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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

BEM-AVENTURADOS OS OBREIROS DA PAZ


Após leitura atenta da mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2013, partilho convosco os elementos a meu ver mais significativos da mensagem do Papa. Um texto muito actual, certeiro e que faz a doutrina sobre o «Bem-Comum», que segundo a mensagem da Igreja Católica é o elemento essencial da promoção da paz. Um texto que devia ser lido por todos os responsáveis religiosos, políticos e de todos grupos ou instituições sociais. A não perder…
- «Causam apreensão os focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado. Além de variadas formas de terrorismo e criminalidade internacional, põem em perigo a paz aqueles fundamentalismos e fanatismos que distorcem a verdadeira natureza da religião, chamada a favorecer a comunhão e a reconciliação entre os homens» (n. 1)
- «Na verdade, a paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência; é fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de Deus e nos permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é uma ética de comunhão e partilha». (n. 2)
- «Condição preliminar para a paz é o desmantelamento da ditadura do relativismo e da apologia duma moral totalmente autónoma, que impede o reconhecimento de quão imprescindível seja a lei moral natural inscrita por Deus na consciência de cada homem». (n. 2)
- «Para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai misericordioso, pelo qual se implora a redenção que nos foi conquistada pelo seu Filho Unigénito. Assim o homem pode vencer aquele germe de obscurecimento e negação da paz que é o pecado em todas as suas formas: egoísmo e violência, avidez e desejo de poder e domínio, intolerância, ódio e estruturas injustas». (n. 3)
- «O obreiro da paz, segundo a bem-aventurança de Jesus, é aquele que procura o bem do outro, o bem pleno da alma e do corpo, no tempo presente e na eternidade. A partir deste ensinamento, pode-se deduzir que cada pessoa e cada comunidade – religiosa, civil, educativa e cultural – é chamada a trabalhar pela paz. Esta consiste, principalmente, na realização do bem comum das várias sociedades, primárias e intermédias, nacionais, internacionais e a mundial. Por isso mesmo, pode-se supor que os caminhos para a implementação do bem comum sejam também os caminhos que temos de seguir para se obter a paz». (n. 3)
- «A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida». (n. 4)
- «E, entre os direitos e deveres sociais actualmente mais ameaçados, conta-se o direito ao trabalho. Isto é devido ao facto, que se verifica cada vez mais, de o trabalho e o justo reconhecimento do estatuto jurídico dos trabalhadores não serem adequadamente valorizados, porque o crescimento económico dependeria sobretudo da liberdade total dos mercados. Assim o trabalho é considerado uma variável dependente dos mecanismos económicos e financeiros. A propósito disto, volto a afirmar que não só a dignidade do homem mas também razões económicas, sociais e políticas exigem que se continue «a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção». Para se realizar este ambicioso objectivo, é condição preliminar uma renovada apreciação do trabalho, fundada em princípios éticos e valores espirituais, que revigore a sua concepção como bem fundamental para a pessoa, a família, a sociedade. A um tal bem corresponde um dever e um direito, que exigem novas e ousadas políticas de trabalho para todos». (n. 4)
- «Concretamente na actividade económica, o obreiro da paz aparece como aquele que cria relações de lealdade e reciprocidade com os colaboradores e os colegas, com os clientes e os usuários. Ele exerce a actividade económica para o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras. Deste modo sente-se a trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um trabalho dignos». (n.5)
- «Fundamental e imprescindível é também a estruturação ética dos mercados monetário, financeiro e comercial; devem ser estabilizados e melhor coordenados e controlados, de modo que não causem dano aos mais pobres». (n. 6)
- «Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor». [6)
- «O mundo actual, particularmente o mundo da política, necessita do apoio dum novo pensamento, duma nova síntese cultural, para superar tecnicismos e harmonizar as várias tendências políticas em ordem ao bem comum». (6)
- «Concluindo, há necessidade de propor e promover uma pedagogia da paz. Esta requer uma vida interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida adequados. Com efeito, as obras de paz concorrem para realizar o bem co­mum e criam o interesse pela paz, educando para ela. Pensamentos, palavras e gestos de paz criam uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmos­fera de respeito, honestidade e cordialidade. Por isso, é necessário ensinar os homens a amarem-se e educarem-se para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera tolerância. Incentivo fundamental será « dizer não à vingança, reconhecer os próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar », de modo que os erros e as ofensas possam ser verdadeiramente reconhecidos a fim de caminhar juntos para a reconciliação. Isto requer a difusão duma pedagogia do perdão. Na realidade, o mal vence-se com o bem, e a justiça deve ser procurada imitando a Deus Pai que ama todos os seus filhos (cf. Mt 5, 21-48). É um trabalho lento, porque supõe uma evolução espiritual, uma educação para os valores mais altos, uma visão nova da história humana. É preciso renunciar à paz falsa, que prometem os ídolos deste mundo, e aos perigos que a acompanham; refiro-me à paz que torna as consciências cada vez mais insensíveis, que leva a fechar-se em si mesmo, a uma existência atrofiada vivida na indiferença. Ao contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança». (7)
- «Neste contexto, apraz-me lembrar a oração com que se pede a Deus para fazer de nós instrumentos da sua paz, a fim de levar o seu amor onde há ódio, o seu perdão onde há ofensa, a verdadeira fé onde há dúvida». (7)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Estado da Região - Madeira

O meu contributo para o «diagnóstivo» Estado da Região. Revista do Dnotícias de 30 de Dezembro de 2012. Interessante este debate de ideias...



sábado, 29 de dezembro de 2012

Ano novo para todos

Curto ensaio poético para o último fim de semana do ano de 2012 às portas do novo ano 2013 que se abrem para nós com esperança...
Sei que vislumbro mais um que se vai
Na aurora do tempo novo que já vem.
Ah, quisera sentir a paz e o sonho
Na sequência da esperança que ponho
Nesta etapa dita em ano que vejo aqui e além.

Nesta feliz convenção, sereno sem medo
Porque dele sabemos todos da prisão.
No fogo interior rebento em festa
Aquele que no estalo não mata, alegra
E na terra cai a semente o dom que será pão.

Eis-nos diante do incerto ano agora novo
Que este dia reserva em solene passagem.
Na alegria agora e sempre os nobres afazeres
O que temos e o que somos? - São mil, os dizeres
Como quem se prepara antes para a viagem.

Neste fim ressuscito no outro começo
Numa fé em saúde e paz é o que peço.
Não sei viver outro modo um ano novo
Só sinto como sente a alma do povo
A coragem que neste poema ofereço.

Ano novo é festa
A paz e o amor nos dará.
Quem sempre busca a força
No trabalho digno a vontade nos trará.
Mesmo que a dor
Diga presente no som.
Mas nada será o fim
Quando faço da vida um dom
Que na alma do tempo Deus fez para mim.

