Magnífico.
Eis um cardeal sem medo. Apesar dos seus 82 anos passou a noite nas ruas com o
movimento estudantil em Hong Kong, o cardeal Joseph Ze-kiun, o bispo emérito da
ex-colónia britânica. Não falo mais porque a imagem fala por si. Permitam-me só
esta pergunta, quando teremos entre nós assim cardeais e bispos sem medo de
sujar as purpuras?
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Jihadistas por todo o lado
Está a circular
a notícia divulgada pelo «Observatório Romano», que o Papa Francisco se referiu
aos rumores de um ataque contra a Santa Sé pelos jihadistas, na homilia do último
sábado. O Papa
Francisco disse aos polícias do Vaticano, em
relação a uma suposta ameaça
jihadista contra o Vaticano, já «há bombas dentro», referindo-se ao que ele chamou de «fofocas», informou L'Osservatore
Romano. Falou neste teor: «Eu quero vos dizer uma coisa triste, há bombas
no interior, há bombas muito perigosas dentro». E que «a pior bomba dentro do Vaticano são as fofocas» - Eis aquilo
que entre nós designamos de «bilhardice».
Não é a primeira vez que Papa Francisco se refere aos «rumores», «calúnias» ou «boatos».
Já em fevereiro último tinha declarado aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, que «a fofoca pode matar, porque ela mata a fama das pessoas». O Papa disse na
altura: «Pode parecer engraçado, mas depois a fofoca enche
o nosso coração de amargura e envenena-nos
a nós mesmos». Nem mais. Todos os rumores que se baseiam
na calúnia e na boataria provocam sofrimento e tristeza.
O Papa Francisco
tocou numa ferida que é transversal a toda a Igreja. Não é só o Vaticano que
está armadilhado. Não é só o Vaticano que tem esta «bomba perigosa». São todas
as Igrejas nacionais, todas as dioceses, todas as paróquias e todos os grupos
dentro e fora das igrejas. A humanidade consome-se assim armadilhando-se na
calúnia desenfreada porque a inveja comanda a vida e ocupa os corações de tanta
gente.
Por isso, esta
denúncia do Papa bate certeira no Vaticano e em todos os lugares do mundo onde
há pessoas. Entre nós existe como «alimento» quotidiano. A mentira torna-se
verdade à velocidade de um raio. A calúnia comanda a vida e é luz que ilumina a
mente de tanta gente. O boato é regra para vencer na vida e ganhar dinheiro. O
rol pode continuar. Fica-nos estes elementos entre tantas outras «bombas
fofoqueiras» que se vão inventando por todo o lado, para fazer do mundo um
verdadeiro inferno.
Afinal, Papa Francisco, jihadistas, há-os por todo o lado, infelizmente.
sábado, 27 de setembro de 2014
O outono transmutado
Para o fim de semana. Sejam felizes sem prejudicar nada nem ninguém...
Temos
caminhos em lombos e vales
temos
passos que se fazem em volta
com
encontros e desencontros
no
sol intermitente dos homens
e
temos luz quando permitem as nuvens
mesmo
quando o pensamento
às
vezes transparece na divisão lancinante
do
poema.
Temos
união no sorriso das flores
que
aquela colina desvela
nas
letras que generosamente
descrevem
o sentido
que
busco em cada pedra
da
visão clara deste tempo da amizade.
Temos
som mais em música divina
nas
folhas mortas do outono triste
que
alguma vez faz húmus fértil
na
passagem da transmutação
antiga
da água
que
verte a emoção
nos
dias da vida perene
da
felicidade nossa e de Deus.
Temos
o desencanto
que
me molhou a face
porém
quando fiquei seguro da mão
que
nos dá em força o passado
serenei
porque secou-me o pranto
o
desassossego do mistério
que
pergunta ao vazio
por
uma réstia do que me fizeram.
Temos
então aí o contentamento
firme
no que me deram para ser.
José Luís Rodrigues
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Ninguém se salva sozinho
Comentário à Missa do Domingo
XXVI tempo comum,
28 setembro de 2014
Os
outros são o verdadeiro desafio da vida. São Paulo considera que será preciso
cultivar bons "sentimentos", isto é, os sentimentos de Cristo, para
que o entendimento entre nós e os outros seja uma realidade.
Mas,
já é antiga a denúncia de que a relação com os outros não é pacífica. O mito de
Sófocles é claro, na magnífica "Antígona", ao proclamar no ponto alto
do diálogo o seguinte: "A teimosia merece o nome de estupidez". E
Hémon, um dos personagens da Antígona dirá alto e bom som: "Quem julga que
é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais
ninguém, esse, quando posto a nu, vê-se que é oco". Toda a superioridade
perante os outros merece esta resposta e não pode ser senão a pior coisa que a
"louca" da imaginação de cada um inventa, destruindo assim o bem e a
felicidade que Deus deseja para o mundo.
O
estado de superioridade acontece nas coisas mais corriqueiras da vida. As
relações profissionais estão cheias desta realidade. As famílias alimentam-se
deste sentimento como do pão para a boca. As religiões ou as igrejas também
vivem esta condição com a mesma frequência com que pronunciam orações. E dos
que se consideram a si mesmos superiores, diz-se o mesmo que disse Ambrose
Bierce, são uns cobardes. E cobarde para este autor era alguém que, numa
situação perigosa, pensa com as pernas.
