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Convite a quem nos visita

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XIV Tempo Comum
03 de Julho de 2011
A revelação aos pequenos e o jugo suave
Santo Agostinho faz uma belíssima interpretação sobre o sentido dos «pequeninos» que o Evangelho deste domingo nos fala. Transcrevo a sua análise, diz assim: «Entendei o sentido desta oposição: “Escondeste estas coisas aos sábios e prudentes”. Mas não diz “e as revelaste aos néscios e imprudentes, mas sim: “escondeste-as aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequenos”. Aos sábios e prudentes risíveis, aos arrogantes, aos grandes na aparência mas, na verdade, inchados, opôs não os ignorantes ou os imprudentes, mas os pequenos.
Quem são estes “pequenos”? Os humildes. Por isso, “o escondestes aos sábios e prudentes”. Ao acrescentar “revelaste-o aos pequenos”, Ele mesmo explicou que sob o nome de sábios e prudentes deveríamos entender os soberbos. Portanto, escondeste-o aos não pequenos. Que quer dizer “não pequenos”? Não humildes. E “não humildes” é o mesmo que “soberbos”. Oh, caminho do Senhor! Ou não existia ou estava escondido para nos ser revelado a nós. E porque exultava o Senhor? Porque o caminho foi revelado aos pequenos. Devemos ser pequenos; porque se pretendermos ser grandes, como sábios e prudentes, não nos será revelado esse caminho». (S.to Agostinho, Sermão 67, 8). Muito interessante este pensamento e revelador de qual é a principal intenção de Jesus, libertar os oprimidos e dar dignidades aos sem lugar e vez na vida social deste mundo...
Na passagem da 1ª leitura, por sinal muito famosa, revela-nos a obra do chamado «Segundo Zacarias», um profeta anónimo do séc. IV-III a.C.. Toda a lógica da guerra e da corrida aos armamentos, porventura alimentada pelos sonhos de um messianismo político e triunfalista, são agora abandonados. O Rei que vai chegar, é um «pacifista», contra toda a violência e injustiça que ainda grassam no mundo. Esta mensagem destrona toda a lógica que assenta sobre a violência. O anúncio profético mostra que o desejo de Deus está em profundo antagonismo com o pensar dos homens. Deus reinará pacificamente, no maior respeito pela vontade de cada homem e mulher. Todos farão parte da justiça e do amor salvador que Deus fará acontecer nos carreiros deste mundo. É possível este ideal se nos nosso corações permitirmos tudo o que faz a vida a contecer na felicidade e na paz…
O capítulo 8.º da carta aos Romanos é uma das páginas mais densas da teologia paulina. O Espírito que nos fala o Apóstolo, é não só um novo princípio de vida, mas também um princípio de vida nova e, portanto, penhor da vida futura da Ressurreição.
No Evangelho, Jesus e os primeiros cristãos experimentaram a recusa dos chefes e dos ditos «partidos de sábios» (escribas, fariseus, saduceus...) em acolher o projecto salvador de Deus que em Jesus, com Jesus e por Jesus se realizava (nisso consiste o «mistério do Reino»). Estes recusaram fortemente a mensagem nova em favor da vida sempre nova para todos. Tal mensagem de Jesus não era pura e simplesmente um código de regras morais, mas transformação da vida toda a favor do bem comum. Porém, alguns, especialmente os «grandes» recusaram tal ideal. Mas, ao mesmo tempo, viveram a alegria de ver os pobres, os simples e os humildes a acolher essa Boa Nova. Daí, que aos sábios e prudentes risíveis, aos arrogantes, aos grandes na aparência mas, na verdade, inchados, opôs não os ignorantes ou os imprudentes, mas os pequenos. Jesus ensina-nos que devemos ser pequenos para conhecermos a grandeza do amor que Ele nos revela. A humildade salva-nos. O jugo suave de Jesus consiste nisso mesmo, acolher na humildade a vida e fazer dela um serviço, uma dádiva para todos. Esta descoberta dará sentido a esta vida e mais apontará para o verdadeiro destino de todos nós, alcançar a vida divina que Jesus Cristo a todos quer verdadeiramente oferecer, sejamos merecedores dela. E quem diz que a religião é para ignorantes e simplórios, engana-se redondamente perante este discurso de Jesus.
JLR

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Que diferença face aos cadeirais episcopais da Europa...

Quando vi a foto acima eu fiquei realmente impressionado.
É um bispo anglicano da TAC (Canadá), Rt Rev. Carl Reid, quem ensina, nos degraus do altar, às novas gerações sobre Jesus Cristo.
É uma imagem poética, pelo menos para mim. Mostra como o múnus episcopal pode ser tão simples, tão delicado. Delicadeza é justamente a palavra que encontro para essa foto.
A burocratização da função episcopal dentro da Igreja Católica dificulta momentos como esses. Os bispos católicos são membros de tantas comissões, tantas reuniões em lugares sinceramente inúteis, tantos prêmios recebidos nas câmaras municipais que momentos como esses são praticamente inexistentes.
O Rev. Carl se tornará, em breve, um sério candidato a Ordinário Anglicano Católico (Romano) do Canadá. Rezemos por ele e para que continue assim.
Autor Danilo Augusto, in blogue: Igreja Una

Colher Deus e a nós próprios na passagem

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Colher Deus e a nós próprios na passagem:
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«Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
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A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
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Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!»
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(Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa)

terça-feira, 28 de junho de 2011

A Festa - um jugo suave

Estamos em tempo de festas populares, os nossos arraiais. São importantes para congregar as comunidades à volta de acontecimentos que requerem sempre alguns gastos avultados. Por isso, é sempre muito importante a pequena partilha de cada um para juntar o muito que é preciso gastar para ser realizada a festa.
Os nossos arraiais têm esta função essencial, congregam e apelam à partilha. Sabe bem sabermos que é um acontecimentos de todos e não uma manifestação egoísta, que antigamente servia para alguns se pavonearem no exibicionismo. Alguns ditos de festeiros quase substituíam o santo a quem se homenageava, faltava pouco para serem colocados sobre os andores, felizmente, esse tempo vai passando.
A nível espiritual, a festa do Santíssimo Sacramento, celebrada em todas as paróquias da nossa terra, serve para louvar e invocar o mistério maior da nossa fé, a Eucaristia. Também as outras as dos santos padroeiros das nossas comunidades, homenageia aquele que as pessoas veneram e invocam como seu protector e que alimenta a sua devoção. Nada de anormal se for tudo muito comedido e com o equilíbrio racional que se deseja. Os fundamentalismos são sempre perigosos e quando se entra por um sentimentalismo doentio prova-nos enjoos, repulsa. Aos santos, as comunidades juntam-se para agradecer, pedir e aprender o seu exemplo de vida cristã.
As nossas festas paroquiais devem servir para nos sentirmos alegres, renovados na esperanaça e justifcados pela fé que professamos em Jesus Cristo. O arraial, acontece no exterior das Igrejas, como sinal dessa alegria que convida ao convívio e à fraternidade. Este momento deve ser aproveitado para retemperar forças e extravasar a alegria de se saber pretencente à comunidade que acolhe na celebração da fé. O arraial, serve os comes e bebes; a música com a respectiva dança; os foguetes; as conversas animadas e o riso. Tudo isto serve para proporcionar o ambiente da festa.
As comunidades precisam disto e cada pessoa individualmente também precisa, porque não podemos estar sermpre sobrecarregados com as contrariedades da vida do dia a dia. É Jesus que ensina: «O Meu jugo é suave e a Minha carga é leve». Assim, a festa serve para aprender que a missão e a condição de ser cristão deve ser vivida e acolhida com a maior das alegrias. Boas festas para todos.
JLR

