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Convite a quem nos visita

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Talento de ouro emociona a Madeira

Não há palavras... E a existir alguma só pode ser BILHANTE.
Há tantos valores escondidos na nossa terra que se tivessem palco faziam cintilar mais forte as estrelas para o mundo inteiro. Bem hajas Micaela Abreu por esta emocionante interpretação. És um orgulho para todos nós madeirenses.
São estes momentos que nos fazem acreditar cada vez mais na humanidade. Podem ouvir AQUI

Ano bissexto. O que é e por que existe?

A propósito do dia 29 de fevereiro de 2016...
Se queremos entender por que os anos bissextos existem, devem atentar para o movimento da Terra ao redor do Sol: o nosso planeta gira 365,24219 vezes durante uma órbita completa ao redor do astro, de modo que um ano dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 56 segundos – e não simplesmente 365 dias.
O imperador romano Júlio César teve a ideia de criar o ano bissexto. Se a cada ano nós contássemos apenas os 365 dias, perderíamos quase seis horas anuais, as quais precisamos de alguma forma recuperar. Assim, durante três anos contamos os 365 dias, e no quarto – o ano bissexto – recuperamos o dia que falta, acrescentando este dia 29 a fevereiro.
O que aconteceria se não fizéssemos isso?
Se não acrescentássemos um dia completo a cada quatro anos, as estações acabariam descompassadas do calendário, de tal maneira que, depois de 700 anos, no Hemisfério Sul o Natal cairia em pleno inverno, e no Hemisfério Norte seria o contrário.
Foi no ano 44 antes de Cristo, quando da adaptação ao calendário juliano – baseado no movimento solar –, que os anos passaram a ter 365 dias, divididos em 12 meses de 30 ou 31 dias, exceto fevereiro, com 28. Os romanos estavam cientes de que os 365 dias não eram um cálculo exato, por isso a cada quatro anos acrescentavam um dia a mais ao calendário. Posteriormente, no ano 1582, o calendário gregoriano (promovido pelo papa Gregório XIII) substituiu o juliano, ajustando um pouco mais a desordem que ainda existia no calendário juliano e acrescentando exceções aos anos bissextos: não o serão os anos múltiplos de 100, salvo se forem também divisíveis por 400. Deste modo, os anos atualmente têm em média 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Apesar do ajuste feito, ainda há um desajuste de alguns segundos – serão precisos transcorrer 3.200 anos para que um dia de desvio se acumule e se possa ajustar.
Fonte El País

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Eu e tu

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém.
Serenamente estávamos
numa visão redonda
sobre os socalcos verticais
do sentimento verde.
É a esperança serena
que se retoma lançada
na semente do amor
que sem terra distante
é apenas um épico morno.
É divino eu e tu
o mistério. Moralmente. Em comunhão.
E por fim regressamos
lado a lado à encosta
devagar, tateando
perto do coração no caminho
que sobe para a nossa casa.
Logo pela penumbra da tarde
chegamos extasiados ao átrio
desse mundo quando contávamos
os dias para chegar à festa.
Fomos procurar juntos
o tempo perdido
começar de novo o caminho
para vermos o outro lado da subida
porque o sentido reside no estreitar,
murmurar ou não dizer nada
e porque não: aceitar o silêncio.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Para celebrar a igualdade do que é diferente

Hoje acordamos com a notícia do «Público» com o seguinte título: «Bloco lança campanha para assinalar conquista enorme» da adoção gay» e em que se refere a utilização maciça de um cartaz, que se mostra, onde sob um fundo cor-de-rosa aparece uma imagem tradicional do Coração de Jesus e a inscrição «Jesus também tinha dois pais». A intenção é a de celebrar a vitória legislativa na Assembleia da República alcançada no passado dia 10 de fevereiro com uma votação a favor da «adoção gay» que, segundo a notícia, «contou com uma maioria de 137 deputados a favor, sobretudo da esquerda parlamentar, 19 deputados do PSD (entre eles Paula Teixeira da Cruz e Teresa Leal Coelho) e o deputado do PAN, André Silva».
O Bloco de Esquerda dá a seguinte explicação: «A ideia do cartaz com a imagem de Jesus Cristo não pretende ofender nem a Igreja nem a religião, garante a deputada do BE Sandra Cunha. É apenas, diz, uma forma de “mostrar às pessoas” que “sempre existiram famílias diferentes” e que essa não é uma realidade “nova nem recente”. Os dois pais a que se refere o cartaz são, especifica a deputada, “o pai espiritual e o pai terreno” de Jesus Cristo. Sandra Cunha sabe que “provavelmente” o cartaz vai gerar polémica, mas considera-a “bem-vinda”, porque faz com que as pessoas discutam o tema, defende» (Público, 26/02).
Obviamente que são aceitáveis as explicações. Mas, também é mais que evidente que chocará meio mundo e o outro meio mundo passará indiferente como tem passado a tantas coisas que se vai fazendo neste país. Essa grande parte do mundo chocar-se-á com a utilização da imagem do Sagrado Coração de Jesus e com a justificação sobre a igualdade que assiste aos casais do mesmo sexo.
Não fico chocado particularmente com o cartaz. Neste domínio pouco ou nada já me choca. Todos os dias vemos instrumentalizações de elementos religiosos para justificar os fins mais terríveis. Choca-me a pobreza, a fome e a incontável multidão de sem abrigos que este mundo apresenta, a violência doméstica, o abandono dos idosos, a exploração sexual das crianças, a morte de inocentes, as escolas e hospitais em mau funcionamento, o desemprego e a pobreza geral que nos assiste.  Aí sim o rosto de Deus anda profundamente profanado e violentado.  
Ao invés de me ver ofendido ou chocado, vejo-me preocupado que o cartaz venha a ter precisamente o efeito contrário ao pretendido. As posições sobre este assunto delicado extremar-se-ão e adiará a mudança quanto às mentalidades. Uma lei é fácil de se fazer e até fácil de se cumprir. O mais difícil é mudar as mentalidades e as atitudes de tolerância em relação a tudo aquilo que nos ensinaram como sendo diferente.
Não lamento que apareça no cartaz a imagem do Sagrado Coração de Jesus e que ele diga que Jesus teve dois pais. O que logo à partida até é bem verdade. Se alguém considera isso profanação e ofensa, é bom que se saiba que Deus está acima de qualquer profanação e muito para além de qualquer ofensa. Mas é também preciso considerar que toda esta realidade é do domínio da fé e os conteúdos da fé quando são mistério que nos ultrapassa não têm explicação plausível e não se comparam com a lógica deste mundo.
Por fim, lamento que com este cartaz o Bloco de Esquerda tenha contribuído para irritar ainda mais alguns que se manifestam violentamente nas esquinas das ruas rangendo os dentes, alimentando a intolerância em relação àquilo que é diferente. Sim diferente, porque não se pretenda impor como igual aquilo que se apresenta como diferente. E não me parece que daí venha algum mal para o mundo. Basta que se aprenda a conviver com isso naturalmente.
O debate está inquinado com este cartaz e isso não é bom para ninguém.      

