dela, que foi logo o primeiro dos 44 em que estivemos presioneiros.
Eu próprio ainda não tinha admitido por completo que a minha mãe soubesse do que nos estava a acontecer. Mas continuava a dizer à Clare que a minha mãe tinha uma fé muito forte.
Eu rezava para que ela soubesse que eu estava bem. Rezava para que pudesse entrar em comunicação com ela através de algum meio cósmico.
Comecei a rezar o rosário. Seria o que minha mãe e minha avó teriam feito. Rezava 10 Ave-marias entre cada Pai-Nosso. Isso tomava-me bastante tempo, quase uma hora para contar 10 Ave-marias com os meus dedos. Isso ajudou a manter a minha mente focada.
Clare e eu rezávamos juntos em voz alta. Parecia energizante falar das nossas fraquezas e esperanças juntos, como se estivéssemos num diálogo com Deus, em lugar de silêncio e sozinhos.
Mais tarde fomos levados para outra prisão onde o regime mantinha centenas de prisioneiros políticos. Fui rapidamente acolhido pelos demais prisioneiros e fui bem tratado.
Certa noite, no 18.º dia de cativeiro, alguns guardas levaram-me para fora da cela. No corredor vi Manu, outra colega, pela primeira vez numa semana. Estávamos abatidos, porém felizes por nos revermos um ao outro. No andar de cima, no escritório do diretor geral, um homem distinto, vestindo fato, de pé, disse-me: «Achamos que vocês querem telefonar para as vossas famílias.»
Fiz uma oração e disquei os números. A minha mãe atendeu.
«Mãe, mãe, sou eu, Jim.»
«Jimmy, onde estás?»
«Ainda estou na Líbia, mãe. Desculpa por isso. Desculpa.»
«Não precisas de pedir desculpas, Jim. O teu pai acabou de sair. Ele queria tanto falar contigo. Como estás?»
Disse-lhe que estava a ser bem alimentado, que tinha uma boa cama e que estava a ser tratado como um convidado.
«Eles estão a forçar-te a dizer estas coisas, Jim?»
«Não, os líbios são pessoas ótimas. Venho rezando para que vocês saibam que estou bem. Vocês sentem as minhas orações?»
«Ah, meu filho, muitas pessoas estão a rezar por ti. Todos os teus amigos, Donnie, Michael Joyce, Dan Hanrahan, Suree, Tom Durkin, Sarah Fang tentam continuamente telefonar-te. O teu irmão Michael gosta muito de ti.»
E ela começou a chorar...
«Os seus amigos estão a fazer uma vigília de oração por ti na Universidade Marquette. Sentes as nossas orações?»
«Sim, mãe, sinto sim», e fiquei a pensar sobre isso por uns instantes.
Talvez fossem as orações das outras pessoas o que me fortalecia, o que me mantinha de pé.
O policia acenou-me. Quando comecei a despedir-me, a minha mãe começou a chorar.
«Mãe, eu sou forte. Estou bem. Devo estar em casa para a formatura da Katie.» Faltava um mês.
«Nós amamos-te, Jim!»
Em seguida, desliguei o telefone.
Refiz este diálogo centenas de vezes na minha cabeça – a voz da minha mãe, os nomes dos meus amigos, o conhecimento dela da nossa situação, a sua crença absoluta no poder da oração. Ela contou-me que os meus amigos tinham-se juntado para fazerem tudo o que estivesse ao alcance deles para me ajudar. Eu sabia que não estava só.
Tive o primeiro acesso à Internet na minha última noite em Tripoli, no 44.º dia de cativeiro. Pude ouvir o discurso que Tom Durkin fez para mim durante a vigília na Marquette. Perante uma igreja repleta de amigos, ex-alunos, alunos, padres e professores, assisti às melhores palavras que um irmão pode dirigir a outro irmão. Um grande elogio, era o que parecia. Naquelas palavras percebi um coração enorme, e elas eram apenas um punhado de todos os esforços e orações que as pessoas estavam a fazer. Rezar foi o que permitiu a minha liberdade, uma liberdade interior primeiramente e, mais tarde, o milagre de ser libertado durante uma guerra na qual o regime não teve nenhum incentivo para nos soltar.»

sábado, 16 de agosto de 2014

Soneto da alma

Sejam felizes sempre. Votos de um bom fim de semana...
Na suave brisa que passa servem dons
A frescura de uma mão que se encontra
Na seriedade do centro que o sol desponta
Na paisagem pintada de todos os tons.