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Em nome da família humana

Recentemente recebi um email que me tocou muito: conta a história de um menino paquistanês, Iqbal Masih, que com quatro anos foi vendido pela família, por 12 dólares, para uma fábrica de tapetes. Aos 10 anos fugiu e criou um movimento em que denunciava a escravatura infantil, e fê-lo pelo mundo inteiro. Aos 12 anos foi vítima de assassinato no seu próprio país, pelos seus próprios “donos”.
Este exemplo, esta história fez-me questionar. Mas que sociedade somos nós? Que espécie de pessoas somos nós? Porque é que existem atrocidades destas?
Talvez porque existam pessoas como nós, europeus, árabes, norte-americanos, cujo nível económico elevado é absurdo, ao ponto de se desenvolverem gostos exigentes e pagarmos fortunas por objectos, que não nos servem para nada e esvaziam vidas de seres humanos.
É o nosso consumismo desenfreado que escraviza a vida de pessoas. Para nós nos vestirmos bem e barato, calçarmos bem, comermos bem, acumularmos coisas ridículas, estão crianças, homens e mulheres privados da sua dignidade e, quem sabe, até da luz do sol.
Não quero o barato das lojas dos chineses e de marcas made in China, Paquistão, India, porque sei que os operários são vítimas de uma exploração atroz. Não quero!
Não quero que o meu bem-estar cause o sofrimento do outro.
Quero outro mundo para todos nós.
Quero respeito, quero justiça, quero estar atenta, quero saber a origem dos produtos que compro. Quero comprar um produto, que poderá ser mais caro, mas quero saber se quem o fez vive condignamente.
Enquanto, não tivermos a consciência de que todos somos um, que todos somos responsáveis pelo outro, que aquele menino é da nossa família humana, vão sempre existir situações destas.
A solução desta mudança está nas nossas mãos, ou seja, nos nossos actos, na nossa atitude. Não deixemos mais que uma criança pague com a sua vida a nossa irresponsabilidade, a nossa ignorância, a nossa inconsciência.
Olga Dias, in Grão de Mostarda

sábado, 25 de junho de 2011

Ofensa contra as mulheres

Já não há pachorra (porque, parecia ser dos bispos mais lúcidos que Portugal tinha, mas o peso da idade não perdoa), o homem dixit: "Não foi por acaso que Jesus escolheu para apóstolos homens, e deu às mulheres outro tipo de atenção" - D. José Policarpo, Cardial Patriarca de Lisboa ao JN...
Este homem e toda a Igreja hierárquica não vê que este tipo de pronunciamentos destrói muito mais do que constrói? E que este tipo de pensamentos não colam com a mentalidade dos nossos dias?...
A hierarquida da Igreja Católica despudoradamente continua com as ofensas contra as mulheres. Bom, paciência... Deixemos este homem acabar com dignidade os últimos dois anos de mandato que terá à frente da Diocese de Lisboa.
Propalam-se sempre os mesmos argumentos patéticos, que não são argumentos e que perante as mulheres e homens do nosso tempo, são mais do que infantis. E dá dó que não se perceba que tais argumentos são motivo de chacota e de escárnio nas conversas das pessoas de hoje. É a vida, o ridículo continua dentro da Igreja Católica e alguns fazem disso oração quotidiana. Mais não se percebe como pessoas inteligentes, embarquem por este tipo de argumentos falaciosos que roçam a ofensa e propagam a indignidade a uma parte da humaidade. Valha-nos Jesus Cristo que faz orelhas moucas a este tipo de conversa e continua a escolher para Apóstolos homens e mulheres.
Por fim, volta o clericalismo em força e a ideia de que a salvação da Igreja passa pelo clericalismo dos machos contras as fêmeas. Nada disso. A Igreja precisa de mudança de alto a baixo e creio que nesse aspecto a acção do Espírito Santo será muito mais eficaz do que este tipo de conversa anacrónica e patética daqueles que se acham escolhidos em detrimento dos outros. Já seria tempo de pôr fim a este tipo de ofensas contra as mulheres. E os sr.s bispos que deveriam ser os primeiros a perceber isso, continuam na linha da frente com esta forma de pensar tão triste.
JLR

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Comentário à Missa do próximo Domingo

Domingo XIII Tempo Comum
26 de Junho de 2011
Quem vos recebe
Na primeira leitura, a mulher Sunamita vai receber «recompensa de profeta». O dom da descendência é, para o Antigo Testamento, a máxima bênção de Iahweh. Este episódio da Sunamita rica que acolhe o profeta em sua casa é exemplar, para além da prática da virtude da hospitalidade, há na atitude da mulher uma motivação superior de fé, «estou convencida de que... é um santo homem de Deus». Por causa da sua fé e da sua prática, faz-se realidade a bênção e gratidão de Deus, «No próximo ano, terás um filho nos braços». Este episódio faz lembrar o de Abraão e Sara que igualmente receberam a bênção de um filho como recompensa pela hospitalidade. Neste relato aprendemos o quanto pode ser rica a nossa vida se a prática da hospitalidade ou do acolhimento dos outros fosse uma constante no mundo. Não existiriam pobres nem marginais, porque todos encontrariam uns braços amigos cheios de amor pelo encontro da amizade e da solidariedade. Todos seriam cientes do Bem-comum.
São Paulo, ensina-nos que pela fé e pelo baptismo, cada cristão estabelece uma compenetração e comunhão com Cristo. De facto, ser cristão é, radicalmente, ser em Cristo e com Cristo. Isso manifesta-se na «vida nova» em que o baptizado é chamado a caminhar. Tem vida de ressuscitado, morreu para o pecado e recebeu vida inteiramente orientada para Deus. Essa «vida nova» é já uma realidade conhecida e possuída pela fé. Desse novo ser deriva uma nova ética, que procura viver no dom e no apelo constante a uma nova ordem de vida para todos.
O Evangelho parece, pôr em causa a legitimidade e, até, o dever de amar os pais (o 4.º Mandamento continua em vigor...) ou os filhos. Não, nada disso. De forma paradoxal, Jesus quer deixar bem claro que os laços familiares não são absolutos, podem chegar a ser um obstáculo ao seguimento de Jesus e, em todo o caso, o discípulo deve dar sempre a primazia à opção pelo Mestre.
O «Apóstolo», portanto, deve ser acolhido não tanto em razão da sua pessoa (motivação humana de hospitalidade), mas em atenção à palavra de que é portador, à missão que lhe foi confiada por Jesus.
A todos nós compete acolher todos os outros como irmãos. Este deve ser a principal regra de educação. Somos todos semelhantes, carne da mesma carne… Esta pedagogia é fundamental para que se construa uma humanidade mais fraterna e amiga.
Daí esta ideia dos «pequeninos», que parece supor que se trata dos Apóstolos, atendendo à motivação dada (“por ele ser meu discípulo”), assim, os «mais pequenos» serão todos os discípulos enquanto testemunhas do Reino de Deus. No entanto esta ideia não nos coíbe de entrever também uma alusão aos mais humildes e desprovidos de entre a comunidade dos discípulos. Em Jesus todos estão convidados para o Banquete da Palavra que nos anuncia o Reino Novo da vida sempre nova.
JLR

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Corpo de Deus nas margens da vida

