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Convite a quem nos visita

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Deste lado vejo uma noite

Ao sétimo dia
Estava acompanhado sobre uma tarde
Mandaste-me olhar com uma mão,
a vida escurecia um pouco
quando a solidão diz muito sobre o muro alto

a erva estava quase seca
como a ansiedade inatingível e forte

Estava disposto a morrer por qualquer coisa
que trazemos invisível na alma das folhas,
nos raios eternos das estrelas que desde
o princípio do meu mundo
os grandes blocos de gelo deslocaram:
umas vezes assustam esta alma vertical
e outras vezes sentia como desta vez
que a única forma de acompanhar-te na visão
é permitir que deste lado o meu coração bate
mesmo que seja noite. A nossa noite.
JLR

Vamos rezar juntos

não concebo uma Igreja fora do protagonismo laical como base do verdadeiro sentido do "ser Igreja", reunião e conjugação de todos os batizados para a celebração do mistério. É a Igreja "Povo de Deus", expressão assumida pelo Concílio Vaticano II, inspirando-se na doutrina de São Paulo e São Pedro. A base da reflexão de toda Igreja é o povo de Deus. É um povo sacerdotal, profético e serviçal. Este tripé do "ser Igreja" nasce em cada pessoa, quando no momento da unção do óleo do Crisma, fica marcada na cabeça em nome de Cristo Profeta, Sacerdote e Rei. Esta é a minha igreja que sai dos parâmetros das pirâmides hierárquicas, com títulos e sacramentais honoríficos que geram desigualdade e injustiças flagrantes. Esta Igreja não é a do Evangelho, que se forma sob a luz da fraternidade e do amor de Jesus por todos e cada um. A outra igreja hermeticamente hierárquica nasce romanizada, porque se inspira e forma como herança do poder faustoso da defunta nomenclatura das cortes do Império Romano. A Igreja quando é noticia mais pelo que enche a vista, pelos títulos, pelas promoções e pelos arranjos hierárquicos, desnaturaliza-se, atraiçoa a sua génese doutrinária, que é uma fonte que jorra a água viva da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Porque todos são Igreja, bebamos desta fonte. 

Vamos rezar juntos

«A fé, sem obras, é morta» (Tgo 2,17.20). – Eis o mais importante e o essencial para a existência. Um fermento necessário para que a vida sorri a muitos e a todos. Ser crente sem acção consequente, as obras, não serve nada. Mas o activismo desenfreado, cruo, só porque deve ser feito, sem carne, sem osso ou sem existência concreta nunca passará de címbalo que retine. Tudo deve estar conjugado na devida proporção. A fé, se verdadeira, expressa-se pela caridade militante a todos os níveis: no cumprimento escrupuloso dos deveres, na solidariedade, na luta pela paz e pela justiça, e por tudo o que seja necessário alimentar o caminho da felicidade para si e para os outros. O crente nunca é indiferente a nada, não pode de forma alguma ser alheio a tudo o que pertence à humanidade e ao mundo onde está inserido. Deve participar de forma séria e empenhada, porque entende que o que é de todos pertence a todos. Crer é um caminho e uma forma de viver com os outros para manter viva a nossa esperança no amanhã. Esta beleza deve brilhar todos os dias naquilo que somos, dizemos e fazemos.  

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

o poder das mãos. Está no engenho que elas escondem. Está no momento em que limpam o próprio rosto e o rosto alheio. Está no remover da terra para que se refresque mais uma vez e se despoje para acolher a semente da vida. Está no cuidado do outro que se impossibilitou pela doença, pela deficiência ou outra situação qualquer que ceifou para sempre o seu poder das mãos. Está na carícia carregada de afecto que afaga o olhar, o rosto que desponta no encontro, a flor no campo que desabrocha para o sorriso, na brisa que bate no rosto e que nos permite fechar os olhos para saborear… O poder das mãos está nas casas, nos edifícios das cidades e de todos os lugares onde fizeram blocos e o cimento da beleza e do abrigo das crianças, dos homens e das mulheres. O poder das mãos vem quando se sujam com tudo o que é necessário para ser feito em prol da paz e da boa convivência com toda a criação. 

Vamos rezar juntos

a festa do futebol continua com o mundial. Reunião magna de alegrias e tristezas, entusiasmos e convícios fraternos, o patriotismo e a lembrança que somos uma pátria ao rubro por alguns momentos, emoções e manifestas explosões de ruído quando os golos conduzem a bola ao fundo das balizas, e por fim, há equipas que avançam no torneio e outras que vão para casa... Um misto de várias coisas que nos animam a viver. Ainda bem que estes momentos ligados ao desporto existem, servem para desopilar os povos, porque é sempre melhor as nações se "guerrearem" num jogo desportivo do que com armas em punho, canhões apontados e balas a estalar rasgando a carne por uma guerra a sério. O desporto tem que ser uma festa. Quando se converte em negócio de milhões, falta de respeito pelos adversários, em linguagem belicosa de uns contra os outros, mau sinal, porque revela desrespeito pelos povos e pelos adeptos que gostam de apreciar o desporto e torcer pelos clubes das suas simpatias. Que continue a festa do futebol mundial com a alegria a ela associada quando as vitórias nos presenteiam. Mas se for ao contrário, as derrotas, que não nos falte o discernimento para encarar com toda a normalidade a vida e que qualquer circunstância não nos atrapalhe o zelo pelo cumprimento dos deveres e a dignidade com que todos os dias devemos nos guiar, para, simplesmente, saber viver com todos nas vitórias e nas derrotas.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