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O tempo do arrependimento

Comentário à missa para este fim de semana, domingo III Quaresma. Pode servir a quem vai a à missa e não só.
O Evangelho de Jesus Cristo, mostra-nos que não devemos julgar ninguém nem atirar pedras aos nossos semelhantes, estamos todos sob a mesma condição e somos chamados pelo amor de Deus a tentarmos melhorar a nossa vida dando frutos para a edificação do bem para todos.
Na canção de Sara Tavares ficou expressa a ideia de que tinha chegado o tempo e cada momento da nossa vida é essa ocasião propícia que Deus nos oferece. Diz assim: «Há tempo de nascer e de morrer e agora / Estou serena no teu tempo / Já é hora de acordar / Já é hora de acreditar / Que tudo fica bem no tempo que o silêncio tem / Há que olhar atrás e aprender, está na hora / É tempo de viver / Não a vale a pena, não, não, não / Correr atrás do vento / Estou serena no teu tempo / Já é hora de acordar / Já é hora de acreditar / Que tudo fica bem no tempo que o silêncio tem / Há tempo de sorrir e de chorar e agora / Há que olhar em frente e descansar, está na hora / É tempo de amar / Não vale a pena, não, não, não / Correr atrás do vento / Estou serena no teu tempo» (No teu tempo, Sara Tavares). Já é hora de acordar, Já é hora de acreditar. «Crer não é mais do que, na escuridão do mundo, tocar a mão de Deus e assim, no silêncio, escutar a Palavra, ver o Amor», afirmou Bento XVI, Exercícios Espirituais (23-02-2013).
O arrependimento deve fazer parte da nossa alimentação espiritual diária. Porque também diariamente, somos confrontados com a raiva absurda que nos descontrola o pensamento e as palavras.
As teimosias nas nossas ideias fixas e manias pessoais, são frequentemente uma propensão que nos ataca e que requerem uma dose elevada de arrependimento.
Diante das brigas inúteis entre vizinhos, colegas e companheiros de caminhada, o arrependimento deve estar sempre presente para que a reconciliação da amizade seja também uma constante na vida de cada pessoa e, sobretudo, se são pessoas que acreditam em Jesus Cristo.
Arrepender-se, é a atitude que mostra o coração de cada pessoa. Sem este sentimento não se conhece o interior de cada pessoa nem ninguém se revela plenamente se não for capaz de assumir sempre que é necessário para viver a dimensão do arrependimento.
Neste ano, particularmente, o Papa Francisco definiu o seguinte: «a corrupção é o pecado que, em vez de ser reconhecido como tal e de nos tornar humildes, se tornou sistema, torna-se um hábito mental, uma forma de vida». Ou seja, explica, «o corrupto é aquele que peca e não se arrepende, aquele que peca e finge ser cristão, e com a sua dupla vida provoca escândalo».
Neste sétimo capítulo de «O Nome de Deus É Misericórdia», o Papa faz várias caracterizações sobre o pecado e a corrupção: «A corrupção faz perder o pudor existente na verdade, na bondade, na beleza»; ou «o corrupto muitas vezes não se apercebe do seu estado», e ainda «o corrupto construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas».
Para o Papa não existem situações de pecado ou de corrupção «de onde não possamos sair», daí que a misericórdia seja o tema deste jubileu. Diz Francisco que rezar de forma especial neste ano permitirá a «Deus abrir uma fresta nos corações dos corruptos, dando-lhes a graça da vergonha e de se reconhecerem como pecadores». Fica a esperança.
A contrição, o «bater no peito» como sinal de humildade deve ser sempre uma preocupação de cada pessoa. Os problemas da vida e das relações interpessoais não encontram solução se não formos capazes de estar sempre com os ritmos do arrependimento e do perdão convenientemente afinados. Precisamos desta quaresma de conversão constante para que a vida produza frutos saborosos que sirvam a felicidade e a paz para todos. O Reino de Deus é isto.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A bebedeira religiosa esconde o essencial