Bom ano para todos! - É o que dizemos...

Não posso, não quero o lamento do que foi
E não temo o que virá.
Entre o que vai e vem
Seduz-me a maravilha da vida
Que Deus humanado me dá...
José Luís Rodrigues

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Precisamos de poetas

Já tenho em mãos um livro de antologia poética, levada a efeito por iniciativa do padre Davide Gonçalves da Diocese de Leiria-Fátima. Título do livro: «In principio erat Verbum»; «NO PRINCÍPIO ERA A PALAVRA» - Antologia poética de PADRES de Portugal do início do século XXI. 
Uma interessante ideia, que convoca 15 padres que escrevem poesia, a verem reunidos em livro sete poemas da sua autoria. Tenho a felicidade de ter sido convidado e lá estão os meus sete poemas, alguns deles já publicados no blogue «Banquete da Palavra». Mais ainda me orgulho por ser sido o único padre das ilhas a fazer parte do grupo. Não percebo porque não está o «nosso» amigo e conterrâneo padre Tolentino Mendonça, quando na altura do convite fiz referência a ele e à sua magnífica obra poética e que o livro pecaria imenso se não estivesse lá o nome dele. Não sei o que se passou… 
A receita deste livro reverte integralmente para as Cáritas. Se o encontrarem por aí não deixem de comprar. Precisamos de poetas. Porque, é o sonho que «comanda a vida» e sem esse condimento a tristeza ganha em todas as frentes. Ainda para mais quando «a poesia diz o muito no pouco da palavra» (frase da minha autoria escolhida para a contra capaz do livro entre uma frase de cada um dos participantes no livro). Destaco também a Nota introdutória do Bispo de Leiria-Fátima D. António Marto, onde manifesta um grande entusiasmo com a ideia. Boas leituras.

E eu Creio… (6)

E eu creio?
Olá amigos. Partilho convosco o contributo/partilha da amiga Maria João Botelho, que deu largas ao seu coração e participa nesta secção do Banquete «E eu creio...». O convite mantém-se de pé para todos os que desejarem participar. Pode ser um incentivo a outros para acreditarem e reanimarem a riqueza da vida com o caminho da fé. Somos exemplo uns para os outros e a utilidade da nossa vida radica aí mesmo na capacidade que temos para partilhar o que somos e vivemos, sem isso a vida não tem sabor e servirá para pouco. Por isso, continuo a aguardar a vossa participação. 

- Creio no Deus único, que existe em comunidade do Pai, do Filho do Espírito e assim:
Creio em Deus Pai e Mãe, que colocou o Seu poder ao nosso serviço e que nos aguarda em ardente espera.
- Creio em Jesus, nascido da Virgem humilde de Nazaré, que faz connosco a caminhada de cada dia, participa das nossas alegrias, dores, perdas, sofrimentos e que se tornou um de nós, para nos envolver na misericórdia do Pai e nos mostrar o seu Reino, em que os mais fracos e desvalidos têm o primeiro lugar.
- Creio no Espírito de Deus, que sopra em brisa suave, mas impetuosa e nos actualiza a mensagem deixada de paz, liberdade e exigência fraterna.
- Creio na Igreja, feita de pedra vivas reunidas em volta da pedra angular, corpo de Cristo, cheio de mazelas e fraquezas, mas santificado pela Cabeça e em que comunicamos na graça, dia após dia, numa comunhão que não conhece fronteiras, nem tempo
- Creio que desde agora somos semeados na Ressurreição, para a vida eterna, no perdão que o Filho nos fez participar, onde estaremos como os anjos, partilhando de possíveis missões.
Maria João Botelho

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A família de Deus e a nossa

Mesa da Palavra
Comentário à Missa do próximo domingo
Domingo da Sagrada Família
 A família de Nazaré, faz-nos pensar um pouco sobre todas as famílias de hoje. O que é então a família?
- A família faz-se mediante um contrato social, jurídico, canónico ou religioso, entre um homem e uma mulher que desejam ser procriativos. A família tem uma base antropológica. É um homem e uma mulher, em ordem à procriação (atenção: a aqui a palavra procriação não tem só em vista a geração dos filhos, mas procriação no sentido de felicidade e prazer mútuo que o amor produz sempre), numa relação estável e segundo a óptica da Igreja, para toda a vida.
A família continua a ser uma forma de crescimento humano e de educação fundamental para a pessoa. Todos reconhecemos que a família actual está a atravessar dificuldades muito graves. É certo que assim seja, porque os problemas que advêm daí estão à vista de todos. Porém, requer-se uma acentuada intervenção na educação para que a família retome o seu lugar na sociedade.
Mais reconhecemos que a família em crise arrasta consigo toda a sociedade. Cada vez mais, reconhecemos que se todos os pais e todas mães se fossem verdadeiramente responsáveis pelos seus filhos a nossa sociedade estaria melhor e os problemas não seriam tão graves no que diz respeito à convivência social.
A todos é pedido que se empenhem na educação para que a família continue a ser a principal escola de crescimento e de educação de todos os homens e mulheres, dentro dos parâmetros que a antropologia a definiu. Caso não exista esta consciência entraremos no caos e na perversão geral que tanto nos comove ou escandaliza. O discurso sobre o respeito, a fidelidade e a castidade, é, hoje, muito complicado, porque facilmente se apelidam as pessoas que o defendem ou o vivam no seu dia-a-dia, de retrógradas e de tradicionalistas. Os valores estão em crise, é visível.
Hoje, o que dá é ser o que o momento proporciona, porque não interessa a estabilidade emocional e a fidelidade aos valores. O que importa é viver a ocasião intensamente. A instituição, como valor perene e estável, sofre muito com esta forma de pensar e viver dos tempos actuais.
Porém, mesmo que estes considerandos sejam um pouco negativos no que diz respeito à família, gostaria de salientar que existe uma multidão de pais e mães muito responsáveis e preocupados. São estes que desejo homenagear e incentivar, manifestando que o seu trabalho dedicado à educação dos vossos filhos é a missão mais nobre e sinal de que o amor de Deus está bem presente neste mundo conturbado. Pelo coração de cada um de vós, Deus revela a grandeza do Seu amor pela humanidade. Bem hajam por terem assumido esta missão de serem pais.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Natal dos simples

Texto homilia-reflexão das celebrações da Noite de Natal. Segue a Festa. Bom Natal para todos...
Saber a Natal no convívio e na festa
Quando a amizade se faz árvore engalanada
Na ternura do tempo e no frio da brisa suave
Quando Pastores e Reis se vestiram de esperança
Porque uma estrela anuncia o novo na luz
Que resplandece Deus para sempre.