São João Crisóstomo aponta o seguinte caminho para o nosso dia a dia na relação com os outros: «Jesus não disse que não temos de evitar que um pecador deixe de pecar, temos que o corrigir sim, mas não como um inimigo que busca a vingança, mas como o médico que aplica um remédio». A avaliação que tenhamos que fazer sobre alguma coisa de alguém, se for mesmo necessária fazer-se, deve ser com espírito de correção e nunca como desejo de vingança. Quando estamos bem preparados para seguir a vida e vivê-la com os outros, vamos saber ver a realidade boa e má daqueles que encontramos, disso faremos a devida avaliação. Mas, isso deve ajudar-nos a vermos as coisas com sabedoria, não julgando por por julgar, a dizer por dizer, escondendo as nossas mazelas e falhas, ou porque os outros também fazem. Enfim, basta que as palavras de Jesus toquem fundo nosso coração, como uma luz que liberta das trevas e orienta os passos na relação com os outros: «a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós» (Mt 7,2). 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

não julgar para não ser julgado. Quem acha que não é pecador, mente. Mas há tanta gente que sabe tanto dos deveres dos outros e da ética dos outros que nos deixa desconcertados, quando se sabe que esses tais se esquecem facilmente a propósito e a despropósito dos seus ou simplesmente deles disfarçam não saber patavina. Para os outros serem e fazerem é tudo tão fácil, para si próprios não interessa e até se esquecem de propósito daquilo que é seu, porque os outros não irão notar, pois convenceram-se que lhes basta encher-lhes o juízo a apontar os seus erros e defeitos. A vida funciona assim descaradamente, a fazer-se juízos de valor e a apontar os defeitos dos outros sem que se faça a mínima sobre o que cada um devia limar e melhorar em si próprio antes de apontar a lista das virtudes e dos deveres que os outros deviam realizar. Tanto do que se vê de mal nos outros obra julgar, não raramente é o reflexo dos estragos interiores de quem julga. Tanta esperteza a fazer tanto mal, porque as virtudes e a perfeição estão no mundo mesquinho de quem se faz juiz, mas não se esqueça o seguinde: "A maneira mais segura de se ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros" (Franciosi La Rochefoucauld).

domingo, 24 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

este é o dia de São João. O "homem-missão". Ele é a figura que apresenta Jesus. Veio dar testemunho da luz, sem ser a luz. É o homem da sinceridade e da honra, da humildade e da sensatez. A sua missão consiste essencialmente em fazer o anúncio da chegada de "alguém mais importante do que ele", mas de caminho, desbrava as veredas e endireita os caminhos. Daí que não falte a sua denúncia profética e os apelos à conversão, porque a revolução do amor está prestes a chegar. Não admira que termine com a cabeça a prémio e que venha a ficar sem ela para servir de troféu da maledicência e da maldade humana. A nós cabe-nos purificar todo o forrobodó popular que a alusão a São João Baptista por todo o lado implica. É importante a festa e o convívio que as festividades sobre o seu nascimento implicam, mas, devemos também segui-lo no exemplo da seriedade e da inquietação perante a hipocrisia que arrasta o mundo para a desgraça da injustiça e que conduz tantos homens e mulheres para o sofrimento. É urgente seguir critérios e valores que São João preconizou e pelos quais entregou a sua vida. 

sábado, 23 de junho de 2018

Contemplação Marinha

Ao Sétimo dia. Sejam felizes sempre...
Canta, canta a menina
Nas águas fundas do tempo
Onde te vejo no jardim
Das algas marinhas
Movediças na corrente
Dos corais brilhantes.
Como pomares de silêncio
Que se pescam na vertigem
Do sabor do sentido
Que se dá na bondade
Desta dádiva do amor.
JLR

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

os romantismos meio tolos são bons de se ver nos romances, nos filmes e nas novelas. A vida concreta requer compromisso concreto na realidade concreta da vida. Nada de ingenuidade perante as más intenções dos outros e nada de andar com os pés sobre a água iluminados por luzes que irão revelar um dia o paraíso na terra. É bom acreditar que pode ser possível a bondade, a amizade e a fraternidade mas com os pés bem assentes na terra, para que a frustração e a desilusão não tragam derrotas que levem a depressão profunda. Trabalharmos com toda a entrega neste aspecto que acabo de referir todos os dias, deve fazer parte do nosso compromisso e até da missão de cada um de nós. Mas, não sejamos uns lunáticos ou uns sedados com o sonho de que algo virá sem o nosso contributo, o nosso trabalho empenhado e a nossa dedicação sérias às causas fundamentais da existência humana, por exemplo, a liberdade, a paz e a justiça...

A crueldade convergente

É impossível ficar indiferente a isto... Continuemos a rede de denúncia sobre a barbárie inconcebível, porque é preciso "salvar a humanidade das garras de si mesma".

Vamos rezar juntos

é sempre muito fácil perder-se a alma e ocupar o coração com os bens deste mundo. Todos os bens servem para vivermos bem e promovermos a dignidade da vida. Ter bens e viver mal é um disparate. Por isso, quando estamos fixados em demasia nos bens como se fôssemos eternos neste mundo, estamos fora bêbedos pela soberba e cegos pela ilusão. O que valerá andar a roubar descaradamente, a fazer falcatruas para açambarcar tudo o que esteja ao alcance e até muitas vezes até o que está além do possível? - Nada, zero! Desejar tudo como se o mundo acabasse estivesse em exclusivo só e unicamente para uns e só para alguns. Vai daí que temos um mundo desigual, com a natureza desregrada e uma parte da humanidade cada vez mais insensível perante os direitos dos outros. Os critérios da ganância e do egoísmo, semeiam escravidão e miséria. Tudo é sempre pouco para a avidez insaciável e a loucura da tirania do dinheiro (o deus do mundo). Daí que cada vez mais se impõe a necessidade do desprendimento e a consciência da conta, peso e medida, daquilo que é necessário para que se tenha uma existência com a devida qualidade. O "vazio" interior não se preenche com as fortunas exteriores, mesmo que muitos façam brilhar os olhos com essa ilusão vaidosa. Devemos procurar os caminhos que nos conduzam aos valores e no fim seguramente que nada daquilo que é necessário para ser feliz nos faltará. 