Este
sentimento, é o que mais inimigos, produz. Os rancores que muitas vezes as
pessoas expressam uns contra os outros estão associados à ao egoísmo e ao
convencimento pessoal centrado no ego muito longe da partilha para o bem comum.
E sobre estes sentimentos, Oscar Wilde ensinou que a melhor resposta, consiste
em perdoar-lhes sempre, porque nada os aborrece tanto.
A
sabedoria da vida está em saber acolher o mistério. Não são os desastres que
libertam e fazem a felicidade, mas a descoberta da verdade e da paz ("os
sentimentos de Jesus Cristo" - segundo o Apóstolo Paulo), como alimento
essencial para a relação com os nossos semelhantes.
Consequentemente,
Jesus no Evangelho ensina que não bastam palavras e declarações de boas
intenções, é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus
nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos
concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz.
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Dois momentos duas reflexões a levar muito a sério
Dois momentos onde o pensamento sobre o pensar o Cristianismo hoje que nos deve relançar no caminho de uma verdadeira pastoral que vã ao encontro das pessoas, sem juízos de valor nem muito menos com imposições que marginalizam ou revoltam as pessoas ainda mais ao ponto de a «divorciar» por completo da Igreja Católica.
«O Cristianismo terá futuro»? – Perguntou o
Padre Tolentino Mendonça, no Expresso do dia 20 de setembro:

O documento que nos falta estudar,
pensar e concretizar na pastoral é a Evangelii Gaudium/ Evangelho da Alegria do Papa Francisco, diz o seguinte nesta
passagem: «Há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes
noutras épocas, mas já não têm a mesma força educativa como canais de vida. São
Tomás de Aquino sublinhava que os preceitos dados por Cristo e pelos Apóstolos
ao povo de Deus ‘são pouquíssimos’. E, citando Santo Agostinho, observava que
os preceitos adicionados posteriormente pela Igreja se devem exigir com
moderação, ‘para não tornar pesada a vida aos fiéis’ nem transformar a nossa
religião numa escravidão, quando ‘a misericórdia de Deus quis que fosse
livre’" (EG 43). “Estas convicções têm também consequências pastorais, que
somos chamados a considerar com prudência e audácia. Muitas vezes agimos como
controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma
alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fatigante”
(EG 47).
É só para retermos, pensar muito e delinear estratégias pastorais sob estas luzes...
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Na Albânia, contra a opressão e pela liberdade
O melhor resumo que encontrei sobre a visita do papa Francisco à Albânia no domingo passado 21 de setembro de 2014...

O Papa denunciou a crueldade terrível deste regime desumano, a contrastar com a coragem heróica dos crentes. Disse lá que tinha estudado a história dos cristãos da Albânia e que fora uma surpresa saber como o povo tinha sofrido tanto por causa da sua Fé. Por isso, mais que uma viagem foi uma homenagem.
Esta memória de um povo de mártires, Francisco sentiu-a melhor em dois momentos comoventes: quando ouviu o testemunho do P. Ernest (preso 18 anos, em trabalhos forçados), bem como junto ao muro do cemitério de Shkoder, local de fuzilamentos.
A Albânia antes de 1992 era símbolo de fechamento ao mundo e de perseguição aos religiosos, país de ‘sofrimentos atrozes e duríssimas perseguições’.
A ida do Papa foi, para o mundo, um chamar de atenção para as periferias pobres de uma Europa rica e desenvolvida. Ao mesmo tempo, pôde prestar homenagem aos mártires e mostrar ao mundo como muçulmanos, católicos e ortodoxos, de etnias diferentes, podem viver juntos, em fraternidade.
Francisco denunciou a crueldade das ditaduras: das que matam pela intolerância religiosa e política dos regimes; das que matam pela injustiça e individualismo. Disse: ‘Se o regime ateu procurava sufocar a fé, estas ditaduras, mais subtis, podem sufocar a caridade’.
Madre Teresa, albanesa, não podia ser esquecida. O Papa definiu-a como ‘uma filha humilde e grande desta terra’ e foi na praça que tem o seu nome que Francisco celebrou a Eucaristia, na capital Tirana.

Lembrou ainda aos líderes presentes que ‘a liberdade religiosa não é um direito que se possa garantir apenas pelo sistema legislativo vigente, embora este seja necessário; a liberdade religiosa é um espaço comum, um ambiente de respeito e colaboração que deve ser construído com a participação de todos, incluindo aqueles que não têm qualquer convicção religiosa’.
Francisco continua a intervir na história, evocando alegrias e dramas, mas apontando caminhos de presente e futuro assentes na justiça e na paz.
Tony
Neves, in facebook
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
A liberdade religiosa que se deseja para o mundo inteiro
Passagem do discurso do Papa Francisco aos líderes
religiosos neste domingo (21 de setembro de 2014) na Albânia… Essencial para a
paz no mundo o que diz o Papa sobre a liberdade religiosa. Aliás, país elogiado pelo
Pontífice pela coexistência pacífica entre religiões diversas. Que seja um exemplo para o mundo inteiro.
A liberdade religiosa não é
um direito que se possa garantir apenas pelo sistema legislativo vigente,
embora este seja necessário; a liberdade religiosa é um espaço comum, um
ambiente de respeito e colaboração que deve ser construído com a participação
de todos, incluindo aqueles que não têm qualquer convicção religiosa.