Eis então os simples que nesse calor amparado
Do amor eterno que se faz compaixão absoluta
Mesmo que falte o pão protegido
O trabalho honesto para a dignidade da paz
A compreensão da justiça e do bem comum
A mesa posta no recheio dos alimentos
Suados na labuta do quotidiano da vida...
Mesmo que falte o tanto que precisas
Nesta visão do mundo que dita a vil fortuna
Pelas coisas efémeras da convenção da riqueza
Mas não te faltará não pode faltar
A dignidade, o sentido, o olhar e a certeza
Que te deram como condição de grandeza.
Ser gente simples no presépio deste tempo
Que em anos o Deus Altíssimo te cria como convém
Na pobreza da pedra fria na gruta escura de Belém.

Nesta sublime ideia plantei o coração
Na terra firme de que amanhã sempre no amanhã
O Deus Menino será sinal do pão partido
Na mesa do altar de cada alma
Que desabrocha no corpo místico e nobre
Na divina comunhão do amor onde se faz Natal.

Paz na terra aos homens e glória no alto
Nesta casa que se faz nossa no abraço
E no sorriso que se desvela em cada criança
Que deve ser entendida no desinteresse incondicional
No presente como dádiva solenemente do que virá.

Eis depois a sabedoria em saber-se gente com gente
Como encanto que se dispõe a levar adiante
A magia que envolve o que dizias Natal agora.
- Pois bem, diz hoje e sempre a alegria e sentido
Que no meu e no teu Natal nos oferece a festa
Destes dias em passos em volta aqui e agora
Até à porta do outro tempo que um Deus veio
Dizer eterno na doçura encantadora da simplicidade.
Deste presépio da vida que as rochas altas e agrestes
Fizeram natureza viva na penumbra do tempo.
É na encosta sublime da paisagem verde
Que todo sentido do transcendente diz esperança.
José Luís Rodrigues

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Postal de Natal

Postal de Natal para que não se soubesse nunca destas barbaridades.
Mães que dão vida mães que matam
Se, felizmente, há imensas mães que dão vida e no Natal celebramos essa grandeza, há outras que, infelizmente, matam e fazem-nos entristecer perante a sua cruel frieza em tirar a vida. 
A mulher de origem brasileira suspeita de ter matado os dois filhos pegando fogo à casa onde residia, em Preces, Alenquer, foi detida em Castanheira de Ribatejo enquanto circulava na rua, segundo disse ao Expresso fonte da GNR.
Kely Alessandra Santos, de 30 anos, mãe das duas crianças de um e três anos, estava a ser procurada pelas autoridades desde quarta-feira à noite, data em que terá incendiado a casa e ligado à sogra a confessar o crime. (In Expresso online)

Mesmo que a realidade teime em não ser Natal, desejo que todas as mulheres e todos os homens de bem façam Natal nos seus corações em nome do sublime que resplandece em cada vida que Deus faz acontecer diante dos nossos olhos. Feliz Natal para todos!

Provérbios populares

Curiosa interpretação...
E pensamos que repetimos correctamente os "ditados populares"
APRENDA A FORMA CORRECTA...

HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO.... e eu imaginava como seria um pé de cachimbo, quando o correcto é:

HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO... Domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...).

Diz-se: "Este miúdo não pára quieto, parece que tem bichos de carpinteiros" Foi uma grande dúvida na minha infância.... Mas que bicho "carpinteiro" é esse ??? Um bicho pode ser carpinteiro???"
O Correcto é:
"Este miúdo não pára quieto, parece que tem bichos no corpo inteiro" Aí está a resposta ao meu dilema de infância!"

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão."
Mas o correcto é:
"Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão." Se a batata é um tubérculo subterrâneo, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparramaria pelo chão se ela está abaixo dele?"

"É cor de burro quando foge."
O correcto é:
"Corro de burro quando foge!" Este é o pior de todos! O burro muda de cor quando foge? E de que cor fica? E porque mudaria de cor ???"

Outro em que todos erram, :"Quem tem boca vai a Roma."
Bem, esse eu achava que percebia, de um modo errado, mas percebia! Pensava que quem sabia comunicar ia a qualquer lugar!"
O correcto é:
"Quem tem boca vaia Roma." (Isso mesmo, do verbo vaiar, enxovalhar).

Outro que toda a gente diz de forma errada:
"Cuspido e escarrado" - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correcto é:
"Esculpido em Carrara." (Carrara é um tipo de mármore)

Mais um famoso...."Quem não tem cão, caça com gato." Entendia também, de forma errada, mas entendia! Se não tem um cão para ajudar a caçar, utiliza um gato! Embora o gato só faça o que quer, pode ser que nesse dia esteja de bom humor!
O correcto é:
"Quem não tem cão, caça como gato"... ou seja, sozinho!"
Não me diga que sabia o verdadeiro sentido de algum destes ditados populares ????? 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Bispo Vieira Pinto - Repensar a Mensagem



Texto de Dírio Ramos publicado no Dnotícias, Funchal, 23 de Dezembro de 2012. Que testemunho desconcertante!
Neste dias em que os salamaleques elogiosos mutuamente levados a cabo entre algumas figuras da «nossa» Igreja Católica e outras figuras ligadas à política, calam fundo as seguintes palavras.
Vejamos, é deveras preocupante quando o poder político faz elogios, concede homenagens e menções honrosas às figuras da Igreja católica. Sinal manifesto, que algo não anda bem. Ainda mais se estivermos atentos à injustiça que grassa na nossa sociedade, a avassaladora onda-tsunami de desemprego, os joguetes com as pessoas idosas resultante da ganância em nome do lucro e de amizades perversas, a falta de sensibilidade em relação aos que sofrem, os desvarios dos gastos atirados às futilidades contra o essencial para termos um bem estar social mais digno, o descalabro da fome e da pobreza das famílias, o caos na saúde, na educação, a carga soberba de impostos sobre os cidadãos e a perseguição desumana do fisco às famílias...
Tantas outras situações sociais que merecem atenção, denúncia e anúncio profético dos membros da Igreja Católica. Se tais assuntos fossem tratados, denunciados nas pregações, os salamaleques teriam outros contornos... Por isso, cuidemos do seguinte testemunho porque nos interpela de forma acutilante, para não sermos traidores do Natal de Jesus. 
Uma Igreja que não é interpelada, perseguida, caluniada... Sofredora, não é verdadeira Igreja do Evangelho. Ao invés, uma Igreja elogiada, homenageada, mencionada honrosamente e cumulada com outras benesses pelos poderes deste mundo, não sei o que é, mas lá que não cumpre a sua missão, estou mais que seguro disso...