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

hoje começa o Verão. Precisamos de sol, precisamos de luz. A humanidade está em perigo, os valores estruturantes da democracia, da dignidade humana, da livre expressão de pensamento, de circulação, os direitos humanos, entre o quais o direito ao refúgio, ao abrigo, à paz, à propriedade, a ser gente, a ser criança, estão a ser ameaçados por governantes loucos e por povos manipulados por partidos políticos iluminados pelo extremismo. O liberalismo selvagem toma paulatinamente conta dos países, orientados por governantes populistas sem escrúpulos quanto à discriminação racial e à recusa de proteção dos refugiados ou emigrantes. Roubar crianças aos pais e metê-las dentro de jaulas não lembra a ninguém. Este terrorismo desumano, é perigoso e não pode continuar. A humanidade precisa de "salvar-se de si própria" e pode começar por cuidar como deve ser das crianças, a garantia do futuro. Os governos que nos últimos tempos têm recusado a entrada de pessoas nos seus países, augura os piores sentimentos já experimentamos noutros tempos com resultados tenebrosos contra a humanidade. Estas manifestações discriminatórias de alguns governantes lembram os piores tempos do nazismo quando a humanidade se devorou a si mesma às dentadas.  

Vamos rezar juntos

um provérbio russo revelou-nos o seguinte: «Reza, mas não deixes de remar para a margem». Não abandonemos esse apelo interior para nos tornarmos mais próximos de Deus, de nós próprios e dos outros. A espiritualidade é um encontro interior que nos desvela o transcendente e o quanto somos uns pelos outros. A oração serve acima de tudo para nos identificar com um modo de ser, com uma causa e com a justiça. Precisamos de sentir vontade de quotidianamente ou pelo menos alguma vez de tempos a tempos, sentir necessidade desta brisa refrescante que pode ser a oração como encontro consigo mesmo para que depois nos sintamos também voltados para os outros. No entanto, não nos esqueçamos de remar para a margem. Se a oração cumpre o dever de não nos esquecermos de nada daquilo que nos compete fazer e ser, já fizemos uma bela oração.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

o amor ou é ou não é. Não pode estar submetido aos resultados exactos de uma calculadora. Na ocasião do amor os instrumentos de medição devem estar enterrados. Uma tarefa difícil, exigente, mas é assim, porque se não for nunca passará de farsa calculista e de lógica agarrada aos interesses pessoais. Quem acredita que a única forma de salvar o mundo é pelo amor, terá que o traduzir de maneira "desinteressada" e incondicional. Todas as formas de solidariedade que se fermentam no amor, não esperam por resposta compensadora em igual proporção. Acontecem e ponto. Por isso, o mais importante não é dar, mas dar-se a si mesmo à partilha do que somos e temos com alegria sem esperar o que quer que seja como troca. Para que serve ficar exasperado  ou queixar-se exaustivamente com gestos e palavras desagradáveis porque não vieram respostas de gratidão? - Eis o que importa mesmo para a existência, ser e fazer tudo pelo melhor e carregado de amor, tendo apenas presente que com isso marcamos o mundo e a vida para a felicidade, esta deve ser a nossa recompensa. E isso não há fortuna nenhuma no mundo que pague. 

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

a vingança faz caminho e enlouquece tanta gente neste mundo. A lei de talião continua viva na mente das pessoas e os apelos a que ela seja praticada são ainda muito frequentes. O perdão incondicional é a única forma de resolução dos problemas definitivamente. Porém, humanamente falando, é um caminho árduo para seguir. Certo é que o que tem de difícil este apelo do perdão incondicional tem de sublime na mesma conta, peso e medida. Como realizá-lo? Como levá-lo à prática sempre que as divisões e os desentendimentos apareçam? - Resposta óbvia, sempre que a consciência da libertação e da felicidade se façam sentir dentro de nós. A paz não é possível com as armas em punho nem muito menos com a resposta ilusoriamente sentida com a violência na mesma medida, mas é possível com o sorriso do perdão. Neste sentido, o filósofo Sócrates ensinou: "Vive com os homens como se Deus te visse; fala com Deus, como se os homens te ouvissem". A urgência de um mundo mais justo e mais humano, ganha todos os dias contornos de uma urgência cada vez mais necessária, para que com todas as nossas forças façamos o possível e o impossível para que essa realidade aconteça. 

domingo, 17 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

pode não parecer, mas o que salva o mundo é sempre a força da fé. Neste domínio a diversidade e a multiplicidade das expressões da fé são um oceano imenso que a nossa vista muitas vezes não alcança. Em todos os tempos há testemunhas do poder da fé, ela não é um domínio exclusivamente de testemunhas do passado. São bem evidentes e actuais as perseguições contra tantos semelhantes nossos, que todos os dias passam pelo crisol da perseguição por causa da sua fé e não deixam de ser a sua persistência e fidelidade, testemunhos heróicos que dão substância e consistência ao poder da fé. Muitos dirão que se fosse assim o mundo estaria melhor... Bem legítima a questão, mas revela também falta de atenção à realidade. São imensos aqueles homens e mulheres perseguidos em todo o mundo por causa da sua fé. A todos nós compete sermos empenhados na instauração de critérios de justiça e de paz no mundo, sem medo e convictos que o sonho pode ser possível. A fé deve ser inspiradora e deve cimentar a coragem para que tais valores façam emergir sociedades mais humanas e fraternas. A utilidade da fé manifesta-se por aí, às vezes escondida, silenciosa, anónima, mas que na hora certa dá os seus frutos. 

sábado, 16 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

provavelmente nunca a humanidade experimentou um tempo tão inconstante quanto à verdade e à quanto à mentira. O que é verdade agora dentro de momentos pode tornar-se na maior mentira do mundo e vice versa. Por causa disso Jesus reclamou que o melhor caminho para a existência seria vivermos sob a primazia do amor. O culto vazio dos fariseus gerador de vítimas, imponha uma verdade muito longe do espírito da vontade de Deus contra a vida e a dignidade humanas. Quando falha a força do amor, vence o alastramento da corrupção e a mentira, porque os critérios materialistas têm que saciar a fome da ganância e do egoísmo, que por sinal, são fortes e marcam a agenda nos tempos que vivemos. Neste âmbito, feito o diagnóstico, importa fazer nascer em nós a necessidade de construirmos a verdade a partir de nós mesmos. Não esquecer que as diferenças e, quiçá a grande mudança, começam sempre a partir do nosso coração. Sejamos empenhados na construção dessa diferença sempre a partir do amor que conduz à verdade.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Três andamentos temporais

Ao sétimo dia
Imagens Google
Os assassinos do amanhã não têm medida
não dormem como dorme toda gente
pois golpeiam a dois gumes friamente 
o que pertence ao mundo e à vida.