Mensagem aos ditos afastados da Igreja sobre a missa
Irmãos (perdoem-me esta intimidade):
Já sóis tantos e cada vez mais engrossa o vosso número. São cada vez mais aqueles que não se revêem na mensagem da Igreja para nada. Uns afastam-se porque a Igreja pura e simplesmente não lhes diz nada de novo. Outros, porque a Igreja apresenta uma mensagem ultrapassada que nada ou pouco tem a ver com os contornos da vida actual. Outros ainda, porque não precisam da Igreja para se relacionarem com Deus. E outros, porque a Igreja os dispensou, foram irreverentes, ousaram pensar e corajosamente apresentaram o que pensavam.
Em dia de Corpo de Deus, pensei dirigir-me a todos vós que por muitas razões estais à margem da Igreja Católica. Sim, porque neste dia sempre penso nas margens, porque sabendo que recebo um pão, alimento para todos, não chega a muitos lugares. Esta é uma grande frustração, o Corpo de Cristo, oferta do amor de Deus, não chega às margens que nós criamos. Por culpa vossa e por culpa de toda a Igreja não sabemos fazer da refeição que oferece Deus senão do mesmo modo.
O Pão da Missa devia ser uma oferta adaptada a todos e cada um. Não devia ser oferta envolta com o mesmo papel, com o mesmo peso e com o mesmo volume. Não sei como fazer essa tal oferta variada para cada situação, tínhamos que pensar todos juntos. A Missa tal como nós a temos está muito igual para novos e velhos, para os de dentro e para os de fora. Como fazer da Missa a refeição onde todos se sintam participantes activos e onde todos se saciam abundantemente sobre a vida?
Quando falo com os desencantados com a Igreja, dizem-me que a Missa está muito ritualista e muito medieval. De facto, as Missas têm pouco de encontro de irmãos. As grandes solenidades apresentam-se tão hierarquizadas que pouco têm a ver com a Ceia de Cristo. Precisamos não de muitas Missas, tal como se reduz a acção da Igreja actualmente, mas de Missas aqui e além, que sejam resposta à procura sobre o sagrado. Não precisa o mundo de Missas em quantidade, mas com qualidade. Obviamente, que falta reflexão séria sobre todas estas questões, mas a Igreja foge da reflexão e do pensamento como «o diabo foge da cruz».
Agora é moda dizer que a Igreja não se submete às modas, assunto arrumado. É certo que o tempo da Igreja nem sempre é igual ao do mundo, mas foi esta Igreja que marcou o tempo e o ritmo da vida durante dois mil anos. O mundo mudou e a vida hoje correm a um ritmo acelerado sem precedentes na história. A Igreja ao recusar os contornos do mundo actual, limitar-se-á a ser um belo reboque, sem vez e sem voz no coração dos homens e mulheres.
São vários os caminhos onde Deus não chega. Mas, sobressaem algumas experiências interessantes, onde a Missa se torna uma verdadeira festa: com as crianças, com os grupos de oração (p. ex. os grupos ditos carismáticos) as semanas de missão ou de evangelização e as novenas do Natal (as Missa do Parto) e das festas a Nossa Senhora e a alguns santos. Estes são ainda algum oásis, falta muito mais. E acima de tudo falta coragem para fazer da Igreja o lugar do encontro dos irmãos. Falta uma revolução autêntica, para fazer da Missa o encontro de todos em igualdade de circunstâncias, sem fazer acepção de pessoas, porque, segundo São Pedro, o primeiro Papa da Igreja, todos os baptizados são sacerdotes e teólogos. Diz assim: «E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo...» (1 Pe 2, 5).
A nós, Igreja, compete fazer da Missa a verdadeira oferta de Deus, que dá sentido à vida, revela o mistério, eleva a humanidade, encoraja diante da miséria e garante, absolutamente, a vitória da vida sobre a morte. Deixemos os passos da fé seguirem adiante pelos caminhos tortuosos desta vida.
JLR

terça-feira, 21 de junho de 2011

Lições do futebol

Tento tirar lições positivas e negativas dos acontecimentos.
O mundo do futebol - esse desporto que entusiasma tanta gente até ao tresloucamento de alguns - tem lições com interesse em que vale a pena reflectir.
Há treinadores que se entregam apaixonadamente à sua missão, dando o seu saber, a sua dedicação, sacrificando a presença junto da sua família, e muitos outros sacrifícios para elevar o clube, algumas vezes ao pódio máximo. Recebem então elogios de toda a gente ligada ao clube e exterior a ele. Louvores da imprensa, aplausos de todo aquele mundo. Mas quando os resultados começam a descer, - tantas vezes por motivos alheios ao treinador - a admiração por ele começa também a descer, e todos esquecem as vitórias anteriores, os campeonatos ganhos, as glórias alcançadas. Tudo o vento do esquecimento levou.
Segue-se a rescisão do contrato, a despedida amarga e até o espectro cruel do desemprego.É este o retrato da vida de todos os dias: do futebol da vida. Sempre que alguém rende na sua actividade, os êxitos são apreciados e louvados.
Mas quando a idade avança, quando a saúde falha, quando o desgaste debilita, quando as circunstância não são favoráveis, os maus resultados são lhe imputados, o apego desaparece, os valores são esquecidos e segue-se a rescisão do contrato e a despedida dolorosa.
Esta incoerência continuará a ser praticada no futebol e fora dele, por todos quantos olham os seus colaboradores apenas pela óptica do interesse, do rendimento, dos resultados.
Mário Salgueirinho, in Voz-Portucalense
Nota: como é possível que corram e escorram tantos e tantos milhões em dinheiro neste mundo sombrio em que se converteu o desporto rei... E mais grave ainda o endeusamento a que concorrem os que se destacam neste mundo. Preocupante!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Democracia da treta na Madeira

Perdoem-me o título, mas não encontro melhor para designar de forma generalista aquilo que pretendo reflectir sobre o assunto em causa. Tenho uma simpatia enorme por este sistema político que nos rege. Não há outro, onde a liberdade e a livre expressão de opinião, são valores fundamentais. Sobre este nobre sistema dizia Winston Churchill: «Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos». É óbvio, que devemos ter isto em conta.
Na Madeira, vive-se em clima democrático, queremos querer, e todas as expressões como «défice democrático», entre outros, que surgiram nos anos da Autonomia, não passaram de momentos. Foram isso mesmo, momentos que levantaram alguma polémica, mas passada essa poeira tudo voltou ao que era dantes.
Porém, nós que habitamos neste espaço, vamos nos dando conta de algumas situações onde a Democracia sai profundamente lesada. Se pensarmos no que toca à liberdade de expressão, vamos encontrar uma série de atentados que nos envergonham a todos e remetem a nossa Democracia para uma singela «coisa» sem precedentes na história da humanidade. Portanto, a nossa Democracia, é única e está reduzida a uma treta, motivo de chacota em muito lugares do nosso país e quiçá do mundo.
Esta pseudo-democracia da Madeira, está enferma. Os males que a corroem estão relacionados com os atentados contra a livre expressão do pensamento. A título de exemplo, por um lado, a proibição a militantes de determinado partido de escreverem as suas opiniões num órgão de informação da nossa cidade reveste-se de uma gravidade inconcebível. Por outro, o apoio monetário quase ilimitado a um determinado órgão de informação, para depois o açambarcar e fazer passar uma opinião exclusiva, que redunda em propaganda em sentido único. A isto não podemos de forma nenhuma chamar de Democracia nem muito menos invocar princípios de teor cristão-evangélico para justificar esta triste forma de actuação. As instituições sérias da nossa terra deviam estar seriamente incomodadas e neste momento fazer acordar a nossa terra, pô-la em ebulição, porque estão em causa valores essenciais que urge lutarmos para que não seja posto em causa desta forma tão vergonhosa e ameaçadora o futuro do nosso povo. A Democracia é sinónimo de respeito e promoção da diversidade.
Também não menos grave é a forma como se acolhem os adversários políticos. Eles, porque ousam outra cor partidária, recebem ofensas, acusações contra a sua vida privada e são violentados na sua honra. Quem manifeste a coragem de se candidatar ou simplesmente manifestar opinião contrária em relação a alguma coisa que a maioria faz e pensa, está condenado às piores ofensas. As maiorias nem sempre têm razão. Em Democracia, as minorias têm igualmente direitos e oportunidades que não podem ser descoradas ou simplesmente ignoradas.
Vamos entrar em tempo de campanha eleitoral, melhor, intensifica-se o estado de campanha permanente em que vivemos até agora. Seria bom que o debate fosse elevado, o respeito entre candidatos fosse atitude de ordem, as ideias/propostas políticas estivessem nos debates e todos contribuíssem para um são esclarecimento da população da Madeira, para que na hora de escolherem, o fizessem com verdadeira consciência. Esta preocupação deve fazer parte de todos os grupos partidários. Estamos cansados das ofensas gratuitas, do ruído ensurdecedor que nos conduz ao desencanto e a julgar os agentes políticos pela mesma bitola. Desejamos que a propaganda seja apresentada em igualdade de oportunidade e queremos que nenhum candidato seja violentado com ofensas e difamação gratuitas. A Democracia implica tudo isto e queremos como cidadãos eleitores que estes valores que nos regem actualmente sejam levados muito a sério por quem deseja ser eleito para nos representar no governo dos nossos destinos.
A campanha não pode reduzir-se a pão e a circo. Não devem assumir-se gastos desmedidos e entrar em loucuras, porque os tempos são de penúria para muitas das nossas famílias. É grave que se fale que uma Casa do Povo tenha contraído uma dívida à banca para fazer um arraial em honra de um determinado fruto da nossa terra. Arraial, que depois serve para momentos hilariantes de política comiceira, onde se desferem discursos cheios de ofensas aos adversários e se proclamam falsas promessas.
Mais espero que os políticos actuais da Madeira me ajudem a purificar a ideia terrível que faço hoje da Democracia que vivemos na nossa terra, para que amanhã esteja a escrever um texto não sobre a treta da Democracia na Madeira, mas sobre a beleza de Democracia que fomos capazes de construir na nossa terra.
JLR

