Perguntam-me frequentemente qual o
objectivo da religião, qualquer religião. Aqui deixo esta nota como possível resposta a esta
inquietação.
O objectivo da religião é (re)ligar o
transcendente com a vida deste mundo e vice-versa. Sem isso a humanidade cai no
vazio e no sem sentido. A religião e a par a espiritualidade servirão o sentido
da vida e a felicidade.
Tudo se torna inútil e perigoso quando
em qualquer religião emerge o fundamentalismo, a sacralização do poder, o
espiritualismo e alienação. Eis o que se está a passar com os grupos radicais
que emergem do interior do Islão. Tudo isto é extremamente perigoso para todos
nós, porque agrava ainda mais a crise da fraternidade no mundo, o maior
problema que nos assiste hoje e dele derivam todos os outros problemas, à cabeça a fome e a guerra.
O nosso mundo faz proliferar uma estirpe
de idólatras que vivem alimentados na sacralização do poder. É sempre muito bom
que se considere que nenhuma religião tem a verdade toda e se o ideal é o amor para todas,
qualquer religião deve pensar-se como caminho entre muitos caminhos possíveis para chegar a Deus,
ao bem e à felicidade. Todas as religiões são verdadeiras, mas também abrigam
muita falsidade.
Para nós cristão, a religião e a espiritualidade
que se deseja estão no Evangelho de Jesus. Vemos aí um Deus que não quer ser
adorado pelo medo nem pela opressão dos costumes e dos ritos falaciosos,
anacrónicos. É o Deus que busca, que acolhe e que está em todos os lugares da
vida, especialmente, onde a vida é desbaratada pela injustiça dos poderosos
contra os mais frágeis.
Nenhuma religião se pode dizer «dona única»
deste Deus que tem muitos nomes, que perdoa sempre porque é misericórdia e amor
incondicional. Digo «Deus sempre», mas Aquele que é tudo em todos para libertar
e salvar contra todas as formas de opressão.
Santa Teresa de Ávila tem um lema
interessante, que resume muito bem o que se pretende com esta reflexão e que
pretende ser luz perante o desconcerto deste mundo em vivemos: «Só Deus basta».
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