Os assassinos do hoje são uma tristeza 
não se dão conta de nenhuma flor
são mais que cegos da intensidade da cor
é perigoso não se encantar com a beleza. 

Os assassinos do passado não deviam contar
no rol da memória sentida do tempo que nos fez
nunca saborearam este começo "era uma vez..."
são doentes, nada deste mundo os pode curar.
JLR

Vamos rezar juntos

O Cântico dos Cânticos(livro bíblico, Antigo Testamento) é uma expressão sublime do amor humano. É um cantar desinibido do amor entre duas pessoas, sem esquecer todos os aspectos que tal envolvimento implica. O amor do Cântico dos Cânticos não tem um fim ou uma finalidade. A sexualidade não existe sem a fala, sem a Palavra: O sexo e o amor deste poema são uma fala. O amor e o sexo é algo que é dito. Tudo isto difere gravemente da sexualidade na sociedade de hoje que defende o sexo pelo sexo e o sexo sem amor e sem as suas componentes essenciais. O Cântico dos Cânticos é uma ousadia, porque o amor e todos os seus rituais afectivos, eróticos e sexuais fazem parte da experiência de Deus. São uma expressão do desígnio de Deus. Não passam ao lado da Sua vontade. É, porém, esta dimensão “carnal” e apaixonada de Deus que escandaliza algumas mentes. É pena!

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

é abundante a vontade de alcançar poder atingindo-se topos de carreira e tantas outras intenções pecaminosas que são uma violência contra o mundo e contra os céus. Por causa disso, notamos em muitos olhos mal-estar, desassossego e medo, porque onde estão esses ímpetos de importância e de poder não está o amor. Precisamos de descobrir o valor das atitudes no anonimato da vida, sem palmas, mas que nada nos trave a vontade da decisão segura e determinada perante as coisas do mundo e da vida toda. Sejamos destemidos perante a aparente ferocidade dos corvos que galgam tudo e todos só pelo prazer de dominar. Livre-nos Deus da tentação desta soberba para que o que somos e fazemos corresponda sempre ao bem que desejamos edificar com simplicidade e humildade, determinação e clareza nas posições e nas opções assumidas.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Simplesmente criados para a vida

Pão quente da Palavra, domingo XI tempo comum...
O Cristão, homem e mulher, são feitos da massa da esperança. São Paulo utiliza a palavra fé para designar essa condição do cristão. Porque estamos ainda neste corpo, nesta vida terrena, distantes do Senhor da vida verdadeira, "caminhamos pela fé" até ao dia em que seremos chamados a tomar parte na vida verdadeira, que não se encontra aqui neste mundo, mas no lugar de Deus, aquilo que a catequese designa como sendo o céu.
O ponto crucial da vida cristã radica na descoberta da fé. A fé, é uma só e acontece na vida de uma pessoa de forma mais intensa ou menos intensa, mas nunca pode estar votada para a simples privacidade ou pior ainda, é um assunto que só tem a ver com a dimensão pública, porque se manifesta de uma forma determinada. Assim sendo, entende-se que a fé, é uma realidade interior da pessoa que está para a vida toda. Uma pessoa de fé deixa envolver todo o seu viver mediante o caminho da fé.
Ninguém que se diga crente, pode num determinado momento da vida afirmar que agiu segundo a sua fé, mas noutro agiu segundo princípios estritamente humanos ou racionais. O assunto da fé é demais importante para ser algo que se usa e abusa quando nos convém apenas. Por isso, pretender reduzir a fé a um mero assunto privado sem nenhuma incidência prática e pública, redunda num profundo disparate. Porque a fé, vive-se em todos os lugares da vida e não apenas dentro de determinadas conveniências pessoais ou muito menos mediante interesses puramente materialistas. Por exemplo, quando a desgraça nos bate à porta ou quando se pretende prejudicar os nossos próximos. A fé não alimenta instrumentalizações nem se conjuga com interesses intimistas ou de ordem fanática.
Mas repare-se ainda no que nos ensina S. Tiago: "Meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? Será que a fé poderá salvá-lo?..." E mais ainda acrescenta: "Assim também é a fé: sem obras, está completamente morta" (Cf Tia 2, 14-17). Ou a como a partir daqui formula o Papa Francisco confirma-o: «Uma fé que não dá fruto nas obras não é fé».
A convicção do Apóstolo prova-nos que a fé não pode obedecer de forma alguma à dicotomia privado e público a que se pretende remeter a fé.
Porém, vivemos num tempo onde alguém se atrever a confessar a sua fé ou a falar de religião no seu trabalho, nas escolas e nas ruas é logo atacado, mal interpretado e distorcido. Não se pode afirmar valores desta ou daquela religião porque os ambientes são adversos a tudo o que inspire religiosidade.
Por isso, o Papa Francisco esclarece-nos quanto ao verdadeiro conteúdo que deve nortear o caminho da nossa fé: «a fé é um encontro com Jesus Cristo, com Deus, e dali nasce e leva ao testemunho. É isso que o Apóstolo quer dizer: uma fé sem obras, que não envolva, que não leve ao testemunho, não é fé. São palavras e nada mais que palavras».
Estamos num tempo onde parece não existir lugar para a fé. Mas, nunca a fé foi tão necessária como hoje, porque, afinal, o tudo pronto à mão de semear nas prateleiras dos «templos» do consumo de hoje, que a sociedade oferece, não conduz à salvação, muito menos revela qual é o caminho da felicidade.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

