Ao ponto a que chegamos. Há escolas na nossa terra a organizar visitas de estudos, à conta do magro e difícil orçamento das famílias. Para algumas actividades os alunos têm que levar 10 euros e um farnel, com lanche ou um bolo (suponho que seja para partilhar em grupo durante a visita de estudo). Todos os meninos e meninas têm que participar senão levam falta.
Os senhores professores não têm nenhuma atenção em relação às famílias que não podem pagar tal quantia?
Esta manhã recebo a seguinte mensagem para o telemóvel de uma mãe aflita: «Bom dia sr. padre, desculpe, a minha filha vai amanhã ao Montado do Pereiro a uma visita de estudo e é preciso dez euros para a camioneta, eu tenho ainda que ir ao super mercado comprar ingredientes para fazer um bolo de bolacha, não tenho como arranjar estas coisas, se ela não for leva falta». A mensagem é esclarecedora demais e merece o nosso mais profundo repúdio por esta forma tão humilhante de tratar as nossas famílias.
Não deviam os professores ou a escola pensar que há famílias que não poderão despender assim do pé para a mão (quer dizer da carteira para a mão) logo dez euros e outros tantos para as restantes despesas? - Uma vergonha isto que se está a passar, uma insensibilidade social sem precedentes e as autoridades governamentais a leste destas situações. Entretêm-se a gastar balúrdios em obras e mais obras que ninguém sabe para que servem. Quer dizer, até sabemos, para as festanças das inaugurações e manter a chama da ilusão do pseudo-desenvolvimento do betão, que longe anda de pensar no Bem-Comum, mas no peixe graúdo que se alimenta desse sector empresarial. Eu pergunto, e as pessoas, as nossas famílias e as nossas escolas? - Quase ninguém se importa com as pessoas. Uma pena. E mais pena ainda que uma sociedade inteira seja conivente com este descalabro, este escândalo.
As escolas estão à mingua, porém, têm que mostrar trabalho, então, sugam as famílias até ao tutano. Caros professores, compreendo a vossa preocupação quanto às visitas de estudo, gostei muito de as fazer, embora fossem muito poucas no meu tempo, as poucas que fiz foram marcantes, porém, devem pensar mais um pouco e não serem tão intolerantes em relação às famílias que eventualmente não possam pagar os valores que estabelecem e caso seja possível organizem as coisas no sentido que ninguém fique de fora, mesmo que não possa pagar nem muito menos partilhar os géneros alimentares pedidos.
Por fim, professores, façam greves, reclamem, mobilizem os pais para que todos possam pressionar as entidades responsáveis para melhor comprimirem os seus deveres. Precisamos de uma mudança. Não podemos ser coniventes com a injustiça, a irresponsabilidade e a insensiblidade social das entidades governativas. É preciso fazer pressão.
JLR
4 comentários:
o que prova a falta de organização escolar. Faziam o passeio, pediam prato de papel e um garfo, uma peça de fruta e um copo de plástico. Na cantina da escola fazia-se um arroz de frango com ervilhas, cenouras, salsicha e na hora do almoço alguém lá levaria. O sumo usava-se do de diluir que é mais barato e rende mais.Bolo de bolacha com este calor.....não percebo. Assim se faz nas excursões paroquiais....
Triste relato...Triste região.
Isto é vergonhoso e felo por parte das entidades oficiais e dos professores que só querem regalias para eles e estão sp a fazer greves. Embora quando andei na priméria na escola da Carreira e na dos Ilhéus era uma sopa (penso do Cardoso) e meio pão preto (saborsissimo). Mas devemos todos ajoelhamo-nos pertante o C7 e outros bandidos que ganham milhões. Mas ccs vai atrás dele e nãol repara nestas situações degradantes. E, certamente, que os professores pediram a algum supermercado, mas eles fazem ouvidos de mercadores
Nem tenho estômago para comentar. Lamentável.
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