sábado, 18 de junho de 2011

A um Poeta

Antero de Quental escreveu o soneto “A um Poeta”, que pode ser cada um de nós:
::
«Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,
::
Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...
::
Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!
::
Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!»
Nota: Com votos de um bom fim de senama para todos os meus leitores...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O incondicional SE...

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague o seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa
Título dado pela redação do blogue...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo da Santíssima Trindade
19 de Junho de 2011
A comunidade divina
Quem é a Santíssima Trindade? Quando falamos da Santíssima Trindade, é do nosso Deus que falamos. O Deus dos cristãos é trinitário, isto é, constituído por três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
O Pai/Mãe, é Deus omnipotente incriado e que preside a toda a criação. O Deus Filho, é o enviado pelo Pai, revela o Pai plenamente e envia o Espírito Santo, que é o resultado do amor entre o Pai e o Filho. Isto é, mostra-nos o rosto verdadeiro do Pai. Um Pai/Mãe amoroso(a) que não desiste de salvar todos os homens/mulheres e que pacientemente espera pela remissão de toda a natureza humana (podemos lembrar aqui a famosa Parábola do Filho Pródigo).
O Filho, foi enviado pelo Pai para anunciar a Boa Nova da justiça ou da salvação de toda a humanidade, Ele é o rosto visível do amor que informa a Trindade. Será da boca do Filho que recebemos a promessa do envio do Espírito Santo, o «outro» Deus da Trindade.
O Espírito Santo, é aquele que vem depois de Jesus para acompanhar todas as acções humanas em favor da causa de Deus. Ele é o Espírito da verdade. Ele nos guiará para a verdade plena. Porque o Espírito Santo, pode ser definido como aquele que unifica as três pessoas da Trindade, Ele é o nome do amor de Deus.
A celebração da Santíssima Trindade, abre-nos caminhos para o exemplo de como podemos e devemos viver. Ninguém se realiza sozinho. Cada um de nós só é capaz de futuro, se acolher a riqueza da dimensão comunitária da vida humana. O que seria da nossa existência se não fossemos capazes de reconhecer a importância da vida dos outros para a nossa realização pessoal? Está mais que provado que ninguém é capaz de viver totalmente isolado, todos necessitámos de ser e viver em comunidade.
A Santíssima Trindade, é antes demais uma verdadeira comunidade. A comunhão é o seu elemento principal, por isso, não nos surpreende a expressão de intimidade de Jesus: "Tudo o que o Pai tem é meu". Esta formidável riqueza de comunhão serve de exemplo ou revela-se como desafio para a nossa vida de cristãos e para todos os homens/mulheres de boa vontade.
Como enquadrar o mistério da Santíssima Trindade na nossa vida concreta? - Sim falamos de mistério, porque, por mais que se diga, por mais que se faça e por mais que se acredite, a Santíssima Trindade será sempre o mistério dos mistérios. Pois, não serão os pensamentos e as palavras humanas que traduzirão o que é e o que representa este mistério. Assim sendo, mais do que dizer deste mistério, o melhor será fazer silêncio diante Dele. Este é um mistério mais para ser contemplado do que para ser dito ou mostrado. É um mistério inefável, próximo e distante ao mesmo tempo, que nos envolve. Esta formidável riqueza de comunhão serve de exemplo ou revela-se como desafio para a nossa vida de cristãos e para todos os homens de boa vontade.
JLR

quarta-feira, 15 de junho de 2011

É preciso fazer pressão

Ao ponto a que chegamos. Há escolas na nossa terra a organizar visitas de estudos, à conta do magro e difícil orçamento das famílias. Para algumas actividades os alunos têm que levar 10 euros e um farnel, com lanche ou um bolo (suponho que seja para partilhar em grupo durante a visita de estudo). Todos os meninos e meninas têm que participar senão levam falta.
Os senhores professores não têm nenhuma atenção em relação às famílias que não podem pagar tal quantia?
Esta manhã recebo a seguinte mensagem para o telemóvel de uma mãe aflita: «Bom dia sr. padre, desculpe, a minha filha vai amanhã ao Montado do Pereiro a uma visita de estudo e é preciso dez euros para a camioneta, eu tenho ainda que ir ao super mercado comprar ingredientes para fazer um bolo de bolacha, não tenho como arranjar estas coisas, se ela não for leva falta». A mensagem é esclarecedora demais e merece o nosso mais profundo repúdio por esta forma tão humilhante de tratar as nossas famílias.
Não deviam os professores ou a escola pensar que há famílias que não poderão despender assim do pé para a mão (quer dizer da carteira para a mão) logo dez euros e outros tantos para as restantes despesas? - Uma vergonha isto que se está a passar, uma insensibilidade social sem precedentes e as autoridades governamentais a leste destas situações. Entretêm-se a gastar balúrdios em obras e mais obras que ninguém sabe para que servem. Quer dizer, até sabemos, para as festanças das inaugurações e manter a chama da ilusão do pseudo-desenvolvimento do betão, que longe anda de pensar no Bem-Comum, mas no peixe graúdo que se alimenta desse sector empresarial. Eu pergunto, e as pessoas, as nossas famílias e as nossas escolas? - Quase ninguém se importa com as pessoas. Uma pena. E mais pena ainda que uma sociedade inteira seja conivente com este descalabro, este escândalo.
As escolas estão à mingua, porém, têm que mostrar trabalho, então, sugam as famílias até ao tutano. Caros professores, compreendo a vossa preocupação quanto às visitas de estudo, gostei muito de as fazer, embora fossem muito poucas no meu tempo, as poucas que fiz foram marcantes, porém, devem pensar mais um pouco e não serem tão intolerantes em relação às famílias que eventualmente não possam pagar os valores que estabelecem e caso seja possível organizem as coisas no sentido que ninguém fique de fora, mesmo que não possa pagar nem muito menos partilhar os géneros alimentares pedidos.
Por fim, professores, façam greves, reclamem, mobilizem os pais para que todos possam pressionar as entidades responsáveis para melhor comprimirem os seus deveres. Precisamos de uma mudança. Não podemos ser coniventes com a injustiça, a irresponsabilidade e a insensiblidade social das entidades governativas. É preciso fazer pressão.
JLR