num dos seus magníficos sermões, Santo António prega o seguinte: «Assim como a flor quando espalha o perfume não se corrompe, também o verdadeiro humilde não se eleva quando louvado». Serve esta máxima para um tempo onde a maioria caiu na depressão, na tristeza, no desencanto perante o presente e o futuro, mas uma minoria abrigou-se no comodismo das benesses e dorme descansada sobre as almofadas luxuosas e quentes, que resultam da fome e do abandono de uma grande maioria.Deus é o que resta nas suas almas. O que mais surpreende na Bíblia, é que para a fé não é o ateísmo o mais perigoso, mas o medo e a falta de coragem. Tomemos sempre a opção pela simplicidade e que os mais pobres sejam acolhidos com dignidade. Que não sejam as palavras elogiosas que o vento leva que nos encegueire o orgulho e a vaidade. Mas que o perfume da esperança, a humildade e a capacidade de sair de si nos oriente os passos da vida, para que o encontro com os outros seja tomado numa sã igualdade fraterna, onde ninguém seja mais do que ninguém só porque tem ou faz algo que o destaca dos demais. 

Vamos rezar juntos

perante crimes violentos e hediondos, normalmente somos tentados a pensar que estamos perante "violência excessiva". Errado... A violência só tem uma única medida, um único peso e uma única forma. Em todas as situações, tenha os contornos que tiver, é sempre excessiva. Porque não fomos feitos para viver na violência, para a aplicar ou para fazer sofrer. Fomos feitos para conviver em paz, para perdoar, para compreender os defeitos dos outros, na esperança que eles nos aceitem e se compadeçam de nós quando falharmos. Não reagir com violência à violência requer domínio de si e controlo nos impulsos. Este domínio não nasce connosco, faz parte da educação e da civilidade, que nos deve constituir como membros plenos da mais extraordinária obra da criação, a humanidade. 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Os nossos tiriricas

Escrever nas estrelas
1. Ficaram famosos em 2010 os bordões de campanha do Tiririca brasileiro (Francisco Everardo Oliveira Silva ) que se candidatou às eleições a Deputado Federal por São Paulo. Diziam assim os seus bordões: bordões como «O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto», ou «Pior do que tá não fica, vote Tiririca».

2. O famoso Tiririca depois de eleito tornou-se um dos melhores parlamentares passando muito à frente de uma grande parte dos deputados com vários anos de experiência e tem recebido à conta disso vários prémios. Porém, não é isso que me trás aqui, pretendo fazer alguns considerandos sobre a galhofa que alguns meninos eleitos deputados andaram a fazer no plenário da Assembleia Regional enquanto um colega estava no uso da palavra. Deram consistência à frase: «Deputados se acham demais», disse Tiririca.

3. «Os nossos deputados meninos», sortudos face ao restante povo da Madeira, acham-se demais. À conta da sorte de terem nascido nas famílias do partido, com papás bem colocados nos meandros do poder regional, viram a sorte cair-lhes no prato sem mover uma palha. Um berço de ouro como se costume dizer para estes casos, que os levou para a «cresce» mais cara da Madeira, a Assembleia Regional da Madeira, aquele lugar que já uma vez tinha sido denominado de «casa de loucos». Será que queriam fazer jus à expressão do avô mais famoso da Madeira?

4. Os meninos divertem-se enquanto o colega de partido fala. Acham-se, por isso, galhofa com o telemóvel para baixo, como faziam provavelmente nas aulas, fazendo assim a vida negra aos profes, porque já nessa altura gozavam de toda a imunidade (para) lamentar. Coitados dos professores/as, se dissesse alguma coisa... 

5. «Meninos deputados», a festa agora é outra. Os meninos representam o povo, estão ao serviço do povo, que vos paga acima da média para prestaram um serviço digno, sem galhofas. Portanto, se querem ser Tiriricas, sigam-lhe o exemplo, na campanha eleitoral, ninguém o levou a sério, era um palhaço, uma vez eleito, tornou-se exemplar na assiduidade, interventivo com a devida dignidade e alto conteúdo. Por isso, não façam do vosso desempenho uma palhaçada degradante, um mau exemplo e, pior ainda, um sinal de que andam no gozo com coisas sérias e com todos nós. Prestaram um enorme contributo ao aumento da irritação generalizada entre os cidadãos contra os políticos, acentuando assim ainda mais o descrédito em relação à vida político partidária. 

domingo, 10 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

olhemos o mar que banha a terra e os nossos pés. Ele, evoca a imensidade e a sublimidade de um mistério que não é nosso, mas fazemos parte dele. Mesmo que tantas vezes a nossa vida seja "como o lírio entre os espinhos" (Cant 2,1ss; Mt 6,28). Porém, o lírio estoicamente nunca deixou de nascer e florescer todos os anos para nos alegrar a alma e fazer sorrir o pensamento. Uma manhã e outra manhã, uma vaga e outra vaga ondulante e fria, que sempre vem ao nosso encontro marulhando o silêncio que as encostas imponentemente geram quando me concentro com os olhos da cara fechados mas com os da alma bem abertos. 

Vamos rezar juntos

a violência estritamente falando é toda a ação que recorre à agressão com armas ou sem elas, resultando em vítimas feridas, mortos, insegurança e destruição. O mundo está cheio desta realidade. Infelizmente, é um assunto do nosso quotidiano. Por outro lado, descobre-se que há também a paz podre, as fachadas bonitas que escondem o egoísmo fétido, a maldade dura e tudo o que mantém os sistemas dominadores de injustiça e de exclusão social. Precisamos de tomar a inspiração e seguir o exemplo de tantos militantes profetas que na história da humanidade se entregaram à luta pela paz verdadeira onde todos são acolhidos fraternalmente, a ninguém faltaria pão e a liberdade de pensar e dizer o que pensa sem restrições. Esta luta pacífica sem violência física precisa de continuação e de muitos adeptos para que o nosso mundo se edifique pelo caminho da paz sem fingimentos, a igualmente fraternal e a justiça que une a diversidade como única luz que devia iluminar-nos todos os dias. A lógica da violência pelas armas tem que ter os dias contados. Obviamente, que o problema é muito sério e grande, tudo disso não depende de nós, mas alguma coisa pode ser sim. Não deixemos por mãos alheias a nossa luta não violenta pela paz verdadeira. 

