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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A conversão de São Paulo

No Domingo passado na cidade do Funchal, fizeram-se algumas actividades relacionadas com São Paulo e as suas Cartas, a propósito da Celebração da Conversão do Apóstolo das gentes, que o calendário Santoral reserva para o dia 25 de Janeiro. Esta acção foi organizada pelo arciprestado (esta palavra aplica-se a uma zona pastoral, que agrupa um conjunto de paróquias) do Funchal. Na generalidade esta celebração foi interessante e um grupo razoável de pessoas participou. Porém, notou-se que alguns párocos manifestaram um reduzido ou um quase nulo interesse pelo que se passava. Também se notou que há uma faxa etária que não participa nestas coisas. As pessoas que estãos na casa dos 30-40 anos não participam em nada que seja sugerido pela Igreja Católica. Por isso, resta um grupinho jovens de jovens que estão entre os 12-30 anos e um grande grupo de idosos que já estão quase todos na casa dos 50-80 anos. Os que participam estão envolvidos em tudo o que se faz dentro das portas das igrejas e não é difícil que participem em qualquer actividade que a Igreja Católica promova. Os adultos de meia idade nem a ferros os envolvemos na participação do que quer que seja. A sua participação na Igreja está reduzida aos baptismos dos filhos, aos funerais e aos arraiais. As razões desta demissão prendem-se com o cansaço, com a prisão que a criação dos filhos impõe, com as ideias negativas que alimentam dos padres, com a ignorância geral em relação à «sua» Igreja e com a falta de pachora para participar no que quer que seja realacionado com a raligião. Este desencanto geral, tem a ver com o estado do mundo actual e com uma Igreja Católica cada vez mais centralista, retrógrada e teimosa quanto à não mudança das coisas. Não se compreende que a Igreja seja tão burocrática e tão obsecada quanto a normas e leis absurdas que estão nos antípodas da Igreja de Jesus Cristo e contra, totalmente contra, as igrejas fundadas por São Paulo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tenho em vista o que é digno

01 Fevereiro 2009
Domingo IV Tempo Comum – Ano B
1Cor 7, 32-35
Paulo, convida os crentes a repensarem as suas prioridades e a não deixarem que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com o serviço de Deus e dos irmãos. A vida do dia-a-dia vai-nos empurrando em direcção aos nossos problemas, questionando as nossas opções, fazendo-nos avançar ou recuar. E questiona sobretudo a dimensão daquilo a que nós chamamos problemas. Novecentos e sessenta e três milhões de pessoas (963 000 000) vivem situações de fome ou forte privação alimentar, em todo o mundo. E, tudo indica, a tendência é que isto se agrave. São números da FAO, apresentados pelo seu Director-Geral Jaques Diouf. A solução deverá passar pela duplicação da produção de alimentos, o que significa que terá que haver um substancial reforço do apoio à actividade agrícola, um pouco por todo o mundo. É curioso este paradoxo. A agricultura é algo a que, muitas vezes de forma provinciana, se procura «escapar». Não é moderno, não é alegadamente rentável, é demasiado exposto às vicissitudes do clima, é demasiado «subsidio-dependente», dirão alguns. A União Europeia, por seu turno, destinou mil milhões de euros ao desenvolvimento agrário, a aplicar no período entre 2008 e 2010. Ainda não é suficiente, segundo alguns. Às vezes, chegamos à conclusão que o nosso foco está descentrado, e verificamos o quão privilegiados somos. Continua a ser difícil arrancarmos de nós mesmos a carapaça dos pequeninos problemas que muitas vezes criamos. Mas estes outros continuam a alastrar, e a aproximar-se, cada vez mais, de nós todos. Face a estes problemas que afectam muitos milhões de seres humanos, devemos deixar de nos consumirmos nos pequenos problemas que levantamos aqui ou ali, como se nisso estivesse o centro do mundo e da vida. Paulo procura guiar-nos para o essencial e convoca para «o que é digno» para todos nós e mais apela que o essencial «pode unir ao Senhor sem desvios». Os grandes problemas do nosso mundo requerem uma união firme de toda a humanidade, para que se acabe com este escândalo da fome e de todo o género de pobreza que ainda consome grande parte da humanidade.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Uma esperança chamada Barack Obama