Depois veio o sentir que no olhar nos deste
E tão afável dizer ecoaram traços delicados
Contra os suspiros de ferimentos magoados
Que os outros infligem como uma peste.

Mesmo assim contei os poios e as árvores
São estes que dão luz a este feliz momento
Só o nobre pensamento nos livra este tormento.

É fantasia esta imagem que as cores mentem
Tomara seguir até ao céu o segredo da gente
Mas foi esta imaginação que me fez contente.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Maria mãe e mestra

Hoje 15 de agosto de 2014, fica a luz que brilha da rainha, mulher, mãe e mestra... Que os céus se alegrem e que nós também rejubilemos em sentida esperança no mundo novo de Deus que Maria de Nazaré anuncia como suave revolução do amor... 
Tu que és mulher
Mãe e mestra
Profeta do novo
Mundo
Ao contrário.
Que Deus exalta
A partir do pobre
Da vítima inocente
Que sangra sem esperança
Nas ruas da injustiça.
Que alguns fizeram
Sem respeito
Na dor implacável
Da violência cega e surda
Em todos os tempos.
Venham todos os círios
Cobertos de luz e cera
Dizer bem alto na paz deste nome
Maria mãe e mestra.
No canto do amor
Que anseiam todos
No banquete de Deus
Quando quisermos a sério
Aprender o que é a amizade.
José Luís Rodrigues

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A universalidade da salvação de Deus

Comentário à missa deste domingo XX do Tempo Comum, 17 agosto de 2014
A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino. Até podemos a partir daqui definir com toda a verdade que «cada pessoa é sacramento de Deus» independentemente da sua cor de pele, da sua cultura e extracto social. Toda a criatura humana é criada à imagem e semelhança de Deus. É Seu sacramento. E não há outro sacramento que possa ser mais importante do que este e que supere este.
Na primeira leitura, Jahwéh garante ao seu Povo a chegada de uma nova era, na qual se vai revelar plenamente a salvação de Deus. No entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel, destina-se a toda a humanidade que aceitar o convite para integrar a comunidade do Povo de Deus. Por aqui o Papa Francisco apresenta-nos qual é a vontade de Deus. Reparemos: «Tenho uma certeza dogmática: Deus está na vida de cada pessoa. Deus está na vida de cada um. Mesmo se a vida de uma pessoa foi um desastre, se se encontra destruída pelos vícios, pela droga ou por qualquer outra coisa, Deus está na sua vida. Pode-se e deve-se procurar na vida humana. Mesmo se a vida de uma pessoa é um terreno cheio de espinhos e ervas daninhas, há sempre um espaço onde a semente boa pode crescer. É preciso confiar em Deus».
O Evangelho apresenta a realização da profecia do Trito-Isaías, apresentada na primeira leitura deste domingo. Jesus, depois de constatar como os fariseus e os doutores da Lei recusam a sua proposta do Reino, entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem excepção. Num primeiro momento parece-nos que Jesus revela alguma dureza contra a mulher que lhe pede ajuda, porém, mesmo que o pão dos filhos não seja para os cães, perante o coração que se abre à grandeza do amor de Deus mediante o dom da fé, nada pode travar a gratuidade da salvação de Deus. Os judeus do tempo de Jesus consideravam os cananeus como reles cães. A lição de Jesus parece ter em linha de conta esse pressuposto para o rebater e levar a pensar que o desejo da salvação de Deus é universal.
Na segunda leitura temos mais uma sugestão de universalidade, a misericórdia de Deus derrama-se sobre todos sem excepção, mesmo sobre aqueles que, tantas vezes rejeitam as suas propostas. Melhor do que ninguém Deus respeita sempre as opções de cada pessoa, que as deve fazer mediante a sua liberdade e responsabilidade. Deus não interfere naquilo que cada um escolhe para si em cada momento da vida. Porém, nunca desiste de propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas para o acolhimento da salvação que Ele quer oferecer.
Em conclusão, esta liturgia vem dizer-nos que tantas vezes deixamos que nos domine o narcisismo e a mania de que a verdade está só e apenas em nós. Nada disso. Há verdade e erro na verdade que anda em todas as pessoas. Nada e sempre totalmente verdade e nada é também sempre totalmente errado. É preciso sabermos fazer o devido discernimento, para que não nos domine a soberba e a arrogância. Devemos sim respeitarmo-nos na diversidade e nunca permitir que Deus seja apropriado por nenhuma tendência, por nenhum grupo, por nenhuma ideologia, por nenhuma corrente mais tradicionalista ou mais progressista… Deus é e ponto final está com todos e para todos em todos os tempos.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