terça-feira, 14 de junho de 2011

Saúde, hortas familiares e emigrantes na França

Nota: agradeço muito esta actual e oportuna reflexão do padre Aires Gameiro...
Uma semana de pastoral com emigrantes portugueses na região da Bretanha (França) trouxe algumas surpresas. Na região de Rennes, onde haverá umas duas mil famílias de portuguesas, algumas mistas e de duas e três gerações, observa-se um movimento inovador nestas famílias mas ainda mais em várias dezenas de famílias francesas visitadas. São em número crescente as que estão a apostar na sua horta familiar, por vezes combinada com o pequeno pomar. A razão principal não exclui a poupança mas assenta na decisão de consumir produtos biológicos. Há uma vontade forte de se defenderem dos produtos químicos nocivos que avassalam muitos produtos do mercado.
O responsável diocesano dos imigrantes, a par da pastoral, tem desenvolvido o alerta aos danos de muitos alimentos industriais das multinacionais e dá o exemplo com a sua mini-horta biológica. Na dinâmica da concorrência muitas empresas não hesitam em recorrer a químicos que “artificializam” a rapidez do crescimento e o tamanho dos produtos para esmagar a concorrência esmagando igualmente a saúde dos consumidores.
As hortas familiares não entram, porém, na luta pelos mercados. Vão-se constituindo grupos de vizinhos em círculos de alguns quilómetros que estabelecem contactos e trocam informalmente entre si os seus produtos, alguns também de animais criados de forma biológica. Não circula dinheiro, só trocas de géneros e de amizade. Estas trocas estendem-se ainda às sementes e às plantas de alfobre para transplantar, melhoradas e seleccionadas por cada vizinho na sua horta. As pequenas hortas familiares estendem-se a outras regiões da França. Vão alastrando nos seus variados efeitos. É ainda cedo para tirar conclusões: se é apenas mais uma onda ou se vai imprimir mudanças sócio-económicas no futuro. Para já é saudável comer favas, rabanetes, cerejas, alface colhidos no dia ali ao lado na horta e pomar e ouvir: mais dois euros, mais três euros de poupança e menos “importação”, etc.
Durante esses dias uma rádio francesa dava a notícia de que na Alemanha se estavam a constituir bolsas análogas de sementes e plantios dentro do mesmo espírito: produtos saudáveis e defesa contra as multinacionais que desde há decénios, de forma sistemática, se têm apoderado sub-reptíciamente, do monopólio de sementes, não raro com falsas razões de que as suas sementes são “especiais”, têm esta e aquela propriedade alimentar apesar de não se poder fundamentar cientificamente essa afirmação e ser mais provável o contrário.
O aspecto de economia doméstica deste sistema de produção familiar é igualmente importante porque reduz as importações da família e os respectivos gastos. Tratando-se simultaneamente de um hobi sem horários sobrecarregados e de um exercício físico saudável, só se contabilizam os benefícios para a saúde e vida fora dos centros citadinos poluídos. São iniciativas familiares de micro-empreendimentos inteligentes para promover a saúde e independência familiar. Só é de esperar que as grandes empresas lucrativas não pressionem os poderes políticos para as sobrecarregarem de impostos e manterem a concorrência.
Há, porém, outras vantagens para a família. Os mais novos, de forma permanente ou por períodos, em vez de artificialismos, beneficiam no seu crescimento da pedagogia de realidade de trabalhar o solo, semear os grãozinhos, plantar vegetais minúsculos e ter a experiência de ver crescer as plantas a um ritmo natural, de as regar, de limpar as ervas e, finalmente, de colher os frutos do trabalho. Ver que não há colheita sem sementeira e cultivo (cultura) sem trabalho. Note-se que há grandes coincidências entre a desagregação da família e a destruição da agricultura familiar: as crianças começaram a viver no irreal, as famílias tornaram-se “estéreis”, as crianças obesas, os jovens “poluíram-se” com tantos produtos inundados de conservantes, “tintas” de coloração, artificializadas com açúcar e mil e um artifícios orientados para a manipulação e o lucro, para não falar da calamidade da droga.
O facto de desenraizar as pessoas da cultura da terra reduziu a sua autonomia, tornou-as joguetes do artificial, dos cordelinhos dos poderes difusos e impessoais do lucro que as têm lançado em variadas crises e novas escravaturas.
Rennes, 30 de Maio de 2011
Aires Gameiro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Da razão e do uso em Santo António

Nota: Simplesmente genial... Que diria este Santo do folguedo e das festanças abastadas que se fazem em seu nome por todo lado, quando dele se sabe o seguinte:
«É viva a Palavra quando são as obras que falam.»
«Quando te sorriem prosperidade mundana e prazeres, não te deixes encantar; não te apegues a eles; brandamente entram em nós, mas quando os temos dentro de nós, nos mordem como serpentes.»
«Uma água turva e agitada não espelha a face de quem sobre ela se debruça. Se queres que a face de Cristo, que te protege, se espelhe em ti, sai do tumulto das coisas exteriores, seja tranqüila a tua alma.»
«Neste lugar tenebroso, os santos brilham como as estrelas do firmamento. E como os calçados nos defendem os pés, assim os exemplos dos santos defendem as nossas almas tornando-nos capazes de esmagar as sugestões do demônio e as seduções do mundo.»
Quem não pode fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa.»
«Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Aos homens Deus deu uso de razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem uso, e os peixes o uso sem a razão.» (Santo António, in Sermão ao Peixes)
Nota biográfica: Santo Antonio é doutor da Igreja. Nasceu na cidade de Lisboa, Portugal, em 1195. Seu nome de baptismo era Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo. Frade franciscano, contemporâneo de São Francisco de Assis. Foi ordenado sacerdote em 1220. No mesmo ano ingressou na Ordem Franciscana, partindo logo depois para Marrocos. Acometido por uma enfermidade durante a viagem viu frustrados os seus planos de missionário no meio dos não-crentes. Foi cozinheiro e levou uma vida completamente obscura. Percorreu a Europa combatendo os erros doutrinários da sua época. Em 1229 partiu para Pádua, para o convento de Arcella. Morreu a 13 de junho de 1231, aos 36 anos.

sábado, 11 de junho de 2011

Os Dons do Espírito Santo

Nota: Porque, neste domingo, celebramos a festa do Pentecostes, aqui vão os 7 Dons do Espírito Santo... Vou partilhar na homilia das missas deste fim de semana. Já agora desejo a todos um bom fim de semana, cheio de paz e saúde...
a) Sabedoria. Ela leva-nos ao verdadeiro conhecimento de Deus e a buscar os reais valores da vida. O homem sábio e a mulher sábia é aquele(a) que pratica a justiça, tem um coração misericordioso, ama intensamente a vida, porque a vida vem de Deus.
b) Inteligência. Este dom leva-nos a entender e a compreender as verdades da salvação, reveladas na Sagrada Escritura e nos ensinamentos da Igreja. Por ex., Deus é Pai de todos; em Jesus, Filho de Deus, somos irmãos...
c) Ciência. A capacidade de descobrir, inventar, recriar formas, maneiras para salvar o ser humano e a natureza. Suscita atitudes de participação, de luta e de ousadia, frente à cultura da morte. É neste dom que descobrimos que o desenvolvimento não deve estar ao serviço exclusivo da economia, do capitalismo puro e duro, mas ao serviço da vida humana.
d) Conselho. É o dom de orientar e ajudar quem precisa. Ele permite dialogar fraternalmente, em família e em comunidade, acolhendo o diferente que vive no nosso meio. Este dom capacita a animar os desanimados, a fazer sorrir os que sofrem, a unir os separados, leva ao fim de todas as guerras e injustiças...
e) Fortaleza. É o dom de tornar as pessoas fortes, corajosas para enfrentar as dificuldades da fé e da vida. Ajuda os jovens a terem esperança no futuro, aos pais a assumirem com alegria os seus deveres, as lideranças a perseverarem na conquista de uma sociedade mais fraterna e justa. É o dom da consciência do bem-comum...
f) Piedade. É o dom da intimidade e da mística. Coloca-nos numa atitude de filhos buscando um diálogo profundo e íntimo com Deus. Acende o fogo do amor: amor a Deus e amor aos irmãos.
g) Temor de Deus. Este dom dá-nos a consciência de quanto Deus nos ama. "Ele nos amou antes de tudo". Por isso, precisamos corresponder a este amor.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