O mundo olhou para América e, particularmente, para o seu novo presidente com muita esperança. A humanidade inteira anda perdida. Está sem confiança em nada nem em ninguém. Não tem líderes nem refefrências. A razão ou o racionalismo e, com isto, a autonomia da humanidade, não redimem, as religiões guerreiam-se entre si e sobressai delas os grupos fundamentalistas e terroristas. Os diversos socialismos já mostraram o que tinham para dar. O capitalismo gerou uma maior discrepância entre os povos, uns muito ricos outros pobres e marginalizados. O capialismo reproduziu ladrões como em nenhum outro momento da história. A humanidade do século XXI está perdida, porque sem rumo e sem nada que a oriente para o futuro.
Por isso, se compreende esta atenção que a tomada de posse de Barack Obama suscitou. Ele é uma esperança para América e para o mundo todo. Poderá não tardar nada, as multidões que colocam tão elevada expectativa e esperança na América e no seu novo presidente, ao verem goradas tal expectaviva e esperança, estarem a chamar-lhe nomes feios e a dizer tudo o que de pior se diz quando colocamos a protecção da existência e a sua redenção em pessoas ou nas coisas deste mundo.
Mas, esperemos que a nova administração dos Estados Unidos da América, não se gaste em fazer guerra nem seja uma marioneta nas mãos do sanguinário poder das armas. Mas que se dedique a promover a tolerância, a matar a fome de milhões de seres humanos, a combater as doenças que cerceam a vida a outros tantos milhões de pessoas, que gaste o dinheiro num desenvolvimento sustentado, que se preocupe com todas as questões relacionadas com a salvaguarda do nosso planeta, a casa comum que pertence a toda a humandiade.
Todos nós quisemos chamar à esperança por estes dias Barack Obama, tudo bem, mas que não nos iludamos muito, Obama, é um homem, um político, líder de uma nação muito díspare, que em muitos momentos actua como polícia do mundo e não como nação verdadeiramente protectora dos povos. Mas, fica a esperança, valor sublime que deve procurar também alimento nalgumas coisas materiais e de modo especial nalgumas pessoas, que quando se assumem como arautos de Boa Nova, devem tudo fazer para cumprir a vida como uma missão ao serviço do bem para todos. Boa sorte ao novo presidente da América.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Procurar Deus - para que Ele seja uma festa em nós

Nas ruas de Londres, as pessoas se deparem com cartazes no exterior dos autocarros com estes dizeres: "There's probably no God. Now stop worring and enjoy your life" (Provavelmente Deus não existe. Então, deixe de preocupar-se e desfrute a vida). Trata-se de uma campanha publicitária a favor do ateísmo, promovida pela Associação Humanista Britânica e apoiada pelo célebre biólogo darwinista R. Dawkins, professor da Universidade de Oxford, ateu militante e, segundo muitos, fundamentalista. A campanha está a ser um êxito, pois rapidamente conseguiu fundos - dezenas de milhares de euros - mais que suficientes para pô-la em marcha. Segundo a jornalista Ariane Sherine, que a tinha sugerido em Junho, "fazer uma campanha em autocarros com uma mensagem tranquilizadora sobre o ateísmo seria uma boa forma de contrabalançar as mensagens de certas organizações religiosas que ameaçam os não cristãos com o inferno". As organizações de ateismo de Barcelona e de Madrid, estão também a ponderar fazer a mesma campanha nestas duas cidades da «toda católica Espanha». Neste contexto, falemos de Deus. Deus não pode ser uma obrigação, mas uma descoberta. Pois, quando Deus é uma obrigação, mais tarde ou mais cedo revela-se um fardo pesado que será recusado absolutamente. O Deus, sem nunca deixar de ser a profunda Alteridade, tem que ser a Imanência, porque o Amigo e o Companheiro que fala e permite a relação de amor incondicionalmente. Frequentemente encontramos muitas mães profundamente angustiadas porque os seus filhos deixaram de praticar a religião ou simplesmente deixaram de acreditar em Deus. É muito angustiante para uma mulher mãe dedicada, que tenha ensinado os seus filhos a rezarem, a virem à catequese e a participarem na missa, mas agora depois de adultos divorciaram-se totalmente dessa educação e outros ainda vão mais longe, ensaiam perante os seus progenitores uma certa forma de descrença pensada. Esta é a recusa de uma determinada ideia de Deus, porque não liberta nem salva de coisa nenhuma. O nosso tempo está cheio de exemplos destes. Existem, penso, muitos factores para este estado de coisas. O primeiro de todos radica no facto de se ter apresentado e ensinado Deus como uma obrigação. Tudo era obrigatório. Rezar era obrigatório. Participar na missa era obrigatório. No fundo, ser religioso era obrigatório. Perante esta obsessão pelo obrigatório, não havia lugar para a liberdade pessoal nem muito menos lugar para a vontade própria e autonomia de consciência pessoal. Assim sendo, Deus nunca era uma descoberta, mas uma obrigação, porque uma regra ou uma lei. Tudo na vida estava em função de Deus que obrigava e não na verdade e profundidade das atitudes que conduziam à verdadeira relação com Deus. O Deus obrigação serviu durante muitos anos a vida, mas hoje face à diversidade das opções e face à multiplicidade dos contornos que a vida actual apresenta, a vivência de Deus e o lugar de Deus só farão sentido quando Deus é uma descoberta. Tendo como pano de fundo estes aspectos, analisemos a vida amorosa das pessoas. Um casal que se apaixona. Porque se terá apaixonado aquele homem por aquela mulher e vice-versa? Que viram um no outro de especial? Qual terá sido a descoberta que cada um fez? Porque pretendem estabelecer relação e comunhão um com o outro? – Ora, precisamente, por isso mesmo que está no pensamento de nós agora neste momento. Estes dois seres humanos apaixonaram-se e pretendem estabelecer relação de comunhão porque se descobriram um ao outro. Um e outro descobriram aspectos de um para o outro que os atraem, por isso, feita a descoberta a sua relação é inevitável e a comunhão surge como um valor essencial para a relação que dá prazer, liberta e enche de esperança. A relação com Deus, mesmo parecendo rudimentar, está ao mesmo nível das considerações que acabamos de fazer. A descoberta de Deus é essencial para a verdadeira relação com Ele. Muitos dos jovens não têm relação com Deus, recusam Deus ou são indiferentes a Deus porque não o descobriram como valor e como caminho que leva ao sentido da vida e a uma verdadeira promoção da dignidade humana. O afastamento das coisas religiosas, tem muito a ver com o materialismo e com a perda de valores do mundo actual, mas não é só. Muitas razões existirão. Porém, depreendemos que procurar razões é muito fácil, mais difícil é encontrar métodos, meios e formas que nos levem a propor Deus como um valor absoluto que conduz os corações a desejarem estabelecer verdadeira relação com Ele. Porém, uma das principais razões, que já vimos, foi a de se ter mostrado Deus como uma lei que imponha tradições e comportamentos religiosos. Esta religiosidade pecou por ser muito pobre e não levou à descoberta de Deus tal como Ele é. Por isso, falta olhar para a ternura do presépio de Belém, vermos aí tal como Deus se apresenta, uma criança pobre e despojada de qualquer auréola que não tenha nada a ver com a profundidade humana. Um Deus pequenino, simples e pobre, como qualquer dos mortais, que nasceu na frieza de uma gruta para não ser motivo de distanciamento em relação a ninguém. Ora, é este Deus próximo que é preciso apresentar como proposta que leve à descoberta, para posterior relação de verdadeira amizade. Uma imagem de Deus frieza, distante da compaixão, da misericórdia e do amor nada tem de verdadeiro. Deus uma lei ou uma regra de conduta não pode ser causa de relação verdadeira, mas antes influência, mesmo que sobrenatural, de comportamentos com base no medo e no receio do futuro. Diante de tudo isto o que é ter fé? – Ter fé é acreditar na possibilidade da vida mesmo diante do absurdo. Nada está perdido perante a força da vida, que nos leva a crer que o futuro não é uma ameaça, mesmo que o agora esteja totalmente minado pela mais cruel miséria. A fé, considera Deus como essa entidade suprema, que dá segurança em relação ao futuro. A descoberta de Deus leva a relação a uma pureza de fé muito bonita. Para quem Descobre Deus, o mundo não caminha para uma catástrofe, mas para uma plenitude