Imagem Peregrina 2016
A imagem de nossa Senhora de Fátima Peregrina que visita a Madeira por estes dias, tem feito correr multidões, não só na Madeira mas também por todo o país, nas dioceses por onde tem passado, porque há mais 12 imagens peregrinas que estão a fazer visitas semelhantes a esta. Mas ainda vou mais longe, esta é uma imagem idêntica a centenas delas que há nas nossas igrejas e nas casas de milhares de madeirenses e portugueses. Alguém justificava a veneração da imagem peregrina como um retrato de um familiar que se coloca sobre o móvel ou na parede da casa. Acho esta analogia estranha. Logo a seguir se vai dizendo ainda que é a mesma imagem que visitou a Madeira em abril de 1948, coisa que também não percebo qual a relevância. Neste sentido, estou seguro que não será ainda desta que ficaremos convencidos que a maioria tem sempre razão.
Por isso, seguimos a indicação de Maria de Nazaré no Evangelho de São João, nas famosas Bodas de Caná, quando diz aos serventes da boda: «fazei tudo o que ele vos disser» (Jo 2, 5). Para nós basta-nos isso, que reconheçamos que Maria de Nazaré é a Mãe do Filho de Deus, que se tornou Mãe de Deus e Mãe de alguns crentes cristãos, particularmente, católicos e que com Ela e por Ela podemos ver e chegar até Jesus.
E acrescento o que muitos não querem aceitar e que deve corresponder perfeitamente à verdade da história. Maria foi Discípula e Apostola de Jesus. Ao contrário da grande multidão que vai à busca dos milagres de Maria, eu fixo o meu acreditar precisamente aí. Gosto de aceitar e acreditar que Maria foi, é Mãe, Discípula e Apostola. Se isto for uma heresia, deixem-me ser herético e que no fim, lá no céu Deus me julgue. Acredito que Ele será justo comigo.
Imagem Peregrina 1948
Conta-se que alguém entrou numa igreja e perguntou à pessoa que cuidava da igreja naquele momento, onde estava o santo dos cancros porque precisava muito de rezar-lhe e pedir-lhe um milagre. O guardião do templo, sabedor de alguns contornos da religião, rematou com o seguinte: «vá acolá adiante do Santíssimo Sacramento que Ele é de clínica geral». Pois…   
Por isso, sem intermediários, mesmo que lhes conheça toda a dignidade e o valor de santidade, coloco-me humildemente diante do Santíssimo Sacramento e rezo deste modo cinco itens entre muitos outros que podem também ser lembrados e rezados:
1. O nosso sistema de saúde anda pelas ruas da amargura. Os cuidados de saúde estão numa penúria confrangedora. Será que esta onda gigante de devotos está consciente destes problemas? - Ora se está! Até reza isso... Provavelmente, revolta-se entre portas e nas esquinas das ruas escondido para que só oiça o seu maldizer a sua pequena rede, os muito próximos da sua relação humana.
Neste domínio da saúde dizem existir exemplos esporádicos que nos merecem apreço de grandes profissionais ligados à saúde. Mas ouve-se falar de irresponsabilidade, desorganização, má gestão e falta de dinheiro para o que é necessário ao trabalho dos agentes da saúde para que os nossos hospitais deixem de ser antecâmaras de morte.
Não é raro saber-se que muitos doentes entram com uma doença e saem para o cemitério com outra contraída dentro do hospital, que resulta da escassez de materiais necessários às desinfeções e aos cuidados básicos para curar as doenças. Não há verba, como se convencionou rematar a partir da famigerada crise, para justificar a injustiça, a desordem e o muito desleixo.
2. A nossa educação também está como está. Somos a região do país com o maior abandono escolar. Os professores andam em pânico por causa da violência e do mau comportamento dos alunos. Há crianças que chegam à escola com fome. Mas não falta dinheiro para a mesma clientela e para alimentar os famosos vícios adquiridos. Ao pé de Maria não oiço ninguém rezar e muito menos pregar isso.
3. Somos a região do país com o desemprego mais elevado, o que vai gerando uma rede de pobreza cujo número de pobres só Deus sabe, porque os governantes desta terra não permitem que se faça nenhum estudo que nos permitisse ter uma perceção mais objetiva sobre o flagelo da pobreza na nossa terra. O melhor destino turístico do mundo exige que os pobres fiquem como estão, escondidos dentro de um número que se desconhece.
3. Outro motivo da minha oração centrou-se na violência. Todo este ambiente de desemprego e de pobreza estão a criar homens, mulheres, jovens e crianças cada vez mais violentos, desocupados, sem perspetivas de futuro, desorientados sem valores, que se apresentam agressivos, desordeiros e cheios de desrespeito por si próprios, pelos outros e pela natureza. Basta dar uma volta pelo nosso Funchal ao cair da noite para nos apercebermos a olho nu como a prostituição de rua está a crescer enormemente.
A violência doméstica vai revelando o descalabro da educação no desarranjo familiar, a ganância pelas miseráveis pensões dos idosos vai semeando o medo, a insegurança nesta porção enorme da nossa população. Houve-se falar de graves maus tratos contra idosos indefesos e desprotegidos à mão de familiares sem escrúpulos que não se inibem de cometer atrocidades contra os seus entes fragilizados pelo peso da idade.
4. E por ter falado na rua, lembrei-me que andam a vaguear na nossa cidade cerca de 200 pessoas sem abrigo. Esta grande vergonha de uma cidade que se gaba de ser turística, asseada e toda a Católica, permite-se ter cidadãos a vaguear nas suas artérias ao deus dará. Um escândalo que nos devia envergonhar a todos. Passam fome e tremem de frio sobre as pedras nos recantos da rua.
5. Porém, no entretanto estou a me lembrar de outras situações que estimo colocar no coração do Santíssimo Sacramento. Leio o livro belíssimo do Papa Francisco, «O nome de Deus é misericórdia». Aqui está reafirmado pelo Papa que «pensando no testemunho dos papas que me precederam, e pensando na Igreja como um hospital de campanha, onde se curam prioritariamente as feridas mais graves. Uma Igreja que aquece o coração das pessoas com a proximidade» (pág. 25). Ah pois os problemas são tantos e tudo se matem na mesma, um sossego pouco desassossegado. Basta olhar à volta. Património religioso a degradar-se sem que seja cumprido o fim a que se destinava, alguns levam a assinatura da caridade para maquilhar os fins e calar as vozes tentadoras do demónio que se gastam a mexer no que alguém entendeu que Deus quer que fique quieto.
Por aqui se vê que enquanto andarmos perdidos, «bêbados» com excessiva religião popular, porque mobiliza multidões, não restará tempo para escutar o Mestre, exatamente, como manda claramente Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Se morrem crianças morre uma boa parte da humanidade