sábado, 9 de junho de 2018

Leipzig a música em paraliturgia

Para o nosso fim de semana. Vamos a este retalho de um momento…
Vibram os tubos do órgão do coro alto
Um Bach esplendoroso estremeceu as colunas
Da Nikolaikirche ante a perplexidade da multidão orante.
Nesta suave elevação o sentido encontra descanso
Na leveza do encontro com o sublime que se diz de Deus
Para que se retempere em nós a esperança.
Esta busca do sentido da vida fez-se aqui e agora
Pela música traduzida na oração
De um Salmo
De um Hino
Que após a pregação se elevou aos céus
No inesquecível Magnificat
O canto maior de Maria de Nazaré.
E termina com os sonantes e vibrantes tubos
Que disseram tudo da apoteótica maravilha
Que Deus providencia como sinal da sua presença
Na beleza que esta vida em momentos nos oferece.
Ali me fiquei porque Deus estava e eu estava também.
JLR

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

perante o mistério de Deus somos chamados a nos deixarmos levar pelo assombro sem que abdiquemos do que somos e temos. Pode começar pelo apelo de Jesus. Um dia um escriba veio ao Seu encontro e perguntou qual seria o maior mandamento... A resposta é das coisas mais belas e interessantes que se pode ler, pelo que significa e pela mensagem que nos oferece. Foi assim a famosa resposta: "amar a Deus com todo o teu coração, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças"... Várias vezes, já me perguntei se não estaríamos perante um erro de tradução. Penso que não. Mas, seguramente passou ao lado de muita pregação e catequese, isso sim... Parece não interessar que Deus quer-nos livres, autónomos, com coração e entendimento próprios. Enfim, acreditar em Deus não nos apaga nem muito menos implica que deixemos o que somos e tudo o que temos. Deus acrescenta-nos, nunca nos tira. 

O bem e o mal andam juntos

Pão quente da Palavra para o domingo X tempo comum
Os textos deste domingo pretendem ensinar que a raiz de todos os males não está em Deus, mas no facto da humanidade prescindir de Deus e abdicar de construir o mundo a partir de critérios de justiça, paz e solidariedade. O egoísmo e a auto-suficiência são caminhos que conduzem a humanidade à desgraça, ao sofrimento e à morte.
O mistério do mal é o que provoca o maior questionamento na cabeça dos homens e mulheres em todos os tempos. Este tempo não podia ser excepção. É normal que assim seja, ninguém deseja o mal, mas pouco fazemos para o evitar. Ele existe por todo lado.
O mal resulta das escolhas erradas, do orgulho, do egoísmo e da ganância. O viver orgulhosamente só, mais tarde ou mais cedo conduz à tragédia, porque os caminhos humanos sem Deus e sem o amor, constroem enormes cidades de egoísmo, de injustiças, de pobreza, de marginais, de prepotência, de sofrimento, de desgraças de toda a ordem…  
Os textos da missa deste domingo ensinam também que deixar Deus de lado e caminhar fora do Seu projecto de salvação, conduz ao confronto, à hostilidade com os outros. A seguir emerge a injustiça, a exploração, a insegurança, a desconfiança, a pobreza, a violência. Os outros deixam de ser irmãos, para passarem a ser ameaças ao bem-estar e aos interesses pessoais. Tudo isto conduz a guerras terríveis, que cerceiam a felicidade, a alegria e a festa que Deus deseja para todos.
Daqui advém a inimizade com todos e com o resto da criação. A natureza deixa de ser "casa comum" que Deus ofereceu a todos como espaço de vida e de felicidade, para se tornar um objecto que se explora egoisticamente sem olhar à sua grandeza, às suas regras, à sua beleza e à sua dignidade. Por isso, todos estamos a pagar seriamente pelos atentados ecológicos e a exploração desmedida da natureza que a ganância humana produziu.
São Paulo apresenta a convicção de que será melhor nos concentrarmos nas "coisas invisíveis" que são eternas ao invés de estarmos fixados nas "coisas visíveis" que são passageiras. É muito difícil de se aceitar isto, mas pensando bem, o Apóstolo tem toda a razão. Mas, acreditemos que Deus, apesar de todas as nossas limitações, também nos ressuscitará para vida eterna, exactamente como ressuscitou Jesus Cristo.
Jesus no Evangelho acerca-se da Galileia para cumprir a Sua missão de anunciar o Reino. A onda de contestação começa a crescer, os líderes judaicos políticos e religiosos começam a opor-se à novidade do Reino. As polémicas e controvérsias marcam esta fase da caminhada de Jesus. Nada que não seja inspirador para nós se nos empenharmos na luta pela justiça, pela verdade e pelo bem para todos. Não tenhamos medo.

Desintoxicar as aulas

França proíbe o uso de telemóveis nas aulas.
Porque: "Ninguém poderá encontrar o seu caminho num mundo tecnológico se não souber ler, escrever, contar, respeitar os outros e trabalhar em equipa". "Os telemóveis são um avanço tecnológico, mas não podem monopolizar as nossas vidas".

Vamos rezar juntos

a religião positiva e a religião negativa convivem juntas. É necessário que tenhamos consciência por onde andamos. A positiva, é aquela que nos (re)liga ao transcendente, ao mistério referente a uma entidade divina criadora do mundo e de toda a existência. Definido o conteúdo da fé e da esperança, a religião positiva manda acolher os outros como "irmãos". Porque convida à tolerância e ao respeito pela diferença e diversidade. A religião positiva é multicolor e multifacetada. Muitos não gostam que assim seja, antes preferem impôr uma religiosidade negativa, intolerante ao diferente e nada capaz de conviver com a diversidade tão normal em toda a criação. A religião negativa está carregada de regras, o amor anunciado tem conta, peso e medida, mas quando positivamente acontece a expressão religiosa, a medida do amor é amar sem medida. Por esta luz a religião positiva é sempre geradora e respeitadora da vida universal, a religião negativa fecha-se sobre o grupo dos eleitos e às vezes não respeita os outros que saem do seu âmbito religioso. A religião verdadeira é sempre positiva porque assenta no amor, que impele à criação da vida, sem descartar ninguém e vive o perdão todos os dias sem fingimento. A tarefa principal da nossa religiosidade positiva é esta. 

