Nos tempos difíceis o pior que nos poderia acontecer é as pessoas terem entrado num delírio impressionante. Os Natais nunca mais serão como já foram, tiremos o cavalinho da chuva.
A comunicação social descobriu mesmo que de relance que é dito num livro do Papa que o burro e a vaca não estavam no estábulo onde Jesus nasceu lá para os lados de Belém. Como se isto fosse um assunto de lesa-majestade. Mas grave então será dizer-se que os Reis magos existiram mesmo e que o midrash dos magos é factual, até dizem que vieram da Península Ibérica. Se não for também não vem mal nenhum contra a fé católica. Poucos repararam nisto. Paciência.
São Francisco, a quem se atribui a fundação do presépio tal como o temos hoje, deve ter entrado em depressão. O que nos interessa mais hoje é que os animais do presépio revelam o encanto pela natureza ao ponto de nos ensinar que pode ser possível estender a fraternidade a todas as criaturas. Daí que hoje, os tempos da ecologia, São Francisco seja o modelo e a inspiração de todas as ações a favor do respeito pela vida natural e animal. E é isto que importa verdadeiramente.
Por favor não façam um dogma que decrete que afinal Jesus nasceu num palácio, tipo a mansão de chefes das seitas religiosas? Ou então, num palácio como o do Vaticano, onde está a residência dos Papas e que tinha uma vida luxuosa como alguns Papas, os cardeais e alguns bispos e outros senhores do tempo, que ao abrigo do templo, são grandes reis todo-poderosos? - Não concebo Jesus de Nazaré em nenhuma semelhança com os reis da terra, exactamente, como Ele refere no Seu Evangelho.
Outro dado importante para a viragem do Natal, será nos lembrarmos do Orçamento de Estado recentemente aprovado que vai «gasparar» a maior fatia dos rendimentos dos trabalhadores e das famílias portuguesas no próximo ano para empobrecer ainda mais o país como esta política neoliberal pretende. Tudo normal, mesmo que a fome, a pobreza vá fazendo do nosso país uma nação de velhos e pedintes, sempre haverá umas almas piedosas que abrem os cordões à bolsa para alguma caridade. E o que será de alguns muito ricos se não existirem pobres e dos pobres coitados se não existirem os muito ricos? - Por isso, políticas de empobrecimento, quanto mais melhor para o país que os poderosos desejam construir.
Entre nós, vamos cantando e bailando com a dupla austeridade. Os apertos são para a famílias, mas para os governantes da ex-Autonomia da Madeira, austeridade não é com eles, repare-se na não poupança que fizerem para fogo e ornamentação do Natal. Será gasta a módica quantia de quase dois milhões. Não estamos contra a ornamentação de Natal, mas poderia ser mais sóbria e gastar-se menos. Consta que Lisboa gasta 200 mil. O turismo não pode justificar tudo.
Ao lado deste delírio, são injustificáveis as subvenções aos partidos representados na Assembleia Regional, a parceria escandalosa entre Diocese e Governo no ex-JM que consome às barbas dos esfomeados da nossa terra os milhões conhecidos de todos e o mosquito/dengue só tive agora alguma atenção, porque alguém gritou que tal coisa estava a prejudicar o turismo. Sintomático.
Onde estão os planos concertados em toda linha para combater esta tragédia ou atitudes exemplares que revelem sobriedade e preocupação com o bem das pessoas, madeirenses acima de tudo? - Bom, pelo que se vê e ouve é caso para dizer-se, mas para quê se todos os males não passam de «orquestrações» para prejudicar a Madeira. Tirem-me deste bailinho.
Por fim, mesmo que sombrio e pouco luminoso (ou perigoso) este Natal, desejo para todos um bom Natal.
José Luís Rodrigues
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