Todas as mortes quando não acontecem com a naturalidade que se espera ao fim de uma temporada mais ou menos longa nesta vida, é sempre de lamentarmos profundamente. Por isso, quando estamos perante a morte de bebés e crianças ficamos profundamente consternados e chocados se essa morte resulta da guerra, da violência doméstica, da irresponsabilidade dos adultos, do crime organizado que trafica crianças para fazer comércio sexual ou para extração de órgãos... Mais ainda choca se os crimes resultam de pedofilia e da loucura dos seu próprios pais.
Nos últimos dias fomos tomados de assalto por dois crimes graves que resultaram na morte de três crianças. Uma mãe que atira à correnteza do rio Tejo um bebé de 20 meses e uma criança de 4 anos, que resultou na morte de ambas, tudo indica, por afogamento. Outra situação está relacionada com uma criança de 5 anos que caiu de um 21º andar no Parque das Nações enquanto os pais estavam a divertir-se nos jogos do casino.
Tudo isto acontece porque a sociedade tornou-se violenta, desumana e nenhuma pretexto aparente pode apenas servir para justificar comportamentos que conduzem à morte dos outros, ainda mais se são bebés e crianças.
O nosso querido poeta Fernando Pessoa dizia que «o melhor do mundo são as crianças». A Bíblia Sagrada está cheia de passagens onde se percebe que as crianças de fato são o melhor que este mundo tem. Quem as desrespeita está condenado a pena máxima.
Ora vejamos alguns exemplos bíblicos:
1. «Mas, com quem compararei esta geração? É semelhante a meninos que se assentam nas praças e gritam aos seus companheiros: Tocamos-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes» (Mt 11, 16-17)
2. «Traziam-lhe também as crianças, para que Ele as tocasse. Os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos. Mas Jesus, chamando-as para si, disse: Deixar vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, pois deles é o reino de Deus. Em verdade vos digo que, qualquer um que não receba o reino de Deus como uma criança, não entrará nele» (Mt 19, 14 e Mc 10, 13-15).
3. «Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos no divertimento, e adultos no entendimento» (1Cor 14, 20).
4. «Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, e fingimentos, e invejas, e toda a sorte de maledicências, desejai ardentemente, como meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, para por ele crescerdes para a salvação, agora que já provastes que o Senhor é bom» (1Pe 2, 1-3).
5. «Ora, os que comeram foram quatro mil homens, além de mulheres e crianças (Mt 15, 38).
7. «Esse, usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou a nossos pais, ao ponto de força-los a enjeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem» At 7, 19).
8. «Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoço» (Mc 9, 42) Podemos ainda ver que as crianças são consideradas e muitas vezes servem de exemplo para anunciar a mensagem da salvação. Muitos mais exemplos podíamos citar, tirados da Bíblia. Porque são imensos os ensinamentos que nos devem educar no sentido de fazermos das crianças realmente o melhor do mundo e que devemos para elas oferecer o melhor que há no mundo.
Nos casos em concreto, que resultaram na morte de três crianças, vítimas de ambientes péssimos, parece-nos que a irresponsabilidade é o pão nosso de cada dia. As autoridades também falharam redondamente e devem ser postas de parte as suas falhas. A sociedade em geral falha. Sim falhamos todos, porque ninguém se apercebeu de sinais, de indícios, mas porque o raio da mania que ninguém tem nada a ver com ninguém, preferimos calar perante os indícios e o sinais, para falar à boca cheia depois da desgraça como exímios «mestres». A solidariedade com os indefesos não deve ter requisitos nem muito menos condições de nenhuma ordem.
Uma mãe que chega a entregar à morte tão facilmente dois filhos, é o fim da linha, é manifesto que esta pessoa não anda bem e há muito que devia ter apresentado sinais que induziam à tragédia. Como é que ninguém à volta não se apercebeu disto? Como é que ninguém se apercebe de um sinal, de um choro fora do normal, uma agressividade ou outra coisa qualquer que leve a uma conclusão acertada sobre o que se está a passar ou que a tragédia está iminente? - É pois, a mania que não nos metemos na vida de ninguém... É um bom princípio, para muita coisa da nossa vida, mas quando se trata de libertar e salvar vidas humanas este principio não pode prevalecer.
Outro dado está relacionado com a perda de valores que a nossa sociedade apresenta. A vida reduzida à dimensão física, ao prazer deste mundo e à irresponsabilidade sexual está a conduzir muita gente para o niilismo da vida em todas as suas dimensões. A perda de valores rebaixa os outros e tira-lhes a dignidade. Não podemos continuar como se fosse normal educar sem espiritualidade, sem normas de conduta, sem educação cívica e sem aqueles costumes tradicionais na educação das sociedades. Não podemos ter vergonha de defender valores humanos e religiosos que nos apontam para a dimensão da vida não apenas para a vertente física, mas também para a dimensão transcendente, a vida eterna após saborearmos as belezas da vida terrena e cumprimos a missão para que estamos neste mundo. 
Precisamos de sentir que a vida tem uma dimensão espiritual, transcendente e que por isso não é apenas nossa, pertence a um mistério e a uma dimensão que não dominamos, não é nossa. Muitos pais, não gostam de ouvir que não são donos dos filhos, uma pessoa não é uma propriedade, não é um objeto, não tem dono. Ser pai e mãe é o maior «trabalho» voluntário, o mais importante e mais nobre deste mundo e que não é renumerado. Uma opção voluntária, livre e grandiosa para dar ao mundo, à vida a sua continuidade. Este «trabalho» não é só desta ou daquela pessoa, pertence ao mistério que a todos envolve e que de todos faz parte.  
A mania que uma criança pode ser um bibelô ou um brinquedo como outro qualquer não pode continuar a marcar o pensamento de tanta gente, especialmente, na cabeça de alguns jovens e adolescentes.  
Que estas mortes trágicas destas crianças não sirvam apenas para andarmos para aí a condenar este e aquele, encontrar bodes expiatórios para justificar o injustificável, aplicar leis e mais leis como se as pessoas cumprindo uma lei e um castigo se tornassem as melhores pessoas do mundo. Antes é preciso um debate muito mais denso e mais profundo, holístico sobre os contextos, as causas e toda a envolvência humana que conduz a este desprezo pela vida, particularmente, a vida das crianças. 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Navegar na proa do sentido