Permito-me indicar aqui duas atitudes que podem ser de particular utilidade na
promoção desta liberdade fundamental.
A primeira é ver em cada
homem e mulher – mesmo naqueles que não pertencem à tradição religiosa própria
–, não rivais e menos ainda inimigos, mas irmãos e irmãs. Quem está seguro das
próprias convicções não tem necessidade de se impor, de exercer pressões sobre
o outro: sabe que a verdade tem a sua própria força de irradiação. No fundo,
todos somos peregrinos sobre esta terra e, nesta nossa viagem enquanto anelamos
pela verdade e a eternidade, não vivemos como entidades autónomas e
auto-suficientes – quer se trate de indivíduos, quer de grupos nacionais,
culturais ou religiosas – mas dependemos uns dos outros, estamos confiados aos
cuidados uns dos outros. Cada tradição religiosa deve conseguir, a partir de
dentro, dar-se conta da existência do outro.
Uma segunda atitude é o
compromisso a favor do bem comum. Sempre que a adesão à própria tradição
religiosa faz germinar um serviço mais convicto, mais generoso, mais altruísta
à sociedade inteira, verifica-se um autêntico exercício e crescimento da
liberdade religiosa. Esta apresenta-se, então, não só como um espaço de
autonomia legitimamente reivindicado, mas também como uma potencialidade que
enriquece a família humana com o seu progressivo exercício. Quanto mais se está
ao serviço dos outros, tanto mais se é livre!
Olhemos ao nosso redor! Como
são inúmeras as necessidades dos pobres, quanto precisam ainda as nossas
sociedades de encontrar caminhos para uma justiça social mais ampla, para um
desenvolvimento económico inclusivo! Como tem necessidade o espírito humano de
não perder de vista o sentido profundo das experiências da vida e de recuperar
a esperança! Nestes campos de acção, homens e mulheres inspirados pelos valores
das suas próprias tradições religiosas podem oferecer uma contribuição não só
importante mas insubstituível. Este é um terreno particularmente fecundo também
para o diálogo inter-religioso.
sábado, 20 de setembro de 2014
Sombras que falam
Para o fim de semana... Sejam felizes sempre sem prejudicar nada nem ninguém.
No
caminho e na mão
é
aventura e dom
que
deslizam nos passos
pela
terra fértil
que
engravida do grão
que
é sonho
é
gosto solene
que
se prepara
na
mesa simples
onde
as mães partilham o pão.
Neste
encontro importante
não
vejo fome nem choro
mas
semente
e
luz do mundo distante
que
brilha em fogo
e
alma inquietante
que nas sombras falam
o clarão desejado
no encontro
que
que se faz aqui e agora
quando
descansam na margem
os
navegantes do som presente
perene
e vibrante.
José Luís Rodrigues
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
O congresso sobre os 500 anos da Diocese do Funchal
Nota
prévia: Esta minha análise sobre o congresso apenas diz respeito ao que
observei e senti nos vários momentos onde estive presente. Não deixei a cabeça
em casa e a minha capacidade crítica esteve sempre comigo. E não me venham com
essa ideia terceiro mundista de que tudo o que se faz na Madeira é logo
atacado, querem alguns sempre deitar abaixo e dizer sempre mal. Não é disso que
se trata. Mas antes trata-se de olharmos as coisas com espírito crítico e para
que também não se alimente a ideia parva de que tudo o que fazem alguns é
sempre perfeito e só pelo facto de serem eles a fazer devemos dizer sempre bem,
mesmo que não seja assim na realidade. Não embarco nisso.

Deixo
aqui uma palavra de admiração pelo Professor José Eduardo Franco, madeirense de
Machico, sítio dos Maroços, que se vai revelando um organizador de congressos
gigantes. Mas falta ainda saber se são humanamente possíveis de serem
acompanhados pela capacidade humana. Parabéns pela sua capacidade para
mobilizar uma série de estudiosos do mais variado quadrantes da investigação,
do pensamento e do saber.
É
óbvio que a história da Diocese do Funchal merecia um acontecimento desta envergadura,
resta saber se era isto mesmo que precisávamos neste momento. Um dado relevante
que se tira como conclusão do congresso é que parece existir mais pessoas fora
da Madeira a estudar a história da Igreja da Madeira do que cá dentro.
Desde
muito cedo quando comecei a ouvir falar da preparação do congresso, pensei logo
que poderia ser mais útil para o futuro da Igreja da Madeira um Sínodo diocesano,
porque a Igreja tem uma longa experiência na prática do Sínodo (significa, «caminhar
juntos». Em um sínodo diocesano, trata-se de uma «assembleia de eclesiásticos»
e leigos «convocados pelo seu prelado ou outro superior» que se reúnem com o
propósito de «caminhar juntos», seguindo um determinado plano) e uma metodologia
própria para tal.
O
congresso é mais grandioso, mais mediático, se quisermos, mais concentrado em
tempo pessoas e lugar, por isso, fica-se em congresso muito pela história com
pequenas pinceladas no presente e sem futuro absolutamente nenhum.

Face
a tudo o que observei não me pareceu que daqui se inicie uma renovação da
Igreja da Madeira. Porque numa reunião magna como esta sentirmos que se evita
alguns assuntos, só porque pode não ser de bom-tom ou suspeitarmos que tenham
pensado que podiam ferir suscetibilidades, não augura conclusões e linhas de
ação determinadas para levar adiante uma postura que demonstre conversão e
outra postura perante as injustiças, as interferências político partidárias e a
denúncia contra a exploração dos poderosos sobre os mais fracos.