No dia um de Janeiro de 1974, o Bispo de Nampula , V. Pinto fez uma homilia com o título «Repensar a Guerra». Eis um pequeno trecho: «Ouvi-me uma vez ainda, homens que chegastes ao limiar do novo ano de 1974. (…) Eu quero falar-vos uma vez mais de paz. (…) A paz é algo que se deve não apenas manter mas produzir, e produzir a partir da verdade, da justiça do amor e da liberdade: a partir da consciência política do homem. Não é, por conseguinte , compatível com a «ordem» à custa da verdade, da justiça, do amor e da liberdade; não é repressão, não é medo, não é silêncio, não é morte. 
A paz é o homem, e o homem é o coração da paz. Daqui a necessidade urgente de tomar o homem a sério se quisermos seriamente a paz. E não apenas o homem sem nome, distante , desconhecido, mas o homem daqui e de hoje o homem que (…) sofre , há quase dez anos, a violência da guerra e que certamente deseja a paz. (…). 
Já o Profeta Ezequiel se insurgia contra os falsos profetas que, enganando o povo, afirmavam que tudo ia bem, quando tudo corria mal ( EZ.13.10.16)».
Três meses depois foi expulso de Moçambique, com onze sacerdotes que escreveram o «Imperativo de Consciência». Eram acusados de traidores à Pátria! 
De regresso a Nampula, quando havia os exageros da Frelimo, continuava a defender o povo. Perguntou Samora a V. Pinto : Porquê é que você que é Bispo, quando vem falar comigo, nunca fala de Deus nem da religião, mas do Povo, da sua defesa, dos seus direitos e da sua dignidade? O Bispo respondeu-lhe: Um deus que precisasse da minha defesa seria um deus que não é DEUS . Deus não precisa que O defendam. Os seres humanos sim.
Há 40 anos, estava em Moçambique onde dentro das forças armadas lutava contra a guerra que matou 8290 militares e milhares de patriotas africanos. Hoje, na Madeira, uma terra com desemprego, fome, miséria, emigração , de prepotência política, de medo, continuo a luta contra os falsos profetas.

sábado, 22 de dezembro de 2012

A Família


A natureza orquestrada
No prazer do convívio.
E faz gentes até ao mundo
No equilíbrio do fio da eternidade. 
José Luís Rodrigues
Natal é família. Continuação de boas festas. 
Imagem Google...

Precisamos de um fim do mundo a sério

Hoje sinto-me deprimido, até mesmo triste. Passei estes dias todos a dizer que não acreditava que o mundo acabasse, o que correspondia à verdade, mas lá no fundo, nalguns momentos sempre me assaltava o desejo que o mundo acabasse mesmo. Agora estou assim.
O mundo que esta humanidade inventou não acabou, infelizmente. Então, vejamos, não acabou a injustiça, não acabou a ganância, não acabou a fantochada de governantes que ingenuamente colocamos à frente dos nossos destinos, para desbaratarem os bens que são de todos, se pavonearem nas praças como se fossem eternos e donos do mundo. Não acabou a loucura que nos rodeia, insensível às pessoas, que brinca e joga com elas como se fossem objectos ou peças de dominó. Uma tristeza.
Sim, precisávamos de um fim do mundo. Melhor, precisamos de um fim do mundo, para que, os sofrimentos que a irresponsabilidade provoca tenham um fim também. Precisamos que acabe o mundo, para surgir regenerada uma sociedade outra, onde a fraternidade, o bem comum, a paz e o entendimento entre as pessoas sejam uma realidade quotidiana.
Precisamos que este mundo acabe, sim senhor, para que os corruptos tenham fim, os mentirosos e os enganam mundos e fundos desapareçam por completo. Mais ainda desapareceria a insensibilidade em relação aos outros, os mais pobres, os indefesos, os frágeis, porque crianças, porque já idosos ou que não tiveram sorte, a sorte de serem apadrinhados por um familiar ou amigo que estava na hora certa e no lugar certo para ser feito o assalto daquilo que chamaram «singrar na vida».
Pois, precisamos de um fim do mundo para que o poder deste mundo tenha a sua morte, porque este poder não é serviço a todos, mas apenas a alguns, familiares, amigalhaços, bajuladores e os que são fiéis não aos valores mas aos chefes e ao dinheiro que querem açambarcar. Seria o fim da cobiça que há neste mundo.
E este tal fim do mundo livrava-nos da carga enorme de impostos, veríamos iguais entre iguais os que sem vergonha auferem salários e reformas em duplicado, seria o fim de tudo o que os espertalhaços fizeram para se enfartarem nas mesas bem recheadas à custa da maioria que faz ginástica todos os meses para amealhar uns troquitos para pagar as suas despesas. Os tais que gozam com o povo, sugando sem vergonha o pão que lhes estava destinado para matarem a fome. Os que não se importam com o povo, isto é, importam-se sim, quando precisam dos seus votos. O fim disto tudo seria uma grande alegria para nós.
É urgente um fim do mundo para que tenham fim todas as loucuras desmedidas que acompanham a humanidade e se encontre caminhos que sejam mais humanos e a sociedade seja um local de saudável convívio para que a felicidade não seja uma miragem mas o condimento essencial do sentido da vida. Sem um fim do mundo a sério não haverá mais nada que nos safe. Que o Natal nos ajude a provocar o fim deste mundo e a sermos sábios a inventar outro mundo feito com pessoas a sério. Porque este mundo tal como o temos não nos serve... É urgente que tenha um fim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

E eu Creio? (5)

E eu creio...

Olá amigos. Partilho convosco o contributo/partilha da amiga Magna Oliveira, que deu largas ao seu coração e participa nesta secção do Banquete «E eu creio...». O convite mantém-se de pé para todos os que desejarem participar. Pode ser um incentivo a outros para acreditarem e reanimarem a riqueza da vida com o caminho da fé. Somos exemplo uns para os outros e a utilidade da nossa vida radica aí mesmo na capacidade que temos para partilhar o que somos e vivemos, sem isso a vida não tem sabor e servirá para pouco. Por isso, continuo a aguardar a vossa participação. A imagem que acompanha a reflexão da Magna é da sua igreja paroquial, São Gonçalo, porque diz que foi ali que tudo começou e onde sempre cultivou a sua fé. Bela ideia Magna.
Sim, eu creio em Deus Nosso Pai, que nos criou à sua imagem para sermos felizes. Creio que Deus criou o mundo e tudo o que nele existe para nós, porque nos ama, apesar das nossas fraquezas que só Ele conhece bem.
Sim, eu creio em Jesus, Deus Menino, que se fez homem para viver e morrer entre nós e para nossa salvação. Creio firmemente que Jesus, meu Irmão, deu a Sua vida para nos livrar do pecado e dar-nos a vida eterna pela ressurreição.
Sim, eu creio no Espírito Santo que nos dá a força necessária para enfrentar os nossos dias de tempestade com maior confiança e os dias de felicidade com a alegria de saber agradecer pela graça da vida.
Sim, eu creio na Santíssima Trindade, que é Deus com o Filho e o Espírito Santo que vive em nós como um único bem, que nos alimenta na fé quando é tão difícil viver e aceitar as circunstâncias da vida que nem sempre corre bem.
Sim, eu creio na Igreja instituída por Jesus Cristo – na igreja sem riquezas materiais, sem vaidades nem protagonismos, e que existe com o propósito maior de ensinar a palavra de Deus e levar o Seu povo pelo caminho da verdade, da fraternidade, da caridade e da vida feliz com todos os irmãos à volta da mesma mesa.
Sim, eu creio e espero que todos nós criados à imagem de Deus, encontraremos a solução para tantos problemas da humanidade, apercebendo-nos, finalmente, que a mesma é e sempre foi seguir o caminho apontado por Jesus desde o seu nascimento até à sua morte – justiça, amor, perdão, paz…
Sim, eu creio que chegada a minha hora de deixar este mundo, a minha alma encontrará toda a ternura, a bondade e a misericórdia de Deus, nosso Senhor, ressuscitando e repousando em paz para todo o sempre. Ámen! 
Magna Oliveira

