Comentário à missa deste domingo
XVIII tempo comum
3 Agosto de 2014
A imagem do banquete aparece muito na
Bíblia para demonstrar a intimidade de Deus com o seu povo. Isaías recorre
muito a essa imagem. Nesta passagem o profeta reanima a esperança dos hebreus
deportados na Babilónia com a promessa de que Deus oferecerá uma grande
abundância de felicidade (o vinho representa abundância e é sinal da festa).
Neste texto descobrimos a certeza também para nós de que nada está perdido,
quando somos confrontados com dificuldades não devemos desanimar, mas confiar e
acreditar que Deus nos chama para a fartura da alegria e da felicidade do
sentido da vida que a Sua intimidade revela. Consideremos este texto um
convite, um convite que é dirigido primeiramente aos «pobres de Iahweh», os
sedentos, os indigentes... Porque o amor preferencial de Deus está votado em
primeiro lugar para esses.
Ao contrário deste mundo que sacia os
poderosos e os ricos, gerando multidões de esfomeados e de vítimas inocentes. A
fartura de Deus é o sinal da contradição, que nos desafia a olhar o nosso mundo
e sentirmos vergonha por aquilo que ele nos apresenta.
O milagre da multiplicação dos pães é
dos mais impressionantes. Assim é que o encontramos relatado nos quatro
Evangelhos. A multidão segue Jesus até ao deserto, aí Jesus compadecido mata a
fome ao povo. Eis uma imagem do banquete da fartura que Deus tem para oferecer.
É interessante o diálogo de Jesus com os discípulos descrentes e a capacidade
que Jesus manifesta para resolver um problema. Quanto mais impotente a vertente
humana quanto mais se manifesta a maravilha da acção de Deus. As sobras e o número
dos comensais manifestam o quanto é abundante o dom de Deus. Os discípulos são
os mediadores entre Jesus e o povo, esta acção continua hoje na Igreja e pela
Igreja que convida os fiéis a saborearem a Eucaristia e a Palavra de Deus como
alimento do céu que sacia o seu interior com os ingredientes da coragem, do
sentido para a vida e com a esperança no futuro. Estes são os principais
elementos do banquete de Deus que devem ser servidos a todos com a mesma solicitude
de Jesus, bem expressa no texto do Evangelho.
O cristão que saboreia em Jesus a
liberdade, também acolhe uma vida nova em que está presente o Espírito de
Cristo Ressuscitado, que o liga ao Pai e ao Filho. Tudo isto envolto no grande
amor de Deus por nós. Quem recebe esse amor não tem nada a temer. Fica apto a vencer
todas as dificuldades que encontra diante da relação com os outros. A fome de
companhia e amizade é a pior de todas as fomes deste mundo.