O último filme do actor Robin Williams

Todos lamentam a morte de Robin Williams e eu também lamento. Tudo indica que o actor se suicidou por asfixia. Serve então para meditarmos o quanto este flagelo da auto provocação da morte. Todos os dias no mundo se suicidam centenas e quiçá milhares de pessoas e não nos damos conta disso. É grave que assim seja. Entre nós também contamos muitos que vão da lei da vida se libertando à conta do suicídio.
Este suicídio chama à tenção e comove todo o mundo, porque se trata de uma pessoa conhecida. Um famoso. Alguém que deveria ter tudo em termos materiais para nunca ter que cometer uma atrocidade destas contra si mesmo. Porém, serve então para ensinar-nos que o dinheiro, a fama e o sucesso mediático não são suficientes para se encontra o sentido e ser feliz.
Devemos com o suicídio de Robin Williams e com todos os outros que vamos sabendo acontecerem todos os dias, procurar tirar lições para que a ganância que comanda a vida, o desejo de aparecer e a vontade de ser famoso não chegam para que a felicidade se faça presente.
Lembro-me que em 2001, sobre o suicídio da Cândida Branca Flor, alguém escreveu o seguinte: «A Cândida Branca Flor sonhou ser popular e cedeu demais na qualidade»; «Não construiu uma família: condescendeu em não ter filhos»; «Como era filha única, também não tinha irmãos»; «Quando morreu, não tinha ninguém: nem pais, nem irmãos, nem filhos, nem sobrinhos – só uma mãe adoptiva»; «E, quando o declínio físico se tornou mais visível, ficou também sem agentes, sem amigos, sem contractos e sem dinheiro»; «A solidão de Cândida Branca Flor não foi, entretanto, um problema só dela: é um problema desta sociedade».
O silêncio que se procura para fugir à azáfama do quotidiano deve ser sempre qualquer coisa de essencial para o equilíbrio psicológico da vida humana. O dia a dia está cheio de muitas contrariedades que nos maçam a vida e não servem para a descoberta do sentido da nossa origem, para que estamos aqui e para onde vamos.
Uma pessoa que perante os dissabores que a vida amorosa muitas vezes proporciona, pode cair no desespero e facilmente perde a noção da existência como valor, porque se vê sem forças para lutar e na mais pura inutilidade. O vazio interior é o pior inimigo de qualquer ser humano. 

sábado, 9 de agosto de 2014

A tristeza

Para o fim de semana. Ela existe. Mas não pode vencer-nos nunca. Sejam felizes sempre...
Ó que terrível vertigem estar em nós
Uma sensação de perda e dor sentida
Porque depois se reflecte
No rosto acabrunhado da noite.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Vencer o medo