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém...
Sentei-me a descansar na proa do barco
e reforcei a esperança do marujo.
Era distante a viagem e perigoso o mar
- neste mundo é só uma vida que temos
é preciso nunca desistir de encontrar
aquele lugar paradisíaco de Adão e Eva
que perdemos.
Destemido parti daquele porto materno
dizendo adeus aos grilhões
da felicidade tolhida e curta.
Olhei adiante na linha do horizonte
onde por hora vislumbro apenas o vazio
ou as ondas tumultuosas que penso
todos os dias no baloiçar frenético da embarcação
nas encruzilhadas de uma história
que se faz entre a paciência e o perdão.
Porém rasgam-se as ondas sem desistência
porque em qualquer percurso e opção
o que importa não é alienar-se com a meta
mas começar no início
ciente que haverá sempre tormenta.
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Quem escraviza trabalhadores vai prestar contas a Deus

O que mais precisamos é de uma aliança entre empresa e trabalho, alicerçada na Doutrina Social da Igreja, foi a proposta que o papa Francisco fez a cerca de 3000 empregadores e trabalhadores mexicanos reunidos no pavilhão desportivo de Ciudad Juárez, mas que serve para todos os lugares do mundo.
A desvalorização do papel dos trabalhadores nas empresas, os míseros salários que lhes são pagos, a exploração em sobrecarga de horas de trabalho e toda uma panóplia de desprezo pelo trabalho vindo de empresários, patrões e governantes, coloca este desafio do Papa na ordem do dia e surge como exemplo perante o silêncio da maioria dos responsáveis pela governação do mundo.
Pobreza, acrescentou, que é “terreno fértil para se cair na espiral do tráfico de drogas e da violência”. O papa reconheceu que “o tempo em que vivemos impôs o paradigma da utilidade económica como princípio das relações pessoais” e que “a mentalidade dominante defende a maior quantidade possível de lucro, a qualquer custo e de modo imediato”.
Esta atitude, no entanto, “não só provoca a perda da dimensão ética da empresa, mas esquece que o melhor investimento que se pode fazer é o investimento nas pessoas e nas suas famílias”.
Traçando o diagnóstico de uma “mentalidade dominante” que leva em muitos casos “à exploração dos trabalhadores como objetos para ser usados e jogados fora”, o papa recordou que “Deus pedirá contas aos escravistas dos nossos dias, e todos nós devemos fazer todo o possível para que estas situações não mais aconteçam”. O fluxo de capital “não pode determinar o fluxo e a vida das pessoas”.
A alternativa a esta tendência está na Doutrina Social da Igreja, que alguns interpretam mal, como um convite aos empresários para se tornarem benfeitores. Francis recorda que “a única proposta da Doutrina Social da Igreja é a de prestar atenção à integridade das pessoas e das estruturas sociais”. Por isso, “toda vez que, por várias razões, esta integridade é ameaçada ou reduzida a um bem de consumo, a Doutrina Social da Igreja será uma voz profética, que ajudará a todos a não se perderem no mar sedutor da ambição”.
E concluiu desta forma brilhante: o Magistério da Igreja – explicou o papa – indica as ferramentas para se alcançar a integridade de cada pessoa e, com ela, o “bem de todos”. Portanto, “todos nós temos que lutar para garantir que o trabalho seja uma instância de humanização e de futuro; seja um espaço para se construir a sociedade e a cidadania”. Para não esquecermos e se possível não permitirmos que o trabalho tenha contornos de escravatura para ninguém.