O
congresso foi grande e teve o cuidado de tocar ao de leve sobre a maioria dos
aspectos da história da Diocese do Funchal. Não quer dizer que não tenha
imensas lacunas, a principal delas foi ter descurado a história da Igreja do
Porto Santo, porque embora sendo constituído por duas paróquias idênticas às
paróquias da Diocese do Funchal, não deixa de ter uma história muito
específica. A história das viagens no mar da travessa trata-se de uma
verdadeira odisseia. O isolamento daquela população, a pobreza que sempre a acompanhou
e tantos outros aspectos muito peculiares do Porto Santo. Tais particularidades
do Porto Santo mereciam uma mesa redonda ou nem que fosse uma intervenção em
qualquer um dos enormes painéis.
A propósito
de painéis. Foram muito grandes, aproveitávamos pouco deles. Muita gente para
falar sobre temas que mereciam um semestre em qualquer curso universitário. Por
isso, foi comovente e penoso ver como os intervenientes se viam constrangidos
pelo presidente da mesa e de como ficavam perplexos perante o corte da palavra
porque o relógio não perdoa. Este festim hilariante distrai sobremaneira a
assembleia e corta o fio à meada. Foi pena.
O
congresso foi o que foi. Esperemos que alguns propósitos ali debitados não
caiam em saco roto, mas que da parte dos principais responsáveis da Diocese, permitam
que as portas se abram à conversão dos corações e que sejam solícitos à
criatividade que venha de onde vier para que a história da Diocese que hoje
dizem ser «metade da história da Madeira», daqui a mais 500 anos não seja
apenas uma nota de rodapé.
Como
calculam de Papa Francisco não vi nem ouvi nada...
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Continua o desafio da comunicação para a Igreja Católica
Eco reflexivo do Congresso sobre os 500 anos da Diocese do Funchal...
O maior desafio da Igreja Católica hoje
deve ser o da sua relação e convivência saudável com a comunicação social. Durante
imenso tempo a Igreja através dos seus membros esteve convencida que podia impor
ab eterno a sua reflexão sobre a visão apocalíptica dos meios de comunicação
social. É óbvio que tal pregação falhou redondamente. Hoje continua a braços
com este desafio. Anda à procura do modo como lidar com todos os meios de
comunicação que proliferam a um ritmo estonteante e com contornos tão
diversificados que quase se torna impossível acompanhar.
Quantas vezes andam alguns membros da
Igreja Católica concentrados no mais primário, desejam que os órgãos de
informação passem só o que é positivo ou então pretende que tais meios de
comunicação sejam como que «uma carrinha para transportar Bíblias» (Padre
António Rego), publiquem fotografias, façam reportagens e vídeos das festas ou
mensagem cozinhada ao gosto de uma pessoa ou de um grupo. Esta postura
completamente distorcida, soa a ridícula e é motivo de charadas com gargalhadas
à mistura entre os profissionais dos meios de comunicação social.
Mais grave é que a meu ver, uma
instituição que ainda não aprendeu a comunicar internamente nunca vai saber
comunicar para o exterior. Jesus no Evangelho de Mateus sem revelar os métodos,
porque os remeteu à inteligência e ao engenho humano, mandou: «O que vos digo
na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o
sobre os telhados!» (Mt 10,27). É preciso começar já internamente para depois
ser feito com eficácia exteriormente sem qualquer medo nem muitos menos com a
mania da diabolização mais o terrível maniqueísmo absurdo.
Um grande mestre da comunicação próximo
de nós, o Padre Tiago Alberione, alertou: «Hoje não basta a pregação nas
igrejas, é preciso usar todos os meios. Realmente, em poucos anos o mundo transformou-se
e nós, para caminharmos com o mundo, precisamos atualizar-nos. É necessário
usar o cinema, a rádio, a imprensa, a televisão e todos os outros meios que o
progresso humano inventar, para podermos comunicar a Boa-Nova do Evangelho».
Aqui está a lucidez de quem percebe que a necessidade de atualização deve ser
uma postura constante na vida da Igreja Católica.
Todos nós como Igreja, não devemos ter
medo da comunicação multifacetada e que nada nos trave quanto ao anúncio profético
da mensagem da salvação. A Igreja é de todos e para todos, não vale que no seu
interior se cultive direitos e deveres desiguais. Nada de segredos patéticos.
Nada de continuarmos com a terrível mania de que alguns são mais iluminados do
que os restantes. Por isso, aos mais diretamente responsáveis na Igreja por
essa missão da comunicação que se deixem do segredo e do obscurantismo, anime-se
com alegre esperança à riqueza enorme da ação do Espírito Santo que está em
todo o lado, mesmo até naqueles lugares onde a comunicação algumas vezes não nos
agrada.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Somos trabalhadores e não donos de Deus
Comentário à Missa deste fim de semana
Domingo XXV tempo comum (21 setembro de 2014)
A liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum,
faz-nos lembrar que os caminhos e pensamentos de Deus estão muito acima dos
nossos. Daí que resulte num insistente apelo à conversão dos esquemas deste
mundo que por causa da injustiça que provocam estão muito longe da vontade de
Deus. Mais ainda se converte este apelo à necessidade de andar alguém a pensar
que pode dominar o coração e vontade Deus. Nenhuma criatura deste mundo tem
poder para tal. O querer de Deus é um grande mistério, por isso, nada nem
ninguém se pode dar ao luxo de considerar que pode impor, pelo domínio e pela
força, um desejo que achou ter descortinado de Deus.