A Madeira não parece ser para velhos


Há nesta terra abrigos para todos os gostos e à medida do poder dos rendimentos de cada um. Porém, em todos há histórias de vida empoeirada, mofadas no esquecimento do frio tratamento profissional e são chamados de avós por pessoas que nada se importam com o passado de cada uma destas pessoas. Todos estes abrigos de alguma forma são instituições de caridade, para ricos, públicas, religiosas, improvisadas, fábricas do lucro fácil, lugares esquecidos e do esquecimento, depósitos de pessoas que esperam a morte… Em muitas destas instituições encontramos respeito, mas noutras uma completa negligência, na maioria indiferença com convicção do fundo da alma, porque é preciso obedecer aos ditames de limpeza definidos pelas entidades ligadas à higiene. Há de tudo neste mundo dos abrigos.
Por estes dias da preparação para o Natal têm sido horríveis as notícias que nos relatam o que está ser feito contra os nossos idosos. Há lares da última idade, onde se faz das pessoas matéria prima para ganhar dinheiro, por isso, eles passam fome, estão mergulhados na sujidade, estão sem medicação, numa palavra votados ao abandono e à solidão completa.
Entre nós tomamos conhecimento da desgraça da Instituição Atalaia Living Care, onde os idosos foram as vítimas principais da loucura, das parecerias público privadas, da lógica terrível que acompanha a humanidade, servir-se dos outros, os mais indefesos, para ganhar dinheiro. E segundo algumas notícias até confirmam suspeitas de «extorsão» de dinheiros públicos. Intolerável.
Se tivéssemos autoridades a sério na nossa terra estariam atentas as estas situações e agiam de imediato quando as suspeitas se levantassem, para que as pessoas idosas não tivessem que passar por este incómodo de terem que sair dali, deixando para traz as suas amizades, os seus cantinhos e todo o ambiente onde já estavam habituadas a viver. Não concebo que se tenha que empurrar toda esta gente para fora daquele lugar, colocando-os espalhados em várias instituições deste cariz. Porque não se resolveu logo todos os problemas que existiam para que não tivessem que passar por esta loucura as pessoas idosas? Porque não resolveram todas as questões relacionadas com as dívidas aos fornecedores e todos os problemas laborais? Não dá para entender tamanha barbaridade em dias de Natal…
Transcrevo um comentário surgido no Facebook sobre este assunto que me parece esclarecedor e que nos deve fazer meditar bastante sobre este problema grave que as nossas autoridades não souberam resolver da melhor forma, mas pelo que se vê, ao problema juntaram-se outros problemas ainda mais graves e que podem arrastar tragédias dentro de momentos. Esperemos que não.
Comentário do André Milo, que nos parece falar com verdadeiro conhecimento de causa: 
- «Atalaia está a mudar os utentes para outros lares da RAM. Nestas mudanças tem acontecido muita coisa. Se falamos em cuidados paliativos é necessário saber do que se fala. Ontem um senhor de idade ameaçou atirar-se da janela por não querer sair daquele "canto" que era já a sua casa... desumano!? Todas estas acções são para minorizar a vergonha que os gestores do atalaia fizeram, em amizades com o governo...

Outro problema... os funcionários terão de se apresentar ao trabalho até 18 de Janeiro! Sim... mesmo tendo salários em atraso, mais de 4 meses, mesmo não tendo doentes para cuidar. Desumano!? Muito. Tudo para não perderem as leis, ditas leis (de merda) laborais, para ao menos receber o desemprego.
A culpa morre solteira... um dito que me ocorre expressar aqui. Os "Senhores", os "Dominus", os "patrões" não passam de hienas que exploram o pobre que labuta para o pão, para um tecto, para subsistir. Esta é vergonha do nosso século: a falta de humanidade para com as situações. Estamos todos no mesmo b(u)ar(a)co, infelizmente.
A VERGONHA continua... é tomar atenção aos noticiários. Pior... os que fazem a VERGONHA riem-se descansados nos sofás de pele das suas salas, nas suas mansões preparados para um belo Natal que aí virá, tudo pago com o que ROUBARAM». Para quê mais palavras.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O encontro nos desencontros deste mundo

Mesa da Palavra
Comentário à Missa do próximo domingo
IV domingo do Advento
Este encontro das duas primas, Maria de Nazaré e Isabel, é dos encontros mais comoventes da Bíblia. Imagino Maria, a jovem de Nazaré, revestida de sol como são os olhos de Deus. Vestida para significar isso mesmo, o amor e a ternura de Deus que veste os lírios do campo mais gloriosos que o rei Salomão (Cf. Mt 6, 29-30), que adorna de vestes finíssimas e ornamentos preciosos a sua esposa Israel (Ez 16, 10-13), que reveste Sião da sua magnificência (Is 52, 1). A esta mulher-sinal, Deus a veste de sol, de toda a luz da sua própria glória e poder.
Por isso, toda a devoção não poderia ser melhor cantada naquela estrofe inesquecível do poema «A Nossa Senhora» de Ruy Cinatti: «Vómitos de cera / honram-na em lágrimas / humedecidas faces / ou repentes de alegria. / Ei-la, portanto, senhora / nos espaços sederais / e na terra mãe / desamparada. / Seu olhar magoado / fere um intranquilo / raio de luz. / E entro no templo / onde milhares de mãos compadecidas / acendem círios. / Digo: Maria! / Ouço: Meu filho!» (in Corpo-Alma, p. 79-80). Creio que foram estas palavras que balbuciou a prima, Isabel, que recebia de braços estendidos «a Bendita entre todas as mulheres...», porque já sabia de longe do «fruto bendito do teu ventre». 
Assim, todos nós estamos diante daquela que transporta a salvação. Perante este encontro de mulheres, somos nós convidados a admirar o Mistério de Deus que cada um transporta.  Daí, ser contra o Plano de Deus, todo o desrespeito pela dignidade de cada pessoa, a violência doméstica, o ódio, os palavrões que se aplicam aos outros, os roubos e toda insensibilidade perante a vida e o bem para todos. 
Somos desafiados a contemplar o mistério que o sémen do Espírito Santo derrama sobre os nossos corações. Se o Natal for exterior ao coração de cada pessoa, é puro folclore como alguns teimam em fazer crer que deva ser assim mesmo. Nós precisamos de verdadeiros encontros, porque estamos fartos dos desencontros que este mundo nos dá. 