No Museu do Louvre

Depois de mais um reunião da CE, alguns chefes de Estado resolvem passar pelo Louvre para "aliviar" o stress e param meditativos perante um excelente quadro de Adão e Eva no Paraíso.
Desabafa Angela Merkel:
- Olhem que perfeição de corpos: ela esbelta e esguia, ele com este corpo atlético, os músculos perfilados... São necessariamente estereotipos alemães.
Imediatamente Sarkosy reagiu:
- Não acredito. É evidente o erotismo que se depreende de ambas asfiguras... ela tão feminina... ele tão masculino... sabem que em breve chegará a tentação... Só poderiam ser franceses.
Movendo negativamente a cabeça, o Gordon Brown arrisca:
- Of course not! Notem... a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto... Só podem ser Ingleses.
Depois de alguns segundos mais de contemplação, Sócrates exclama:
- NÃO CONCORDO. Reparem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa, só têm uma maçã para comer... não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso... Não tenham a menor dúvida, são portugueses!
Nota: no entanto, honremos e amemos o nosso país. Viva Portugal!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo de Pentecostes
12 de Junho de 2011
PENTECOSTES
A origem do Pentecostes está intimamente ligada à Páscoa, celebrando-se sete semanas depois da Páscoa, quer dizer, no 50º dia após a Páscoa e, por isso, a tradução grega chamou-lhe Festa do Pentecostes ou festa do Quinquagésimo Dia.
No Antigo Testamento hebraico era designada festa das (sete) Semanas. Era a festa da colheita do trigo, enquanto a da Páscoa era a das primícias da cevada. "Depois, contarás sete semanas, a partir do momento em que começares a meter a foice nas searas. Celebrarás então, a Festa das Semanas, em honra do Senhor." (Dt 16,10-12).
Inicialmente, tal como a Páscoa, o Pentecostes ligava-se à fertilidade dos campos. Com a história de Israel passou a ligar-se ao dom da Lei no monte Sinai, daí os rabinos lhe chamarem a Festa do Dom da Lei (mattan Torá). No tempo da primeira comunidade cristã, Jesus enviou o Seu Espírito (o Espírito Santo) precisamente na semana em que se celebrava a festa do Pentecostes. A descida do Espírito sobre os Apóstolos aconteceu no meio de fenómenos semelhantes à "descida" da Lei no monte Sinai, com o ruído de trovões, o fogo dos relâmpagos, fumo, sismo (Act. 2,1-4 e Ex 19,16-19).
O Espírito de Jesus, que desce sobre o novo povo, é a nova Lei dos cristãos, mas este Espírito só desce depois do conhecimento da Palavra de Jesus. Concluindo, o Pentecostes é a festa do Espírito de Jesus, que nos vem da Sua Palavra conhecida, vivida, anunciada."
Esta é a festa do Espírito Santo, que é o termo usado para traduzir o termo hebraico Ruach HaKodesh. O Espírito Santo é o relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho que é derramado no coração do homem e da mulher através dos sacramentos celebrados na comunidade dos irmãos.
JLR
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Oração ao Espírito Santo
Vem, Espírito de Deus,
enche os nossos corações com tua graça.
És o sopro de Deus
que dá vida ao que está morto,
que dá vida ao nosso ser
e que nos tira do túmulo da preguiça edo comodismo.
És fogo que queima o que está errado em nós,
que aquece nosso coração para amar,
que ilumina nossa mente para entender.
Faze-nos conhecer Jesus Cristo
que veio revelar o amor do Pai.
Faze-nos conhecer o pai e sua bondade infinita.
Faze-nos tuas testemunhas,
instrumentos nas tuas mãos
para que os corações dos homens se transformem
e assim a terra se renove.
Para que reine a justiça e a paz,
a solidariedade e o amor.
Para que o Reino de Deus se estenda cada dia mais Amém.
Ir. Marlene Bertoldi
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Os sete dons do Espírito Santo: Sabedoria, inteligência, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus... Dons que são concedidos a todos, porque Deus nos fez «perfeitos» e não escolheu os capacitados. Capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo depende da nossa vontade e perseverança. E se nos concentrarmos nas nossas capacidades e se não existir ninguém ao nosso lado a dizer «tu não consegues», podemos fazer maravilhas. Que o Espírito Santo a todos cumule com a sua bênção para livrar a todos do medo e da apatia perante os desafios da vida...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DEUS NUNCA ERRA

Um rei que não acreditava na bondade de DEUS. Tinha um servo que em todas as situações lhe dizia: Meu rei, não desanime porque tudo que Deus faz é perfeito, Ele não erra!
Um dia eles saíram para caçar e uma fera atacou o rei. O seu servo conseguiu matar o animal, mas não pôde evitar que sua majestade perdesse um dedo da mão.
Furioso e sem mostrar gratidão por ter sido salvo, o nobre disse: Deus é bom? Se Ele fosse bom eu não teria sido atacado e perdido o meu dedo.
O servo apenas respondeu: Meu Rei, apesar de todas essas coisas, só posso dizer-lhe que Deus é bom; e ele sabe o porquê de todas as coisas.
O que Deus faz é perfeito. Ele nunca erra! Indignado com a resposta, o rei mandou prender o seu servo. Tempos depois, saiu para uma outra caçada e foi capturado por selvagens que faziam sacrifícios humanos.
Já no altar, prontos para sacrificar o nobre, os selvagens perceberam que a vítima não tinha um dos dedos e soltaram-no: ele não era perfeito para ser oferecido aos deuses.
Ao voltar para o palácio, mandou soltar o seu servo e recebeu-o muito afectuosamente. Meu caro, Deus foi realmente bom comigo! Escapei de ser sacrificado pelos selvagens, justamente por não ter um dedo! Mas tenho uma dúvida: Se Deus é tão bom, por que permitiu que você, que tanto o defende, fosse preso?
Meu rei, se eu tivesse ido com o senhor nessa caçada, teria sido sacrificado em seu lugar, pois não me falta dedo algum. Por isso, lembre-se: tudo o que Deus faz é perfeito.
Ele nunca erra! Muitas vezes nos queixamos da vida e das coisas aparentemente ruins que nos acontecem, esquecendo-nos que nada é por acaso e que tudo tem um propósito.
Recebido por mail...

Uma sombra

.
Ouves os meus passos nas escadas?
Quando eu bater à porta
não me reconheceremos.
..
Voltarei de um dia de trabalho,
subirei as escadas
e perder-me-ei para sempre
em qualquer sítio fora de qualquer sítio.
...
Não foi o caminho de casa que perdi?
Não ficou alguém em qualquer sítio,
uma sombra passando diante de nós,
e principalmente fora de nós?
....
Agora quem sente
isto fora de mim,
quem é esse ausente?