Comentário à missa domingo XIX tempo comum
10 de agosto de 2014
Na montanha, o profeta Elias experimenta a presença de Deus. Deus manifesta-se de modo silencioso e pacífico, não no «vento forte» nem no «tremor de terra», nem no «fogo», mas na «brisa suave». Quando a sente, Elias saiu e ficou à entrada da gruta, cobrindo o rosto com o manto, porque nenhum homem pode ver a Deus face a face. Este gesto define a atitude do profeta, entrega-se confiante à acção de Deus e está disponível para o Seu serviço.
O Evangelho de Mateus diz-nos que, após a multiplicação dos pães, as multidões queriam aclamar Jesus como rei. Jesus foge das expectativas de um Messias triunfalista cheio de poder. Assim, Jesus despede a multidão, manda os discípulos para o barco e retira-se para o monte para fazer oração. Este trecho de Mateus, tempestade no Mar, Jesus que caminha sobre as águas, cena de Pedro com Jesus revela elementos típicos das aparições de Jesus após a ressurreição. A tempestade tem a ver com as perseguições e todas as dificuldades que aqueles que seguem Jesus sempre encontrarão na sua acção. Saliente-se que nessa contingência, o pior que pode acontecer será o medo e a falta de fé em Jesus que está com aqueles que trabalham em seu nome. Pedro destaca-se neste episódio para revelar que, ele assumindo o primado não pode deixar de confiar em Jesus que sempre está por perto para ajudar a vencer os receios e puxar para cima todos os que se afundam no medo e na ausência de esperança. É curioso que logo que Jesus subiu para o barco, o vento amainou. Nesse vacilar, ninguém se esqueça de estender a mão...
São Paulo manifesta o seu desgosto, ao ponto de desejar ser separado de Cristo, pelo facto de os israelitas não terem aceite Jesus como Messias. O povo de todas as condições religiosas para aceitar Cristo, o enviado do Pai, recusou-O. Neste sentido, Paulo apela ao perdão de Deus e antes desejava ser prejudicado em favor da salvação de muitos... às vezes vemos na realidade que nos rodeia, tantos que se enchem e que tudo fazem para proveito próprio sem que se importem nada com as suas atitudes que semeiam a desgraça da fome, da doença e da morte de muitos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Decálogo da felicidade do Papa Francisco

 O Papa Francisco concedeu uma entrevista à revista argentina Viva, publicada no dia 27 de julho, em que deixou para os leitores algumas dicas preciosas para ajudar na busca da felicidade. Eis os 10 conselhos do Papa:

1) Viver e deixar viver, primeiro passo para a felicidade
"Aqui os romanos têm um ditado e podemos levá-lo em consideração para explicar a fórmula que diz: 'Vá em frente e deixe as pessoas irem junto'." Viva e deixe viver é o primeiro passo da paz e da felicidade.

2) Doar-se aos outros para não deixar o coração dormindo
"Se alguém fica estagnado, corre o risco de ser egoísta. E água parada é a primeira a ser corrompida."

3) Mover-se com humildade, com benevolência entre as pessoas e as situações
O Papa usa o termo “remansadamente”, de um clássico da literatura argentina. "No [romance] 'Dom Segundo Sombra' há uma coisa muito linda, de alguém que relê a sua vida. Diz que em jovem era uma corrente rochosa que levava tudo à frente; quando adulto era um rio que andava para a frente e que na velhice se sentia em movimento, mas remansado. Eu utilizaria esta imagem do poeta e romancista Ricardo Guiraldes, este último adjetivo, remansado. A capacidade de se mover com benevolência e humildade, o remanso da vida. Os anciãos têm essa sabedoria, são a memória de um povo. E um povo que não se importa com os mais velhos não tem futuro."

4) Preservar o tempo livre como uma sadia cultura do ócio
“O consumismo levou-nos a essa ansiedade de perder a sã cultura do ócio, desfrutar a leitura, a arte e as brincadeiras com as crianças. Agora confesso pouco, mas em Buenos Aires confessava muito e quando via uma mãe jovem perguntava: Quantos filhos tens? Brincas com os teus filhos? E era uma pergunta que não se esperava, mas eu dizia que brincar com as crianças é a chave, é uma cultura sã. É difícil, os pais vão trabalhar e voltam às vezes quando os filhos já dormem. É difícil, mas há que fazê-lo".