Os beija mãos de Natal

O bailinho da Madeira
Esta coisa dos beija-mãos, é chamada por toda a gente de "cumprimentos de Natal".
São um rodopio de entidades que de casa em casa, tipo um cantar de reis antes do Natal, que se visitam mutuamente estes sábios dos tempos actuais. Não vejo graça nenhuma de cantar de reis antes do nascer do Menino. Estão estes momentos cheios de hipocrisia, de cumprimento de agenda, de honraria vazia e salamaleques patéticos, desmedidos, anacrónicos com palavras que bajulam e pintam a realidade cor de rosa ao gosto das individualidades que visitam e as visitadas. Um mundo vip deslumbrado.
Todos completamente aliados da realidade e a exercer cargos para os quais não estão minimamente preparados, outros cegos perante as enormes transformações que o mundo deu e especialmente a nossa terra. Quase todos um bando de reumáticos que já há muito estão fora de prazo e a grande porção da sociedade madeirense está ardendo para ver-se livre da maioria destes "pseudo-magos" que deambulam por aí, gastos e mais que impreparados para exercerem as funções para as quais foram eleitos, escolhidos ou nomeados. Uma tristeza presenciar-se estes beija-mãos hipócritas que nas vésperas do Natal, as nada divertidas entidades civis, militares e religiosas levam a efeito. Um circo.
Este circo serve para dizer nada e se for dito alguma coisa o eco soa a balelas e tretas sem sentido nenhum. Nalgumas bandas soam apelos/"incentivos" com palavras que insultam o povo oprimido pela carga de impostos, pelo sofrimento porque passa fome, paga a saúde, a educação, os rendimentos cada vez mais magros. Um povo cada dia mais pobre e só, porque votado ao abandono por quem o devia defender e não defende, quem o devia amparar e não ampara, por quem devia proteger e não protege, por quem o devia animar na esperança e não anima... Só o poder pelo poder e por causa disso consolam-se e reforçam-se mutuamente na cadeira doirada do ego que os senta na ribalta da "vã glória de ter um cargo". As tais palavras soam a apelos/"incentivos" a não desistências, a serem sinal de esperança de quem já não há nada a esperar nem muito menos pode ser mais esperança para nada nem para ninguém nesta terra. Uma perdição cheia de gozo este circo de Natal.
Portanto, estes beija-mãos artificiais são insultuosos para o nosso povo. São um vazio, porque são nada, hipocrisia de gente que passa a mão pelo pêlo mutuamente, que se bajula e se incentiva mutuamente no deslumbramento pelo poder com palavras de circunstância que estão longe, muito longe de serem o sentimento geral do povo que tais entidades se arvoram representar. Uma dor de alma estes números patéticos que a quadra natalícia sempre proporciona.
No meio deste delírio, invocamos o Menino Deus do presépio de Belém para que nos ajude, porque andamos mais que desamparados daqueles que foram postos à nossa frente. Por isso, seja feita a "glória de Deus nas alturas", porque aqui na terra as glórias são uma miragem neste deserto.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A fé não é para nos instalar e acomodar

O que a fé não é (10)
Antes de qualquer reflexão, vejamos um cartão e uma surpresa: «Um jovem universitário viajava no mesmo banco de transporte com um venerável ancião que ia a rezar o seu rosário. O jovem atreveu-se a dizer-lhe: “Por que é que, em vez de rezar o rosário, não se dedica a aprender e instruir-se um pouco mais? Eu posso enviar-lhe um livro para que se instrua”.
O ancião disse-lhe: “Agradecer-lhe-ia que me enviasse o livro para esta direcção, e entregou-lhe o seu cartão. No cartão, lia-se: Luís Pasteur, instituto de Ciências de Paris. O universitário ficou envergonhado. Tinha pretendido dar conselhos ao mais famoso sábio do seu tempo, o inventor das vacinas, estimado em todo o mundo e devoto do rosário”.
A fé não é para nos instalar e acomodar no que fazemos e no que somos. Somos fruto do ambiente e a história pessoal de cada um tem muito que ver com as influências que o ambiente onde nasceu proporciona. Ora, vejamos a história que nos conta António Alçada Baptista, no seu livro, «A Cor dos Dias». Diz assim o autor: «Uma mulher na Guiné, ao ir buscar lenha, deixou o seu bebé no chão, à entrada da floresta, e o pequenino desapareceu. Passados, quatro anos, um caçador viu um rapazinho no meio de um bando de macacos. Organizou-se uma batida e o menino foi apanhado. Mas aí é que foi o pior. A criança ficou entregue aos cuidados da instituição que aquele senhor dirigia. Não conseguiram adaptá-lo minimamente aos costumes humanos. Para comer, tinham que lhe atar uma corda à perna e levá-lo à floresta. Não conseguiram que ele falasse e, passados dois anos, morreu».
Esta história ilustra bem a afirmação de como cada um de nós é fruto do ambiente e das circunstâncias onde nasceu e cresceu. São, no fundo, os outros que nos fazem. As influências externas a nós são muito importantes para a constituição da nossa idiossincrasia. Nada somos sem o mundo à nossa volta. Não é possível imaginar uma vida sem os outros, sem amor aos outros e muito menos sem o amor que os outros tenham por nós. Ao contrário desta realidade, é a solidão e o abandono, que ditarão o drama mais cruel que uma pessoa pode enfrentar. A vida não é sem a relação com os outros. E consequentemente a fé também não se concebe sem esta abertura aos outros.
Se a nossa existência não é sem a dimensão social, o que seria sem aquilo que Deus nos deu, isto é, a nossa inteligência, as nossas qualidades e capacidades? – Somos o ambiente mais tudo aquilo que a criação nos presenteou. Tudo deve convergir para a formação de uma identidade própria, individual que deve ser valorizada e plenamente integrada no modo de ser de cada pessoa.
O antigo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes dizia: «Somos como o canhão, recuamos para que o projétil vá ainda mais longe». Esta necessidade de parar e de fazer silêncio, é muito importante para pensar a vida e tudo o que ela implica para a o bem do mundo. Muitas vezes o ficar quieto e o estar calado não significam, de modo nenhum, subserviência ou passividade, comodismo e instalação perante as coisas que passam, mas significa procura lúcida de um bem próprio para melhor servir a vida e o mundo, até à descoberta do caminho da fé para se engrandecer perante a realidade toda que Deus nos desvela diante das errâncias da nossa história.
A paixão pela vida, pelo que sou e pelo que posso dar, obriga-me a olhar a própria história com amor e compaixão para depois me relançar outra vez sobre o que sou. Olhar a própria história, é a possibilidade de reconciliar-se consigo mesmo, harmonizar o espaço, organizar-se, criar espaço para poder funcionar e relançar-se outra vez sobre as coisas da vida.
É preciso valorizar e acolher com amor aquilo que somos e temos dentro de nós. Não há outra história da salvação de Deus à margem da nossa história pessoal. A história da salvação é a história da humanidade. Estar contra esta forma de pensar a acção de Deus é violar o projecto de salvação de Deus para o mundo e para a humanidade toda.
Agora peço-vos um pequeno exercício de adaptação. Reparemos na frase de Martin Buber: «Deus não me pedirá contas de não ter sido Francisco de Assis ou mesmo Jesus Cristo. Deus vai pedir-me contas de eu não ter sido completa e intensamente Martin Buber» (peço a cada leitor que faça o exercício de colocar no lugar do nome do pensador o seu próprio nome). A fé em Deus não é uma poltrona onde nos acomodamos no quentinho da insensibilidade nem muito menos a instalação nas seguranças todas da inconsciência, antes deve ser a descoberta da força e coragem para enfrentar todos os desafios deste mundo. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sombras e delírios de uma sociedade maluca

