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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Uma definição do Reino de Deus

Comentário à Missa deste Domingo XVII tempo comum
27 julho de 2014
A 1.ª leitura deste domingo vem dar-nos conta do início da história de Salomão, o filho de David que a memória do povo de Deus consagrou como paradigma de sabedoria, a ponto de lhe atribuir a autoria de boa parte da literatura bíblica sapiencial. 
Salomão em sonho - forma de comunicação muito utilizada por Deus com a humanidade na tradição bíblica - implora a adesão interior à vontade de Deus numa total sintonia com o seu desígnio de salvação. Nisto consistia a sabedoria que o rei Salomão ansiava para governar o povo de Deus. Se este sentimento estivesse presente no coração dos governantes, nós teríamos uma sociedade mais justa e mais dentro dos parâmetros do bem-estar que se deseja para todos os povos. O que se deseja seriam governantes interessados apenas e só no bem para todos. Governantes menos envolvidos em negociatas e emaranhados numa infindável rede de interesses do grupo ou do partido a que pertencem. Governantes menos envolvidos na lógica de que os interesses pessoais são a regra para todas as medidas. Salomão revela que só a sabedoria pode fazer com que tenhamos governantes guiados pela lógica do serviço a todos. Precisamos de líderes que governem com a verdade e a justiça como luz que ilumina os dias de quem governa e de quem é governado. Para isto não há alternativas.
No Evangelho temos as parábolas sobre o Reino de Deus, a do tesouro e a da pérola, a da rede lançada ao mar que é recolhida e a conclusão do discurso com um elogio aos escribas que se tornaram discípulos. Estes serão os mais instruídos do grupo dos discípulos, que são capazes de recolher do tesouro da Palavra de Deus coisas velhas (alusão ao Antigo Testamento) e coisas novas (Novo Testamento), isto é, serão eles que farão a conciliação entre a literatura antiga e a novidade do Evangelho.
De resto, Jesus pretende ensinar que o Reino de Deus é algo muito precioso e para O viver não pode ser de forma marginal e episódica, é algo vital e precioso que requer uma entrega radical como modo de ser e de estar na vida. O desafio que nos é feito, é que sejamos capazes de descobrir todo valor do Reino de Deus e na vida concreta do mundo sejamos capazes de levar à prática, com coragem e firmeza, o sentido da vida que «o tesouro do Reino» nos fez descobrir.
Se somos felizes, façamos os outros felizes, se a verdade nos liberta lutemos contra toda a mentira, se a justiça nos realiza lutemos contra toda a injustiça, se a vida está deprimida lutemos contra toda a desesperança, se o amor edifica então edifiquemos com amor... Só assim o Reino de Deus é presença na vida concreta de cada pessoa. Esta é uma definição bem concreta do que é o Reino de Deus neste mundo.

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Pe. José Luís Rodrigues, meu Irmão e meu Amigo, se alguém pensa que tem toda a autonomia, para, somente, ser livre. Está enganado. Essa liberdade não vem nos compêndios teológicos e filosóficos e menos, ainda, nos Políticos. Todos somos errantes perante um DEUS, o de JESUS, pobre, que morreu numa Cruz e foi vexado pelo poderio religioso, económico e imperialista. Ainda, não percebemos que a "pobreza de DEUS, foi a nossa grandeza". Despimos de todo o poder, opressão. Ainda não traduzimos, por culpa da Igreja, que os ricos são os escurejados de DEUS.