O primeiro texto tirado do profeta
Isaías pede aos crentes que «voltem para Deus», isto é, que deixem todas a formas
de pensar e de agir que estão contra um «querer» de Deus que radica sempre no
bem universal contra todas as formas de poder que marginalizam e escravizam. A
palavra do profeta insiste na necessidade de encontrar a lógica da relação de
uns para com os outros baseada na lógica dos valores de Deus que são sempre de
libertação contra toda a opressão que este mundo sempre vai impondo.
No segundo texto da missa deste domingo
temos o exemplo de um cristão, Paulo, que confessa até onde já chegou a fé que
abraçou: «Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Fil 1, 21). Esta
ideia representa que de forma exemplar o Apóstolo quer mostrar-nos como
funciona em si a lógica de Deus, renunciou aos seus interesses pessoais, a todo
e qualquer egoísmo e comodismo, e colocou no centro da sua vida Jesus Cristo, a
Sua Palavra, os Seus valores, e o Seu projecto universal de salvação.
No Evangelho, Jesus inverte toda a
lógica deste mundo que considera que quem mais dá mais deve receber. No campo
da fé e da salvação, Deus concede esse dom como lhe aprouver, sem medida de
peso nem muito menos de tempo, são uma intensidade que se descobre em qualquer
momento da vida. A Deus interessa que todos cheguem lá.
Não conta a longevidade da fé, os
créditos em depósito das muitas rezas e devoções cumpridas, as qualidades e os
comportamentos realizados antes, interessa essencialmente para Deus é que cada
um de nós se descubra no caminho do bem e por aí realize ações que sejam
benéficas para a construção da beleza do mundo onde está a realizar a sua
existência. Todos os lugares são «a vinha de Deus» e nós os trabalhadores desse
vinhal, contratados para produzir o néctar saboroso da paz, da amizade, da
justiça e da fraternidade.

terça-feira, 16 de setembro de 2014
Cancioneiro pela reconciliação e inclusão
A «perigosa» Paróquia da Ribeira Seca
lançou hoje no Teatro Municipal do Funchal Baltazar Dias, o seu «contributo autónomo» (aliás,
devia ser em vez de autónomo, ostracizado), para a celebração dos 500 anos da
Diocese do Funchal. Trata-se de um conjunto de canções em CD com o seguinte
título: «A Igreja é povo, o povo é de Deus», junto acompanha um opúsculo, «Cancioneiro
Breve (I)», com os textos e as quadras populares que foram musicadas. O autor/poeta
principal é o povo da Ribeira Seca.

A apresentação contou com a presença do
Professor Anselmo Borges que dissertou sobre a ideia da memória que faz a
Igreja povo de Deus, para que seja depois sacramento de inclusão e integração à
luz do Papa Francisco contra todas as formas de exclusão que os condicionalismos
históricos vão ditando. Nada pode ser mais forte, tanto fora tanto dentro da
Igreja, que condicione esse sacramento essencial da Igreja que é a inclusão.
A doutrina da Igreja que se baseia no
Evangelho de Jesus Cristo, não pode por sua natureza ser senão inclusiva e tudo
o que seja marginalização levada à prática pelas atitudes daqueles que têm o
«serviço» da autoridade redunda em contra testemunho evangélico e viola a
verdadeira natureza da Igreja. Por isso, não se percebe, hoje, que face aos
gestos enormes do Papa Francisco que quotidianamente apela à prática da
misericórdia e demonstra com exemplos bem concretos como se deve realizar a
reconciliação e integração daqueles que por qualquer circunstância estavam de
fora.
A Igreja da Madeira carrega em si a
«chaga» chamada Ribeira Seca e parece não fazer muito caso que uma porção do
povo de Deus esteja fora do âmbito diocesano. É pena. A festa poderia ser mais
autêntica. Assim fica coxa e não serve senão para encher o ego de alguns. Esperemos
que os próximos 500 anos sejam iluminados pela sabedoria da inteligência e a graça
do Espírito Santo faça brilhar a paz e o sonho de uma Diocese para todos sem
que ninguém seja excluído na Ribeira Seca nem em mais nenhuma ribeira da vida
desta nossa querida Ilha da Madeira.
As 8 imperdíveis lições de liderança do Papa Francisco
1. Dá o exemplo.
"Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para
julgá-la?" (29-07-2013)
Quando o líder máximo age de acordo com o que pede aos seus colaboradores, torna-se muito difícil que estes não lhe correspondam e sigam as suas orientações, levando a um maior sentimento de equipa e a alcançar mais rapidamente os objetivos traçados para o negócio que sentem também como deles.
Quando o líder máximo age de acordo com o que pede aos seus colaboradores, torna-se muito difícil que estes não lhe correspondam e sigam as suas orientações, levando a um maior sentimento de equipa e a alcançar mais rapidamente os objetivos traçados para o negócio que sentem também como deles.