Farpas no Banquete...
Os tempos correm perplexos e nós ainda mais do que eles. As barbaridades e alarvidades tomam a dianteira. São em catadupa os contornos da linguagem absurda que manifestam insensibilidade cruel, um desplante, um insulto a quem trabalha e a todos os que se remedeiam com o pouco que a sorte os bafeja. Sabem viver assim. Não há maior felicidade do que essa, ser capaz de ser rico com o que o seu trabalho, que lhe dá para comer, viver condignamente e ainda para partilhar com quem tem menos. Para nós é a maior alegria experimentar isto e saber de tantas gente que leva à prática esta experiência extraordinária.
Mas, levantam-se algumas coisas por aí que não podemos deixar de dizer algo, não digo comentar porque não merecem o nosso comentário, só a nossa atenção para sorrirmos nem que seja assim de relance com pesada compaixão e pena de gente que não tem vergonha, não sabe o que diz, mente descaradamente e procura aldrabar os outros com o maior desplante. A nós resta ficarmos aí no prazer de nos fazermos idiotas, diante dos imensos idiotas que se julgam serem inteligentes. Pois bem, de que se trata o seguinte?

- «Hipócrita e socialmente iníqua a tendencial gratuitidade da educação e da saúde, levando a que haja espaço para uma educação/saúde de primeira e de segunda», disse o líder da JSD nacional que defende o fim da educação e da saúde tendencialmente gratuitas em Portugal. Esta foi uma das ideias mais polémicas da moção «Cumprir Portugal», que Hugo Soares – único candidato à liderança – defendeu no congresso dos jovens social-democratas, que se realizou no último fim-de-semana em Fátima. Onde esteve o desbocado do Pedro Passos Coelho, que faz de Primeiro-ministro de Portugal, que também pronunciou uma série de insultos sobre as pensões de reforma. É caso para perguntarmos o que pretende esta gente fazer do Estado Social e da Democracia? – Tudo isto, ironicamente, em Fátima onde Nossa Senhora, deve ter chorado amargamente e onde se arrastam milhares de pessoas do nosso país para agradecer graças alcançadas e pedir ajuda para os «milagres» que esta vida às vezes precisa, porque quem devia cuidar não cuida, quem devia sarar não sara e quem devia cumprir o seu dever não cumpre…
Porém, ao lado desto desta tragédia e deste intuito de agravar o genocídio, veio a público dar o grito que sempre registamos com simpatia. O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, que aponta a reforma do Código de Trabalho como o reflexo de uma sociedade cada vez mais centrada no dinheiro. Disse então: «Nós sabemos que o grande deus desta Europa é realmente o deus dinheiro encarnando isso na Alemanha. Mas é a Alemanha, o sistema bancário, os grandes ricos que movem o mundo. Esse Código do Trabalho é uma imanação perfeita desse deus dinheiro, desse deus capitalista que manda no mundo e que engorda à custa do emagrecimento dos outros». Eis a reflexão que falta fazer-se e o essencial onde devem estar centradas todas as nossas forças. 
O alerta de D. Manuel Martins vai ainda mais longe para dizer que a desumanização na Europa e em Portugal precisa de ser travada com uma mudança de atitude e mais atenção dos «homens de poder». Pois, se tivéssemos verdadeiros «homens de poder», isto é, que fossem cultos, que soubessem de economia, mas também tivessem sensibilidade e sabedoria a todos os níveis culturalmente e espiritualmente falando. Mas o que temos? – Gente medíocre, mentirosa, aldrabona, imprudente, desbocada e tantos outros mimos que circulam na praça que se aplicam às várias figuras que hoje comandam os destinos das nossas sociedades.
Então o antigo Bispo de Setúbal sentencia, «se calhar temos necessidade de vir para a rua gritar de tal forma que os homens do poder ouçam e adoptem outro modo de estar e de viver». A todos compete esta luta.
Mais um que devia estar calado se não tinha nada melhor para dizer. O presidente da União das Misericórdias Manuel Lemos garante que enquanto houver Misericórdias não há razão para haver fome em Portugal, criticando a utilização deste assunto no cenário político. O que disse o homem das misericórdias? – Isto: «enquanto houver Misericórdias não há razão para haver fome em Portugal porque nós e muitas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do país temos juntado energias para que qualquer situação de fome seja detectada», afirmou. Onde anda este senhor? Pensa que a «sua» caridade realiza milagres? Mais um que pensa que a fome se sacia hoje e está resolvida para sempre? – Há um delírio geral que afectou as pessoas a quem se pedia seriedade, serenidade e algum senso na língua quando falam da situação actual das nossas famílias e de quem se esperaria que não andassem aqui a fazer fretes ao poder político instalado que pretende levar adiante medidas que violentam o nosso povo de forma tão cruel e desumana. A luta contra a pobreza não pode ser feita contra os pobres.
Para este contexto e para dar resposta a este delírio em que mergulharam as famosas instituições de solidariedade social, recorro à grande figura, São Vicente de Paulo, patrono da libertação dos pobres, que diz assim «Não sei quem é mais carente: se o pobre que pede pão ou o rico que pede amor». E vai ainda mais longe na sua consciência quanto à indignidade que é ser pobre, «Quando socorreres um pobre, oferece-lhe o teu melhor sorriso, para que ele te perdoe a esmola que lhe dás». Pois, é isso a esmola caridosa, uma ofensa, porque nunca deveria existir, porque a necessidade de ser feita, resulta da sociedade injusta que teimamos em levar adiante. Revela falta de inteligência, porque não nos escandalizamos nem nos revoltamos com o facto de existem necessitados à nossa volta.
Ora vivemos assim e parece que tudo se conjuga para que tal sempre seja dessa forma, porque «A sociedade compõe-se de duas classes: os que têm mais jantares que apetite, e os que têm mais apetite que jantares», disse Sébastien-Roch Chamfort. Até quando?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Papa coloca os pontos nos is