Faleceu o padre Nascimento

Menos um grande amigo neste mundo, mais um no mundo de Deus... Paz à sua alma e que junto de Deus por nós todos manifeste a sua intercessão... Com devida vénia publicamos aqui a nota da Diocese do Funchal.
O Padre EDUARDO DE FREITAS NASCIMENTO, sacerdote diocesano da Diocese do Funchal, faleceu ontem, dia 18 de Fevereiro, ao início da noite. Tinha 86 anos de idade, e era natural da freguesia e concelho de Santana. Nasceu no dia 09 de Outubro de 1929, era filho de Damião Freitas Nascimento e de Efigénia Freitas Jardim. Foi baptizado no dia 26 de Outubro de 1929 e confirmado a 27 de Abril de 1939. Depois do percurso formativo no Seminário foi ordenado diácono a 26 de Maio de 1956 e Sacerdote, no dia 22 de Setembro do mesmo ano.
Dentro dos serviços eclesiásticos que desempenhou, na Diocese do Funchal, destacamos os seguintes:
- Coadjutor da Paróquia de Santa Cruz:
de Novembro de 1956 a Dezembro de 1960.
- Pároco da Paróquia do Piquinho e da Paróquia das Preces:
de Dezembro de 1960 a Outubro de 1970.
- Pároco da Paróquia de São Martinho e da Paróquia da Nazaré:
de Outubro de 1970 a Setembro de 1989.
- Pároco da Paróquia do Campanário:
de Setembro de 1989 a Setembro de 1992.
- Pároco da Paróquia de São Roque:
de Setembro de 1992 a Setembro de 2001.
- Pároco da Paróquia do Arco da Calheta e Paróquia do Loreto:
de Setembro de 2001 a Setembro de 2008.
A sua vida no seguimento de Jesus Cristo, no alegre anúncio do Evangelho, deixou em todas as paróquias onde exerceu o seu ministério um testemunho de pastor e de fidelidade à Igreja, nomeadamente no cuidado espiritual e pastoral dos fiéis que lhe estavam confiados. Igual testemunho no acompanhamento dos militares, durante o tempo em que desenhou as funções de Capelão do Exército, na Zona Militar da Madeira.
A Diocese agradece o testemunho da sua vida entregue no serviço presbiteral à Igreja e a dedicação de pastor ao Povo de Deus.
Que o Senhor o receba na Sua Paz!
Secretaria Episcopal, 19 de Fevereiro de 2016

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

As lágrimas transformadoras

Comentário à missa deste domingo II da Quaresma. Pode servir a quem habitualmente participa na missa, mas não só...
A oração e o silêncio transfiguram Jesus, para que a voz de Deus se fizesse ouvir mais uma vez: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».
Nesta teofania (uma manifestação divina), sinal da presença de Deus é muito evidente e mostra a predileção amorosa pelo Seu Filho que é este mesmo que se faz rosto visível diante da humanidade.
Hoje, Jesus toma consigo cada um de nós e leva-nos ao monte da vida e mostra-nos também a voz misericordiosa de Deus Pai, que nos revela como é importante escutar a voz do Seu Filho, presente na existência humana em todos os tempos e lugares da história.
À maneira de Jesus todos necessitamos de transfiguração. Mas de uma verdadeira transfiguração do coração que nos leve a assumir atitudes de justiça e de amor perante os nossos irmãos. Estamos no tempo em que os pobres e os sem sorte neste mundo devem encontrar de nós solidariedade, amizade para que a presença de Deus se faça sentir aí no lugar da tristeza e do desamparo da vida deste mundo.
O Papa no encerramento da viagem ao México na missa em Ciudad Juárez definiu por onde começa essa transformação/transfiguração e onde acaba: «São as lágrimas que podem abrir o caminho à transformação; são as lágrimas que podem abrandar o coração, são as lágrimas que podem purificar o olhar e ajudar a ver a espiral de pecado em que muitas vezes se está enredado. São as lágrimas que conseguem sensibilizar o olhar e a atitude endurecida, e sobretudo adormecida, perante o sofrimento alheio. São as lágrimas que podem gerar uma rutura capaz de nos abrir à conversão» (Papa Francisco, missa de encerramento da Visita Apostólica ao México).
Os soberbos de coração precisam de transfigurar-se para a eficácia do perdão e da humildade. Os mentirosos necessitam de converter essa propensão para a verdade das palavras, das atitudes e dos gestos. Os que vivem mediante a violência dos atos e das palavras, precisam de transfigurar essa tendência desumana para a autenticidade do diálogo e da paz como únicos caminhos que nos movem para a luz da salvação.
Só esta transformação dará sentido à vida e fará do nosso mundo o lugar da paz, porque estará lá bem presente a fraternidade e a amizade.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Um Salmo e umas Bem aventuranças sobre a vida em marcha

Com um muito obrigado ao meu amigo Fernando Jorge Félix Ferreira...
Salmo da pessoa que vê a realidade e não se cala e bem-aventurados os «em marcha»...
Salmo da pessoa que vê a realidade e não se cala
Ouve, Senhor, estes versos que eu te rezo
ao contemplar a realidade em que vivo.
Maldito o sistema que não deixa os poetas sonharem
nem permite a quem pensa dizer a verdade.
Serão seus dias de luto e lamento
 porque matou no ser humano o mais digno.

Maldito o sistema que não pratica a justiça, 
e persegue, tortura, encarcera quem anuncia;
terá que justificar sua conduta ante a história
e não encontrará nenhuma defesa.