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

uma das piores atitudes é dizer-se que se perdoou, mas agir sempre como se tal nunca tivesse acontecido. É verdade que perdoar não é fácil e algumas ofensas podem ser perdoadas, mas nunca mais serão esquecidas e conviver com os implicados não é fácil. Porém, isto vem por causa da constatação de que a ânsia de encontrar soluções para os problemas, aliás, algo perfeitamente natural, nem sempre trás a atitude correspondente perante o problema solucionado ou o pecado perdoado. Porque, reparamos que a solução só contempla e satisfaz uma parte. Explico-me. A pressão para que se arrume as coisas e pior ainda se forem pessoas, nunca trouxe soluções sem vítimas. Tantas coisas que para aí vemos que satisfazem o ego de muitos hipócritas agarrados ao poder, mas há pessoas à conta deste prazer ignóbil que estão encarceradas, excluídas ou simplesmente descartadas e estigmatizadas para sempre, como se sofressem de uma peste negra da pior estirpe. Valha-nos Deus para que diante dos problemas, procuremos soluções que libertem e não que fiquem apenas pela metade, prejudicando seriamente a outra parte. Pode ser que começando por aqui sirva a pena lutar por soluções e pela alegria do perdão: «Quem se aceita a si mesmo, está preparado para perdoar aos outros» (J. L. Martim Descalzo). Tudo começa em nós e em nós acaba, seja o bem seja o mal. Cuidemo-nos...

terça-feira, 5 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

César e Deus. Dinheiro (poder) e religião. Um tema complexo, que Jesus arrumou de forma simples e prática perante as investidas dos fariseus. Para os laicistas fé e religião, é um assunto privado sem lugar na vida social. O dinheiro a par do poder que ele confere é da vida social, sem religião e muito menos com fé. Pode ser que por isso tenham vindo todas as consequências desastrosas para as sociedades que nós já conhecemos e, infelizmente, não raras vezes experimentamos. Os teístas fanáticos, submetem todos os poderes à autoridade dos princípios religiosos. Também esta visão quando praticada, já nos deu a conhecer as piores barbaridades para o mundo e para humanidade. Para Jesus, os poderes religioso ou outro, não se opõem a Deus, reconhece a autonomia de cada um. O poder da fé e todos os outros poderes, estão ao serviço da vida para todos e, por conseguinte, de Deus, que é a vida e está na existência da criação inteira. Por fim, aos cristãos deve-se exigir que sejam os melhores cidadãos, que nunca se envergonhem nem se inibam de marcar todos os poderes com os valores de Deus. Tudo o que é justo merece respeito, nessa medida, todos os poderes, cada qual no seu domínio, devem convergir para a prática da justiça e do Bem Comum. 

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

hoje é o dia do ambiente. Dizia Johann Goethe: «O belo é uma manifestação de leis secretas da natureza, que, se não se revelassem a nós por meio do belo, permaneceriam eternamente ocultas», é esta revelação que nos é dada em toda a natureza, respeitemo-la. Por isso, como nos indigna, o lixo que encontramos por todo lado conspurcando o habitat de todos nós (a nossa face), a violação das nossas orlas marítimas com imensas construções sem nexo e sem utilidade, a violência com que se lida com os animais, as plantas e tudo o que enforma essa manifestação do belo, que sem o qual não sobreviveríamos. Elevemo-nos para o Criador para que neste dia e em todos os dias tomemos a sério a «nossa casa comum», o planeta terra, o único que conhecemos até agora com estas condições extraordinárias para a assunção da vida, que o contemplemos e nele nos deleitemos no bem, no bom e no belo. Como é triste que tantas vezes tenha que concordar com Victor Hugo: «É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve». Que nos converta Deus da altivez de nos considerarmos donos e senhores do que nos é dado tomar com respeito e com medida.

domingo, 3 de junho de 2018

Vamos rezar juntos

toda a religiosidade que não liberta não serve para nada. As devoções, as orações, as missas e todas as formas de piedade se resultam do medo e do escrúpulo opressivo, não tem nada a ver com a verdadeira expressão religiosa que deve ser sempre libertadora e geradora de felicidade. Daí que todo o apelo religioso quando está radicado na mensagem verdadeira dos seus Mestres fundadores, trazem sempre o bem libertador. Muito mal andamos quando o discurso religioso inflamado está contra a liberdade responsável, a autonomia da consciência de cada pessoa e as opções livres que cada um entender assumir para si... Por isso, devemos em muitos momentos da nossa vida procurar limar todas as toxinas religiosas que são impostas por pessoas e grupos fundamentalistas que não vivem nem deixam viver, não são felizes e não deixam acontecer a felicidade. Obviamente, que muita religiosidade distorcida resulta de fracassos e frustrações pessoais. As mazelas pessoais se não forem devidamente integradas e perdoadas, resultam em muitos males contra a vida e contra o mundo. A religião se não acrescenta sempre o bem, é das ações mais inúteis que realizamos. 