Na cidade do Vaticano, a 16 dez 2012, o Papa Bento XVI, colocou no devido lugar as coisas e algumas entidades que têm andado por aí nos útlimos tempos a dizerem uma série de disparates sobre a caridade e a justiça. Porque para alguns, a caridade, é a única via em detrimento da justiça social que pode edificar o «el dourado» na terra, mas, afinal, o Papa colocou os pontos nos is quanto a esta questão, ainda bem. Obviamente, que fico feliz com este pronunciamento, porque compete à Igreja Católica ser este sinal profético, sim à caridade, mas também sim à justiça social. Um mundo profundamente injusto nunca mais será de forma nenhuma um local habitável e não querer contruir a justiça, é o maior sinal do fim do mundo. Parabéns ao Papa por nos ter relembrado o essencial e confirmado o trabalho de tanta gente que reclama e luta diariamente pela justiça sem deixar de estar atento às necessidades mais prementes dos outros. Reparemos em alguns pensamentos do Papa:
- A caridade cristã e a justiça social devem ser complementares, porque são ambas necessárias e não se “opõem” reciprocamente. Diz concretamente assim: “A justiça exige que se supere o desequilíbrio entre quem tem o supérfluo e aqueles a quem falta o necessário; a caridade leva a estar atento ao outro e ir ao encontro da sua necessidade, em vez de encontrar justificações para defender os seus próprios interesses”
- A caridade «deve incluir um compromisso pela justiça social»
- “É uma alegria que enche o coração dos que, mesmo nas dificuldades, sabem que Deus vem tomar-nos pela mão para nunca nos abandonar”, referiu.
-  Aludindo à figura de São João Batista, apresentada nos evangelhos como precursor de Jesus, o Papa disse que Deus não pede “gestos excecionais, mas acima de tudo o cumprimento honesto do próprio dever”.
- Segundo Bento XVI, as indicações deixadas pelo profeta “valem para todos, especialmente para quem tem maiores responsabilidades”, implicando uma conversão que “começa pela honestidade e o respeito pelos outros”.
- “Dado que Deus nos vai julgar segundo as nossas obras, é nos comportamentos que é preciso mostrar que se segue a sua vontade”, precisou.
- O Papa sublinhou a atualidade destes ensinamentos e disse que o mundo de hoje, “tão complexo”, seria “muito melhor se cada um observasse estas regras de conduta”. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Este Natal é perigoso


Nota: texto de opinião publicado no Diário de Notícias, Funchal, secção «Sinais dos tempos»...
 
Nos tempos difíceis o pior que nos poderia acontecer é as pessoas terem entrado num delírio impressionante. Os Natais nunca mais serão como já foram, tiremos o cavalinho da chuva.
A comunicação social descobriu mesmo que de relance que é dito num livro do Papa que o burro e a vaca não estavam no estábulo onde Jesus nasceu lá para os lados de Belém. Como se isto fosse um assunto de lesa-majestade. Mas grave então será dizer-se que os Reis magos existiram mesmo e que o midrash dos magos é factual, até dizem que vieram da Península Ibérica. Se não for também não vem mal nenhum contra a fé católica. Poucos repararam nisto. Paciência.
São Francisco, a quem se atribui a fundação do presépio tal como o temos hoje, deve ter entrado em depressão. O que nos interessa mais hoje é que os animais do presépio revelam o encanto pela natureza ao ponto de nos ensinar que pode ser possível estender a fraternidade a todas as criaturas. Daí que hoje, os tempos da ecologia, São Francisco seja o modelo e a inspiração de todas as ações a favor do respeito pela vida natural e animal. E é isto que importa verdadeiramente.
Por favor não façam um dogma que decrete que afinal Jesus nasceu num palácio, tipo a mansão de chefes das seitas religiosas? Ou então, num palácio como o do Vaticano, onde está a residência dos Papas e que tinha uma vida luxuosa como alguns Papas, os cardeais e alguns bispos e outros senhores do tempo, que ao abrigo do templo, são grandes reis todo-poderosos? - Não concebo Jesus de Nazaré em nenhuma semelhança com os reis da terra, exactamente, como Ele refere no Seu Evangelho.
Outro dado importante para a viragem do Natal, será nos lembrarmos do Orçamento de Estado recentemente aprovado que vai «gasparar» a maior fatia dos rendimentos dos trabalhadores e das famílias portuguesas no próximo ano para empobrecer ainda mais o país como esta política neoliberal pretende. Tudo normal, mesmo que a fome, a pobreza vá fazendo do nosso país uma nação de velhos e pedintes, sempre haverá umas almas piedosas que abrem os cordões à bolsa para alguma caridade. E o que será de alguns muito ricos se não existirem pobres e dos pobres coitados se não existirem os muito ricos? - Por isso, políticas de empobrecimento, quanto mais melhor para o país que os poderosos desejam construir.
Entre nós, vamos cantando e bailando com a dupla austeridade. Os apertos são para a famílias, mas para os governantes da ex-Autonomia da Madeira, austeridade não é com eles, repare-se na não poupança que fizerem para fogo e ornamentação do Natal. Será gasta a módica quantia de quase dois milhões. Não estamos contra a ornamentação de Natal, mas poderia ser mais sóbria e gastar-se menos. Consta que Lisboa gasta 200 mil. O turismo não pode justificar tudo.
Ao lado deste delírio, são injustificáveis as subvenções aos partidos representados na Assembleia Regional, a parceria escandalosa entre Diocese e Governo no ex-JM que consome às barbas dos esfomeados da nossa terra os milhões conhecidos de todos e o mosquito/dengue só tive agora alguma atenção, porque alguém gritou que tal coisa estava a prejudicar o turismo. Sintomático.
Onde estão os planos concertados em toda linha para combater esta tragédia ou atitudes exemplares que revelem sobriedade e preocupação com o bem das pessoas, madeirenses acima de tudo? - Bom, pelo que se vê e ouve é caso para dizer-se, mas para quê se todos os males não passam de «orquestrações» para prejudicar a Madeira. Tirem-me deste bailinho.
Por fim, mesmo que sombrio e pouco luminoso (ou perigoso) este Natal, desejo para todos um bom Natal.
José Luís Rodrigues