Maldito o sistema que só procura a aparência de grandeza, 
quando as pessoas estão morrendo de fome
nas suas fronteiras; do mesmo modo que progrediu cairá, 
porque construiu seus alicerces sobre corpos vivos e sangue de inocentes.

Maldito sistema que tenta matar no ser humano a dimensão da transcendência
e coloca no seu lugar “o deus dinheiro”, “o deus sexo”, “o deus progresso”; 
destruir-se-á por dentro irremissivelmente, 
porque o coração do ser humano foi bem feito e ninguém pode matar em nós esta sede de infinito que nos queima.

Feliz será, porém, a pessoa que bebe água na fonte da praça junto ao povo; 
não terá motivos para se envergonhar de nada.
Bem-aventurança dos «Em Marcha!»
1  E vendo as multidões,
ele sobe na montanha e se senta.
Seus adeptos se aproximam.

2  Ele abre a boca, ensina-os e diz:

“Em marcha, humilhados do sopro!
Sim, deles é o reino dos céus!

Em marcha, os enlutados!
Sim, eles serão reconfortados!

Em marcha, os humildes! 
Sim, eles herdarão a terra!

Em marcha, os famintos e os sedentos de justiça!
Sim, eles serão saciados!

Em marcha os matriciais!
Sim, eles serão matriciados!

Em marcha, os corações puros!
Sim, eles verão Elohîm!

Em marcha, os pacificadores!
Sim, eles serão chamados filhos de Elohîm.

Em marcha, os perseguidos por causa da justiça!
Sim, deles é o reino dos céus!

Em marcha, quando vos insultam
e vos perseguem,
e mentindo vos acusam de todo crime,
por Minha causa.

Regozijai-vos, exultai! Vossa recompensa é grande nos céus!
Assim também perseguiram os inspirados,
os que vieram antes de vós.

Vós, vós sois o sal da terra.
Mas se o sal enlouquecer, com que salgá-lo?
Ele não é útil para mais nada,
senão para ser jogado fora
e pisado pelos homens.

Vós, vós sois a luz do universo;
uma cidade situada sobre uma montanha
não pode ser escondida.

Ninguém acende uma lâmpada
colocando-a sobre o alqueire,
mas sobre o lampadário,
onde ela reluz para todos na casa.

Assim, que vossa luz resplandeça
diante dos homens;
eles verão vossas bela obras,
e glorificarão vosso pai dos céus.
Da Celebração das Irmãs de Notre Dame de Namur, Comunidade do Ceará,
ao fazer memória dos onze anos do martírio da Irmã Dorothy Stang
In Fraternitas Movimento

Os muros que se levantam nas democracias

Uma reportagem excelente para ler AQUI...
O mundo da «dolarcracia» e da «euroscracia» está a semear o medo, o sofrimento e a morte no mundo inteiro com os novos muros que se levantam por todo o lado contra o estrangeiro, o outro, o diferente. Esta imagem é bem sugestiva desta desgraça que vai comandando os povos nos nossos dias. Por isso, Gabriel Pensador decifrou desta maneira:

Monumento aos que morreram tentado atravessar a fronteira
entre o México e os Estados Unidos, entre Tijuana e San Diego.
Cada caixão representa um ano e o número de mortos.
«Quero que a sorte me ajude nas batalhas que eu travo
mas do berço ao Ataúde vou manter minha atitude não
importa a latitude ou longitude, povo que não tem virtude
acaba por ser escravo, nem centavo, nem milhão, nem o
dobro, nem metade, nem a prata, nem o ouro, nem o
euro, nem o dólar, nem fortuna, nem esmola, nada do
que eu conheço paga o preço de viver sem liberdade,
felicidade não é coisa do outro mundo, eu não sou um
vagabundo mas sei vagabundear. Trabalho duro penso
no futuro mas o presente eu vou desembrulhar». 
Gabriel Pensador
- O Papa Bento XVI tinha ensinado que «A Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual». Bento XVI, 17/02/2013.
Vamos a isso... 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O abraço da paz pelo bem do nosso mundo

O abraço da paz.
Um passo de gigantes em nome de um mundo melhor.
Muitos têm defendido cada vez mais que enquanto não existir entendimento entre as religiões a paz no mundo nunca será possível.
Estes dois homens com este encontro e este abraço, demonstram, passados 962 anos, que pode ser possível tal entendimento. Cada um deles representa uma enorme porção de cristãos, as duas principais vertentes do Cristianismo, o cristianismo Ortodoxo e o Católico.
Não deixemos que este acontecimento nos passe ao lado. Um vibrante bem haja estes dois homens e especialmente ao Para Francisco que teve esta feliz iniciativa.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Fadiga ao fim do dia

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar ninguém.
O dia está findando
uma suave melancolia toca fundo
no chilrear dos pássaros
que alguém mandou
para este lugar do mundo.

Os declives altos intransponíveis
como que se espreguiçam
formando planos novos
que as minhas próprias mãos recolhem
naquele enlace de alegria dos povos
quando saúdam os encontros da paz.

O que se revelou como alegre luz
com sentido Deus fez parar
mas o que vem aos tropeções
não me faz bem e se me cerca
só posso seguramente deixar.

Tudo acaba
enquanto emerge a escuridão
que no interior da alma é vã
pois há a certeza que no vai e vem
do dia e da noite
entremeia eternamente uma manhã.
José Luís Rodrigues

Sinistro e perigoso para a Europa

«Encorajamos fortemente os nossos colegas portugueses a não se desviarem do rumo bem-sucedido que vinha sendo seguido», vemos que os mercados já estão a ficar nervosos. Estamos atentos aos mercados financeiros e Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido. O que será muito delicado e perigoso para Portugal».

