Está
a ser notícia que o Governo regional da Madeira pretende alargar a semana de aulas
para os alunos do 1º e 2º ciclos. Pretende que seja uma semana muito superior
ao que é obrigatório a nível nacional. Eis mais uma forma para reter as
crianças em detrimento da sua imprescindível presença na família e em outras
actividades também igualmente importante para o seu crescimento e educação.
O
professor Eduardo Sá, já avisou o seguinte: «Anda toda a gente num registo
eufórico e doente, que não percebe que as pessoas precisam de tempo para
crescer. Acho engraçadíssimo quando dizem com orgulho que no jardim-de-infância
há crianças que já sabem ler e escrever, mas não é isso que as torna mais
sábias. Às vezes, as pessoas confundem macacos de imitação com crianças sábias.
Acho engraçadíssimo quando as crianças não podem errar – eu julgava que errar
era aprender. Mas não: as crianças têm que ter notas que são insufladas sabe
Deus pelo quê. Vivem empanturradas em explicações. Se os pais puderem utilizar
todo o tempo que a escola coloca ao serviço das famílias, elas podem passar 55
horas por semana na escola… Estamos a espatifar a infância das crianças, a
espatifar a adolescência e, depois, com um olhar absolutamente cândido, dizemos
que elas têm défices de atenção». Importante demais para não se rescutado.
Esta
coisa das entidades quererem substituir-se à família não serve e resulta zero
na transmissão dos valores. A principal educação deve continuar a ser dada pela
família, crie-se condições que favoreçam isso, é o que se deseja e pede às
entidades públicas que têm este dever entre mãos e deixe que depois as famílias
façam o principal. Mais ainda deve ser pedido aos serviços públicos que deixem
as crianças brincarem e não se adiantem no tempo com actividades que as façam
entrar em stress fora de tempo.
Modus
in rebus (medida nas coisas) é o que se pede a quem tem o dever de organizar a
escola como lugar complementar do crescimento e educação das futuras gerações.
Porém,
do que se trata afinal, é que a mentalidade dos nossos tempos perdeu totalmente
a educação como processo de desenvolvimento humano, como meio de transmissão de
cultura, como forma de chegarmos a ter uma sociedade mais livre, agindo de
acordo com a sua própria vontade. Numa palavra uma sociedade crescida, com
famílias saudáveis e pessoas cultas, equilibradas. A educação com vista ao
emprego e a ser um instrumento para ganhar dinheiro, muito dinheiro, redundou
neste descalabro educativo. O que temos? - Um bando enorme de desempregados ou
desocupados a viver à conta dos salários e reformas dos pais, uma imensa
multidão de jovens que passa a vida em noitadas a se encharcarem de álcool e
consumindo drogas. Alguns perdem a saúde para sempre e outros já estão ou vão a
caminho dos cemitérios. A educação assente puramente em valores materiais sem
ter em conta as pessoas conduz à destruição da humanidade.
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