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Manuel António Pina
"Poesia, saudade da prosa": Uma antologia pessoal
Nota: O escritor português Manuel António Pina ganhou a edição de 2011 do Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Pensar Deus em São Justino

Nota: Um pouco de filosofia para animar o pensamento... São Justino (c. 100-160), filósofo e mártir Diálogo com Trifão, 2-4,7-8; PG 6, 478-482,491
«Esta é a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro»
A minha alma estava impaciente por aprender aquilo que é o princípio e aessência da filosofia. [...] A inteligência das coisas incorpóreascativava-me inteiramente; a contemplação das ideias dava asas ao meupensamento. Imaginei-me sábio em pouco tempo e até fui suficientemente tolopara esperar ver a Deus de imediato, pois tal é o objectivo da filosofia dePlatão. Nesse estado de espírito, [...] dirigi-me a um sítio isolado juntoao mar, onde esperava ficar só, quando um velhinho começou a seguir-me.[...]
─ O que te trouxe aqui?
─ perguntou-me.
─ Gosto deste género de caminhadas [...], são muito favoráveis àmeditação filosófica. [...]
─ A filosofia traz, portanto, a felicidade?
─ quis ele saber.
─ Certamente ─ respondi ─, e apenas ela. [...]
─ Então a que é que tu chamas Deus?
─ Deus é Aquele que é sempre idêntico a Si próprio e dá o ser a tudoo resto.
─ E como é que os filósofos podem ter uma ideia concreta de Deus, senão O conhecem, visto que nunca O viram, nem escutaram?
─ Mas ─ respondi ─, a divindade não é visível aos nossosolhos como o são os outros seres; não é acessível senão à inteligência,como diz Platão; e eu concordo com ele. [...]
─ Houve, já há muito tempo ─ disse o velho ─, homens anteriores a todos esses pretensos filósofos, homens felizes, justos e amigos de Deus. Falavam inspirados pelo Espírito de Deus e prediziam umfuturo agora realizado: chamamos-lhes profetas. Só eles viram a verdade e a anunciaram aos homens. [...] Os que os lêem podem, se tiverem fé neles, tirar grande proveito dessa leitura. [...] Eles eram testemunhas fiéis daverdade. [...] Glorificaram o criador do universo, Deus e Pai, e anunciaram Aquele que Ele enviou, Cristo, Seu Filho. [...] E tu, antes de mais, reza para que as portas da luz te sejam abertas, pois ninguém pode ver nem entender, se Deus ou o Seu Cristo não lhe derem o dom de compreender. [...]
Nunca mais o vi mas, subitamente, acendeu-se um fogo na minha alma; fiquei cheio de amor pelos profetas, por esses homens que são amigos de Cristo. Reflectindo nas palavras do ancião, reconheci que essa era a únicafilosofia segura e proveitosa.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mais do mesmo a governar Portugal

Mais uma vez a direita toma conta do nosso país. É assim a Democracia. O povo foi chamado a votos, escolheu. Mas como escolheu? – Com memória muito, muito curta. Pois, elegeu a direita gastadora, insensível perante o bem comum. Uma direita clientelar, sedenta de poder e desejosa de tomar de assalta o governo da nação para encher os cofres dos seus partidos. Lembro-me de ouvir, suponho, o director da Visão, no início da campanha eleitoral, que o PSD tinha de ganhar desesperadamente estas eleições, porque o partido estava sem dinheiro. Nunca mais se ouviu o homem, foi banido das televisões.
Assim, ganhou quem queriam que ganhasse as televisões, os empresários, a troika e todos os muito bem instalados e donos deste país, os profetas do capitalismo selvagem e os ultra-liberais que entendem que a salvação do mundo radica na benevolência dos privados. Não sabemos nós ainda que quem é detentor de empresas não tem em vista senão o lucro e que se deixa comandar só e unicamente pela ganância de possuir quanto mais melhor? – Uma lógica que sempre acompanhou a humanidade, não será agora que as coisas serão distintas…
Muito bem, ganhou uma direita que já nos deu provas mais que suficientes quanto à sua capacidade de gastar. Faz rir imenso ouvir os nossos governantes regionais e o Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia (a Câmara mais endividada do país). Destes senhores ouvimos lições de como o dinheiro deve ser gasto. Eles ensinam como se faz com os bens de todos nós. Eles sabem e acusam quem são os responsáveis da nossa desgraça. Lembram-se como estava a Câmara Municipal de Lisboa antes das eleições autárquicas? Lembram-se de quem a governou? – Uma coligação PSD-CDS, exactamente como agora será para governar o nosso país. É esta coligação que odeia pobres, tem nojo deles e nunca se viu uma medida destes senhores para proteger os mais necessitados nem muito menos medidas que nos libertem da burocracia, que atrasam o desenvolvimento do nosso povo.
Poucos se lembram destas coisas. E porque a massa não pensa, ganhou a direita, porque a esquerda não se entende e José Sócrates, enlouqueceu com o poder. Por isso, ganhou esta direita do liberalismo cego, reaccionária e ávida de poder para satisfazer os seus apetites de dinheiro. Quem sabe se nos salvará o facto de estarmos em tempos de vacas magras e os gastos serão aferidos por forças externas aos apetites da politiquice caseira? – A ver vamos. Por isso, A meu ver estamos perante uma pequena vitória, que se revelará muito, muito amarga para todo o povo português. E perante tudo isto, voltamos a mais do mesmo e experimentamos o que já está mais que experimentado na governanção da coisa pública deste famigerado país. Por fim, esta direita, não ganha com convicção nem com votos do coração, mas porque a irritação contra a esquerda e, especialmente, contra Sócrates era muito grande. Os seus erros foram fatais. Esqueceu os valores da esquerda, enterrou-se com as suas próprias acções. Foi corrido e bem.
Parece que alguma Igreja Católica está radiante com esta pequenina vitória...
Contudo, oxalá me engane redondamente…
JLR

sábado, 4 de junho de 2011

A Pietà de Michelangelo

A Pietà é uma das mais famosas esculturas feitas por Michelangelo (pintor, escultor, poeta e arquitecto renascentista italiano). Ela representa Jesus morto nos braços da Virgem Maria.
História
Em 26 de Agosto de 1498, o cardeal francês Jean de Bilheres encomendou a Miguel Ângelo uma imagem da Virgem para a Capela dos Reis de França, na antiga Basílica de São Pedro.
Juntando capacidades criadoras geniais a uma técnica perfeita, o artista toscano (Toscana é uma região da Itália central) criou então a sua mais acabada e famosa escultura: a Pietà.
Iniciara-se como artista ainda durante o Quattrocento, em Florença, onde trabalhou para os Médicis, mas a Pietà foi a sua primeira grande obra escultórica. Trata-se de um trabalho de admirável perfeição, organizado segundo um esquema em forma de pirâmide, um formato muito utilizado pelos pintores e escultores renascentistas.
Nesta obra delicada o artista encontrou a solução ideal para um problema que preocupara os escultores do Primeiro Renascimento: a colocação do Corpo de Cristo morto no regaço de Maria. Para isso alterou deliberadamente as proporções: o Cristo é menor que a Virgem, quer para dar a impressão de não esmagar a Mãe e mostrar que é seu Filho, quer para não “sair” do esquema triangular. A Virgem Maria foi representada muito jovem e com uma nobre resignação: a expressão dolorosa do rosto é idealizada, contrastando com a angústia que tradicionalmente os artistas lhe imprimiam.Torna-se assim evidente a influência do “pathos” dos clássicos gregos.
O requinte e esmero da modelação e o tratamento da superfície do mármore, polido como um marfim, deram-lhe a reputação de uma das mais belas esculturas de todos os tempos. Michelangelo tinha apenas 23 anos de idade. Em função da sua pouca idade na realização desta obra não acreditaram que ele fora seu autor. Assim, esculpiu o seu nome na faixa que atravessa o peito da figura feminina.
Fonte: Wikipédia.
Nota: Eis o meu contributo para o dia de reflexão...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Um catálogo dos direitos da criança diferente!!!