"A Cúria tem um defeito: está centrada no Vaticano. Vê e ocupa-se dos
interesses do Vaticano e esquece o mundo que o rodeia. Não partilho desta visão
e farei tudo para a mudar." (01-10-2013)
Pelo Vaticano têm passado vários casos de corrupção, abuso de menores e membros
da cúria que detinham mais poder que o Papa. Quem não conhece nomes como o do
Cardeal Angelo Sodano, que foi durante dezasseis anos o Cardeal Secretário de
Estado, abarcando dois pontificados, o do Papa João Paulo II e o do Papa Bento
XVI.
Com a perda de rigor e a excessiva burocracia da Igreja enquanto organização, era fundamental proceder a uma reforma. Como refere Ray Hennesey, “o papa Francisco reuniu um grupo de conselheiros de todo o mundo para proceder à reforma da Cúria. Para tal, retirou poderes ao Secretariado de Estado e dividiu as responsabilidades entre os cardeais. Também recrutou diversos gestores sem qualquer relação com Roma.”
Com a perda de rigor e a excessiva burocracia da Igreja enquanto organização, era fundamental proceder a uma reforma. Como refere Ray Hennesey, “o papa Francisco reuniu um grupo de conselheiros de todo o mundo para proceder à reforma da Cúria. Para tal, retirou poderes ao Secretariado de Estado e dividiu as responsabilidades entre os cardeais. Também recrutou diversos gestores sem qualquer relação com Roma.”
3. É claro e
directo na sua comunicação.
"A fé não serve para decorar a vida como se fosse um bolo com nata."
(18-08-2013)
"O [sem-abrigo] que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é
uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas,
como se fôssemos desperdício." (05-06-2013)
A comunicação, para ser eficaz e servir os seus princípios, tem de ser clara e
direta, para que não restem dúvidas de que aquele a quem se dirige, percebe a
mensagem.
4. Toma
rapidamente decisões difíceis.
"Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos [na Igreja] que não quero
mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são... Escândalos que
alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim... a vergonha da
Igreja." (16-01-2014)
Na sua reforma da Cúria, o Papa Francisco criou um novo departamento a que
chamou Secretariado para a Economia, com o fim de tornar transparentes as
finanças da Igreja.
5. Ouve e aceita
diferentes pontos de vista.
"Amemos os que nos são hostis, abençoemos os que dizem mal de nós,
saudemos com um sorriso os que provavelmente não o merecem, não aspiremos a
fazer-nos valer, mas oponhamos a doçura à tirania, esqueçamos as humilhações
sofridas." (23-02-2014)
O
Papa Francisco está disponível para a sua comunidade e para todos os que
queiram falar com ele. Não é elitista nem egocêntrico, mas inclusivo e focado
nos outros.
6. Reconhece as
suas fragilidades.
"Eu não queria ser papa." (07-06-2013)
“O meu modo autoritário e rápido de tomar decisões levou-me a ter sérios
problemas e a ser acusado de ser ultraconservador. Vivi um tempo de grande
crise interior quando estava em Córdoba. Foi o meu modo autoritário de tomar
decisões que criou problemas.” (19-08-2013)
Quem é Jorge Mario Bergoglio? “Não sei qual possa ser a resposta mais
correta... Sou um pecador. Esta é a melhor definição. E não se trata de um modo
de falar ou de um género literário. Sou um pecador. (…) Sou um indisciplinado
nato”. (19-08-2013)
Segundo a religião católica, todos são pecadores e o Papa, sendo homem, não é
exceção. Mas admiti-lo desta forma é inédito na boca de um Sumo Pontífice e, no
mínimo, uma prova de grande humildade, tendo em conta o cargo que ocupa. Este
está consciente da sua humanidade e das tentações e fraquezas que sente.
Os religiosos não são seres divinos, mas humanos como todos os outros. Também
os líderes são humanos e não seres perfeitos que nunca erram, nunca têm um dia
mau e nunca se esquecem de nada. Assumir as falhas e responsabilidades não os
torna inferiores, mas dignos do reconhecimento e da admiração dos seus
seguidores.
7. Sabe
que não vai conseguir atingir os objetivos sozinho.
"A Igreja não pode ser uma baby-sitter para os cristãos, deve ser uma mãe
e é por esta razão que os laicos devem assumir as suas responsabilidades de
batizados." (17-04-2013)
“Como arcebispo de Buenos Aires, convocava uma reunião com os seis bispos
auxiliares cada 15 dias e várias vezes ao ano com o Conselho de Presbíteros.
Formulavam-se perguntas e abria-se espaço para a discussão. Isto ajudou-me
muito a optar pelas melhores decisões. Acredito que a consulta é muito
importante.” (19-08-2013)
O Papa Francisco aprendeu com os seus erros enquanto jovem líder e tem hoje
plena consciência de que as conquistas são alcançadas não a solo mas em grupo,
com e através das pessoas.
Na liderança das organizações, deve passar-se de igual forma. Cabe ao líder
desenvolver os seus colaboradores e integrá-los na sua visão e objetivos. Com
eles nada o impedirá de lá chegar, sem eles poderá ser uma tarefa demasiado
pesada e ingrata, sem hipóteses de algum dia saborear o sucesso.
8. Cultiva o humor.
"Não existe o marido perfeito, a mulher perfeita... não falemos da sogra perfeita." (14-02-2014)
"Não existe o marido perfeito, a mulher perfeita... não falemos da sogra perfeita." (14-02-2014)
"Não cedamos ao pessimismo. (15-03-2013)
É sabido que o humor é fomentador da boa comunicação, ao permitir prender a
atenção do interlocutor, ao fomentar as relações, promover o bom ambiente de
trabalho e proporcionar uma maior felicidade a quem a ele recorre.