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Comentário à Missa de Domingo

11 Janeiro 2009 Domingo do Baptismo do Senhor – Ano B
A universalidade da salvação
Act 10,34-38
O Baptismo de Jesus nas águas do Jordão é uma das três epifanias, ou manifestações mais significativas, que a liturgia da Igreja canta na solenidade da Epifania do Senhor, junto com a manifestação aos magos vindos do Oriente e ao milagre nas bodas de Cana. Também o baptismo é uma presença e uma manifestação missionária de Jesus. Liturgicamente, celebramos hoje uma festa-ponte entre a infância de Jesus e a sua vida pública. Mas há mais: desde o seu início, a pregação missionária dos Apóstolos sobre a vida de Jesus começava “desde o baptismo de João até ao dia em que Ele foi elevado aos céus” (Actos 1,22). A dimensão universal desta epifania emerge de maneira concreta das leituras de hoje.Assim o confirma Pedro (II leitura) em casa do centurião Cornélio em Cesareia. Superada com dificuldade a resistência inicial -sua e da sua comunidade eclesial - Pedro visita Cornélio, acolhe-o e defende o seu ingresso na Igreja, afirmando uma verdade fundamental para a missão e para a teologia da salvação oferecida a todas as pessoas, mesmo se não oficialmente cristãs: “Deus não faz distinção de pessoas, mas acolhe a quem o teme e pratica a justiça, seja qual for a nação a que pertença” (v. 34-35).O acontecimento do Baptismo do Senhor projecta uma grande luz sobre a identidade e a missão de Jesus (Evangelho). Nele, manifesta-se a Santíssima Trindade: o Pai proclama-o seu “Filho amado” (v. 17); o Espírito desce sobre Ele (v. 16). A missão de Jesus é prefigurada já no primeiro cântico do “Servo do Senhor” (I leitura), com uma tarefa que ultrapassa os limites de Israel e chega até às nações (pagãs) como luz e salvação (v. 16). A sua é uma missão que evita a publicidade e o espectáculo (v.2); em vez disso, será de sustento, recuperação e valorização dos mais frágeis (v. 3.7); contanto sempre com a força daquele que o “tomou pela mão” (v.6). Trata-se de um programa entusiasmante, capaz de encher a vida de toda a pessoa que seja capaz de amor e de ideais generosos. Podemos lembrar aqui a famosa meditação sobre o Reino, que S. Inácio de Loyola coloca ao início da segunda semana dos seus Exercícios espirituais. Além disso, convém recordar que o programa do Servo se refere seja a pessoas individuais, seja também a uma comunidade ou mesmo um povo.