5) O domingo é para a família
"Um outro dia, em Campobasso (Itália), fui a uma reunião entre o mundo universitário e mundo trabalhador, todos reclamavam que o domingo não era para trabalhar. O domingo é para a família".

6) Ajudar de forma criativa os jovens a conseguir um emprego digno
"Temos de ser criativos com este desafio. Se faltam oportunidades, caem na droga. E é muito elevado o índice de suicídios entre os jovens sem trabalho. Outro dia li, mas não me fio porque não é um dado científico, que havia 75 milhões de jovens com menos 25 anos desempregados. Não basta dar-lhes comer, há que inventar cursos de um ano de canalizador, electricista, costureiro. A dignidade de levar o pão para casa".

7) Cuidar da natureza, amar a criação
"Há que cuidar da criação e não o estamos fazendo isso. É um dos maiores desafios que temos.”

8) Esquecer-se rapidamente do negativo que afecta a vida
“A necessidade de falar mal de alguém indica uma baixa auto-estima. É como dizer ‘sinto-me tão em baixo que em vez de subir baixo o outro’. Esquecer-se rapidamente do negativo é muito mais saudável”.

9) Respeitar o pensamento dos outros
“Podemos inquietar o outro com o testemunho para que ambos progridam com essa comunicação, mas a pior coisa que se pode fazer é o proselitismo religioso, que paralisa: ‘Eu dialogo contigo para te convencer'. Não. Cada um dialoga sobre a sua identidade. A Igreja cresce por atração, não por proselitismo".

10) Buscar a paz é um compromisso
"Vivemos uma época de muitas guerras. Na África parecem guerras tribais, mas são algo mais. A guerra destrói. E o clamor pela paz é preciso ser gritado. A paz, às vezes, dá a ideia de quietude, mas nunca é quietude, é sempre uma paz activa".

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A vingança mata implacavelmente

O encantamento da relação amorosa é das coisas mais belas que Deus criou, mas depois disso descobrir-se que a relação vai assentar na base da vingança, vemos emergir um terrível desânimo. Mais adiante, depois do corte de relação, entramos logo no domínio do ódio e do rancor. Dois aspectos tenebrosos que a natureza inventou para colocar em prova o ser homem e o ser mulher nesta terra de relação. Estes dois filhos da vingança pintam o quadro negro da humanidade. Esta humanidade cansada de coisas feias que não levam ao prazer, à festa e à alegria da existência. A vida não pode ser com vingança e não pode ninguém ser pessoa permanentemente com um coração preenchido com este espírito do mal.
Quando a vingança toma conta do coração humano, encontramos pessoas amargas e feridas até ao mais fundo do ser, porque lhes falta o essencial do sentido da vida. A vingança mata toda a possibilidade do sonho comum da fraternidade. Depois da vingança nascer o desejo do sonho do amor como elemento crucial para criar a relação plena que leva à felicidade, está votado à morte. A fraternidade deixou de ter lugar na existência deste mundo depois do nascimento da vingança.
A vingança cerceia a realização do eu e do tu e não permite a realização da reconciliação e muito menos permitirá a festa do perdão, pois, são estes os elementos verdadeiros do sentido da comum união – a comunidade, que é para todos os efeitos um valor essencial para a sobrevivência e para a realização pessoal. A vingança está aí no dia a dia da existência a matar toda a possibilidade da paz e do entendimento humano.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Os corruptos vamos à missa