Vamos rezar juntos

a lei é importante para a boa convivência social. Imaginemos as nossas sociedades sem leis... Seriam um caos inabitável! Porém, nenhuma lei devia ser interpretada e implementada contra a vida, contra a dignidade humana e devia estar sempre ao serviço do progresso e libertação da humanidade. Toda a lei que humilha, escraviza e não repõe a justiça não serve, deve ser alterada ou suprimida. Reparemos no que fez Jesus quando coloca os fariseus no seu lugar: "o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado". O sábado servia para todos descansarem, contemplarem a criação e celebrarem a libertação da opressão do Egipto. Repousava o nobre e o escravo. Os fariseus ou os donos disto tudo perverteram a lei, desvirtuaram-na e converteram-na numa mediação de escravidão. As leis são necessárias, mas devem promover a justiça, o bem comum, a libertação e a igualdade entre todos os cidadãos. As leis são inúteis quando elas sãobjecto de manipulação para que alguns se lambuzem com a lógica do poder dominador absoluto, semeando assim a desigualdade e fazendo recuar a democracia, suscitando a exclusão dos cidadãos mais pobres e indefesos. As leis devem ser vida e vida em abundância para todos os cidadãos, quando assim não for estamos perante uma sociedade fatalmente doente e com o seu futuro seriamente ameaçado. A paz esteja convosco. 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Metamorfose

Para o nosso fim de semana. Sejam felizes...
Os poemas são árvores que rasgam o céu e a terra
desvelam-se pelas alturas pintadas de verde sob o manto azul
e rasgam a profundidade da terra
como letras naquilo que nos é dado ler.
um mundo misterioso e silencioso
pelo céu adentro e dentro da terra,
que a densidade do livro guarda 
na mensagem como o dom do fruto 
dentro do gosto e do repouso seguro,
que nos alimenta em cada instante 
nas mãos que colhem e partem.
por fim te alegras satisfeito pelo espanto de saberes
do assombro da harmonia do que soletras
pelos ramos luzidos amarelados de sorrisos
que pendem como alimento que te saciam
o corpo e a alma. Árvores também são poemas. 
JLR

Vamos rezar juntos

não podem coexistir a saudável visão de Deus com alguns sentimentos que mais não são além de um fardo que oprimem e matam a liberdade da pessoa humana. Deus não se cria nem se deixa criar por ninguém. Movidos pelo medo, renunciamos àquilo que Deus nos concedeu, à realidade mais profunda, à faculdade de sentir e amar, a fim de se ser aceite por aquele deus que criamos ou pensamos existir vergado às nossas categorias mentais. E não fossemos já saber de Charles Chaplin que «Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, as suas ideias e a nobreza dos seus ideais».  Augusto Cury completa de forma tão bonita: "A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe, mas no quanto ele tem consciência que não sabe. O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve a sua própria história, constrói os seus próprios caminhos". Enfim, ser feliz é o melhor do mundo.

A lei que liberta

Pão quente da Palavra. Domingo IX tempo comum
1. Este domingo dá-nos conta de um episódio que se reveste de uma actualidade muito importante para nós, o poder da lei e a força da lei. Para que serve a lei? - Para no entendermos e ser possível a convivência social, para que o respeito e a «obediência» à lei, promova a libertação e a dignidade da humanidade. E ponto. Jesus é muito claro, a lei é para o homem e não o homem para lei. Se ela não serve, porque não liberta, mas oprime, deve ser violada e por fim alterada. A acção de Deus obedece sempre a este princípio, as suas ações são sempre criadoras e redentoras para com o seu povo. Quando não é assim não faz parte do plano de Deus, mas do fundamentalismo e da desordem humana que se serve de Deus para se impor e gerar dominadores contra dominados. Deus é sempre contra isto.
2. As interpretações rigoristas da lei geram injustiças. A lei assim tomada deixa de cumprir a sua missão e de estar ao serviço da humanidade. Jesus convida-nos a obedecermos a leis que nos coloquem ao serviço dos que precisam de ajuda, porque nada devia conduzir ninguém à escravidão. As desigualdades tanto ontem como hoje são gritantes e as regras que proliferam por esse mundo são geradoras de escravos. A lei verdadeira está no coração de cada pessoa, quando essa lei é esquecida ou violada, a desigualdade e a injustiça toma conta da vida e faz descambar o mundo para a desgraça do sofrimento.
3. O grande São Paulo dá-nos conta da coragem que deve assistir-nos, como homens e mulheres, mas, especialmente, como cristãos. Quem evangeliza ou quem sonha com um mundo melhor, reveste-se da luz de Cristo, por isso, deve fazer-se visível no meio do mundo e anunciar a Boa Nova da fraternidade e da amizade, que o Evangelho de Cristo anuncia e reclama. Apesar dos desafios e das fragilidades que encontramos e que a condição de sermos humanidade nos oferece, o conteúdo da mensagem não se perverte, porque é a única riqueza que vale a pena, porque emana desde sempre do poder de Deus. Nenhuma mediação humana a pode apagar, é mais forte do que todas as limitações deste mundo. É pão espiritual que sacia os que a seguem e luz que ilumina as trevas do ódio e da morte que este mundo teima em semear por todo lado. Confiemos sempre que nada está perdido irremediavelmente. Mas do ponto de vista de Deus tudo tem remédio e solução. Por isso, lutemos… 

Vamos rezar juntos

para Fernando Pessoa "o melhor do mundo são as crianças". Jesus Cristo anuncia que quem não for como as crianças não entra no Reino dos Céus. Só pode estar a razão plena do lado destes dois gigantes. Uma sociedade sem crianças não tem futuro. O nosso tempo por vezes tão deprimido e envelhecido tem colocado as crianças num pedestal. Nada mais justo. As crianças precisam de serem valorizadas, acarinhadas, bem alimentadas, bem vestidas e protegidas com toda a dedicação e respeito. Não pode faltar-lhes espaços e tempo para brincarem e darem azo às suas indispensáveis "rebeldias" e brincadeiras. Porém, ao lado disto tudo não deve faltar-lhes educação, alertas para valores, algumas regras e tudo o que seja consciência para os seus deveres, para que não se corra o risco de termos que conviver com "pequenos ditadores" ou miúdos excessivamente rebeldes, birrentos e mal educados. Tudo deve ter a sua devida medida, mas que nunca falte dos adultos toda a dedicação e entrega absolutamente respeitosa para com as crianças, para que todos os dias as nossas crianças possam sorrir cheias de felicidade.