Nota: Após a celebração do dia da criança, 1 de Junho, fomos confrontados com uma série de violências contra as crianças. Face a isso apresento este catálogo de direitos das crianças para nos fazer reflectir que qualquer violência contra realidades indefesas deveria ser punida com a mais severa das sentenças. O texto que se segue é de Pedro Strecht, pedo-psiquiatra, do livro Crescer Vazio, 3.ª edição, 1998. É de Jesus a frase mais dura, «É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os causa! Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar, do que escandalizar um só destes pequeninos» (Lc 17, 1-2). Alguns deviam saber disto mais do que tantos outros, mas a satisfação dos egoísmos fala mais alto. Que pena!!!
Todas as crianças com mais de cinco anos têm direito a desabafar.
Todas as crianças até aos onze ou doze anos têm direito a andar grátis no Carrocel quando estão de férias.
Todas as crianças que andam na Escola têm direito a serem alegres, terem amigos e a brincarem com os outros.
Têm direito a ter uma Professora que não grite com elas.
Todas as crianças têm direito a ver o mar verdadeiro, especialmente em dia de maré vazia.
Todas as crianças têm direito a, pelo menos uma vez na vida, escolher um chocolate que lhes apeteça.
Todas as crianças têm direito a terem orgulho na sua existência.
Todas as crianças têm direito a pensar e a sentir como lhes manda o coração, até serem velhas, aí com uns vinte anos.
Todas as crianças têm direito a terem em casa o Pai e a Mãe, os irmãos, se houver, e comida. Se o Pai e Mãe não conseguirem viver juntos têm direito a que cada um deles respeite o outro.
Todas as crianças têm direito a deitarem-se no chão para ver as nuvens passar, imaginando formas de todos os bichos do Mundo combinadas com as coisas que quiserem (por exemplo, um cão a andar de patins ou uma girafa de orelhas compridas).
Todas as crianças têm direito a começarem uma colecção não interessa de quê.
Todas as crianças têm direito a chupar o dedo indicador que espetaram num bolo acabado de fazer ou então lamber a colher com que raparam a taça em que ele foi feito.
Todas as crianças têm direito a tentarem manter-se acordadas até tarde numa noite de Verão, na esperança de verem uma estrela cadente e pedirem três desejos (a justiça devia fazer acontecer sempre pelo menos um).
Todas as crianças têm direito a escrever ou a falar uma linguagem inventada por elas (ou que julgam inventada por elas), como por exemplo a «linguagem dos pês»: «apalinpingupuapagempem dospos pêspês».
Todas as crianças têm direito a imaginar o que vão querer fazer quando forem grandes (habitualmente coisas extravagantes) e a perguntar aos adultos «o que queres ser quando fores pequenino?».
Todas as crianças têm direito a dormir numa cama sua, sentindo o cheiro da roupa lavada, e a terem um espaço próprio na casa, pelo menos a partir do ano de idade.
Todas as crianças têm direito a passear na rua tentando pisar apenas o empedrado branco (ou só o preto); em opção, têm direito a fazer uma viagem contando quantos carros vermelhos passam na faixa contrária.
Todas as crianças meninos têm direito a, pelo menos uma vez na vida, perguntar a uma menina «queres ser a minha namorada?» e todas as meninas têm direito a, pelo menos uma vez na vida, responder, «sim,quero».
Todas as crianças têm direito a ouvir um adulto contar pelo menos uma destas histórias: Peter Pan, o Principezinho ou o Príncipe Feliz.
Todas as crianças têm direito a ter alegria suficiente para imaginar coisas boas antes de dormirem e depois, a sonhar com elas.
Todas as crianças têm direito a ter um boneco de peluche preferido, especialmente quando velho, já lavado e mesmo com um olho a menos.
Todas as crianças (especialmente se já adolescentes) têm direito a usar os ténis preferidos, mesmo que rotos e com cheiro tóxico.
Todas as crianças têm direito a poder tomar banho sozinhas e a experimentar mergulhar na banheira contando o tempo que aguentam sem respirar.
Todas as crianças têm direito a jogar aos polícias e ladrões, preferindo inevitavelmente serem ladrões.
Todas as crianças têm direito a ter um colo onde se possam sentar, enroscar como numa concha e receber mimos.
Todas as crianças têm direito a nascer iguais em direitos.
Todas as crianças têm direito a conhecer o sítio onde nasceram e a visitá-lo livremente.
Todas as crianças têm direito a não ficarem sozinhas a chorar.
Todas as crianças têm direito a viver num País que tenha um Ministério da Infância e Juventude, que olhe verdadeiramente pelo crescimento afectivo e bem-estar interior (sem preconceitos adultocêntricos ou hipocrisias com ares de cromo abrilhantado).
Todas as crianças têm direito a acreditar que têm um adulto que olha por elas e as ama sem condição prévia (nem que seja Nosso Senhor).
Todas as crianças têm direito a viver felizes e a ter paz nos seus pensamentos e sentimentos.
Imagem: Google

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo da Ascensão - VII da Páscoa
05 de Junho de 2011
A Ascensão de Jesus
O que significa a Ascensão de Jesus? Ou, então, o que significa dizer que Jesus subiu aos céus? - Com toda a certeza que Jesus subiu aos céus. Porém, dizer que Jesus subiu aos céus é o mesmo que dizer: "ressuscitou", foi glorificado, entrou na glória de Deus.
No entanto, inquieta-nos saber que o corpo de Jesus foi colocado no sepulcro. Deus não precisava de nada do Seu Corpo material para tomar o Corpo de "Ressuscitado" que São Paulo chama de "corpo espiritual" (cf. 1Cor 15, 35-50).
Numa palavra o mistério da Ascensão, por um lado, é o momento da partida de Jesus para Deus Mãe e Pai, mas, por outro, é também o momento em que toda a humanidade com Ele e Nele se vê elevada ao mais alto da dignidade. Isto é, em Jesus elevado ao céu toda a humanidade é tomada por Deus para se divinizar também. E nesta perspectiva fica confirmada a palavra de Santo Ireneu quando nos ensina o seguinte: "em Jesus Cristo, tornamo-nos todos deuses". Parece forte esta expressão, mas revela-nos a densidade do amor de Deus encarnado na história concreta do mundo.
A nossa condição material, perante o mistério da Ascensão de Jesus Cristo, assume o sentido total e último, o da glória de Deus. E, dessa forma, participamos efectivamente da divindade de Jesus e tomamos parte da mesa do banquete da plenitude da graça que Deus concede a todos os que se deixam envolver pelo seu amor. Lucas, revela-nos que toda a realidade da terra: amores e desamores, sucessos e desgraças, aventuras e desventuras, justiças e injustiças, alegrias e tristezas, esperanças e desesperanças, saúde e doença, ausência de dor e sofrimento e até os factos mais absurdos, como uma morte cruelmente realizada, não está fora do plano de Deus. Tudo em Jesus se envolve na "multimédia" do amor. A isso chamamos de salvação.
JLR
Imagem: Google

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quando as crianças brincam

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Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.
..
E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.
...
Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.
Fernando Pessoa, Cancioneiro
Nota: Dedico este poema a todas as crianças que foram ou ainda são vítimas das distorções malévolas de tantos adultos que fazem das crianças objectos sexuais ou as reduzem a simples mercadoria negociável. O respeito e o amor são o que as crianças precisam, por isso, vamos desinteressadamente apostar nesse caminho para salvarmos as nossas crianças e por elas garantir o futuro da humanidade.