Perante a loucura de termos de salvar mais um banco, quando a salvação devia passar pela restituição do dinheiro desviado/roubado, presos os trafulhas e nunca pelo eufemismo capitalização (quer dizer, injecção de dinheiro tirado dos nossos impostos). Mas, que raio de país é este que só salva os poderosos? E as famílias aflitas, não por causa de falcatruas, mas por causa da escravatura que a «economia que mata» votou a sociedade em geral? E tantas outras situações de paupérrimo povo que é preciso salvar? - A propósito de tudo isto vamos ler a seguinte reflexão que tive o trabalho de traduzir para publicar na nossa querida língua... Não percam, explica tudo o que se está a passar.
Por José Maria Castillo
Existem dois tipos de corruptos. Os activos e os passivosAtivos são aqueles que matam, roubam, mentem, ofendem ou magoamPassivos são aqueles que se calam ou cruzam os braços diante dos abusos e das injustiças cometidas por outros que teriam que denunciar, mas os corruptos passivos ficam quietos para não complicar a sua vida. Com a atividade de uns e passividade de outros produz-se a sociedade corrupta, de onde resulta toda a violência e todo sofrimento indescritível.
Quando se chega a este extremojá não se trata somente de que, num determinado paístem pessoas corruptasIsso sempre aconteceu. Mas quando a corrupção se pode generalizar ou pela ação ou pela omissão de outros, então - e é o que estamos experimentando agora em Espanha - o que acontece é que o tecido social está danificado até ao extremo que temos que falar. Com todo o direito, de uma sociedade corrupta.
Perante uma situação assim, como é lógico, está a mão da cobiça de uns, a ambição de outros, a falta de vergonha dos poderosos, o medo de covardes, etc, etc e etc. E tudo isto é verdadeiro. Mas não sei se trazer alguma solução ou talvez acrescentar mais lenha ao fogo, a tudo o que eu disse, eu quero adicionar mais um elemento. Refiro-me à religião. Digo isto porque me parece que a religião está desempenhando nesta situação lamentável, uma papel mais importante do que podemos suspeitar.
Por que digo isso? Porque, inevitavelmente, resulta suspeitoso que o Sul da UE, que são tradicionalmente os países cristãos-católicos, são precisamente os países que se afundaram mais na crisePorque terá sido nestes países onde a corrupção econômica se tornou mais generalizada e com factos mais repugnantes e grosseirasComo se explica que sectores tão "tradicionalmente católicos" da nossa "Espanha católica" sejam sectores tão escandalosamente corruptos?
A minha opinião sobre o assunto é o seguinte. A observância de práticas religiosas e a fidelidade aos rituais sagrados, inevitavelmente, implica uma consequência que pode ser perigosa e tende a ter efeitos perniciosos. O que quero dizerRefiro-me principalmente quemuitas vezes, os rituais religiosos acalmar a consciência pesada do criminoso. Por exemplo, um empresário que ganha cada vez mais em cada ano, se esses ganhos são explicados (em grande parte), porque paga salários que não chegam aos € 500 por mês, sem dúvida que este empresário é um criminoso, embora os seus papéis estejam em regra e de acordo com o que os outros infratores têm legisladoMas se somarmos a tudo isto que o empresário pode, além de criminoso, ser religioso  por pouco religioso que seja – então "estamos perdidos". Este que paga um salário de miséria, não se esquecerá da sua misériaObservância religiosa é responsável por dizer ao criminoso que "Deus é bom" e perdoa-nos os nossos pecados e misériasAssim funcionam rituais religiosos. E assim funciona a consciência humana trabalha em muitos casos.
Termino com uma pergunta. Porque poucos bispos (e há honrosas excepçõestêm a língua tão solta quando se trata de assuntos relacionados com o aborto ou a homossexualidade, enquanto a mesma língua é tão tímida, está tão calada quando se trata de despedimentos, do abuso de imigrantes, dos desempregados, dos jovens sem futuro, dos políticos que organizam a economia de modo que alguns são saciados com milhões, enquanto o afundamento da classe média e os trabalhadores estão perdendo a esperança de recuperar os direitos perdidosAlém disso (alargando a questão)porque dizemos que somos pessoas religiosas e estamos tão calados e tão submissos a este estado de coisas tão desumanas e tão desumanizador? Temo que, como disse lucidamente Martin Luther King"o silêncio das pessoas boas" é o mais prejudicial para todos nós. Sem dúvida alguma, os corruptos passivos tomam a parte de leão.