O Papa Francisco cultiva o humor em quase todas as suas intervenções,
aligeirando assuntos e mensagens mais pesadas, quebrando o gelo inicial em
diversas reuniões, encontros e entrevistas, entre outros.
“É preciso viver as pequenas coisas do dia-a-dia com alegria. (…) Não se prive
de ter um bom dia.”
In
Portal da Liderança…
sábado, 13 de setembro de 2014
A viagem
Para o nosso fim de semana. Sejam felizes sempre sem prejudicar nada nem ninguém...
Como um som desliza no tempo da aventura
Na direcção do desconhecido.
Quando parece monótono
A paisagem revela mais outra certeza
Porque na infinita natureza
O pulsar criativo pintou
A beleza, o canto e toda a harmonia
Que os olhos embevecidos transmitem
À memória do espanto.
Porque o novo diz sempre mais do divino
Mesmo que teimem da vantagem do antigo.
Sim, mil vezes sim para quem se lança
No caminho para todo o sempre em viagem.
Neste espectáculo oscilante
A procura emerge todos os dias.
E essa busca ávida de muito mais
No meu encanto floresce em chama.
Alegra-se com a força que os campos de Deus
Nos permitem comungar da medieval definição
Da Bondade, da Beleza, da Estética.
Em viagem digo simplesmente
a grandeza de Deus.
José Luís Rodrigues
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
A derrota da cruz é a vitória da vida abundante
Comentário à Missa deste domingo
Domingo XXIV tempo comum, Festa da
Exaltação da Santa Cruz, 14 setembro de 2014
Neste domingo celebramos a Exaltação da
Santa Cruz, que nos convida a olhar para Jesus que se deixou elevar ao alto da
cruz para revelar à humanidade que o caminho do egoísmo e de todas as formas estruturais
de pecado que fazem vítimas inocentes por todo o lado não podem continuar.
Todo o mal foi vencido nesse quadro
dramático de sofrimento que a cruz nos mostra, não apenas como derrota de um
Deus, que pretendeu assumir tudo o que fazia parte da condição humana, mas como
sentido de redenção de vitória da vida plena sobre todas as formas de morte que
este mundo continua a construir escandalosamente.
A cruz é dom de amor, que nos mostra o
sentido da vida, que tantas vezes implica sofrimento e morte, mas no fim está
pujante de brilho para quem vive do amor, esta é a riqueza da vida plena contra todas as formas de
violência.
É interessante a primeira leitura que
nos mostra um Deus que caminha sempre ao lado do seu povo, fazendo perceber o
quanto podem ser prejudiciais as suas opções erradas, daí que Deus se apresente
com a Sua luz para que o povo nunca se esqueça que o caminho da felicidade está
na busca constante pela vida e pela verdadeira liberdade, mesmo que isso às
vezes implique sofrimento e morte.
A serpente de bronze levantada sobre um
poste indica o quanto Deus deseja manifestar à humanidade a vida e o quanto a
protege de todas as forças destruidoras deste mundo. O deserto da vida deste
mundo, algumas vezes apresenta-nos os mais belos oásis, mas também revela o quanto
há de perigo, de aridez e todas as investidas destruidoras que a solidão e a
secura do deserto apresentam. Este sinal da serpente, é símbolo da Cruz de
Cristo, onde se revelará em plenitude a salvação de Deus através da
radicalidade do amor, que implicou sofrimento e morte, como preço da grande
dádiva da vida em abundância que Deus manifesta para todo o mundo.
São Paulo na carta aos Filipenses,
reflecte bem a ideia de que Cristo ao fazer-se carne igual à nossa carne,
abdicou do orgulho e da arrogância, escolhendo o caminho da entrega a Deus
Pai/Mãe ao serviço da humanidade inteira até ao dom total da vida. A Cruz é a
expressão máxima desta escolha. É este o caminho e esta opção que os cristãos
de todos os tempos, se quiserem converter o mundo para a justiça e para a
visibilidade do bem comum, têm que assumir, prescindindo de toda a arrogância e
de todo o egoísmo. Não há outro caminho que nos salve senão este.

É humano que tudo o que se faça neste
mundo tenha uma retribuição, mas é cristão fazermos muita coisa sem que
necessariamente venha daí um retorno, amar sem ser correspondido pode embelezar
o mundo, emprestar desinteressadamente, amar os inimigos e rezar pelos que
caluniam é a ética segura que emana de uma cruz que salvou o mundo, mesmo que
aparentemente esteja envolta numa tremenda derrota.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
A profundidade da ética para um mundo sem ética
Vamos começar por ler o Evangelho da Misericórdia que é o texto da missa de hoje...
Evangelho
segundo S. Lucas 6,27-38.
Naquele
tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo:
«Digo-vos,
porém, a vós que me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos
odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam.
A quem te bater numa das faces, oferece-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, não impeças de levar também a túnica.
Dá a todo aquele que te pede e, a quem se apoderar do que é teu, não lho reclames.
O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também.
Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam.
Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus.
Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco.
A quem te bater numa das faces, oferece-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, não impeças de levar também a túnica.
Dá a todo aquele que te pede e, a quem se apoderar do que é teu, não lho reclames.
O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também.
Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam.
Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus.
Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco.
O meu comentário:
Leio
atentamente o texto: Lc 6,27-38, onde Jesus fala das relações fraternas do
cristão.