Wolfgang Schäuble, este ser ministro das Finanças Alemão, qual sacerdote ao jeito antigo, que serve os deuses sanguinários sedentes de sacrifícios humanos, adverte Portugal neste teor como se fosse o nosso devoto protetor. Tenham cuidadinho porque os deuses estão «nervosos» e podem pedir as vossas cabeças num prato.
Um ser sem vergonha e que diz o seguinte com o maior dos desplantes como se nós portugueses fôssemos uns incapazes e diz o que diz como se não estivéssemos num país livre, onde se fazem eleições livres de vez em quando para colocarmos à frente dos nossos destinos um governo eleito. 
É inconcebível que a Europa perca de dia para dia os valores que a fundaram e no seu lugar esteja a emergir pura e simplesmente a lógica do dinheiro e da finança que suga tudo o que mexe para alimentar uns agiotas obscuros que se alimentam de notas. Mais ainda se torna intolerável que a maioria dos países da Europa se deixe vergar ao sinistro Chäuble e à seráfica Merkel, porque eles se consideram fiéis servidores «dos donos disto tudo». 
Esperemos que acordem os restantes governantes da Europa. A França, mesmo que ténue, já vai dando algum sinal de que desta forma não podemos continuar. E nós, Portugal, mesmo sendo pequenos e com pouco peso na Europa mercantilista, esperemos que não nos verguemos à indignidade e que mantenhamos firmeza na defesa dos valores e no bem de todos os portugueses. Fica o aviso.

As tentações de Jesus e as nossas

Comentário para a missa deste I domingo da Quaresma. Serve para quem vai à missa e não só... 
A história pessoal de cada um e de todos nós pode ser também um deserto, onde as tentações para o mal podem ser uma realidade bastante abundante. Mas, vejamos que o deserto pode ter dois sentidos, um positivo e outro negativo.
Do ponto de vista positivo, podemos dizer que o deserto é uma ocasião propícia para o silêncio, para a oração e para a penitência. Mediante estes aspetos podemos reencontrar o sentido da vida e redescobrir tudo aquilo que é fundamental para sermos felizes. O deserto pode ser ainda uma ocasião onde deixamos o Espírito nos encher de verdade por dentro e assim criarmos as condições necessárias para assumir plenamente todos os projetos da nossa vida. O deserto dá-nos uma fé nua dos seus apetites e desejos, da que fala o nosso místico São João da Cruz nas suas obras Noite Escura da Alma, o Cântico Espiritual e a Chama de amor Viva. Melhor do que ninguém, Jesus dá-nos o exemplo de como é essa fé despojada do supérfluo e ficando só com as coisas essenciais para dignidade da vida.
Do ponto de vista negativo, o deserto pode ser tudo o que não tem sabor nem é importante para nos tornarmos mais humanos e mais irmãos uns dos outros. O deserto pode ser toda a nossa propensão para a esterilidade do amor. Uma vida toda carregada de egoísmo e de ódio contra os outros é uma vida no deserto árido sem sombra e sem água viva de existência verdadeira.
Os nossos desertos também podem ser positivos ou negativos. Porém, de acordo com as tentações de Jesus, não podemos esquecer que em nenhum momento o Espírito Santo nos abandona. Assim, podemos estar seguros que o amor de Deus ou o Espírito Santo será a força principal que nos guiará para a verdade e nos livrará de todas as tentações que o «diabo» (quer dizer, todo o mal deste mundo que nos rodeia em tantos momentos da vida) intente contra o nosso coração.
As tentações fazem parte da vida e podem ser uma constante no nosso pensamento e no nosso coração. Porém, se acreditamos de verdade na mediação fiel do Espírito Santo nada nos pode demover daquilo que escolhemos para as nossas caminhadas pessoais.
Nenhuma pessoa pode, em nenhum momento, vangloriar-se de que está livre de tentações. Porque todos os seres humanos estão sujeitos às travessias no deserto e em qualquer momento pode ser atacado com as piores artimanhas do diabo.
O diabo ou demónio é uma figuração do mal. É a nomeação de tudo aquilo que seja contra a dignidade humana. O demónio é um nome que manifesta a força do mal ou da maldade que gera o coração da humanidade e a lógica deste mundo que tantas vezes está mais votada ao descarte, à marginalização, à injustiça e contra a dignidade humana. É diabólico, tudo o que seja violência, guerras de toda ordem, exploração e comércio humano, racismo e xenofobia, desprezo pelos refugiados, violência doméstica, abandono dos idosos e todo o género de exploração sexual com as crianças ou outros. Uma infinidade de tentações que norteiam este mundo, onde não é possível a vida sorrir, mas antes estar sempre triste e verter lágrimas amargas porque salgadas pela dor. 
Parece que nem o próprio Jesus se livrou dessa propensão, embora sendo verdadeiramente Deus. A humanidade de Jesus foi assumida em toda a sua radicalidade e neste momento também podemos perceber de verdade, como Jesus não deixa de assumir as tentações como aspeto peculiar da condição humana. Elas tornam-se um instrumento, que Jesus utiliza para nos mostrar que na nossa vida, embora também cheia de tentações, devemos mediante a presença do Espírito Santo, lutar sempre contra tudo o que nos desvie do caminho do bem, para que sejamos felizes e possamos fazer felizes os outros, porque não descuramos com sinceridade cumprir o nosso dever.