Este discurso de Jesus parece estar cheio de imposições: «amem», «façam o bem»,
«emprestem», «façam». São imperativos que nos tiram o sono. Parecem regras para
regular a vida. Mas não o são. Na verdade traduzem qual é que deve ser o espírito
que anima a vida cristã a partir do seu interior. O cristão não «paga o mal com
o mal», aplicando friamente a Lei de talião, que expressa aquela ideia do «olho
por olho e o dente por dente», a vingança pela vingança. À medida do mal
responde-se com o mesmo mal. Esta lei parece vir do Código de Hamurabi, em 1780 A.C., no reino da Babilónia. Jesus reformula ou até mesmo abolindo esta lei e
propõe a lei do amor. Insiste no «fazer», para que o amor não seja apenas sentimento,
mas acção concreta. Com isto vai à profundidade da ética, que não deve esperar
merecimento, agradecimento pelo que deu ou fez. Fazer o bem sem esperar nada em
troca e sem interesses. A isto chama-se generosidade, bondade e militância em
favor da vida. É humano que tudo o que se faça neste mundo tenha uma
retribuição, mas é cristão fazermos muita coisa sem que necessariamente venha
daí um retorno, amar sem ser correspondido embeleza o mundo, emprestar desinteressadamente, amar
os inimigos, rezar pelos que caluniam... Isto é ser cristão, isto demonstra que
se é filho de Deus, que é Mãe e Pai misericordioso para com todos. É ser
misericordioso. «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso»,
recomenda Jesus.
Este texto de hoje é tão importante e tão desconcertantemente actual que não o podia deixar passar em branco e fazer esta partilha convosco.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Aula de contabilidade a partir da família
Porque é preciso muito sentido de humor para continuarmos a vida com descontração e esperança. Divirtam-se...
Horroroso, e em tempo de férias!
Não
se aconselha a leitura deste texto a crianças, nem a adultos e idosos doentes.
Pode provocar náuseas, vómitos, pesadelos; e desculpem a ironia em tema tão sério.
No
Iraque foram mortas em nome de um deus ídolo da guerra jihad. Quem não aceita
esse ídolo deve ser morto. No ocidente em nome do deus ídolo Anti-Cristo
de Nietzsche matam-se milhões de bebés antes de nascer, meio nascidos,
“defeituosos”, estorvos. Matar em nome de um deus cruel da guerra jihad é um
horror. Matar em nome de um deus tecnicista do cientismo para arrumar um mundo
de gente perfeitinha, será? Matar à facada, a machado, na rua e tirar fotos!
Que grosseria. É mesmo crueldade. No Ocidente é diferente. Não se mata. Que
horror! Só se interrompe a vida, só se ajuda o doente a matar-se, a ter “boa”
morte. Nada de grosserias. E com instrumentos esterilizados de profissionais
competentes, com técnicas aperfeiçoadas, em clínicas e hospitais. Trabalho
limpo, civilizado. E nada de fotografias de bebés despedaçados, triturados,
asfixiados, injetados de venenos, nada de vídeos. Fotos? Que horror!
Trabalhitos limpos de trituração, desmembramento e de injeções, para
interromper a vida tem “ética”, até vêm dizer que é uma obrigação científica.
O
meu amigo veio contar: um horror o que fizeram àquelas crianças pequenas no
Iraque! Cortaram cabeças. Tantas no chão a sangrar! E logo outro amigo
enviou-me imagens. Chocante. Não deviam mostrar aquilo! E fizeram aquilo para
agradar a um deus estranho.
Um
terceiro amigo (Agostino Nobile) trouxe outras histórias reais, chocantes, com
o seu livro Anti Cristo Superstar. Da Itália para ler em férias. Só uma
história deste livro, documentada. Na Inglaterra chocou virem revelar que
milhares de corpinhos desmembrados, triturados de crianças matadas antes e ao
nascer servissem para produzir calor nas caldeiras do governo. O horror estava
aí: revelar o horror é que era horror. Matá-las antes de nascerem, meias
nascidas e após o nascimento parece que não é horror. Horror é revelar.

O
autor do Anti Cristo defende na linha de Carrles Darwin e outros que só
os mais fortes, inteligentes e importantes devem viver. Doentes e fracos para
quê? Os grosseirões do Iraque, francamente, crianças saudáveis, mortas sem
higiene, na rua, à vista de todos! Que horror! E ainda deixam tirar fotos. Por
cá nada de fotos; podia fazer desmaiar alguém, e perturbar o plano de limpar o
planeta de gente impura, gente a mais. As doações de milionários a tecnicistas
permitem melhor, matar com mais técnica e recato. E usar palavras soft:
interromper, ajudar a morrer, melhorar a espécie...menos doentes, menos
incapazes e inúteis é um serviço social à Nietzsche. Ele escreveu, agora a
seita tecnicista endinheirada executa. Não é verdade, dirão alguns. Ai não? Não
sejamos os “idiotas úteis”. De quem? Ah do Lenine. Então verifiquem a
bibliografia. Ou abram a net com critério. Os nazis e os estalinistas, ajudados
por milionários, também faziam tudo em segredo, para não causar náuseas nas
pessoas decentes. Tinham bom coração...E muitos diziam: é mentira. Os horrores
da seita jihadista e os das “seitas tecnicistas” serão assim tão diferentes?
Aires
Gameiro
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